A Santa Sé reconheceu, esta quinta-feira, dia 12, as
"virtudes heroicas" do padre Américo Monteiro de Aguiar (1887-1956),
fundador da Obra da Rua ou Obra do Padre Américo, no Distrito do Porto.
É um passo decisivo para a sua beatificação, processo
iniciado em 1986, que agora a Santa Sé reconhece, com a publicação do decreto
sobre as virtudes heroicas, autorizada pelo Papa Francisco após uma audiência
com o prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, cardeal Angelo Amato,
na quarta-feira.
O reconhecimento das "virtudes heroicas" é
necessário no processo para a beatificação, ficando a faltar o reconhecimento
de um milagre atribuído à intercessão do Padre Américo.
Américo Monteiro de Aguiar nasceu em Salvador de Galegos,
Penafiel, em 23 de outubro de 1887. Dedicou a sua vida aos mais carenciados,
sobretudo os jovens.
Estudou no Colégio de Santa Quitéria, em Felgueiras, antes
de ter seguido o rumo que o levou a uma vida plena de vivacidade humana.
Ingressou nos franciscanos em 1923, que abandonaria anos depois.
Foi ordenado padre em 29 de julho de 1929. Dedicou-se aos miúdos de rua em
Coimbra e, em 1940, funda a primeira Casa do Gaiato, em Miranda do Corvo. Em
1942, publica a "Obra da Rua".
Faleceu em 16 de julho de 1956, no Porto, dois dias depois
de ter sofrido um acidente em Campo-Valongo.
= Monumento ao Padre Américo - Localizado na Praça da
República, no Porto (junto ao quartel militar vizinho da igreja da Lapa), sendo
estátua em bronze datada de 1972, a homenagear o Padre Américo Monteiro Aguiar.
Obra escultórica da autoria de Henrique Moreira =
Segundo uma nota divulgada aquando do cinquentenário da
morte do Padre Américo, esta quinta-feira citada pela Ecclesia, a Conferência
Episcopal Portuguesa destacou a "conversão radical a Deus e ao serviço dos
pobres" que o levou a ordenar-se padre aos 36 anos, "entregando-se
desde logo a visitar cadeias, hospitais e os tugúrios de famílias
marginalizadas".
"Para estas lança a cadeia de construção que foi o
'Património dos Pobres' e para o amparo de doentes incuráveis cria o
recolhimento do 'Calvário'. A sua genial iniciativa, porém, foi a 'Obra da
Rua', destinada a acolher e promover rapazes desamparados", acrescenta a
nota.
Obras literárias como
O Pão dos Pobres, Isto é a Casa do Gaiato e Doutrina, caracterizam a imagem que
hoje se tem de Américo de Aguiar.
O Padre Américo preocupou-se, desde o início
da sua carreira, em garantir melhores condições de vida aos mais
desfavorecidos. Foi nesse sentido que, em 1940, fundou a primeira Casa do
Gaiato, uma instituição que ainda hoje se dedica a recolher crianças sem família
ou de famílias carenciadas. Como meio mais eficaz de dar a conhecer a sua obra,
os seus ensinamentos e os seus propósitos, o sacerdote fundou o jornal "O
Gaiato", que também servia para angariar fundos investidos na sua causa. O
seu estilo de escrita era direto e esclarecedor, fazendo sempre referência à
pobreza e miséria dos muitos que ajudava e pretendia ajudar pelo país fora.
No ano de 1951 lançou a ideia que denominou de
"Património dos Pobres". O objetivo era o de promover, junto de todas
as freguesias e de todas as paróquias, a ajuda aos mais pobres de cada região.
A sua área de ação, embora se tenha estendido a várias zonas do país, foi
principalmente o Porto, cidade onde acabaria por falecer, com quase 69 anos de
idade.
A sua luta contra a pobreza e a exclusão social, todavia,
não desapareceu com ele. Sob a orientação dos seus seguidores foi fundada, em
1957, a casa do "Calvário", uma outra instituição criada para receber
doentes incuráveis e abandonados pelas famílias.»
A.
P.
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