Chegou ao conhecimento, por estes dias, que vai reabrir
proximamente a Casa do FC Porto de Felgueiras, Delegação nº 84 do FC Porto,
fundada oficialmente em 15 de Março de 2004 e cuja sede inicial teve
inauguração com pompa e circunstância a 24 de setembro do mesmo ano. Sendo
então agora essa instituição felgueirense revitalizada, depois de entretanto
ter mudado de edifício-sede e posteriormente haver ficado inativa há algum
tempo, de permeio.
= Imagem integrante da 1ª página do jornal desportivo nacional O Jogo de 25 de setembro de 2004 =
Renasce assim, agora, essa Casa Portista Felgueirense,
satisfazendo anseios de bons apoiantes do clube mais representativo do Norte de
Portugal e maior embaixador desportivo do país, através de jovens adeptos em
que se depositam esperanças de uma vivência dragoniana ativa.
Enquanto isto nos enche para já as medidas de satisfação,
por Felgueiras deixar de estar atrás de outros concelhos nesta matéria, sendo
como é o FC Porto algo especial na identificação bairrista, para quem se
identifica com os símbolos e valores da nossa região, recordamos aqui a
história da interligação felgueirense ao mundo portista e extensivamente a parte entretanto vivenciada com esta representação do grande baluarte
desportivo nortenho, em crónica ilustrada com respigos de reportagens e recordações alusivas à mesma ligação
portista vivenciada.
Felgueirenses-Dragões
O ano de 2004, entre outras
ocorrências de maior ou menor interesse para os Felgueirenses, foi marca
temporal da criação da Casa-Delegação do Futebol Clube do Porto em Felgueiras.
Ano esse em que o F. C. do Porto confirmou a sua superioridade futebolística em
Portugal, obtendo o seu 20º título de Campeão Português, e se salientou na
amplitude do velho continente com a conquista da Liga dos Campeões
Europeus/2004 e mesmo a nível mundial com a obtenção da Taça
Intercontinental/2004, que deu ao símbolo azul e branco mais um título de
Campeão do Mundo.
Não sendo o tema da
inauguração da Casa do F. C. Porto de Felgueiras, naturalmente, um facto
respeitante à totalidade dos munícipes locais, marcou de certa forma um tempo
de unidade da sua maioria. Embora alguns adeptos de outros clubes se tenham
antecipado, já que antes apareceram, na sede do concelho, idênticas
representações dos clubes grandes do sul do país (apesar de uma delas, a Casa
do Sporting, entretanto ter fechado, enquanto a outra, a do Benfica, também até
esteve moribunda algum tempo, tendo sido reaberta depois), o caso despertou
mesmo assim amplo interesse por ser revelador da unidade de significativa
franja de pessoas identificadas pelo mesmo clube distintivo do norte do país.
Tal espevitamento tardara, possivelmente, pela relativa curta distância de
Felgueiras ao Porto-cidade, não havendo assim tanta necessidade como para os
simpatizantes dos clubes de Lisboa. Mas apareceu e logo em tempo de euforia
para os simpatizantes e adeptos da grande coletividade azul e branca: Atendendo
a que, depois de históricos títulos, desde o primeiro importante galardão
Portista, com a Taça dos Campeões, ganha pelo F. C. Porto em 1987, e depois o
primeiro cetro de Campeão Mundial, quando o Porto venceu a primeira Taça Intercontinental
obtida por um clube português, ao que se seguiu a Supertaça Europeia em 1988; e
após novas alegrias com sucessivos títulos, tendo no bornal já a série de
campeonatos nacionais consecutivos que totalizaram o famoso e único “Penta”
conquistado em Portugal, culminou na época de 2003 em que o mesmo Clube-Dragão
ganhou tudo o que havia a ganhar, a nível nacional e sobretudo internacional
com a Taça UEFA, fazendo o pleno com soma de todas as provas portuguesas,
Campeonato (da Liga, como se chamava, e Superliga, como se passou então a
chamar), Taça de Portugal e Supertaça; depois o ano de 2004 trouxe mais um
título nacional na vitória da Superliga Portuguesa e em apogeu de seguida
sobreveio suprema euforia com a conquista da Liga dos Campeões Europeus,
acabando ao findar do mesmo ano no levantar da Taça Intercontinental do Mundo,
no Japão, num autêntico novo encher de peito, com aquela respiração que faz bem
ao coração.
= Reportagem numa das páginas
interiores do Semanário de Felgueiras de 01/10/2004 =
Visto isso, vem a talhe, no
que nos toca, fazer uma ligação mais que justificada desse grande fenómeno
relativamente com a nossa terra, onde existe desde 2004 a Felgueirense Casa do
F. C. Porto, que, depois de breve hiato, volta este ano a abrir portas. Reforçando
laços de afinidade portista.
Ora, vem de longe a referida
afinidade, como há o exemplo de em 1928 se ter realizado a prova de ciclismo
denominada “Porto-Felgueiras-Porto”, ganha por Manuel Nunes de Abreu, do F. C.
Porto, como ficou para a história. Mais tarde houve um Felgueirense, o Eng.º
Mário Castro, que chegou a ser um grande atleta do F. C. Porto em Andebol de
Onze, na década de quarenta e cinquenta, do século XX, tendo sido então campeão
nacional com o FCP e “internacional” pela seleção portuguesa da modalidade, bem
como, já nos anos sessenta, o mesmo também manteve notoriedade como campeão
nacional em Pesca Desportiva, igualmente neste caso em representação da coletividade
da Constituição e das Antas. Ainda nos anos cinquenta, correu nas estradas do
país e pela estranja o ciclista Artur Coelho, que ao serviço do FCP foi
camisola amarela em diversas Voltas a Portugal e venceu a Volta a S. Paulo, no
Brasil, em 1957 (a cuja memória já dedicamos uma crónica, anteriormente), ao
passo que nos campos de futebol evoluíram os então jovens Felgueirenses António
Freitas e António Silva, que enfileiraram na equipa de juniores de futebol com
a mesma camisola alvi-anil, sob orientação de Artur Baeta. Por esse tempo,
Felgueiras teve também seu nome associado à magna campanha de angariação de
fundos para a construção do Estádio das Antas, inaugurado em 1952, tendo
anteriormente vindo até aqui, nesse âmbito, a equipa principal do Porto, com
suas vedetas do tempo (conforme registamos no livro “Memorial Histórico de
Rande e Alfozes de Felgueiras”). Performances que tiveram sequência com outros
vínculos mantidos, por gente destas paragens, noutros campos onde pulsava
interesse azul e branco, como foi o caso do dirigismo e demais funções. Quanto
aconteceu com Adriano Castro, personagem que por esses idos de cinquenta,
sobretudo, trouxe a Felgueiras diversos atletas Portistas, que eram nessa era
autênticos ídolos do desporto, para realizações de apreciadas provas; assim
como o anteriormente referido Eng.º Mário Sampaio Castro e Deolindo de Sousa
Machado foram membros da Assembleia Delegada do FCP, a meio da década de
sessenta; tal como o mesmo Eng.º Mário Osório Pinto Sampaio e Castro chegou a
ser vice-presidente do F. C. Porto, nos inícios de mandato do Dr. Américo Sá,
de finais de sessenta e meados de setenta; altura em que Artur Peixoto Júnior
foi Seccionista do Atletismo Portista; como depois Armindo Vasconcelos foi redator
do jornal “O Porto”, órgão de informação do F. C. Porto de que o autor destas
linhas foi igualmente colaborador desde 1974 a 1980, além de termos estado
também envolvidos na secção de Hóquei em Patins do FCP.
Volvidos anos, após o F. C.
Felgueiras ter dado salto até à então 2.ª Divisão Nacional-Zona Norte, como ao
tempo se disputava o 2º campeonato maior português, tendo passado a dispor de
melhores estruturas a partir de alterações verificadas no campo de jogos (transformação
essa de que resultaram melhorias patentes nas instalações, sobretudo alteração
no posicionamento do retângulo de jogo, alargamento das suas medidas e necessário
arrelvamento), a respetiva inauguração da 1ª fase do complexo desportivo ocorreu
em Setembro de 1985 perante programa de que constou como prato-forte um prélio
amigável disputado com o F. C. Porto (que incluiu algumas “vedetas” desse
tempo, como Walsh e Juary). Depois disso, conquistada em 1992 pelo Felgueiras a
sua primeira presença na 2.ª Divisão de Honra, juntando pecúlio do pódio de
Campeão da 2.ª Divisão Nacional B, houve festa de imposição das faixas de
campeão, de novo com presença do F. C. Porto (através de formação composta
pelos seus titulares, os detentores do título nacional máximo da época),
honrando de tal maneira esse jogo festivo com as duas equipas campeãs de suas
divisões, prélio que assinalou diante dos prosélitos locais essa data marcante
da Equipa Felgueirense.
De permeio outras ligações
foram surgindo, contando títulos nacionais de atletismo, quer de Aurora Cunha
como Fernanda Ribeiro, obtidos nas respetivas provas disputadas em terrenos de
Felgueiras (do Campeonato Nacional que foi corrido na original pista de cross,
da zona desportiva, onde mais tarde nasceu campo de futebol “pelado”) e vitória
de Fernanda Ribeiro na II Corrida dos 12 KM Várzea-Felgueiras; como diversos
prélios de camadas jovens e jogos particulares de formações seniores; bem como
organização de provas de automobilismo, nomeadamente o Rali do F. C. Porto. Sem pormenorizar outros aspetos, como a existência de
associados entusiastas do F. C. Porto propagados pelo concelho de Felgueiras, e
possivelmente outros casos curiosos.
Até que o F. C. Felgueiras e o
F. C. Porto se encontraram oficialmente na primeira e única época em que o
clube mais representativo do concelho de Felgueiras esteve na prova cimeira do
futebol luso. Com efeito, em 1995/96, o Felgueiras empatou no Estádio Dr.
Machado de Matos com a formação da Invicta (1-1) e saiu derrotado do embate das
Antas (6-2) na 1ª Liga. Tendo nessa época, além de João Costa que estava cedido ao clube felgueirense, também se salientado o então jovem Sérgio Conceição, emprestado pelo FC Porto e que em Felgueiras evoluiu a pontos de na época seguinte logo ter feito parte da equipa principal do FC Porto, dando salto conhecido da sua carreira.
Entretanto, a meio da mesma
década de 90, mais um Felgueirense incorporou os Corpos Sociais do FCP, na
gerência de grande timoneiro Jorge Nuno de Lima Pinto da Costa, quando Mário
Cunha passou a ser membro do Conselho Superior do F. C. Porto, tendo de seguida
o mesmo sido reconhecido a nível clubista, galardoado em 1996/97 com o trofeu
Dragão de Ouro de Dedicação Portista do ano 1996.
Depois disso as duas equipas
com mais adeptos em Felgueiras voltaram a encontrar-se, tendo dessa feita, ao
findar Dezembro de 2000, o F. C. Porto vencido em Felgueiras por 3-0 numa
eliminatória (16 Avos) da Taça de Portugal.
Chegados tempos mais recentes,
alguns jovens Felgueirenses tomaram o Porto por destino, tendo Inês Moura,
atleta juvenil de especialidades em Atletismo, despertado interesse do grande
clube nacional, passando a envergar a camisola azul e branca a partir de
2001/2002; assim como o promissor futebolista Tiago Moreira passou a
representar o FCP na categoria de infantis em 2000/01, de onde transitou
posteriormente aos Juniores. Depois André Pacheco, Felgueirense formado nas
camadas jovens do Vit. de Guimarães, rumou às Antas, tendo integrado a equipa
do F. C. Porto de juniores em 2002/03. Com outro estatuto, seguiu também até ao
Clube-Dragão o guarda-redes Vasco Viana, que em 2002/03 fez parte do plantel
sénior do F. C. Felgueiras, o qual encontrou então no Porto como companheiro o
referido André Pacheco, médio entretanto incorporado nos seniores, pelo que ambos
passaram em 2003/04 a fazer parte da Equipa B do F. C. Porto, de possíveis
promessas do Estádio do Dragão, embora depois tenham passado a evoluir noutras
formações, em diversos clubes onde deram continuidade à sua carreira. Tal como,
depois, o avançado Jaime, que despontara na equipa principal do F. C.
Felgueiras, integrou em 2005/06 também a Equipa B do F. C. Porto, no então último ano
de existência dessa categoria na antiga fase experimental (visto no defeso de 2006 ter sido extinto esse
escalão, até ter regressado noutras condições há três épocas, como se sabe).
= Reportagem no (entretanto extinto) jornal
Voz de Felgueiras, de 8 de Outubro de 2004
Ora, entre tudo isso, foi
então em 2004 implantada a Casa do Futebol Clube do Porto de Felgueiras,
fundada a 15 de Março. Ficando a ser a Delegação nº 84 do F. C. Porto, cuja
sede foi inaugurada a 24 de Setembro do mesmo ano, com a presença do Presidente
Pinto da Costa – o qual procedeu ao corte simbólico da fita, tendo depois
convivido com cerca de mil Portistas de Felgueiras em jantar festivo e bem
servido de fervor clubista, pois que não cabiam mais no salão em que tal
repasto teve lugar (enquanto, segundo os relatos da imprensa, nas inaugurações
das outras sedes referidas, não estiveram mais de cerca de uns duzentos
convivas, dos outros ou seja dos rivais de Lisboa).
Depois disso, na sede, ali ao
lado do jardim central da cidade de Felgueiras, entre Portistas, aficionados do
mesmo emblema e apaixonados das mesmas cores, se viveu e vibrou com vitórias a
nível nacional e internacional, com destaque para o título de campeões mundiais
de clubes, com a Taça Intercontinental ganha em Dezembro de 2004; a Taça de
Portugal de 2006, mais os campeonatos nacionais da Superliga em 2006 e 2007.
Posteriormente, por motivos
ligados à exploração do espaço do bar, essas instalações, arrendadas, foram encerradas
em finais de 2007, sendo adquirida uma casa na zona das Idanhas, junto à
rotunda de entrada na cidade, para onde, depois de profundas obras de
remodelação, foi transferida a mesma Delegação Portista, aí se fixando em 2008
a Casa do F. C. Porto de Felgueiras. Cujas instalações albergam a mesma
instituição nesta nova fase de revigoramento, prestes a ganhar forma.
= Recordações pessoais de associado da Casa do FC Porto de Felgueiras e do dia da inauguração festiva.
Assim, em leves traços, ao
correr de registo identificativo da prezada ocorrência singular verificada
desde 2004, para documentário perene, fica uma simplificada imagem da ligação
de Felgueiras e Felgueirenses ao maior clube português, cujos laços ficaram antes e ficarão agora proximamente mais fortes com a instalação e revitalização da Casa do F. C. Porto na terra do pão de ló e
pólo importante do calçado. Facto esse começado num ano de tantas conquistas que,
somadas a todas as já obtidas, e ao que irá advir para orgulho dos muitos e bons
indefetíveis adeptos, fazem deste símbolo nortenho o mais representativo de
todos quantos sentem o que identifica apego bairrista pela nossa região...
Em tempo de crise social e
económica, como o que se sentiu e sente bem nos primeiros tempos do século XXI,
só mesmo o FCP, com Esta Vida de Dragão, consegue servir de escape, como que
substituindo as reservas pátrias de ouro no nosso orgulho!
Armando Pinto
((( Clicar sobre as imagens, para ampliar )))
Nota Bene:
Na pertinência desta feliz ocorrência atual, atente-se
noutros artigos insertos anteriormente neste blogue “Longra Histórico-Literária” (e ainda
no "Memória Portista") sobre ligações felgueirenses ao FC Porto,
sendo também Felgueiras especialmente terra de bons Dragões, sobretudo, conforme
se relembra em compacto de artigos respetivos
A. P.