Foi em dia de Domingo alegre, melhor dizendo nuns domingos
assim, como este de 2022 em que recordo esses dias com muita ternura. Lembrando
isso a meio de ambas as datas, tendo sido a 2 e 9 de Agosto esses dias
inesquecíveis, em 1964. Quando fomos ao Porto, primeiro, em excursão feita pelo Padre
João Ferreira da Silva, para presenciar in loco a Ordenação Sacerdotal do nosso
conterrâneo Padre Marílio Faria; e, depois, volvida uma semana vivemos
intensamente em Rande o dia de celebração da sua solene Missa Nova. Tinha pois
aqui o autor destas linhas uns dez aninhos completados havia um mês,
sensivelmente, mas tudo aquilo me ficou bem gravado na memória, com imagens bem
presentes na retina dos olhos do pensamento.
= Padre Marílio, ainda quando Seminarista do Seminário Maior da Diocese do Porto (ou seja quase a concluir a formação e prestes a ser ordenado Padre).
Um ano antes havia também ido ao Porto, numa outra excursão
organizada pelo Padre João, em passeio paroquial do povo de Rande e Sernande,
paróquias anexas da paroquialidade exercida pelo saudoso senhor Abade residente
em Rande. Num passeio que até está descrito num dos contos do livro Sorrisos de
Pensamento (publicado em 2001 e logo esgotado). De cujo percurso ambiental, fixado
em belas recordações, o então seminarista e já quase padre foi animador da boa
disposição reinante dentro e fora da camioneta de aluguer (como ao tempo se
chamava mais aos autocarros), como ainda bem me lembro. Num belo domingo também
em que nós, eu e todos os passeantes excursionistas, ficamos a conhecer a Sé do Porto,
além da estátua do Porto, de que tanto se falava popularmente mas de modo
errado, ao tempo ainda instalada nos jardins do Palácio de Cristal, onde vimos as
jaulas de animais e sobretudo o popular macaco chimpanzé “Chico do Palácio”,
autêntica atração do minizinho zoo que ali havia com vista para o rio
Douro. Mas também ficamos a conhecer o Monte da Virgem, do outro lado do rio e no alto de Gaia, para onde rumamos de
tarde, para convívio à fresca do frondoso local circundante da ermida ali
saliente. Ora, passado um ano, lá fomos todos, os passageiros fregueses desses
raides excursionistas, outra vez até à cidade Invicta, dessa feita para
estarmos presentes na Ordenação em apreço. E de tarde andamos pelo centro do Porto e depois ainda cedo demos um pulo até à praia portuense, para ver o mar e sentir a aragem do mar entrar pelo corpo a ferver de calor e entusiasmo.
Remontando a esses tempos da infância do autor destas linhas… relembra-se visualmente o dia por foto que de seguida aqui se reproduz. Um retrato "tirado" na tarde desse dia da mesma excursão feita pelo nosso Padre João, para os paroquianos de Rande e Sernande assistirem de manhã na Sé do Porto à Ordenação do Padre Marílio, da Longra. Fotografia esta captada na praia do Castelo do Queijo, junto à Foz, no Porto. Lembro-me de se tirarem várias fotos lá, da parte da tarde desse domingo quente de Agosto... e eu, ainda criança também fui e fiquei em algumas dessas fotografias de rolo (tenho pena de não saber quem as tem, se ainda houver alguma guardada numa gaveta ou eventual álbum preservado em baú familiar).
Nesta foto (em que alguns aparecem descalços e de calças arregaçadas por terem ido molhar os pés...), não consigo reconhecer quem está do lado esquerdo em cima, mas depois conheço, também em cima (a partir da esquerda da imagem) em segundo o sr. Elísio da Fonte, depois (conforme me informaram pelo facebook) Laura do Enchido, a seguir o Padre João, de seguida o sr. Ferreira das padeiras da Longra e sua esposa Quininha padeira, o meu irmão Luís, a Dete (Odete) neta do sr. Paulino, depois meu irmão Quim, a seguir (segundo me informaram também pelo facebook) Gloria de São João (que agora e desde há muito reside no alto de Cimalhas da Longra), a seguir a Camilinha Rodrigues, depois seu filho Alexandre Sampaio, e por fim o sr. Manuel Sampaio (ou seja, com o sr. Alexandre no meio dos seus pais); em baixo, desde a esquerda, Docília dos Picos, Vitalina Sampaio, Fátima Sampaio Viana, Adélio Machado, Afonso Carvalho, João do Outeiro e César Ferreira. Eu andava por ali, mas não apareço nesta foto...
Esta fotografia é mesmo dessa ocasião, como se comprova por outra foto desse dia e essa guardada pessoalmente no álbum particular, juntando algumas destas pessoas referenciadas e mais outras, sobretudo incluindo alguns elementos (sem trajes) do Rancho Folclórico adulto da Longra e da Liga Eucarística de Rande, nesse "Passeio" de 1964.
Nesta foto podem ver-se (sem ser por ordem) César Ferreira e sua irmã Luísa, Rosa Pinto, duas irmãs Mendes, o sr. Alexandre Sampaio, o Adélio Machado, o João do Outeiro, Artur Barros (pelo menos parece), o Afonso Carvalho, os Joaquim, Luís e Armando Pinto, o sr. Elísio da Fonte, e outros… (Reparando-se também que os óculos de sol então andaram a rodar, pois numa ocasião aparece um e noutra já outro, assim de olhos protegidos, entre dois amigos nesse tempo integrantes da Liga Eucarística dos Homens de Rande.)
Após isso, no regresso à terra, ainda passamos também pela paróquia de um padre amigo natural de Rande-Felgueiras, o Padre Luís Gonçalves de Matos, em Melres (freguesia de Gondomar, ribeirinha do rio Douro), onde paramos para uma curta visita a esse bom padre irmão da Fininha da Quinta (muito querida governanta daquela casa da família Teixeira, de Rande), por sinal muito amiga de meus pais, até.
Recordaram-se então tempos idos, de quando o jovem padre era ainda seminarista e enquanto ajudante do pároco Padre João convivia com padres naturais de Rande, vindos à terra natal. Sempre que vinha de férias à Longra e convivia muito com a
rapaziada amiga e conhecida (andando sempre acompanhado pelos filhos
do sr. Machado, os irmãos Pinto, mais os César, Basílio, João Isaías, etc.),
além de ajudar ao saudoso Padre nas missas, procissões,
outros atos religiosos e na catequese ainda. Sendo desses tempos a imagem (seguinte), em
que se vê o seminarista jovem ao lado do pároco, na organização da
representação de Rande e Sernande para a peregrinação concelhia até ao monte de
Santa Quitéria, em Felgueiras.
O Padre Marílio da Costa Faria era então pessoa muito estimada da nossa terra. Filho da Virinha da Ponte, senhora muito
risonha e simpática, e do muito respeitado senhor António, um daqueles
homens de antigamente, cuja presença marcava consideração e apreço geral. Não
sendo de admirar que tivesse sido incluído no lote de estudantes a quem,
naquele tempo, a família Sarmento Pimentel, da Casa da Torre, pagava o curso
canónico. E merecesse estima das boas famílias da terra, como era acarinhado
pela D. Emília, esposa do sr. Américo Martins da Metalúrgica da Longra, e no
mais fosse muito querido de toda a população. E sobretudo com muito carinho entre toda essa gente conterrâea, que o foi vendo evoluir e via então como novo padre.
Houve festa na terra, por isso, no dia da sua Missa Nova.
Tendo o Padre Marílio ido em procissão desde sua casa, na Longra, até à igreja
paroquial, em passeio a pé, pelo Montebelo, ou seja à volta, de maneira a
passar pela Casa da Torre, com acompanhamento de muita gente sua amiga e
conhecida. Indo ele na frente ladeado por seus pais, que nesse dia ainda eu, criança mas já com ideia bairrista, via com olhos de admiração. Tendo eu ido também e feito questão de caminhar sempre atrás dele, muito próximo à cabeça do cortejo de acompanhamento. Com entusiasmo e, mesmo sem precisar de falar, indo ali como se ele fosse da minha família. Tal o orgulho de a minha terra ter assim um novo Padre e logo aquele senhor simpático que passava por mim e ajudou às cerimónias da minha Comunhão Solene, poucos dias antes, ainda.
Da chegada à igreja e aproximação ao altar é o instantâneo
fotográfico (colocado a seguir) que tenho em meu álbum pessoal e para aqui é transposto a ilustrar tal memória de tão festivo dia.
= Captação fotográfica do dia da Missa Nova do Padre
Marílio: À chegada junto ao altar da capela-mor da igreja de Rande, antecedendo a Missa …Estando
o autor destas lembranças entre a mole de assistentes (logo atrás da Virinha, mãe do novo Padre), na igreja paroquial de S.
Tiago de Rande. Foto do álbum pessoal do autor e incluída no livro
"Memorial Histórico de Rande e Alfozes de Felgueiras", publicado em
1997.
Passaram muitos anos e muita água correu por baixo das pontes do rio Sousa da Longra. E foi já há muitos anos que, com alguma admiração, naquele longínquo
Agosto, na cerimónia apoteótica da sua primeira Missa, beijamos as mãos perfumadas do senhor Padre Marílio, num misto tocante
e conservante, por termos ali diante de nós aquele amigo que nos habituamos a
ver a passar a nossa casa, indo e vindo para sua casa, sempre rodeado de amigos
e saudando conhecidos. Sentindo então a dita de o saudar no fim da Missa Nova e receber o "Santinho" alusivo de sua Ordenação e seguinte Missa Nova, que guardei com estimação.
Armando Pinto
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