Espaço de atividade literária pública e memória cronista

quarta-feira, 24 de novembro de 2021

Uma Naveta com história na História Paroquial de S. Tiago de Rande

Como uma imagem pode desencadear outras e derivadas histórias! Tal o que uma fotografia puxa pelo novelo da memória, à vista duma foto captada há uns anos. Lembrança que vem a talhe, na aproximação à quadra natalícia, em cujo âmbito se processou  na pertinência da passagem da época em que era elaborado o Boletim Informativo da Paróquia de S. Tiago de Rande.  

Ora, há uns anos, aquando da existência do anual Boletim da Paróquia de Rande, que era sempre feito antes do Natal (para ser distribuído pelo tempo natalício, de modo a anteceder a campanha do tradicional canto dos Reis pelas casas da paróquia), em que normalmente eu me reunia com o Pároco e elementos da Comissão Fabriqueira, na casa paroquial (a chamada “Residência”), para colher os dados referentes para depois passar a escrito o que dizia respeito à correspondente atividade, calhei de ver um objeto que me despertou a atenção – uma naveta. Aquele objeto prateado que costuma acompanhar o uso do turíbulo, como instrumento litúrgico de formato parecido com um barco, que contém o incenso para ser queimado no turíbulo pelas cerimónias religiosas. E então, ao ver essa naveta, logo pedi permissão para a fotografar, sabendo que continha algo histórico e dava mesmo para acrescentar algo mais a outra história. Pois, como numa das edições anteriores do boletim havia feito também um artigo-resumo dos padres naturais da paróquia, a naveta em apreço puxava acréscimo de algo mais, por fazer memória dum outro sacerdote nascido em Rande cujo nome não chegou a ser incluído, na ocasião (embora o tivesse mencionado no texto original, mas por qualquer erro na tipografia, na cópia da pen para o computador da gráfica, o nome dele não apareceu no papel, no boletim impresso). Podendo então ser feita menção do referido padre, desse jeito. Contudo, como nesse ano depois acabou por não haver continuação da publicação desse mesmo boletim, terminando a sequência, acabou também por não ser publicada a fotografia então captada, nem ser feita a menção pensada.

Assim, pois, neste período de aproximação ao Natal, o caso vem à lembrança e proporciona que finalmente a foto tenha serventia, por esta via. Tendo essa naveta sido ofertada à Paróquia de Rande pelo Padre João de Barbosa Mendonça, da Casa de Rande – conforme ficou e tem gravado em letras indicativas: «Off. O Abb (Abade) João de Barboza Mendonça – (em) 28-7-909 (1909)»

A propósito, sobre esse Padre João Mendonça mais se pode acrescentar, num enquadramento memorando. Aproveitando o que foi referido aquando da homenagem ao Conselheiro Dr. António Mendonça (no centenário da chegada do Comboio à Longra, em que o Conselheiro de Rande teve ação preponderante), respiga-se para este efeito parte do discurso da ocasião, através do texto de um sobrinho-neto, o Dr. Albano Mendonça (do Cóto). Sendo que então o referido Padre João foi recordado, na linha de referência aos irmãos do Conselheiro, assim:

Este mesmo padre diocesano, que foi pároco pelo menos na freguesia da Portela em Penafiel, é também mencionado no livro "Memórias do Capitão" de João Sarmento Pimentel, no terno capítulo Guilhermina, por entre evocações da "Menina de Rande" (Maria Guilhermina Mendonça, que, como é do conhecimento público pela região, desde que faleceu em 1912 está santificada na devoção popular).

E assim essa foto, da naveta que o Padre João Mendonça legou à paróquia da terra natal, puxou os cordelinhos da memória, trazendo à lembrança tudo o que está relacionado e mais o antigo abade seu ofertante.

Armando Pinto

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