Por estes dias veio a público na revista "História-Jornal
de Notícias" um artigo com material histórico relacionado com Felgueiras, através
de trabalho muito bem elaborado e lavrado na escrita do amigo e historiador Carlos
Ferreira, sobre o cenóbio de Pombeiro. Mais precisamente arrebatando memórias
relativas ao felgueirense mosteiro de Pombeiro e suas rendas, na divisória que
levou a demandas com o lisbonense Mosteiro de Belém, dos Jerónimos, com
extensão à existência das relações ancestrais remontadas até à antiga casa de Belém,
na cabeça do concelho de Felgueiras, precisamente por causa das rendas que
durante o período Filipino da História Pátria tiveram história menos condizente
com os pergaminhos dos anais das instituições envolvidas.
Sabendo-se que Felgueiras raramente tem merecido espaço em
publicações de âmbito nacional, saúda-se esta realidade. Sendo que Felgueiras
tem muita história, apenas que em tempos idos não tinha a maior parte dessa história ainda escrita em letra de forma. Coisa que atualmente já vai
tendo, ainda que em parcelas apenas estudadas por alguns interessados nessas
loas do espírito memorial. Calhando, desta vez, vir à tona das lembranças
memorandas, por via do trabalho em apreço, algumas curiosidades de antanho, no
caso a remeter a tempos da perda da Independência nacional, tais que levaram à
perda das rendas de Santa Maria de Pombeiro. Quase como, pese as naturais diferenças
óbvias, como nos dias que correm ocorre com as perdas de identidade derivadas
das anexações forçadas de freguesias, etc. e tal…
Vem assim, como o desenvolvimento e remembrança do caso, à tona da historiografia algo esquecida ou apagada, o tema dessa situação derivada da estada da dinastia espanhola em Portugal, causando tal desmembramento das rendas dos frades de Pombeiro, do interior nortenho português, em favor da Ordem dos frades Jerónimos detentores do Mosteiro de Belém, de Lisboa. Daí, na terra do Pão de Ló, ter existido e resistido a casa da recolha das rendas de Belém na antiga povoação de Margaride, edifício por isso detentor de brasão régio com as pedras de armas reais no cunhal do lado do antigo estradão de ligação do largo da Corredoura para o Pé do Monte (depois Rua Costa Guimarães já da antiga vila e atual cidade de Felgueiras). Sendo essa então a Casa de Belém, entretanto alterada em utilização e sua fisionomia, cujo brasão granítico era ainda visível pelos anos noventa do século XX, até ter desaparecido da vista pública.
Armando Pinto
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