Maio, mês das flores, é também mês de
alguns amores. Sendo tempo deveras relacionado com um desses às causas da
humanidade, como foi e ainda é o caso da existência da chamada Cruz Vermelha. Algo
que tem relação com temas locais, entre nós, havendo uma delegação em
Felgueiras dessa instituição internacional. Relacionando ao caso ter sido em Maio
que nasceu o seu fundador.
Tudo começou perante a visão da
carnificina patente em despojos dum campo de batalha, nos confins do século
XIX; e depois pelo sinal feito duma cruz desenhada com sangue, como
salvo-conduto de passagem com feridos através das linhas bélicas dos lados opostos.
Graças a um homem, cuja ação, em sua vida e obra, marcou a humanidade – como
sucedeu com Henry Dunant.
Por vezes pode nem haver noção de quanto
as boas ações e o querer podem representar, chegando longe e aos mais variados
campos da existência. Mas assim acontece, na máxima de que se pode ir e chegar
sempre a qualquer lado, desde que haja com quê e porquê.
Jean Henry Dunant, nascido em Genebra no
dia 8 de Maio de 1828, oriundo duma família respeitada, foi imbuído pelo
espírito caritativo dos seus progenitores. E quando adulto tornou-se um homem
influente de negócios, derivando ter de se deslocar por muito lado. Aconteceu
assim que numa das suas viagens teve de se deslocar a Itália para contactar o
Imperador Napoleão III, a fim de lhe expor um projeto de negócio, para o qual
precisava de autorização oficial, e para o efeito se arriscou a encontrá-lo
junto às suas tropas, entrando num local de batalha, onde se deparou com os
horrores da guerra. Diante dos resultados sangrentos, num cenário espetacular
de feridos, nessa Batalha de Solferino, logo procurou acudir aos atingidos
sofredores e moribundos. «Horrorizado pela carnificina a que assistiu, quando
cerca de 40 mil soldados morreram ou ficaram feridos e foram largados à mercê
do seu destino, rapidamente reúne mulheres das aldeias vizinhas para prestar
assistência aos feridos de ambos os lados, sem distinção pelo uniforme ou
nacionalidade, com o intuito apenas de ajudar homens que precisavam de
socorro.» E de seguida lançou-se a diligenciar no plano interno (tendo escrito
em livro uma verdadeira crónica de guerra a relatar o que presenciou, passando
ao papel tal experiência vivida, em “Un Souvenir de Solferino”, volume
publicado em 1862), até que alargou horizontes e foi promovendo seu ideal
internacionalmente, numa autêntica lida humanitária, de cuja ampla campanha
resultou a criação da Cruz Vermelha internacional.
Henry Dunant (Henri, aportuguesando) conseguiu então a criação
de sociedades voluntárias de socorro para prestarem assistência aos feridos em
tempo de guerra, bem como apoios internacionais para assegurar a proteção de
soldados feridos e do pessoal médico no campo de batalha. Com isso Dunant
viajou pela Europa inteira no sentido de ganhar o maior número de apoios para
as suas propostas. Num movimento vasto de que resultou que fosse assinada por
alguns Estados os artigos que formaram a I Convenção de Genebra. A partir da
qual nascia o Direito Internacional Humanitário, demonstrando que mesmo em
tempo de guerra existem regras que têm de ser cumpridas pelos combatentes. Ao
longo de todo esse percurso o seu labor desprendido levou-o a ter gasto os seus
bens, inclusive chegando a ter de recorrer à caridade pública. Entretanto, em
1901 foi reconhecido pelo mundo o seu valor, tendo então sido agraciado com o
primeiro Prémio Nobel da Paz. Galardão que além de parte honorífica,
contemplava já um prémio monetário de gratidão. Pois, à data da sua morte (a 30
de Outubro de 1910), então com 82 anos de idade, o prémio estava intacto e
destinado, por testamento próprio, ao pagamento das suas dívidas e obras
filantrópicas. Em sua homenagem é comemorada a data de seu nascimento como o
Dia Mundial da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho.
ARMANDO PINTO
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