Com a chegada invernosa do Outono e propício ambiente de
serão caseiro, no calor envolvente das lembranças, como antigamente se contavam
histórias à lareira em roda familiar, vem a calhar fazer uma referência a um
personagem que noutros tempos fez parte do imaginário popular das gentes desta
região – o famoso "Zé do Telhado", figura quase romanceada de verdadeiro chefe de
um bando de homens, o tal que roubava aos ricos para dar aos pobres, como ficou
na tradição popular. Inclusive merecedor da pena literária de Camilo Castelo Branco, que o descreveu nas suas "Memórias do Cárcere".
Ora, Zé do Telhado, é por estes dias tema de uma exposição
na biblioteca municipal da vizinha vila de Lousada, sabendo-se que ele, José
Teixeira da Silva, viveu em Caíde, S. Pedro de Caíde de Rei (nesse tempo ainda
do antigo concelho de Santa Cruz de Riba-Tâmega, com sede em Vila Meã, mas hoje
do concelho lousadense), onde casou, aqui próximo até, sendo natural de
Castelões de Recezinhos, no concelho de Penafiel. Bem como teve uma casa no concelho de Paredes, que ainda resiste ao tempo com suas paredes sob cobertura de colmo. Tendo José do Telhado ficado associado a
diversas histórias do povo desta nossa região do sul do concelho de Felgueiras, contando-se loas de suas
andanças por aqui e vindas às feiras e romarias das redondezas. Além de terem
ficado na transmissão popular os assaltos de seu bando a casas como a de Junfe, à do Padre Albino e à do reitor de Ermeiro, por exemplo.
Como tal, Zé do Telhado era muito admirado pelo povo, a
pontos de nas feiras e festas populares se venderem “a pataco” livros a
contarem suas façanhas, considerado como era um género de Robin dos Bosques à
maneira portuguesa.
Pois um desses livros (esse destas imagens, acima), dos que meu avô materno comprou e
guardou, chegou até ao autor, graças a minha mãe, que bem sabia como este seu
filho gostava de ter coisas destas… No caso, a 4ª edição, de 1909, de tal obra
de arte histórico-literária – um livrinho a narrar em verso a vida de José do Telhado,
que temos bem guardado. Do qual aqui mostramos imagem da capa, com muito gosto
em ter isto assim.
Esse era e é um exemplo da chamada literatura de cordel ao
tempo em voga, mais acessível do povo comum e com laivos de estilo dos antigos
autos populares tão ao gosto das pessoas mais dadas a isso, também. De cujo
acervo, do que foi de meu avô, António da Costa, o senhor António da Quinta
(que aqui já referi, a propósito dum artigo publicado no Semanário de
Felgueiras, por ocasião da comemoração do Foral do Unhão), também tenho mais dois livrinhos, de “romances” populares...
Armando Pinto
((( Clicar sobre as imagens, para ampliar )))
Boas!
ResponderExcluirPor acaso dessas histórias não há referências a assaltos em Celorico?
abraço