Um destes dias, correspondendo a pedido de um amigo
historiador dum concelho vizinho, pedindo informações sobre um antigo sacerdote
que foi pároco duma freguesia aqui desta região, conhecida à distância como da
Longra, e tendo podido corresponder com algo a jeito através duma pagela
guardada há uns anos, isso fez lembrar quão interessante será recordar aqui o
mesmo – o Padre Joaquim Nunes Barroso. O tão estimado “Padre velhinho da
Pedreira”, como era carinhosamente referido popularmente em seus últimos anos da
longa vida, que passou pelo apreço de muitas gerações desta área geográfica.
Natural de Modelos (concelho de Paços de Ferreira), onde nasceu a 23 de março de 1890, passou enquanto jovem por diversas paróquias (Esmoriz, Valbom-Gondomar, Real-Vila Meã/Amarante, S. Martinho de
Recezinhos-Penafiel), até ter passado também de modo marcante pelo concelho de
Lousada, como pároco da Aparecida (S. Fins do Torno), antes de vir para a
Pedreira (Felgueiras). Sendo falado entre seus contemporâneos que, em sinal de
como era apreciado na Cúria Diocesana, teve percurso de vontade comum dele e de
seu Prelado, o Bispo do Porto da época, o lousadense D. António de Castro
Meireles, que lhe deu a escolher a paróquia aquando duma visita pastoral à
região.
Ora o senhor Padre Joaquim Barroso, tão conhecido e acarinhado de quem o conheceu, ele que viveu até idade avançada, naturalmente já não é do conhecimento dos mais jovens. Sendo como tal pertinente evocar sua marcante passagem pelo concelho de Felgueiras, tendo sido pároco da Pedreira desde 1940 até à sua morte, com quase 92 anos, em 1982 (falecido a 1 de janeiro desse ano); além de, ao mesmo tempo, também ter sido pároco de Airães entre 1941 a 1950. Conforme se comprova pelo que ficou impresso na pagela distribuída aquando de seu funeral.
Ficou na memória geral o quanto ele prezava cumprir todas as
cerimónias e ritos tradicionais, mesmo já quase sem poder, tendo sido dos párocos
da região que foram sempre, sem nunca faltar, à peregrinação concelhia da Imaculada
Conceição, ao Monte de Santa Quitéria, incluindo quando num ano houve uma
espécie de tentativa de acabar com a mesma peregrinação, e então ele foi dos poucos que
fez finca-pé mantendo sua presença. Bem como fez questão de presidir ao
Compasso na Pedreira todos os anos, mesmo já quando ancião, autenticamente, chegando a ser
levado quase ao colo pelos membros da Visita Pascal que o acompanhavam, em sítios
de mais difícil acesso. Como faz parte das recordações aqui do autor destas
linhas… Pois no ano em que fui paroquiano da Pedreira ele foi com o Compasso a
minha casa, já quase à noite desse dia de Páscoa.
Desse tempo guardo ainda, com gosto, algo que tem sua
assinatura. Sim, porque durante alguns meses, em 1978, também residi na
paróquia e freguesia de Santa Marinha da Pedreira, motivo porque tenho um
cartão escrito por ele aquando do batizado de meu filho, feito em S. Tiago de Rande.
Devidamente timbrado com o carimbo branco da paróquia respetiva (como se
consegue vislumbrar, dentro do possível, ampliando a parte da assinatura).
Sobre o Padre Barroso já em tempos escrevi um artigo que foi
publicado no Semanário de Felgueiras há alguns anos, cuja crónica será também
motivo para outro artigo destes aqui neste espaço de memorização.
Armando Pinto
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