Crónica no Semanário de Felgueiras, sobre as obras imperfeitas na Longra
Sem ter perdido atualidade, por haver sido escrito no princípio do ano (como se repara pelo início da narrativa), teve agora vez no jornal Semanário de Felgueiras a publicação dum artigo referente ao caso das obras públicas que se vêm desenrolando na Longra desde o mês de dezembro passado. Artigo assim pertinente ainda, porque se mantêm as mesmas situações que motivam reparos - como no texto se enumera e justifica.
Reabilitação Imperfeita
Novo ano, vida nova, diz um rifão popular. Mas nem sempre é assim na perfeição. Como que a afiançar o contrário desse ditote, se passa com um motivo que leva à redação de apontamento, desta vez.
Decorre na região felgueirense uma intervenção de reabilitação em parcelas do concelho de Felgueiras. Entre obras do Plano de Regeneração Urbana que integrarão um conjunto de beneficiações aos centros urbanos concelhios. Algo que em princípio deveria dar mais valias a espaços de utilização pública nas cidades e vilas do concelho. Cuja execução está já no terreno, por sinal e para já numa área urbana que ainda não merecera até agora a devida atenção executiva, desde há umas boas décadas de anos, para entretanto o plano prosseguir noutros pontos e diversificados aspetos de reabilitação, segundo o que foi noticiado.
Esta realidade, de finalmente algo ser feito em diferentes sítios, para o que era anterior norma da casa municipal, leva a que neste espaço de vislumbres memoriais, como tem sido a linha desta coluna, façamos anotação sobre atualidade, embora sempre com o mesmo sentido, que a memória é também contemporânea, no passado que será logo mais o presente.
Ora, no caso das obras de modernização em apreço, tal empreitada, a nossos olhos, despertava interesse e prometia ser importante, ao verificar que finalmente haveria qualquer coisa diferente. Sabendo-se que havia pelo menos um centro urbano, mais precisamente na Longra, onde até os passeios públicos pareciam milenares, apesar de nem terem assim tanto tempo de existência, tal o seu estado, e sobretudo por os peões nem terem salvaguarda de segurança, quer por servirem também para estacionamentos de veículos, como ocupação com variados artigos, pelos hábitos criados. Contudo, a ser verdade o que agora tem sido ventilado na voz pública, se a obra ficar incompleta, isso deixa muito a desejar. Caso fique a área central da Longra de feição alterada apenas na parte norte, e a partir do Largo para baixo tudo continue igual, "como dantes", com velhos passeios e sem resolução de problemas antigos de estrangulamento de trânsito e possibilidade de desastres. Por entre meros exemplos, ao que é necessário modificar. Ficando por ora em falta alongamento a passar do próprio centro local. Além de piorar a falta de aparcamentos e continuar a não haver um plano de novos arruamentos, que ajudem a uma mais ampla movimentação. Enquanto nos restantes centros urbanos, onde já havia passeios com melhores condições, certamente haverá continuidade noutros espaços.
O que for bem feito, bem parece. Pelo contrário o que ficar inacabado revela-se incompleto. Quão, por exemplo, em associação e analogia, as capelas imperfeitas destoam num monumento como no imponente mosteiro da Batalha.
O tema, por sua vez, transporta mais além, dando ensejo de se incluir neste apontamento outras notas, para não bater sempre na mesma tecla mas procurar boa harmonia. Vindo a talhe lembrar a oportunidade que advirá desta maré de requalificação urbana, para um mais amplo embelezamento de certos locais de impacto visual, como são presentemente as rotundas, tão icónicas em sítios estratégicos dos acessos às localidades. Podendo assim ser caso de finalmente haver um toque identificativo em tais sítios de circulação, para uma visibilidade mais emblemática. Tal a lembrança há muito apontada sobre dever ser edificado numa das entradas da cidade de Felgueiras um monumento dedicado à produção de calçado, mas não só, faltando também uma edificação simbólica sobre o pão de ló. Bem como na Lixa, Longra e em Barrosas ficava a preceito algo alusivo às respetivas tradições, em conformidade distintiva. Porquanto, sem ser terra do leite e mel das escrituras, embora tendo abelhas no brasão, Felgueiras é mesmo rincão do doce pão de ló. E, pelo concelho, será de ligar o futuro à perenidade, honrado o que vem de nossos maiores, na continuidade da cultura de progresso.
ARMANDO PINTO
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