Espaço de atividade literária pública e memória cronista

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Sinal do Carnaval da Longra


Já se encontra ao cimo do poste central do Largo da Longra o tradicional boneco carnavalesco, a anunciar a chegada do Entrudo, quanto à realização próxima do carnaval da Longra.

Trata-se dum “macaco”, como por aqui o povo normalmente chama, feito de trapos e vestido com roupas velhas, que costuma ser posto no centro de confluência da região. Em sinal, afinal, como é, ao género de manifestação no calendário, de apresentação popular respetiva.

Esse boneco figurado, depois, irá ser o “defunto” queimado no fim de tudo, no encerramento do funeral do Entrudo e após ser lido o tradicional testamento, sendo então cremado “o dito cujo” na noite de Carnaval.

Em vista dessa sensação engraçada, colocamos aqui e agora a sua visualização, em panorâmica e mais de perto, para registo óbvio; e, ao mesmo tempo, para que (a quem não conhece ou não tenha possibilidades momentâneas de ver) possa haver ideia de tal essência, algo singular.



Armando Pinto

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

A propósito duma estátua...


Com o frio que tem estado, por estes dias, só ao sol de inverno duma tarde amena apetecerá estar assim, num banco de jardim, como a imagem mostra... Mas por outro lado até era apetecível aos olhos e sentidos haver assim uma estátua pelos nossos lados - onde não há quase nada do género, quer em largos, praças e até rotundas, normalmente apenas com árvoredo e pouco ou algo mais...

Ora,  virá a propósito um exercício mental, na pertinência duma visão cultural e monumental, assim. Senão mais, ficando ao menos a intenção. Nem que, como o aviador do conjunto imaginário, de estatuária, se fique a esperar sentado...

A estátua em apreço, na foto acima (da qual nada sabemos a não ser o que se vê), é aqui colocada obviamente como simples ideia que surge, qual exemplo duma possível quimera, simplesmente. Podendo contudo originar uma recordação.

Eventualmente, sendo no estrangeiro (como se nota pelo casario, de cariz alpino ou de lados próximos) poderá tratar-se duma homenagem a algum herói de guerra, que meteu ação aérea  de tempos antigos, talvez durante a II Grande Guerra. Mas, já que não acreditamos que aqui por Felgueiras alguém de direito faça tenções de fazer obras destas, ao menos isto dará para uma evocação: 

- Não houve em tempos um aviador, natural do concelho de Felgueiras, que teve autoria da 1ª travessia aéra entre Portugal e a Índia, em 1930? Sim,... mas podendo haver quem não tenha conhecimento, recorde-se, foi Francisco Sarmento Pimentel... nascido em Rande-Felgueiras, na Casa da Torre, como atesta uma lápide cravada na frontaria daquele solar. Pois então, não seria de um dia se lhe fazer uma homenagem concelhia, especialmente na cidade sede do concelho, com alguma edificação condigna que fique a perpetuar sua façanha e o facto de Felgueiras ter tal Felgueirense de sua naturalidade?!

Armando Pinto

((( Clicar sobre a imagem, para ampliar )))

domingo, 8 de fevereiro de 2015

Feições Locais: Fita de pulseira do Carnaval da Longra / 2015


Diz um rifão popular: “Cada terra com seu uso, cada roca com seu fuso”. Tal como, assim, se costuma dizer que cada terra tem seu uso, também pode haver em cada mesma terra algo particular que faça de fuso, como antigamente. Quão sugere o ditado popular, que todas as terras têm as suas próprias tradições ou costumes comuns adaptados à sua realidade. Dentro das formas da fisionomia que tornam esta região do sul felgueirense com um semblante muito próprio.

Ora, aí está: Nessas adaptações, conforme os contornos existenciais, pode e deve haver sempre alguma inovação que confirme a regra, de modo a tornar possível o que vem de trás. Tal o que se passa, presentemente, com a proximidade do afamado Carnaval da Longra. Assim sendo, então, mediante as dificuldades de custeamento, para continuar a tornar viável essa existência já tradicional, a organização do Carnaval Longrino para este ano resolveu inovar, e bem, com algumas iniciativas tendentes a ajudar aos custos. Tal o caso, entre outras “démarches”, de umas fitas que estão a circular, postas à venda pela população para o efeito, de modo a fazer de pulseira tão usual em festividades populares,  numa tentativa para conseguir alguma coisa possível, mais.

Louvando a ideia, e registando o facto, que será mais uma curiosidade para a história das feições locais e regionais, desta zona com muita história, deixamos aqui umas vistas da mesma fita, em imagens sugestivas, primeiro num enquadramento concelhio e por fim apenas  na sua essência visual.



Armando Pinto

((( Clicar sobre as imagens, para ampliar )))

sábado, 7 de fevereiro de 2015

Curiosidade sobre o comboio que passou na Longra…Felgueiras e Lixa.


Na linha do tratamento de assuntos locais, como é norma editorial deste espaço, quanto a vislumbres histórico-culturais, eis aqui, apenas como tal, uma nota sobre material que pertenceu à linha do comboio que passou na Longra…

Como se sabe, foi comemorado em 1914 o centenário do início da passagem pelo concelho de Felgueiras do comboio do Vale do Sousa, da chamada linha férrea de Penafiel à Lixa e Entre os Rios. E, entre as comemorações evocativas da chegada da primeira composição à Longra, a Felgueiras e à Lixa, houve algumas curiosidades então chegadas a público, embora não tanto como a ocasião merecia.

Visto isso, aproveita-se para recordar uma curiosidade que não temos visto publicada, de permeio a outras possíveis.

Ora, uma máquina locomotiva e alguns dos “vagons” que circularam por esta linha, a partir de 1914, haviam pertencido a uma célebre "Máquina" que percorrera a cidade do Porto entre 1878 até, precisamente, 1914.
Pois esse “maquinão” fora «o primeiro "metro de superfície" do país. Tratava-se de uma pequena locomotiva a vapor de dimensões urbanas, devidamente carroçada de forma a disfarçar o seu aspeto ferroviário, que puxava três ou quatro carruagens e circulava em carris pela via pública. Saía da rotunda (da Boavista, no Porto) e descia a avenida até à Fonte da Moura, onde infletia pela atual rua de Correia de Sá e seguia pela Ervilha até chegar a Cadouços (atual largo do Capitão Pinheiro Torres de Meireles) – onde existia uma estação. Daí prosseguia até ao Castelo do Queijo pelas ruas do Túnel e de Gondarém e entrava em Matosinhos pela rua de Roberto Ivens. Com o prolongamento da avenida da Boavista até ao castelo do Queijo em 1914, a Companhia Carris de Ferro do Porto decidiu substituir a "máquina" por carros elétricos que passaram a descer a avenida até ao mar, sendo a antiga linha desativada. O antigo material circulante foi vendido à empresa “Caminho de Ferro de Penafiel à Lixa e Entre-os-Rios”, continuando a funcionar durante anos...»

(Informação recolhida em “Porto Desaparecido”)

Armando Pinto

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Imagens históricas do tradicional Carnaval da Longra


Aproxima-se mais uma edição do cortejo folião e restantes números carnavalescos, que fazem do dia de Carnaval sempre um acontecimento apetecido da região.


Remonta já ao ano de 1997 o início organizativo do chamado Carnaval da Longra, desde que começou a ser organizado oficialmente o Corso Carnavalesco e o Enterro do Entrudo, na então povoação e depois vila da Longra. Primeiro através de organização da Direção e Grupos da Associação Casa do Povo da Longra, desde 1997 até 2003, e a partir de 2004, já com a Longra como vila, incluindo então parceria com as Juntas das freguesias da mesma vila.

Desse assim já tradicional evento, que vai portanto nos seus 19 anos de organização consecutiva, recordamos aqui alguns momentos de seus primeiros anos, através de imagens que fizeram história e lhe dão aquele cunho folgazão, constante das memórias etnográficas do acontecimento tão lembrado.

Armando Pinto

((( Clicar sobre as imagens, para ampliar )))

domingo, 1 de fevereiro de 2015

Coisas nossas, de Felgueiras... e à Porto!


Refleti eu ainda há dias, na mais recente crónica escrita no jornal Semanário de Felgueiras, sobre o que nos faz sentir Felgueirenses, a propósito da tal máxima “Je suis”, referindo que até valorizamos a presença duma moça felgueirense na televisiva Casa dos Segredos. 

Assim, aflorou-se, naquele espaço jornalístico: “Tanto que quando surge, para além do horizonte daquém de nossos montes, vulgo fora de portas ou até ao longe, qualquer coisa que seja de Felgueiras, logo afilamos as atenções. Como aconteceu quando se soube que estava uma felgueirense num programa televisivo, daqueles ditos de vida real, vulgarmente chamados “Reality shows”, de causar audiências ao nível de canais televisivos do espaço portuga. E, mesmo entre quem não seguisse aquele espetáculo diário de pessoas à procura de fama, na ideia de possibilidade dum futuro publicitado, houve mais mediatização no resultado e foi interessante saber-se que a vencedora foi essa felgueirense. O que, afinal de contas, desta feita alterou a tendência, visto tal conterrânea concelhia ter levado o nome de Felgueiras bem longe, por motivos mais sociáveis.”

Apenas sabíamos então que essa jovem, concorrente ao referido programa da TVI, era uma simpática felgueirense. Por sinal bonita, mas que não conhecemos pessoalmente, por nunca a termos  visto, que nos lembre. Mesmo porque a sua localidade de residência, segundo ouvimos, é na povoação da  Serrinha, da freguesia de Santão, num extremo do concelho de Felgueiras, ainda relativamente distante da Longra, portanto. Soubemos agora que também é Portista. O que até parece que adivinhávamos, sabendo que as mulheres mais bonitas, aqui para o autor destas linhas, são Portistas. Como relacionamos ao caso da Elisabete Moutinho. Ah, da qual até o nome, logo fazendo lembrar a maçã madura do João Moutinho, é à Porto!

Não nos interessa, para o caso, nada mais, nem sequer em relação à parte promocional. Tão só nos detemos no facto em si.

Ora, por imagens captadas na Internet, soubemos que a Elisabete Moutinho esteve no estádio do Dragão, a assistir ao jogo da equipa principal do F C Porto neste domingo dia primeiro de Fevereiro. Motivo que, com a devida vénia, das postagens colocadas na sua página oficial do facebook, nos leva, com orgulho e honra, a colocar aqui uma alusiva "reportagem " visual dessa sua presença no local dos sonhos, como uma das nossas – tal é agora conhecida essa adepta Portista e Felgueirense!

Armando Pinto

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Sendo por Felgueiras… em mais um artigo no SF


Somam-se os casos de carência interessante entre as ocorrências que dão sal à vida, nos dias que correm, derivado sobretudo à crise provocada pelos erros monetários das ligações políticas e pela perda de valores político-sociais e  consequente trespasse afetivo, a juntar ao abatimento social que se tem acentuado.

Como tal, a escrita atual não pode abstrair-se dessas realidades. Tanto como, sem necessidades de muitas explicações, se desenrolou o tema que desta vez desenvolvemos em mais um artigo, da nossa colaboração publicista, com lugar no jornal concelhio Semanário de Felgueiras.

Eis aí a respetiva coluna, impressa na página 12 do número do SF desta sexta-feira, dia 30 de Janeiro;  e de  seguida o texto normal – para registo e leitura, a bem do cunho Felgueirense genuíno e dos Felgueirenses interessados:

(((Clicar sobre a imagem do recorte digitalizado, para ampliar)))

Je suis Felgueiras

A frase JE SUIS… andou por muito lado, a dizer que todos eram Charlie, como se sabe. Traduzindo apelo à liberdade, a propósito dos trágicos acontecimentos recentemente ocorridos em Paris, devido aos condenáveis ataques ao jornal francês Charlie Ebdo, de cujos atos resultaram mortes físicas e morais à liberdade de imprensa e opinião. Passando a ser uma máxima atual o derivado conceito de que todos somos qualquer coisa, como afirmação de apoio.

Como tudo o que se passa no miolo da Europa acaba por cá chegar, qual nuvem passageira, transpondo a um campo que nos relaciona mais, o pensamento voa por assuntos da naturalidade local, de que todos fazemos parte. Podendo então dizer-se que todos somos Felgueirenses; e, quanto ao resto, tudo o que é de cá, nosso, destes lados, é “Made in Felgueiras”.

Noutros tempos, sem estrangeirismos, aqui pelas nossas bandas, em vez de se dizer assim, somente, o povo comum tomava o todo pela parte e era costume acrescentar-se por ou pelo, conforme o facto – como no caso do futebol popularmente dizíamos… somos pelo Felgueiras. Mas também pelo nosso clube predileto nacional, representante de nosso distrito ou região, pela nossa freguesia, pelo nosso país. Pelo telurismo que estava impregnado em todos os que se sentiam felizes com suas raízes.

Ora hoje em dia, com as leviandades políticas recentes, já se perdeu fidelidade de afinidade à freguesia, natal ou afetiva, pois até em documentação aparece ou um monte de nomes para denominar um sítio apenas, ou então simplesmente o nome da primeira freguesia que foi escolhida pelos responsáveis dentre as amontoadas a esmo… e quase ninguém se sente ligado a qualquer circunscrição, dessas tais agora de tudo a monte e fé ao calha, em uniões fictícias, até mais ver.

Nesse prisma, vem a talhe, por extensão de convicções, aquele sentimento tido por bairrismo, contudo muito mais abrangente ou expansivo e que ainda se sente nalgum interesse por afinidades que nos são comuns. Tanto que quando surge, para além do horizonte daquém de nossos montes, vulgo fora de portas ou até ao longe, qualquer coisa que seja de Felgueiras, logo afilamos as atenções. Como aconteceu quando se soube que estava uma felgueirense num programa televisivo, daqueles ditos de vida real, vulgarmente chamados “Reality shows”, de causar audiências ao nível de canais televisivos do espaço portuga. E, mesmo entre quem não seguisse aquele espetáculo diário de pessoas à procura de fama, na ideia de possibilidade dum futuro publicitado, houve mais mediatização no resultado e foi interessante saber-se que a vencedora foi essa felgueirense. O que, afinal de contas, desta feita alterou a tendência, visto tal conterrânea concelhia ter levado o nome de Felgueiras bem longe, por motivos mais sociáveis.

Pois Felgueiras, afinal, também tem sua marca, de gente laboriosa, nos mais diversos aspetos. Conforme é bem sabido, desde a produção de calçado ao doce pão de ló, mais seus usos e costumes, agora já pouco vincados, etc. e tal. Porém, e esse é um dos pomos da questão, deve haver respeito pelo que é mesmo felgueirense. Repare-se, a título de exemplo, na salvaguarda da memória coletiva, no caso da autenticidade etnográfica que tem sido preservada através das coreografias dos ranchos folclóricos, felizmente. Contudo, não se entende, por exemplo, quando acontecem desvirtuamentos; como, por exemplo, se num grupo folclórico felgueirense aparecer um traje feminino de branqueta, à poveira; sabendo-se que nesta região imperavam as cores e não uma tonalidade só, nos trajes acotiados. Tudo tem seu quê e porquê. Daí que quando se vê por cima do casario da sede do concelho uma branca torre se associa à igreja matriz, e mais adiante duas torres cimeiras dum edifício mentalmente nos faz visualizar o palacete da Casa das Torres, como ao cimo, por entre o arvoredo do monte sobranceiro, aquela torre diferente com seu gradeamento no cume logo nos transpõe até santa Quitéria…

Para alguém se sentir bem é necessário haver sedução, como quem diz que o ambiente conta muito, importando haver propriedade, de modo a todos sentirmos estar no que é nosso, entre os nossos. Haja então verdade, em podermos ser felizes tendo raízes.


Armando Pinto