Havia ideia de não retomar aqui os temas de homenagens a
figuras públicas de tempos idos, por normalmente se ter de indicar apelidos
deveras familiares, com que as pessoas eram e ainda são por vezes mais
conhecidas. Mas, por entretanto ter havido ecos de amigos a incentivar a
continuação, em princípio haverá alguma continuidade, mas mais sobre pessoas
cujos apelidos populares possam ser de mais fácil tratamento. De modo a não
haver constrangimentos. Como desta feita, em que o homenageado era conhecido
por um tratamento derivado de sua função.
Então desta vez, vem à lembrança fazer aqui uma evocação de
alguém que foi conhecido da vida pública da Longra, sendo até conhecido pelo
seu desempenho na repartição em que esteve durante uns bons anos: o senhor
“Amorim do Correio”. Como foi Chefe de Estação do Correio da Longra.
Ora o senhor Manuel Amorim foi mesmo figura pública e deveras apreciado, como Chefe da Estação CTT dos Correios e Telefones da Longra. Em que esteve desde algures dos anos sessentas. Dando continuidade à boa dotação do Correio que na Longra começou em 1911 e teve instalação oficial a partir de 1914. Cuja repartição da Estação do Correio era um local de convívio autêntico, para lá do serviço normal, servindo para conversas de amigos e conhecidos. E aí o senhor Amorim era um bom conversador e pessoa de muitos amigos. Juntando a isso ainda outra função conterrânea, como foi na área paroquial no exercício de membro da Comissão de Obras da Paróquia e cumulativamente de presidente da Comissão Fabriqueira da Paróquia de S. Tiago de Rande, de 1985 a 1992. Num tempo em que se fizeram boas obras, a pontos de mais tarde, quando aconteceram certas mutilações na igreja, se ouvir na voz popular que se fosse no tempo do senhor Amorim aquilo não seria assim.
Antes ainda, o senhor Manuel de Carvalho Amorim viera para a
Longra para chefiar a histórica Estação do Correio e ficou a residir na mesma
então povoação, onde criou sua família e os filhos cresceram. Juntando a isso
mais o seu coração humano, que o levou até a criar um jovem vizinho da família
e que na família se fez homem, também. Sendo a vivência dentro do correio
naturalmente que mais o tornara conhecido, nesse local de serviços públicos.
Cujo mister é escusado descrever, por tudo estar devidamente anotado na
narrativa da respetiva referência historiadora no livro “Memorial Histórico de
Rande e Alfozes de Felgueiras”. Sendo depois do senhor Amorim se ter aposentado
e consequentemente ter mudado de residência, depois de ter sido substituído,
que o Correio da Longra perdeu seu antigo e histórico estatuto e deixou de
estar sediado, inclusive, na casa em que esteve tantos anos, quando o Executivo
da Junta de Freguesia de Rande desse tempo não conseguiu melhor que apenas
ficar com um Posto de Correio no edifício-sede da mesma Junta, após as transformações
ocorridas depois dos Correios de Portugal terem sido privatizados e a nível
municipal não ter havido defesa desse bem público na Longra.
É pois da mais elementar justiça lembrar o senhor Amorim do
Correio – como ele mesmo gostava de se apresentar e era referido. Como foi, por
exemplo, no Anuário Nacional, uma publicação que ao tempo registava anualmente
os dados históricos das terras mais salientes, incluindo referências de figuras
públicas e enumeração identificada de responsáveis de serviços. Sendo que o
senhor Manuel Amorim foi figura pública e é um personagem popular de constante
recordação.
Armando Pinto
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