O dia 5 de outubro, que desde 1910 está na história de Portugal
pela proclamação da República e como tal é motivo de fazer lembrar esses tempos
de antanho, fica também localmente, aqui na Longra, como data que 111 anos
depois faz o povo da Longra lembrar a árvore grande conhecida por Carvalha da Padaria,
assim chamada por ser vista dentro dos muros da casa do mesmo nome. Árvore
grande que, de tão habituados que todos estávamos a ela, é daquelas coisas que
se nota mais quando acaba. Apeada que foi esta terça-feira, no feriado de 5 de
outubro, devido aos efeitos da sua longa idade. Tendo sido necessário derrubá-la,
para evitar algum desastre, visto estar a ameaçar cair, com o pé a ficar apodrecido
(como se verificou e comprovou mesmo depois de cortada)
Era uma árvore centenária, contemporânea da centenária
antiga dona, havendo sido sempre conhecida desde sua infância pela saudosa D.
Maria Amália Castro Verdial, senhora da Padaria da Longra e esposa do
saudosíssimo sr. Verdial Horácio de Moura, o edificador da casa e um senhor que
fez falta na Longra, desaparecido muito cedo quando tinha muitos projetos para
a Longra.
= Visualização por meio de imagem da década dos anos 90 (em tempo de Outono/Inverno, pelo cair da folha). Foto que foi incluída no livro "Memorial Histórico de Rande e Alfozes de Felgueiras", publicado em 1997.
Não se sabe ao certo o tempo da existência da Carvalha da
Padaria, que vinha do tempo das iniciativas de José Xavier do Outeiro, quando
começara a haver na Longra oficinas de ferraria e serralharia, originando a
inicial fábrica de utensílios de ferro e móveis metálicos. Calcula-se que tivesse
muito mais de um século, possivelmente perto de século e meio. O que sei
(expondo pessoalmente), por em tempos ter ouvido dizer aos mais antigos, é que
quando começou a antiga fábrica do Largo da Longra (a "Móveis de Ferro da
Longra", antecessora da MIT e posterior Metalúrgica da Longra), em 1920,
já esta árvore ali existia, ainda jovem possivelmente. Bem como os operários da
MIT diziam que pelos anos da década de 40 já era uma árvore grande. Desses
tempos, por exemplo, tenho uma foto de minha avó paterna com os meus 2 irmãos
mais velhos, por volta de 1946/47, em que se vê esta carvalha junto ao antigo
barracão da antiga fábrica.
Pois a Carvalha teve de desaparecer, por ser perigoso
continuar de pé, tal o estado em que estava a ficar, conforme se notava por
conter já fungos grandes em certos sítios do tronco. E estar a ficar oca, com
falhas no interior da parte mais larga. Situação antevista, felizmente,
evitando-se a queda que estava iminente.
Na lei da vida, pois que nada é eterno, desaparece assim esta árvore de grande porte. À qual, como homenagem, pelo que representa nas recordações Longrinas, se regista a sua existência e grava à posteridade. Através de reportagem fotográfica, em imagens captadas neste dia chuvoso, a memorizar o dia em que pela lei natural teve de desaparecer. Mas fica na História da Longra e da região, afinal.
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