Não havia então máquina fotográfica em mãos de ninguém da
família, há algumas décadas, sendo por isso raras as fotografias existentes da
nossa prole pelos idos anos cinquentas e até mais, ainda à entrada dos idílicos
tempos de sessenta… porém captei na retina da memória e não mais me esquece da
primeira vez, que me lembro, de me ter sido festejado o aniversário natalício,
com festa de anos simples mas bonita, quando fiz seis anitos. Algo que à época
não era até muito acotiado e penso que em nossa casa também não tinha
acontecido entretanto, apesar de antes haver cinco filhos mais velhos, e a
seguir a mim ainda um mais novo. Saltando-me à vista, como que vendo ainda,
toda a alegria da minha mãe quando, na tarde desse dia, num quente início desse
Estio, me pegou pela mão e me fez a surpresa de ir buscar um bolo feito por
pessoas amigas. Onde foram colocadas seis velas, pequeninas, e de cor azul como
eu disse logo que queria. Doce aparato que à noite foi um encanto aos meus
sentidos, em roda familiar. Como sempre foi depois, na sucessão dos anos, até
passar a ter a minha esposa e filhos e agora os netos. Tendo sempre também os
meus pais presentes em mim, com o sorriso de minha mãe a dizer-me que valeu a
pena ser heroína naquele longínquo dia de inícios de Julho, já lá vão uns anos
bons. Tendo à minha volta, na roda familiar, quem de mim gosta e de quem eu tanto gosto, no gosto doce do amor.
Armando Pinto
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