Espaço de atividade literária pública e memória cronista

sexta-feira, 24 de outubro de 2025

De vez em quando… Entre pessoas populares e figuras públicas de outras eras: Lembrança do “senhor Amorim do Correio”.

Havia ideia de não retomar aqui os temas de homenagens a figuras públicas de tempos idos, por normalmente se ter de indicar apelidos deveras familiares, com que as pessoas eram e ainda são por vezes mais conhecidas. Mas, por entretanto ter havido ecos de amigos a incentivar a continuação, em princípio haverá alguma continuidade, mas mais sobre pessoas cujos apelidos populares possam ser de mais fácil tratamento. De modo a não haver constrangimentos. Como desta feita, em que o homenageado era conhecido por um tratamento derivado de sua função.

Então desta vez, vem à lembrança fazer aqui uma evocação de alguém que foi conhecido da vida pública da Longra, sendo até conhecido pelo seu desempenho na repartição em que esteve durante uns bons anos: o senhor “Amorim do Correio”. Como foi Chefe de Estação do Correio da Longra. 

Ora o senhor Manuel Amorim foi mesmo figura pública e deveras apreciado, como Chefe da Estação CTT dos Correios e Telefones da Longra. Em que esteve desde algures dos anos sessentas. Dando continuidade à boa dotação do Correio que na Longra começou em 1911 e teve instalação oficial a partir de 1914. Cuja repartição da Estação do Correio era um local de convívio autêntico, para lá do serviço normal, servindo para conversas de amigos e conhecidos. E aí o senhor Amorim era um bom conversador e pessoa de muitos amigos. Juntando a isso ainda outra função conterrânea, como foi na área paroquial no exercício de membro da Comissão de Obras da Paróquia e cumulativamente de presidente da Comissão Fabriqueira da Paróquia de S. Tiago de Rande, de 1985 a 1992. Num tempo em que se fizeram boas obras, a pontos de mais tarde, quando aconteceram certas mutilações na igreja, se ouvir na voz popular que se fosse no tempo do senhor Amorim aquilo não seria assim.

Antes ainda, o senhor Manuel de Carvalho Amorim viera para a Longra para chefiar a histórica Estação do Correio e ficou a residir na mesma então povoação, onde criou sua família e os filhos cresceram. Juntando a isso mais o seu coração humano, que o levou até a criar um jovem vizinho da família e que na família se fez homem, também. Sendo a vivência dentro do correio naturalmente que mais o tornara conhecido, nesse local de serviços públicos. Cujo mister é escusado descrever, por tudo estar devidamente anotado na narrativa da respetiva referência historiadora no livro “Memorial Histórico de Rande e Alfozes de Felgueiras”. Sendo depois do senhor Amorim se ter aposentado e consequentemente ter mudado de residência, depois de ter sido substituído, que o Correio da Longra perdeu seu antigo e histórico estatuto e deixou de estar sediado, inclusive, na casa em que esteve tantos anos, quando o Executivo da Junta de Freguesia de Rande desse tempo não conseguiu melhor que apenas ficar com um Posto de Correio no edifício-sede da mesma Junta, após as transformações ocorridas depois dos Correios de Portugal terem sido privatizados e a nível municipal não ter havido defesa desse bem público na Longra.

É pois da mais elementar justiça lembrar o senhor Amorim do Correio – como ele mesmo gostava de se apresentar e era referido. Como foi, por exemplo, no Anuário Nacional, uma publicação que ao tempo registava anualmente os dados históricos das terras mais salientes, incluindo referências de figuras públicas e enumeração identificada de responsáveis de serviços. Sendo que o senhor Manuel Amorim foi figura pública e é um personagem popular de constante recordação.

Armando Pinto

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