Espaço de atividade literária pública e memória cronista

sábado, 29 de março de 2025

De vez em quando... e recordando: um médico de renome com ligação felgueirense - o Dr. Fernando Sarmento Pimentel Neves

Já neste espaço de memorização foi lembrado, noutro artigo (inclusive publicado no jornal Semanário de Felgueiras, há anos, e depois transposto em partilha neste blogue), a propósito da existência de médicos célebres com raízes de naturalidade ou afinidade felgueirense. Então em conjunto com mais alguns. E desta vez volta a ser recordado, agora individualmente. Lembrando assim o Doutor Fernando Pimentel, como era mais conhecido e ele mesmo assinava, mas de nome completo Fernando José Sarmento Pimentel das Neves.

O Dr Fernando Pimentel, da família da Casa da Torre, de Rande, não nasceu em Rande mas na cidade do Porto, a 15/9/1918, por na ocasião seus pais estarem no Porto. Havendo uma versão popular, que se contava em tempos idos, que terá nascido em Rande, na Torre, mas depois foi registado no Porto. Contudo passou a infância na casa-mãe da família, na felgueirense freguesia e paróquia de S. Tiago de Rande. E inclusive casou em Rande, assim como ficou sepultado em Rande, falecido que foi a 26/8/1973. Tendo grandes ligações felgueirenses, em suma. E, como disse o Dr. José Leal de Faria, na sessão solene de  homenagem prestada pelos Bombeiros de Felgueiras ao eminente psiquiatra felgueirense Dr. Magalhães Lemos, «as terras só são grandes, consideradas e conhecidas, quando as qualidades dos seus filhos as inculcam e tornam notáveis».

Ora, o Prof. Dr. Fernando José Sarmento Pimentel das Neves foi grande vulto em Psicologia e Psicopatologia. E transporta em seu rasto curricular fortes afinidades e raízes de Felgueiras. Pois, com efeito, o Dr. Fernando Pimentel, embora registado como natural do Porto, era de Rande pelo sentimento afetivo, acabando por ser sepultado no cemitério paroquial de S. Tiago de Rande, no jazigo de família da sua Casa da Torre (solar da linhagem de sua mãe e dos famosos João e Francisco Sarmento Pimentel, seus tios). Assim, pode dizer-se, o referido personagem ilustre, faz parte da honrosa galeria de médicos integrantes na memória Felgueirense, desde o célebre Prof. Dr. Magalhães Lemos, passando por um vasto conjunto de figuras, seja como clínicos, investigadores e professores, naturais ou residentes do concelho, além de tantos que também desempenharam funções e exercem medicina dentro do mesmo território Felgariano. 

Do seu vasto currículo, faz sobretudo parte da História Médica Portuense, por exemplo, que o Dr. Fernando José Sarmento Pimentel das Neves incluiu o Conselho Regional da Ordem dos Médicos de 1950 a 1955, fez parte da organização de Cursos de Aperfeiçoamento, como aconteceu por exemplo com o de 1952, em que Pimentel das Neves esteve no grupo representante do Hospital Conde Ferreira, como nos respectivos mandatos iniciados em 1956 e 1959 integrou o Conselho Disciplinar Regional do Porto. Sendo de recordar o que se fixou no livro “Memorial Histórico de Rande e Alfozes de Felgueiras”, que o Psiquiatra Dr. Fernando Pimentel das Neves (n. 1918 - f. 1973) foi Director do Hospital Magalhães Lemos e do Conde Ferreira, havendo ocupado o cargo de Director dos Serviços de Psiquiatria da Região Norte e de Delegado do Instituto de Assistência Psiquiátrica da Zona Norte, bem como de Director do Centro de Saúde Mental do Porto. Publicou diversos trabalhos sobre Psiquiatria, incluídos nos Anais de Psiquiatria, n’O Médico e Actas do Congresso Mundial de Psiquiatria, além de conter artigos noutras prestigiadas publicações técnicas de medicina e da sua especialidade, tal como colaborou também na Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura. Tendo casado em Rande, na sua terra e paróquia de implantação da casa-mãe da tradicional família, repousou depois, para sempre, também em chão Felgueirense, no campo santo da mesma freguesia.

O Doutor Fernando tem também ligações pessoais aqui ao autor, visto ter sido amigo de meu pai, e como tal foi quem diagnosticou uma doença que atormentava a saúde de minha mãe, havia alguns anos e os médicos locais não conseguiam descobrir. Tendo o "Doutor Fernando da Torre" receitado um medicamento que minha mãe tomou durante largos anos e com isso levou uma vida normal. O que só por isso diz muito do valor do Doutor Fernando na medicina geral, além de sua especialidade.

Da memória conterrânea do Dr. Fernando Sarmento Pimentel tem o autor destas lembranças um cartão pessoal com sua assinatura. Uma honra, afinal, e sobrtetudo uma recordação ilustrativa.


Armando Pinto

quinta-feira, 27 de março de 2025

De vez em quando… Curiosidade locais: Uma licença de uso de isqueiro, como foi usual durante o Estado Novo !

 

Aqui está uma interessante curiosidade, de interesse histórico local, regional e nacional, desconhecida por certo de gerações recentes, quase esquecida de anteriores e possível de ser lembrada por antigos conterrâneos e cidadãos nacionais. Tal o caso de antigamente, durante o período político conhecido por Estado Novo, ter sido necessário “tirar licença” para quem usasse isqueiros e outros ”acendedores” em público. Nesse tempo em que era costume entranhado quase todos os homens e algumas mulheres fumarem em qualquer sítio. Mas como havia fábricas de fósforos de interesse governamental, foi estabelecido oficialmente esse procedimento desde 1937, ou seja a partir que o regime político de Salazar se apertou mais. Então passou a ser de lei a necessidade de licença anual para quem acendesse os cigarros em público por outro meio que não fósforos. E não era brincadeira, sendo por vezes visto haver vistorias a fumadores, pela "Guarda" (como popularmente era chamado antigamente aos militares da GNR). Lei essa de tal obrigação que durou muitos anos. Como se pode ver por uma licença, devidamente selada, como era obrigatório, datada de 1970. De quatro anos antes do fim do regime, como se sabe. 

Extensivamente, é essa licença outra curiosidade também de interesse local, pois foi do Padre Joaquim Sampaio, natural de Rande, do concelho de Felgueiras, passada quando ele era ainda pároco no concelho do Marco de Canaveses, nas paróquias de Várzea de Ovelha e Aliviada. Dando assim para relembrar também esse antigo sacerdote que mais tarde regressou à terra natal, quando se aposentou, tendo falecido na Longra em 1993.

Coisas de tempos idos, da coisa pública que será de interesse coletivo relembrar, dar a conhecer e preservar . Por entre algumas curiosidades que de vez em quando por aqui vão tendo vez.

Armando Pinto

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terça-feira, 25 de março de 2025

Falecimento de um dos amigos da Longra: Fernando Mendes

Faleceu um amigo da geração dos antigos alunos da escola velha da Longra, este da geração dos anos 60. O Fernando Pereira Mendes, que viveu durante sua infância em Cimalhas e no Alto da Longra, enquanto atualmente residia em S. Miguel-Lousada, onde casou e viveu; mas durante muitos anos, até à sua aposentação, trabalhou na fábrica IMO da Longra. Inclusive teve um filho como elemento do Rancho Infantil e Juvenil da Casa do Povo da Longra, ainda durante os primeiros anos de existência desse Rancho fundado aqui pelo autor destas lembranças.

Mais um amigo que desaparece, mais um dos antigos alunos da Escola da Longra.

Paz à sua alma. Sentidas condolências à família.


Armando Pinto

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Um livro de vez em quando… este de especial oferta da pintora brasileira Lygia Sampaio

 

Efetivamente, entre os livros guardados por aqui na biblioteca particular de estimação, de variados géneros, alguns têm particular história. Como no caso presente, deste, que foi oferecido há anos pela artista plástica Lygia Sampaio, famosa pintora brasileira da Baía. Que durante anos se afeiçoou com o meu livro “Memorial Histórico de Rande e Alfozes de Felgueiras”, a pontos que lá longe na característica urbe baiana se debruçou muito sobre essas páginas, para retirar algo para um livro que ela mesma escreveu sobre sua família, oriunda da região do Unhão-Felgueiras, e que do outro lado do Atlântico se estabeleceu desde mil setecentos e tal. Livro esse, ”De Sampayo a Sampaio” que depois me ofereceu. Assim como mais tarde me ofereceu um livrinho, este, ilustrado com desenhos seus, a engrandecer um poema escrito por seu irmão e publicado em livro por seus sobrinhos. Este, que calha aqui e agora recordar, por de vez em quando ser agradável revê-lo, a lembrar a querida amiga e artista entretanto já desaparecida há uns anos.


Armando Pinto

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segunda-feira, 24 de março de 2025

AVISO de atualização – Grupo de amigos e conhecidos da Longra e arredores…

Como sabem, há tempos criamos um grupo de amigos da Longra, entre os que andaram na escola de cá da Longra e outros amigos uns dos outros. Demos o nome de amigos da Escola, mas o grupo é de amigos de várias gerações, uns mais novos que outros (ou vice-versa, claro), e todos os que andaram pela Longra e arredores. Então, desse nosso grupo, vamos fazer um almoço de convívio a 10 de maio próximo, no segundo sábado desse mês. 

O grupo começou só com homens, mas entretanto foi alargado a mulheres. E nessa linha criamos um grupo de WhatsApp para todos andarem informados. Portanto diferente deste espaço. Este é do Facebook e meramente de notícias e publicações, o outro é para o convívio pessoal entre nós. Sem nada ter a ver um com o outro, entenda-se. Por isso se faz este aviso, pois a partir de agora e para não haver confusões, quanto ao convívio passará a haver apenas notícias no grupo do WhatSapp. 

Assim sendo, dos que pertencem a este grupo de Facebook mas não estão inscritos no do convívio, caso queiram podem comunicar (a mim ou a alguém já inscrito no grupo) o respetivo nº de telemóvel para inserir no grupo. Se tiverem WhtsApp. 

Abraço a todos.

A. P.

sexta-feira, 21 de março de 2025

Recordando… De vez em quando: A inauguração do edifício dos Paços do Concelho de Felgueiras – em 1958. E visita do Presidente da Nação no ano seguinte…

Foi em Junho de 1958. No dia 1 do mês dos Santos Populares, que em Felgueiras é tempo da festa do concelho, com a festividade do São Pedro a 29. E então, em 1958, estava-se em tempo de campanha para a eleição presidencial do Chefe da Nação, como ao tempo se chamava ao lugar supremo do país, do agora Presidente da República. E estava na berra, das atenções, a campanha que questionava a ditadura do Estado Novo, com a candidatura de Humberto Delgado do lado da oposição e de Américo Tomás do lado do Estado governamental, pelo então chamado Partido da União Nacional (partido único, nesse tempo, e apenas de nome). Estando então para vir a Felgueiras inaugurar o edifício novo da Câmara Municipal alguém de relevo político. Contudo o Presidente cessante, Craveiro Lopes, caíra nas fracas graças do Chefe do Governo, Salazar. E Américo Tomás era ainda só candidato, pois as eleições realizaram-se a 8 de junho. Assim sendo, foi o então Ministro das Obras Públicas, Eng.º Arantes de Oliveira, que se deslocou desde Lisboa até Felgueiras para proceder oficial e solenemente à inauguração da nova Domus Municipal felgueirense. Era ao tempo Presidente do Município o Dr. José de Castro Leal de Faria. 

Em vista disso, Américo Tomás veio à Câmara de Felgueiras passado um ano, tendo vindo em visita oficial a Felgueiras por ocasião do feriado municipal da festa concelhia do São Pedro, em 1959.

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Então, em 1959, passado um ano da inauguração do edifício novo dos Paços do Concelho de Felgueiras, aconteceu a visita do Presidente Almirante Américo Tomás a Felgueiras. Dia de festa na vila de Felgueiras, ao tempo, a que acorreu muito povo e foram requeridas presenças de agrupamentos tendentes a abrilhantar o ato. Na ocasião, havendo sido formado na então povoação da Longra um dos episódicos agrupamentos que anualmente iam ao cortejo das Flores da festa concelhia do S. Pedro e atuavam na festa do S. João da Longra, foi esse mesmo agrupamento representar o concelho na vertente tradicional. Assim, entre a guarda de honra destinada a fazer a receção ao alto dignatário da Nação lá estava esse grupo do antigo Rancho Folclórico da Longra e os Bombeiros Voluntários de Felgueiras. Como regista à posteridade a foto histórica, que se dá à estampa, captada ainda durante a espera à chegada do então representante oficial da Pátria, estando todos já em formatura em frente ao edifício da Câmara Municipal – em imagem panorâmica do ambiente que se vivia diante do edifício municipal e numa imagem recortada de maior pormenor, perante pessoal trajado e fardado… e outros com fatos domingueiros, mais individualidades a preceito, também.


Deu-se depois a receção oficial, à chegada do então Presidente Américo Tomás, recebido com flores e acompanhado por entidades oficiais e povo. Era ao tempo Presidente do Município o Dr. António Leal de Faria e Vice-presidente o Prof. Francisco José de Assis e Freitas.


Armando Pinto
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segunda-feira, 17 de março de 2025

Ligação de Camilo Castelo Branco também a Felgueiras…

 

Estando-se, desde este passado domingo 16 de março, no período celebrativo do bi-centenário do nascimento de Camilo, o grande literato com mais títulos publicados na literatura portuguesa, além de ter sido o primeiro escritor português que por sua valia conseguiu primeiro viver da sua obra literária…  E porque aqui como espaço felgueirense, neste sítio de memória, importa puxar tudo o que reporte temas de ligação felgueirense… vem ao caso evocar a ligação desse célebre escritor ao felgueirismo que nos corre na escrita memorialista. Coincidindo até com o período da Feira do Livro da atualidade felgueirense, por estes dias.

Assim sendo, desta feita demanda-se da ligação felgueirense à literatura nacional as letras romanceadas, onde coabitam com enredos e personagens diversas referências a honrar estes sítios. Com especial relevo num relance de Felgueiras pela obra Camiliana. Sendo Camilo Castelo Branco expoente do romance nacional, o mais fecundo escritor luso e cultor de estilo literário por excelência (cuja admiração pessoal nos leva a considerá-lo sem dúvida o melhor novelista que lemos).

Existem, com efeito, diversas referências em Camilo que nos tocam, desde a reconstrução histórico-descritiva do incêndio no convento de Santa Maria de Pombeiro durante as invasões francesas. Passando por outras crónicas intrometidas pelo meio de saborosas tramas urdidas nas suas histórias novelistas, como alusão à fixação residencial em Margaride do Padre Casimiro José Vieira, chefe da Revolta da Maria da Fonte, que por isso para aqui viera refugiado, acoitando-se na Casa de Samoça e fixando depois residência na casa da Alegria (ficando mesmo associado ao rompimento da estrada para o monte de Santa Quitéria). Como também aflorou algumas facetas da vivência local, por exemplo em “Anos de Prosa”, onde particularmente referiu os namoros duma Silvina, fidalga de Margaride. Até às menções de Camilo pela narração das ligações da vida do Zé do Telhado em incursões por terras de Felgueiras, mais alusões ao Pão-de-Ló de Margaride, Cavacas de Margaride e frisos paisagísticos por entre nacos de prosa deliciosa.

Disso chegou a ser passado a letra de forma um estudo do senhor Manuel Bragança sobre a ligação de Camilo a Felgueiras, conforme ele mesmo referiu numa entrevista ao antigo Jornal de Felgueiras, no tempo em que esse periódico teve direção do Dr. Miguel Mota e houve fase de grande felgueirismo nos temas publicados. Ficando ideia que esse estudo então datilografado terá ficado na Biblioteca Municipal de Felgueiras, junto com outros trabalhos desse tempo, como umas Achegas para a História de Felgueiras, do Padre Carlos Alves – que Inédito ficou, entretanto, esse estudo intitulado “Achegas Para Uma Monografia de Felgueiras”, da autoria do Padre Carlos Alves Vieira, trabalho feito na década de cinquenta a rogo da Câmara desse tempo, mas não chegou a ser publicado, ficando a aguardar publicação guardado no cofre do município, contudo de permeio consultado por autores diversos que lhe citam passagens em textos publicados, entre o quais o Padre Casimiro da Mata nas suas crónicas publicadas no jornal Notícias de Felgueiras em inícios da década de sessenta.

Ora nessa ligação a Felgueiras, recorda-se aqui e agora um artigo publicado no jornal Semanário de Felgueiras, há já uns anos bons, mais precisamente na respetiva edição semanal de 03 de dezembro de 1999, à sua página 15. De cuja crónica (porque era extensiva a outros escritores da literatura nacional) se relembra a parte referente à obra literária Camiliana respeitante a Felgueiras.

Armando Pinto

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