Espaço de atividade literária pública e memória cronista

quinta-feira, 1 de junho de 2023

Na baila do Dia da Criança: lembrança do antigo Rancho Infantil da Longra

 

Na oportunidade do dia, sendo 1 de junho Dia Mundial da Criança, vem a calhar uma rememoração duma das antigas existências mais ternas que aconteceram em tempos idos na área da Longra, nos inícios da década dos anos 60 do século XX – o Rancho Folclórico Infantil da Longra. Grupo de crianças, esse, criado como secção infantil do ao tempo existente Rancho adulto, o Rancho Folclórico da Longra, popularmente conhecido como Rancho das Quatro Barrocas ou Rancho das Padeiras, fundado pelo senhor António Ferreira e gerido por suas filhas Mena e Luísa, com ajuda de seu irmão César, mais alguns elementos duma Direção criada posteriormente à fundação. Ora, como tal, na baila do Dia da Criança, é pertinente esta lembrança desse primeiro Rancho Infantil da Longra, cujo historial está registado no livro “Memorial Histórico de Rande e Alfozes de Felgueiras”, publicado em 1997, recorde-se.

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Com efeito, foi nos já longínquos tempos de inícios dos românticos anos sessentas, em pleno século XX, quando pelo mundo ecoavam melodias dos princípios do rock anglo-americano, como os Beatles começavam a ser moda, ao passo que em Portugal era voga a música Yé-yé e as canções festivaleiras de António Calvário, Madalena Iglésias, Simone, Artur Garcia e mais, que, enquanto isso, na televisão portuguesa Pedro Homem de Melo fazia com que o folclore português fosse preservado e por Felgueiras surgissem primeiros arremedos de Ranchos Folclóricos. 

Então, após a existência de alguns ranchos antigos, pelos anos trinta e quarenta (como está historiado no livro “Memorial Histórico de Rande e Alfozes de Felgueiras), deu-se volvidos tempos o aparecimento de grupos episódicos formados para idas ao cortejo das flores da festa concelhia do São Pedro e mesmo para as respetivas festas paroquiais, até à efémera existência do Rancho da Marfel, por exemplo. E a partir daí começaram a aparecer alguns grupos já chamados de Ranchos Folclóricos nalgumas povoações e freguesias. Tendo na Longra começado o Rancho das Quatro-Barrocas ou das Padeiras, como era conhecido, cujo inico derivou da continuidade das danças de roda acotiadas pelas tardes domingueiras no cruzamento das quatro-barrocas e mais a sério entretanto ensaiado para a inauguração do nicho das Alminhas da Longra, naquele local de confluência, benzido pelo Padre João Ferreira da Silva a 1 de Novembro de 1961, na vinda das cerimónias do “Dia de Todos os Santos e Fiéis Defuntos”. 

Depois de organizado tal grupo de gente adulta, fundado o Rancho por ideia do sr. António Ferreira, do lugar das Côrtes Novas e ensaiado por sua filha Mena, com ensaios a decorrer junto à casa da mesma família e daí resultando o nome popularizado do grupo, esse mesmo Rancho teve atuação de relevo na festa do S. João do lugar das Quatro-barrocas da Longra em 1962, havendo para a ocasião sido então organizado também um grupo de crianças, nascendo assim o Rancho Infantil da Longra. O primeiro Rancho Infantil da Longra. Cuja estreia ocorreu então também na popular Festa do São João das Quatro-barrocas da Longra e depois, no fim de semana imediato, teve atuação de luxo na Casa do Outeiro, em homenagem à D. Tininha, como era popularmente conhecida a D. Celestina Xavier.


Desses agrupamentos de tempos idos juntam-se correspondentes fotografias coevas, com maior ênfase para o Rancho Infantil, em apreço, acrescido de junção de imagens (duas em uma) do Ranho inicial dos adultos desse tempo.


Passaram já muitos anos entretanto decorridos, desde essa existência arrebatadora entre os passatempos que a criançada da Longra teve nesses idílicos tempos dos anos sessentas. Como passados poucos anos, ainda antes do fim dessa década de sessenta, os referidos grupos desapareceram. Até que um dos elementos que fez parte desse Rancho Infantil fundou em 1994, junto com a esposa, o sucessor Rancho Infantil da Casa do Povo da Longra. O resto faz parte das memórias de quem viveu e se recorda de tais acontecimentos, entre caminhos da história local!

Armando Pinto

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