Núcleos de Saúde em Felgueiras
Na calha do recente aniversário da Unidade de Saúde familiar
da Longra, oficialmente chamada USF Longara Vida, vem em talhe uma rememoração
de enquadramento histórico relacionado.
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Nas existências benéficas pelos tempos em equação, detendo
vislumbre na apreciação de estudo dos diversos tipos de socialização, há
dotações que pelas suas características são incontornáveis, num circuito com
devido alcance. Mas, intrometendo-se nas mesmas obtenções, factos acrescem que
têm de ser vincados, a propósito. Por entre variadas motivações valorizáveis,
seja das chamadas culturas urbana, ambiental e demais, incluindo intentos de
preservação patrimonial, recuperação de identidade, iminências da memória coletiva,
como outros valores dignos de crédito, será de somar algo relativo à área da saúde.
Vêm a talhe estas considerações relativamente à continuidade
da Unidade de Saúde da Longra, de jeito a aproveitar para rememorar um panorama
retrospetivo dos estabelecimentos de saúde no concelho de Felgueiras, no especto
de apontamento historiador.
Então, indo por partes e passando ao primeiro ponto, de mais
importante fator histórico, o percurso cronológico da saúde institucionalizada,
no concelho de Felgueiras, remonta ao século XIX, com a construção do antigo
Hospital de Felgueiras. Sabe-se que em 1855, por iniciativa do Dr. António
Leite Ribeiro Magalhães, da Casa da Vitoreira, com a colaboração de outras
pessoas importantes da terra felgariana, foi fundada a Irmandade da Misericórdia da Vila
de Felgueiras, com a finalidade primordial da construção de um hospital. O qual
começou a ser feito pouco depois e ficou implantado no edifício mais tarde
conhecido por hospital velho (posteriormente transformado na original sede da
Cercifel e depois, com a mudança desta, integrando também aumento das novas
instalações do hospital atual).
Já no século XX, corria 1912, Agostinho Ribeiro, que fizera
fortuna no Brasil, doou seus bens à mesma Misericórdia para custear a
construção de novo hospital, acrescido de um lar de asilo próximo, como
aconteceu. Com a então nova construção, o edifício hospitalar surgido viria a
ser denominado Hospital Agostinho Ribeiro, em homenagem ao seu maior obreiro, e
o Lar teve o nome de Maria Viana, em memória da esposa do referido benfeitor.
Entretanto, ainda no século XIX, começara também a funcionar
o Hospital da Misericórdia do Unhão, após haver sido comprado em 1868 o edifício
que fora palácio dos condes, adquirido pela mesma Misericórdia ao Barão do
Calvário. Aquisição aquela, então feita, para instalar a sede da referida
instituição antes fundada em 1630, e onde viria a funcionar o dito hospital,
inicialmente chamado de S. Mateus, em dedicatória ao que fora anteriormente
patrono da mesma casa fidalga. Essa mansão (que, de permeio, servira como Paços
do antigo concelho e se prestara ainda para acolher a cadeia na vigência do
mesmo velho concelho do Unhão e do depois sucessor e efémero de Barrosas), teve
então conversão em hospital, tendo em 1870 havido aquisição de mais espaços
anexos para o efeito, em cuja sequência e derivada ampliação patrimonial,
volvido um ano tiveram início os cuidados assistenciais, então entregues às
Irmãs Hospitaleiras. A pontos de em 1871 terem ali entrado os três primeiros
doentes, e em 1872 ter sido lançado no livro de registo de óbitos o nome do
primeiro defunto que lá expirou.
= Centro de Saúde de Felgueiras quando funcionou nas instalações do antigo estabelecimento de ensino Externato Infante D. Henrique
Mantiveram-se durante longos anos estas duas dotações
concelhias (com o Hospital do Unhão a chamar-se já de Nossa Senhora do Rosário,
alusivo à Padroeira da Misericórdia sua proprietária, o qual a partir de 1934
ficou ao cuidado das Irmãs de Caridade da Ordem de S. Vicente de Paulo), até
que surgiu o primeiro Posto de Saúde, adstrito à Casa do Povo da Longra, nos
inícios da década de quarenta, do século XX. Tendo essa casa Longrina, em junção às
benesses proporcionadas a seus beneficiários, efetivamente criado em 1941 seu
Posto Médico, como Delegação Clínica local de abrangência a diversas freguesias
da respetiva área – em época ambulatória cingida aos então dois
estabelecimentos hospitalares do concelho. Ao passo que, no que toca a
aparecimento de outros Postos Médicos, só na década de cinquenta foi criado um
outro Posto na Casa do Povo de Jugueiros, enquanto o de Margaride-Felgueiras, mais tarde sede do Centro de Saúde concelhio, foi implementado apenas na década de
sessenta (ao tempo numa fração de um prédio da travessa de Belém e muito depois passado para o edifício do antigo Externato), seguindo-se
os Postos Médicos da Casa do Povo de Borba de Godim-Lixa, Casa do Povo do Marco
de Simães e os Postos Clínicos de Várzea, Regilde e Serrinha, enquanto, por
exemplo, o de Barrosas era ainda uma dependência do então Posto da Casa do Povo
da Longra e do sucessor Posto Clínico da Longra, ficando independente simplesmente
em 1979.
Enquanto isso, o Hospital da Misericórdia do Unhão foi de
permeio, já na década de sessenta também, transformado em estabelecimento de
ensino. Ao passo que o Hospital de Felgueiras passou por sucessivas alterações,
chegando a estar dependente do Centro de Saúde de Felgueiras, até que em 2002 e
após retorno à posse da Misericórdia, passou em revitalização a ter
características especiais, derivadas de protocolos entre a Misericórdia de
Felgueiras e a Administração Regional de Saúde do Porto.
Entretanto, passando ainda as décadas de setenta e oitenta
do século XX, os Postos Clínicos da região (com esse nome, como foram
conhecidos durante muitos anos), dependiam então dos chamados Serviços
Médico-Sociais do Distrito do Porto, incluídos na dependência dessa tutela, em
parceria com instituições locais onde estavam inseridos. Sendo assim
independentes uns dos outros, os que estavam sediados em Casas do Povo encontrando-se
interligados ao respetivo organismo (acumulando Previdência Rural e Segurança
Social), enquanto os outros se encontravam diretamente ligados aos serviços
centrais do SMS do Porto.
Em 1977 houve separação institucional, através de autonomia dos referidos Postos Médicos, aquando de diploma governamental que integrou as Unidades Médico-sociais das Casas do Povo nos Serviços-médicos Distritais. Após isso, estabelecido depois novidade de um regime dos Centros de Saúde, na década de oitenta, passou a haver junção de todas as Unidades concelhias em torno de uma Direção, tornando-se a Unidade de Saúde da então vila-sede do concelho em central e as restantes como derivadas extensões.
Em 1977 houve separação institucional, através de autonomia dos referidos Postos Médicos, aquando de diploma governamental que integrou as Unidades Médico-sociais das Casas do Povo nos Serviços-médicos Distritais. Após isso, estabelecido depois novidade de um regime dos Centros de Saúde, na década de oitenta, passou a haver junção de todas as Unidades concelhias em torno de uma Direção, tornando-se a Unidade de Saúde da então vila-sede do concelho em central e as restantes como derivadas extensões.
Estava então em ação o famoso Posto Clínico 105 da Longra…
Tendo essas Unidades estado em diversas situações de
instalação (residência), por assim dizer, na transição de século surgiram
edificações construídas de raiz: A partir de 1999 a sede de Felgueiras passou a
ocupar novas instalações próprias (entre o quartel da GNR e a Biblioteca
Municipal), como houve idêntica inauguração na Lixa no mesmo ano; e, já em 2004
se seguiu igual mudança na Longra e em 2005 idêntica praxe inaugurativa em Regilde, tendo em 2008 sido a vez de Simães, Barrosas e Jugueiros, período em
que praticamente se alongaram obras também para inerentes transplantes de
instalações de quase todas as restantes.
Neste pé, passa-se a outro ponto da ordem: Tendo em conta a
mudança verificada na Extensão da Longra e, quanto ao respetivo local de
situação, tem de se referir, em reforço à posteridade, que o terreno em que foi
construído o edifício do novo Centro de Saúde da Longra foi cedido pela
Associação Casa do Povo da Longra, para o efeito, de modo a evitar que saísse
da localidade tal dotação. Terreno aquele, portanto, onde ficou ereto o Centro
de Saúde da Longra, então proveniente de cedência pela Casa do Povo da Longra.
De facto derivado ao carácter de serviço público preciso, para a sua
permanência na Longra.
Por fim, entrado 2009, por legislação governamental, passou
a vigorar nova regulamentação de Agrupamentos, ficando englobados
conjuntamente, numa nova denominação de ACES do Tâmega, os Centros de Saúde das
áreas dos concelhos de Felgueiras, Lousada e Paços de Ferreira.
Na situação seguinte, o Centro de Saúde de Felgueiras, desde
a referida regulamentação correspondente, passara a comportar a sua Sede de
Margaride-Felgueiras e Extensões distribuídas pelas localidades das Unidades
anteriormente enumeradas, num universo de áreas repartidas em maiores escalas
pelas Unidades da cidade de Felgueiras e das vilas da Longra e Lixa, cada qual
com números humanos que rondam (numa escala arredondada de mil e tantos, em
princípios do séc. XXI) a conta de18.000 inscritos na U. S. de Felgueiras,
12.000 utentes na Longra e 7.500 na Lixa. Estando, na mesma época de inícios do
presente séc. XXI, inscritos pelas outras Unidades totais ainda significativos,
tais como na casa dos 5.000 em Barrosas, Jugueiros e Simães, 4.000 em Várzea e
Serrinha e 3.000 em Regilde.
Então encontravam-se inscritos pelos Centros de Saúde do
concelho de Felgueiras também pessoas residentes noutros concelhos,
permanecidas por opção nos seus locais anteriores de assistência médica, entre
outros exemplos de situações verificadas.
Passados tempos adveio a nova atualização com a junção dos
Centros de Saúde na chamada ACES, sendo no caso a ACES Tâmega III - Vale do Sousa
Norte, Agrupamento de Centros de Saúde da região, englobando Felgueiras, Lousada e Paços de Ferreira, com sede no Centro
de Saúde de Lousada. Dentro do Serviço Nacional de Saúde e da Administração Regional de Saúde do Norte.
Até que, nesse período ainda, houve criação das Unidades Familiares
de Saúde, com um novo regime de manutenção administrativa e autónoma gerência
em dependência relativa.
Então, em Setembro de 2014 resultou a oficialização da
Unidade de Saúde Familiar Longara Vida, como ficou chamada a da Longra. A USF continuadora
do antigo Centro de Saúde da Longra que, na génese de sua criação e por todas
as mesmas instituições deverem ter uma denominação de ligação local, tomou o
nome antigo de Lôngara. Que historicamente remete para algo arqueológico.
Atendendo ao passado da terra, que de Lôngara, por encurtamento normal, deu Longra.
A USF Longara Vida faz recuar memórias de pessoas que foram
conhecidas também pelos anos de trabalho dedicado durante longo tempo, desde o
antigo Posto Médico da Casa do Povo da Longra, passando pela Unidade do Centro
de Saúde que foi implantado no atual local em autêntico finca-pé pessoal do
então presidente da Casa do Povo e responsável administrativo da Unidade de
Saúde da Longra, para que que a mesma não saísse da terra, como é do
conhecimento histórico. Ficando nas mesmas instalações ainda peças de
mobiliário cirúrgico antigo, de coleção particular, a testemunhar todo esse
trajeto.
Entre memórias pessoais de uma vida de 38 anos de trabalho no Centro de Saúde da Longra, e mais algum tempo, a pedido e por motivo de saúde, na sede em Lousada, gabinete da UAG - Unidade de Apoio e Gestão, ficaram boas recordações, em fotos e comprovativos.
Armando Pinto
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