Espaço de atividade literária pública e memória cronista

quinta-feira, 14 de agosto de 2025

Reportagem sobre a Peregrinação de Felgueiras – in Semanário de Felgueiras Jornal

A grande Peregrinação de Santa Quitéria, realizada anualmente em agosto, fica mais uma vez reportada na edição do jornal Semanário de Felgueiras, único órgão informativo e historiador que atualmente perpetua em meio e modo clássico de papel os factos e fastos de Felgueiras. Em cuja edição de 14 de agosto de 2025, à página 11, está e fica patente a narrativa dessa manifestação religiosa coletiva.

Armando Pinto

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domingo, 10 de agosto de 2025

Peregrinação Concelhia neste Ano Jubilar ao Monte de Santa Quitéria – em Felgueiras

A tradicional Peregrinação Concelhia Anual de Felgueiras, popularmente conhecida por Peregrinação de Santa Quitéria, por ser em direção ao monte assim conhecido, como também pelo nome da Santa, o histórico Monte das Maravilhas, teve este domingo segundo de agosto mais uma realização. Desta vez dentro do Ano Santo Jubilar de 2025, como Peregrinação Jubilar.  Sendo em Honra de Nossa Senhora do Imaculado Coração. Cujo andor encerra tradicionalmente a procissão, que desde os anos da década de 40, do século XX, culmina a Consagração do Concelho de Felgueiras ao Imaculado Coração de Maria. 

Sendo esta Procissão uma terna manifestação já antiga das gentes de Felgueiras, desde os tempos dos finais da Segunda Grande Guerra Mundial, mais uma vez teve continuidade neste domingo quente de agosto. Este ano tida como jubilar, por ser em Ano Santo Jubilar, (como aconteceu em 2000, em 1975 e 1950, em anos de Jubileu Ordinário; porque existiram entretanto alguns Jubileus Extraordinários, como em 2015 quando o Papa Francisco proclamou o Ano da Misericórdia). Sempre como grande Peregrinação concelhia. Quão se regista por algumas imagens captadas à saída da cidade de Felgueiras, quando a Peregrinação Felgueirense já rumava em direção ao alto do Monte de Santa Quitéria. Para depois terminar na hora de sol sobranceiro na também tradicional missa campal, de confluência dos felgueirenses e muitos fieis dos mais variados locais das redondezas, pelo menos. Dando depois lugar a convívios familiares e de amigos e conhecidos ao longo da tarde.












Antigamente era usual nos costumes locais e concelhios a "Peregrinação de Santa Quitéria" ser dia de encontros familiares, algo que ainda vai tendo alguma sequência, com tradicionais almoços ao ar livre, nos recantos do monte da Santa, através dos farnéis levados a propósito desse preceito habitual, dando lugar a animados merendeiros de reunião de famílias, amigos e conhecidos, à sombra das árvores da Santa.

Armando Pinto

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sábado, 9 de agosto de 2025

Passagem da Volta a Portugal em Bicicleta/2025 pela Longra e por Felgueiras – em imagens televisivas !

Na passada sexta-feira, 8 de agosto, a mais tradicional prova nacional de ciclismo, a popular Volta a Portugal andou pela região de Felgueiras, na 2.ª etapa da edição deste ano da chamada Grandíssima Portuguesa. Embora atualmente já sem despertar interesse como em tempos idos, com perda de popularidade que se vai verificando nos últimos anos. Mesmo assim a mesma prova teve ligação a Felgueiras mais uma vez. Inicialmente com a partida mesmo na cidade de Felgueiras, para essa etapa Felgueiras-Fafe; e depois de ter percorrido trajeto por diversos pontos concelhios da região do Vale do Sousa, voltou no respetivo itinerário a ter passagem por Felgueiras, rumando depois para Fafe. Tendo então, vindo de Lousada, também passado na vila da Longra e de seguida na cidade de Felgueiras.

Ora, como a televisão, pelo canal 1 da RTP, transmite diretamente partes de cada etapa, nesta da sexta-feira também foram transmitidas televisivamente essas passagens. De cuja transmissão se captaram algumas imagens, para registar mais este facto. Vendo-se a passagem na Longra (com pouca assistência precisamente pela menor atenção que o ciclismo profissional vai tendo atualmente) e de seguida panorâmicas da cidade Felgueiras e do alto de Santa Quitéria nos correspondentes momentos em que os ciclistas passavam nessas áreas e a reportagem difundia imagens aéreas.




Armando Pinto

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sexta-feira, 8 de agosto de 2025

Um livro de vez em quando: Separata da obra “Portugal Económico, Monumental e Artístico”/ Fascículo LIII: Concelho e vila de Felgueiras – com umas interessantes curiosidades…

 

Entre a literatura historiadora de Felgueiras, consta um capítulo sobre Felgueiras na obra nacional intitulada “Portugal Económico, Monumental e Artístico”, em seu volume III e neste no fascículo LIII, sob título referente de “Concelho e vila de Felgueiras”. Obra em seu total sem autor identificado, nem indicação de local de publicação (embora na parte de Felgueiras podendo ser de 1942, por haver um artigo no capítulo de Felgueiras datado de 1941). Sendo "Portugal Económico, Monumental e Artístico" uma obra em três volumes, dedicada ao estudo dos distritos do Norte de Portugal: Viana do Castelo, Braga, Vila Real, Bragança e Porto. A obra, publicada pela Editorial Lusitana, apresentava uma análise abrangente do património económico, monumental e artístico de cada região.

Publicada originalmente em fascículos, cada fascículo, respeitante a um concelho, representava uma Separata do mesmo “Portugal Económico, Monumental e Artístico”. 

Ora, o volume III, dedicado ao Distrito do Porto, comportou então o concelho de Felgueiras, com algo de História, Paisagem, Arte e Economia, embora em molde resumido e muito incompleto. Ilustrado com fotografias a negro, em panorâmicas da época de finais dos anos 30, do século XX. Sendo a obra publicada de 1937 a 1942. Não contendo data o volume sobre Felgueiras.  Nem a totalidade dos autores dos textos, com exceção de quatro, um com o nome de Manuel Sampaio, outro de Hernâni Cidade, um outro de Luiz Gonzaga e outro ainda de José de Barros (“Doutor do Sobrado”).

Pois então, folheando a parte sobre Felgueiras (que faz parte da biblioteca pessoal aqui do autor deste blogue), de 31 páginas do Fascículo LIII  contando o rosto do capítulo e seu verso, mais a contra-capa, por assim dizer  entre as diversas imagens, chama a atenção uma curiosa reprodução da “Planta dos novos Paços do Concelho”, ou seja, de como estava projetado ser construído o edifício da Câmara de Felgueiras, ao tempo. Isso quando estava ainda distante a sua concretização. Sendo tal proposta, portanto, na transição das décadas de 30 para 40, enquanto o que estava no desenho era muitíssimo diferente do foi depois construído nos anos 50 e concluído com a respetiva inauguração em 1958.

Repare-se assim na curiosa imagem.


E ainda... Além dessa curiosidade, há na mesma publicação uma outra, da notícia e confirmação que nesse início dos anos 40 o Feriado Municipal de Felgueiras era a 13 de OUTUBRO. 

Armando Pinto

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terça-feira, 5 de agosto de 2025

Falecimento da “Prima Margarida de Janarde”- Maria Margarida de Jesus Pinto, histórica Zeladora da igreja de Rande !

Antes de mais, em preâmbulo, seja entendido que, depois de entre tantas lembranças e homenagens a pessoas conterrâneas, haja também tempo e espaço para referência a pessoas de família. Como no caso pessoal ocorre com esta menção mais que justificada a uma pessoa de família, conforme é o tema presente. Tratando-se de aqui deixar um justo preito conterrâneo também à Margarida de Janarde, minha prima e pessoa muito devotada à terra natal, com realce para seu enlevo pela missão de zeladora de um altar e outros itens da nossa e sua igreja paroquial de S. Tiago de Rande.

A Margarida era a prima mais nova de meu pai, sendo a filha mais nova do meu tio Quim (Joaquim de Jesus Pinto), irmão de minha avozinha Júlia. E era irmã do conhecido Luisinho da Torre, que durante anos pertenceu a diversas comissões da paróquia, incluindo a Comissão Fabriqueira, por exemplo, e também à Assembleia de Freguesia de Rande. Enquanto ela era uma assídua zeladora da igreja e colaboradora em diversas outras facetas, incluindo arranjos de andores e limpezas. Ao passo que, particularmente, era ela também muito ligada à família, tendo grande afeto pelos primos da Longra, pai e filhos. Tendo, por toda essa ligação, já depois de minha avozinha ter falecido, quando anos depois tive meu primeiro filho, fui com muito gosto visitar a Margarida e mais sua mãe, a tia Joaquina Rodrigues, então viúva do tio-avô de Janarde, para lhes mostrar essa minha parte da continuidade da família. De cujo momento há inclusive uma foto alusiva, com a tia-avó a ter nos braços o novo rebento, do qual passava a ser tia-bisavó. E ainda me lembro bem como a Margarida gostou!

Ora a Margarida – que sempre tratamos assim, apesar da diferença de idades, pelo carinho mútuo sempre mantido – era mesmo na freguesia pessoa muito respeitada. Além de ser uma tia de seus sobrinhos muito querida, tendo na sua casa materna de Janarde praticamente criado a geração filial e descendentes de seu irmão. Bem como era especialmente conhecida pela sua dedicação de zeladora dos bens paroquiais, nomeadamente pelo altar de Nossa Senhora de Fátima. Tendo, por isso, sofrido grande desgosto, quando, durante a administração do Padre Joaquim Oliveira, foi destruído esse altar, de tanta tradição e história, e substituído por uma mísula. Que ela continuou a assear.

Dessa sua função comunitária, assim como da missão das zeladoras de Rande, ficou registada menção no livro historiador “Memorial Histórico de Rande e Alfozes de Felgueiras”, narrando a realidade ao tempo da respetiva publicação, em 1997.

A “Prima Margarida de Janarde”, por quanto representou, merece ser assim recordada. E eternamente ser um exemplo aos vindouros.

Descanse em paz, Margarida. E até sempre!

Armando Pinto

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sexta-feira, 1 de agosto de 2025

Peregrinação Anual ao Monte de Santa Quitéria, em honra de Nossa Senhora do Imaculado Conceição – este ano de 2025 em tempo jubilar de ano santo… como (relembrando) no ano de 2000…

 

Realiza-se este ano, no próximo dia 10 de agosto, a tradicional “Peregrinação”, como popularmente é conhecida a Peregrinação de Felgueiras ao Monte de Santa Quitéria. Procissão comunitária dedicada a honrar o Imaculado Coração de Maria, como já vai na 77.ª Grande Peregrinação do Concelho, desde que a meio do século XX, mais propriamente na década dos anos 40, começou a ser feita essa procissão de ação de graças a partir do fim da Segunda Grande Guerra Mundial e que, com poucos anos de interregno, tem sido cumprida até nossos dias. Antigamente com o andor de Nossa Senhora das Graças e agora com a imagem do Sagrado Coração de Maria. 

Este ano o programa normal ocorre entre 9 e 10 deste mês excelente de verão, incluindo na noite do sábado a procissão de velas, percorrendo a descida desde o Santuário de Santa Quitéria até à igreja matriz de Margaride; e na seguinte manhã de domingo a peregrinação desde a cidade de Felgueiras até ao cimo do monte de Santa Quitéria, culminando na tradicional missa campal. Uma manifestação de fé já muito antiga. E que antigamente era usual nos costumes locais e concelhios ser dia de encontros familiares, com tradicionais almoços ao ar livre, de comes e bebes dos farnéis levados a propósito desse preceito habitual, dando lugar a animados merendeiros de reunião de famílias, amigos e conhecidos, em piqueniques feitos à sombra das árvores do monte da Santa. Tal como era por norma acontecer no penúltimo domingo de Agosto. Continuando agora, já com diversas diferenças, no segundo fim-de-semana de agosto, como aqcontece este ano.

Estando-se em Ano Santo, no Ano Jubilar de 2025, vem a calhar, entre essas variantes, relembrar a Peregrinação do Ano Jubilar de 2000, através do Guia respetivo, com roteiro e indicação estrutural da liturgia alusiva.

Armando Pinto

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quinta-feira, 31 de julho de 2025

Recordando… de vez em quando­: uma antiga agremiação felgueirense - AFAVI Associação Feminina dos Amigos do Vinho

 

Entre associações e outras coletividades que têm existido no concelho de Felgueiras, das que apareceram e foram desaparecendo, conta-se uma que desta vez calha de aqui se lembrar, a AFAVI Associação Feminina dos Amigos do Vinho, formada por senhoras de famílias ligadas à produção de vinho verde em Felgueiras. Uma associação que foi antecessora da Confraria do Vinho Verde de Felgueiras e que desapareceu após a criação da Confraria, sendo a sucessora já uma outra associação, formada por homens e mulheres, quer estejam ou não ligados ao setor produtivo do vinho da região.  


Da primeira e entretanto desparecida, a AFAVi, criada em 1998, há uma descrição historiadora de enquadramento num panfleto, vulgo desdobrável, ao tempo publicado. Assim como de seu brasão chegaram a ser feitos emblemas bordados, de coser ou pregar em peças de roupa e em capas de praxe, por exemplo. Como os exemplos que se mostram aqui, em partilha de imagens respetivas.

Armando Pinto

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quarta-feira, 30 de julho de 2025

Notícia da comemoração das Bodas de Prata do Padre Manuel Ferreira in Semanário de Felgueiras

 

A recente celebração da passagem de 25 anos da Ordenação Sacerdotal do Padre Manuel Joaquim da Costa Ferreira, pároco de Rande, Sernande, Idães e Revinhade (pela ordem em que tomou posse das paróquias respetivas) mereceu honras de notícia alusiva na recente edição do jornal Semanário de Felgueiras, em seu número da passada sexta-feira 25 de julho, precisamente no dia em que na paróquia de Rande era comemorado o dia do seu Padroeiro S. Tiago.

Assim sendo, regista-se a mesma publicação (da página 8, do SF FELGUEIRAS JORNAL):

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- Como nota de acréscimo, recorda-se como na ocasião devida foi aqui neste blogue assinalada a ocorrência, em

http://longrahistorico.blogspot.com/2025/07/comemoracao-em-rande-dos-25-anos-de.html

Armando Pinto

sexta-feira, 25 de julho de 2025

No Dia de São Tiago – 25 anos da publicação do livro sobre a Festa de Rande em honra do Padroeiro S. Tiago Maior: “EVOCAÇÕES DA FESTA PAROQUIAL DE S. TIAGO DE RANDE”!

 

Festeja-se a 25 de JULHO o DIA DE SÃO TIAGO, dia do Padroeiro da Paróquia de S. Tiago de Rande, terra que também faz parte do concelho de Felgueiras, e para constar sempre será de lembrar ser integrante da Vigararia de Felgueiras e Diocese do Porto, em termos religiosos; e civilmente se insere na região de Entre Douro e Minho, da Comunidade do Tâmega e Sousa, no Distrito do Porto. Sendo este o dia da antiga Festa Paroquial de Rande, que em tempos idos era abrilhantada pela Comunhão Solene das Crianças de Rande e Sernande, atraindo muitos conterrâneos residentes pelo mundo além, que aproveitavam a ocasião para visitar a terra natal e seus familiares, amigos e conhecidos. Dia de Festa atualmente que é feita por vezes, nos moldes atuais de teor popular, nuns anos com brilhantismo social e noutros circunscrevendo-se ao programa religioso. Vindo a propósito do dia e de todas essas lembranças advindas, o facto de agora em 2025 passar 25 anos da publicação de um livro sobre a mesma festividade, o pequeno livro “EVOCAÇÕES DA FESTA PAROQUIAL DE S. TIAGO DE RANDE”, publicado em JULHO DE 2000, a pedido da Comissão da Festa do ano 2000, da autoria do autor deste blogue.  

Armando Pinto

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domingo, 20 de julho de 2025

Diáspora Luso-Fel-Brasileira: De terras portuguesas do concelho de Felgueiras até ao Brasil!

 

Diáspora Luso-Fel-Brasileira

Na linha de apontamentos de ligação conterrânea, em acrescento a anteriores apontamentos, é vez no merecimento memorando de expandir algo mais sobre a expansão felgueirense, na afinuidade felgariana com a descendência Lusa oriunda de terras do concelho de Felgueiras. Que agora para aqui transpomos e partilhamos, em homenagem ao peito conterrâneo que ao longe respirou criando veias sanguíneas. Entre diversos exemplares, no meio de tantos casos, dos que patenteiam virtudes meritórias da comunidade Felgueirense, ao longo dos anos ramificada por diferentes pontos do mundo, dispersamente aglutinada na referência de apoio identificativo da proveniência. 

Tudo isso se liga a uma espécie de diáspora (à letra a figurar dispersão), das gentes desta região que se dispersaram por outras comunidades e continentes. Com particular realce, no caso em apreço, para o referencial brasileiro que, em devido tempo, muito contribuiu para o desenvolvimento da terra-mãe, em tempos de surgimento de importantes dotações, como estradas, por exemplo – estas então longe de alguns transtornos que adviriam em casos de falta de planificação e resultantes prejuízos...

Ora, indo ao tema, desta vez juntando punhado de personagens embrionários do Concelho de Felgueiras, que se distinguiram além-fronteiras e particularmente em terras de Vera Cruz, atente-se no legado memorial que honra o concelho de Felgueiras em ser terra natal de figuras de gesta assinalável. Como foi o percurso curricular de uns quantos empreendedores dignos de menção, de existência distante no tempo entre si mas, em contributo ao desenvolvimento da grei lusófona, unidos pelo denominador comum da origem Felgariana.


Assim, indo por partes, perante Felgueiras, a terra do pau vermelho do Brasil teve e incute forte ligação da parte do peito Sousão Felgueirense. Inicialmente na descoberta, em cujo desembarque participara Nicolau Coelho, personagem que primeiro entrou em Porto Seguro, no Brasil (e está homenageado com um monumento na cidade de Felgueiras). Em seguida continuou a merecer também com um sucessor daquele capitão navegador, sabendo-se que Duarte Coelho, nascido no Porto mas de linha familiar de Sergude-Felgueiras, foi Senhor da Capitania de Pernambuco. Deparando-se depois natural povoamento, ao qual se intrometeu período de invasão estrangeira desse pedaço então integrante de Portugal, em que também houve comparticipação de gente de Felgueiras na colonização brasileira através de António Castelo Branco. Esse fidalgo, de Pombeiro, foi um dos tripulantes da armada de 26 navios, enviados para libertar a Baía da ocupação holandesa, em 1625.

Outro caso, esse porém de cunho algo lendário, ou seja sem pormenores exactos além da transmissão popular, é o que consta na tradição da edificação da primitiva capela do Espírito Santo de Barrosas, do concelho de Felgueiras, estar ligada ao filão brasileiro. Com efeito, sobre a edificação original da actual imponente igreja mosteiral, diz-se haver sido derivada a fortuna feita no Brasil. Construída por promessa de um personagem conhecido por Domingos de França, atendendo à difusão provinda por via oral. Conta-se que ali havia aparecido uma imagem de Cristo Crucificado, descoberta aos olhos de um pastor que apascentava rebanhos naquele alto. Em vista da ocorrência, fosse da forma que foi, o mesmo pastor prometeu construir no local uma capela, mas como não tinha dinheiro para concretizar esse desejo, emigrou para o Brasil e, tendo ganho o bastante, no retorno conseguiu satisfazer o anseio, em 1672, ficando em território do concelho de Felgueiras satisfeito o voto pelo aludido Domingos de França (da freguesia de Santo Estevão de Barrosas, hoje do concelho de Lousada).

Mais tarde, após a independência do Brasil, outro Felgueirense impregnou chancela de sangue Rúbeo pelas mesmas bandas de Santa Cruz, mediante sucesso obtido no Brasil por um emigrado de nome Joaquim Pereira Marinho. Homem que, tendo rumado em demanda do novo país da América do Sul e se fixado além-mar também na antiga capital do Brasil, se destacou na actividade empresarial na Baía, onde possuía imponente mansão, construída em estilo colonial português com característica pintura de azulão. Ele, originário de Vila Cova da Lixa, atingiu então patamar distinto, pois que, além de abastado negociante e proprietário de navios integrantes de rotas comerciais com Portugal, foi 1º conde, visconde e barão, títulos concedidos por D. Luís em 1869, 1874 e 1881, respectivamente, bem como foi agraciado com a Ordem de N.ª S.ª da Conceição. Veio a falecer na Baía em 1887, com 81 anos, tendo a sua residência apalaçada sido transformada em edifício amplo onde passou a funcionar importante hospital da cidade.

De entre as remessas de muitos portugueses, sobretudo nortenhos, da grande debandada luso-expansionista provocada pela emigração para o Brasil no século XIX, como nos anteriores, estiveram naturalmente também muitos mais Felgueirenses, como comprovam resquícios conhecidos através de laços sanguíneos luso-descendentes, de patrícios fixados naquela grande nação irmã; como ainda nas construções edificadas pelos denominados brasileiros de torna viagem, os emigrados que regressaram e, inclusive, contribuíram para o desenvolvimento local, de Felgueiras, na transição do século XIX até às primeiras décadas do século XX.

Entre os que em número elevado se enraizaram na terra de Vera Cruz sabemos, por exemplo, de um caso, entre muitos, de umas famílias Leite Fernandes e Teixeira Leite, de gente oriunda de Jugueiros, onde seus ancestrais possuíam propriedades rústicas, e que foram para o Brasil na segunda metade do século XIX, estabelecendo-se no Rio de Janeiro com comércio de tecidos. Na evolução familiar e temporal, dois dos seus membros, por iniciativa de António Leite Fernandes Carvalhal, junto com um primo de nome António Pereira Pinto Carvalhal, chegaram a possuir importante firma carioca, a Casa Carvalhal, que era ao tempo detentora exclusiva do fornecimento da fazenda caqui para os uniformes do exército brasileiro. Estes informes chegaram-nos por correspondência, em busca e troca de informações, a propósito de pesquisa da sua consanguínea genealogia antepassada, feita pelo Eng.º Carlos Freire Machado, do Rio de Janeiro, descendente desses ramos familiares de origem Felgueirense – o qual tem elaborada uma autêntica cartilha estudiosa de sua árvore genealógica, que muito amplia o fortalecimento historicista das relações Luso-Brasileiras, conforme consta de seu livro “os Freire Machado”, publicado em 2008 (e que ele ofereceu também à Biblioteca Municipal de Felgueiras).


            Relacionado com um estabelecimento de felgueirenses em pleno Brasil, no caso, também, junta-se como ilustração uma imagem apropriada (esta acima), tratando-se duma loja de negócio de um sr. Teixeira da Lixa que foi para o Brasil e por lá ficou com a família à beira, sendo casado com uma filha do sr. Luís Gonçalves da Longra.  

Também se conhece o nome de Francisco Martins Sampaio, oriundo do Unhão, da casa de Moinhos, que deixou marca e importante descendência no Brasil, para onde emigrou e se instalou nos inícios do século XVIII, tendo ganho sucesso como comerciante em Cachoeira, da Baía-Brasil. Ele registou em cartório seus negócios «com moeda corrente e ouro em pó». Demonstrou sua afeição à terra-natal enviando ouro para ornamentar a igreja de S. Salvador do Unhão, onde ele e os seus foram baptizados e seus pais sepultados. O seu percurso, derivado à ligação genealógica, levou inclusive a importantes estudos de uma sua descendente, D. Lygia Sampaio, também pintora de renome na Baía, que escreveu importante memorial das suas raízes familiares em livro intitulado “De Sam Payo a Sampaio”, publicado em 2006. Algo que será relevante na literatura de costado e na historiografia dos laços Luso-Brasileiros. Livro esse que enriquece a Biblioteca Municipal de Felgueiras, oferecido pela autora, no âmbito da memória colectiva da terra e gente Felgueirense.

Por um estudo, de Pedro Wilson Carrano Albuquerque, sobre a “Árvore de Costado de Fábio de Oliveira Barbosa” (relativo aos ancestrais daquele ex-Secretário do Tesouro do Brasil), sabe-se que também nesse cipoal genealógico ficaram laços Felgueirenses, no percurso da correspondente genealogia, atendendo às origens provenientes de seus heptavós. Havendo emigrado para o Brasil um ramo da família de, pelo menos, Domingos Vaz e Luísa Sobreiro, de Borba de Godim da Lixa, e de Álvaro de Sousa e Mariana de Magalhães, de Rande, do concelho de Felgueiras (com a curiosidade de se notar, pelos respectivos registos, que na época em Rande havia um lugar chamado Aldeia de Baixo, onde vivia esse casal no século XVII, em local entretanto deixado de ser assim chamado no decurso dos anos). Tendo essa família, entretanto, se esbracejado por diversos sítios em redor e inclusive aportado em terras brasileiras, com sucesso evidente.

Igualmente, por esses lustros de antanho, Custódio Pereira de Carvalho, de Santão-Felgueiras, emigrou para o Brasil, tendo embarcado em 1790 rumo à terra de que ouvia maravilhas, em busca de desenvolver natural inclinação empresarial. Aí se empregou numa casa comercial de S. Salvador da Baía, depois adquiriu uma casa de comércio, até que comprou uma feitoria para exploração de algodão, dedicando-se posteriormente à exportação algodoeira e de especiarias, criando canais de comércio com Portugal, Espanha e Inglaterra. Após entretanto haver regressado a Portugal e ainda se ter dedicado à política, havendo chegado a ser membro de uma Convenção Adicional entre Portugal e Inglaterra, transferiu-se por fim para a Velha Albion. Em Londres seduziu-se pelo sector alfandegário, onde instalou dois Armazéns Gerais de Alfândega, um na City Londrina e outro em Liverpool, com que colheu grande honra internacional. Tendo-se entregado ainda a escrever, publicou em jornais sobre suas ideias comerciais e ideais políticos. Salientou-se sobremaneira na faceta de benemerência humanitária e de criador de algumas escolas públicas, em diversas freguesias do concelho de Felgueiras e de concelhos vizinhos. Veio a falecer em Londres, corria o ano de 1854, sendo seu corpo trasladado no ano seguinte para a sua terra natal (no ano em que seu sobrinho, Rebelo de Carvalho, como Deputado às Cortes e Par do Reino, contribuiu para a criação da Comarca de Felgueiras).

Distingiu-se deveras, por outro lado, Hemetério José Pereira Guimarães, de Varziela, o qual, emigrado e instalado no Brasil, exerceu em duas localidades o lugar de vice-cônsul de Portugal. Antes de regressar a Felgueiras, em 1883, onde depois desempenhou cargos municipais e foi mesário da Confraria de Pedra Maria, vindo a falecer em 1899.

Ainda no século XIX partiu para o Brasil José Pereira Nobre, natural de Borba da Lixa, o qual, depois de anos de trabalho, amealhou pecúlio que lhe valeu rendimentos apreciáveis no regresso, com que custeou uma das mais belas instruções vertidas em livro... Pois, após o retorno endinheirado, tendo ainda vivido na Lixa depois de casar, com uma senhora de Recesinhos de Penafiel, se fixou por fim na cidade do Porto e aí foi pai do celebrado poeta António Nobre (do “Só, o livro de poesia mais lírico, triste e dos mais belos de Portugal).


Enfileirando em tal escol, entre outros mais exemplos possíveis, merece igualmente realce António Fonseca Moreira, Felgueirense que também no Brasil se projectou no sector comercial, a par com actividade de autor teatral, chegando a ter peças com êxito em salas no Rio de Janeiro. Natural de Sendim, onde viu a luz do dia em 1841, foi sócio de algumas agremiações brasileiras de diversos géneros, entre as quais a Sociedade Brasileira de Autores Teatrais. Na manutenção de vínculo pátrio à terra natal, propiciou a criação da casa de teatro de Felgueiras, a que foi dado seu nome, inaugurada em 1921 com uma peça de sua lavra; de permeio com legados deixados ao município e instituições do concelho, como à própria freguesia natal, tendo falecido no Brasil em 1938.


Sensivelmente contemporâneos dessa era, outros ilustres conterrâneos de modo idêntico vincaram amor pátrio ao torrão de berço, no regresso de auspicioso labor em chão brasileiro, como, entre outros mais, uns Agostinho Ribeiro (1848-1916) e Luís de Sousa Teixeira (1846-1938), benfeitores das Misericórdias de Felgueiras e do Unhão (conforme foi já referenciado no nosso “Memorial Histórico...”, anteriormente publicado, no qual o currículo de Luís Teixeira ficou desenvolvido). Agostinho Cândido de Sousa Ribeiro, depois de seu regresso do Brasil, custeou a edificação do então Hospital novo da Misericórdia de Felgueiras, que tem seu nome, deixando depois à mesma Misericórdia sua fortuna, com a condição de ser construído um asilo para crianças desvalidas, a quem foi dado o nome de sua esposa, o actual Lar Maria Viana.


Também na transição desses tempos, partira para o Rio de Janeiro um então jovem recém-formado que frequentara a Universidade de Coimbra e concluíra o curso da Academia Militar de Lisboa, chamado Henrique Pinto Ferreira. Natural de Felgueiras, onde nasceu em 1883, depois de chegar ao Brasil ali se diplomou ainda em Medicina Industrial e Farmacêutica. Tendo-se fixado de seguida em Petrópolis, onde constituiu família, ali veio a descobrir vocação de educador, integrando inicialmente o quadro docente do Colégio Luso-Brasileiro, até que, mais tarde, acabou por instalar em 1927 um colégio seu, o Ginásio Pinto Ferreira. Contudo, mais dado ao mister didáctico que à respectiva gestão administrativa, aquele mestre poucos anos dirigiu por sua conta esse estabelecimento de ensino, tendo-o vendido a um compatriota. Continuou porém a leccionar, tornando-se um admirado professor de Petrópolis, especialista em História Universal e do Brasil, tal como dotado professor de diversas matérias desde o latim, a línguas vivas e matemática, sendo reconhecido como académico efectivo da Academia Petropolitana de Letras e agraciado pela Academia Brasileira com o Prémio de Crítica José Veríssimo. Na mesma terra adoptiva faleceu em 1948 e a cidade homenageou-o com atribuição de seu nome a uma rua do centro histórico de Petrópolis, enquanto amigos, alunos e admiradores lhe erigiram um monumento, perpetuando-lhe publicamente a fisionomia e, sobretudo, sua memória num busto evocativo.

Outro Felgueirense que se elevou em terra brasileira foi José Joaquim Oliveira da Fonseca, na transição do séc. XIX para o XX. Ganhou saliência no Rio de Janeiro, onde se dedicou ao alto comércio e se integrou na vida social carioca-fluminense, fazendo parte do Grémio Republicano Português. Através de frequentes viagens de saudade à sua terra (conforme notícias na imprensa local, sobretudo nos primeiros tempos da I República de Portugal), foi um benemérito na sua terra natal, nomeadamente no âmbito da instrução (nas escolas de Margaride), como também na urbanização de terrenos de sua propriedade no centro da então vila de Felgueiras, algo que levou a ter sido honrado na toponímia da mesma sede do concelho. Onde edificou como sua residência um palacete, conhecido por Casa das Torres (projetado por Luís Gonçalves, da Longra), prédio esse que hoje pertence ao município e alberga diversos meios sociais.

Por essa e outras casas antigas de estilo brasileiro se sabe ainda mais de outros felgueirenses que no Brasil fizeram fortuna e construíram algo depois em Felgueiras.  Como existe a casa do mesmo estilo em frente, do outro lado do cruzamento das ruas, essa construída depois por Henrique Oliveira da Fonseca, irmão do dono das Torres e bairrista que em 1912 custeou o coreto da música que, desde então, dá inspiração romântica na harmonia da cabeça do concelho. Tal como mais abaixo, dentro do centro urbano, há a Casa Vila Baía, mais antiga e com trajeto residencial interessante, num passado que albergou algumas valências culturais de monta. Mandada construir em finais do século XIX por Domingos Pereira Borges, capitalista endinheirado também por seu labor na terra brasileira, em São Paulo, onde habitava quando não estava na sua casa de Felgueiras, que à morte legou a seu amigo Agostinho Ribeiro. Havendo Domingos Borges deixado à Santa Casa da Misericórdia de Felgueiras alguns bens, e a casa ao seu amigo. Casa essa a que Agostinho Cândido de Sousa Ribeiro deu o nome de Vila Baía, em homenagem à região brasileira onde ele mesmo prosperou sua vida, também. E mansão que o próprio Agostinho Ribeiro depois passou em testamento igualmente à Misericórdia felgueirense. Tendo entretanto ali funcionado a sede do Sindicato Agrícola de Felgueiras, como posteriormente serviu para ensino público do Ciclo Preparatório, tal qual mais tarde acolheu temporariamente função de Biblioteca Municipal.

Ganhou raízes no Brasil, igualmente, um outro Felgueirense dado pelo nome de Alberto Baltazar Portela, natural de Margaride, o qual chegou a ser Dirigente do clube desportivo Vasco da Gama, ficando ligado à vida e história do grande clube brasileiro como célebre Tesoureiro do clube da Cruz de Cristo (em cujas actividades se manteve ligado durante muitos anos, a pontos de ainda em 1959 ter feito parte da lista vencedora às eleições directivas pela facção”Tradição Viscaína”). Enraizado assim no universo brasileiro, manteve e continuou porém, desde o horizonte do Pão de Açúcar, a ter laços afectivos ao torrão natal, patente em acções de apreço manifestadas, graças à situação de sucesso granjeada. De cujo arreigo pátrio resultou que houvesse tido acções filantrópicas, cheias de grata sensibilidade, também para a sua terra, tendo residido na Longra, havendo sido benemérito da antiga Escola Primária da Longra, à qual, por volta da década dos anos trinta (séc. XX), doou diverso mobiliário e outros apetrechos, assim como costumava oferecer muitas prendas às crianças da mesma escola. Derivando disso que, sempre que regressava do Brasil, anualmente, era alvo de calorosa recepção na própria escola. 
De uma dessas ocasiões, se junta uma pose de recordação, de toda a gente da escola com o seu patrono, conforme ficou registado em fotografia de conjunto contando a sua presença – que aqui se revela.


= Baltazar Portela com as crianças, na companhia da professora, da Escola Primária da Longra – na década dos anos 30, do séc. XX.

Foi Baltazar Portela também benfeitor da Associação Pró-Longra, agremiação de desenvolvimento local, integrando a lista dos primeiros beneméritos subscritores de fundos para a sua fundação. Em apreço a todas as suas dádivas bairristas, foi dado seu nome a um dos primitivos campos de basquetebol da Longra, numa das antigas versões do clube local, na década de 40, recinto desportivo então chamado “Campo Baltazar Portela”. E sobre o qual, entretanto, se dedicou neste blogue um artigo desenvolvido, que exalta a sua personalidade histórica.

Já no início do século XX foram para o Brasil uns então jovens saídos da Longra, filhos de um personagem muito respeitado da Longra, o senhor Cardoso da Loja da Ramadinha, Joaquim Cardoso, do Largo da Longra, e sobrinhos segundos de um padre que foi histórico pároco de Rande, à época, o Padre António de Santiago. Tendo esses rapazes emigrado para o Brasil em 1905, oriundos da família Cardoso da Longra, um de nome Avelino, que foi com 13 anos, e seu irmão João, com 11, que rumaram acompanhados de familiares que já lá estavam – sua tia Quitéria, irmã de Joaquim Cardoso, e marido Casimiro. Saídos do porto de Matosinhos e chegados 25 dias depois em viagem de barco até ao porto de Santos, na região metropolitana de São Paulo-Brasil. Crescia assim a família na terra de Vera Cruz, pois seguiram então a sua tia Quitéria Cardoso de Sampaio, que imigrara antes para o Brasil. Dando testemunho uma fotografia, em que, anos depois, com eles já crescidos, ela está no centro da foto com o Avelino à esquerda e seu irmão João à direita, mais uma filha e marido dela ao centro.

Desses Longrinos salientou-se Avelino Cardoso Sampaio como comerciante de grande mérito, tanto que no Brasil prosperou na área metropolitana de São Paulo, em cuja grande cidade paulista teve inicialmente um café, de nome Portuense; bem como ficou bem instalado o irmão, João, que acompanhou Avelino na ida para o Brasil; quão por lá ficaram os dois, fazendo vida de sucesso e continuando a família Cardoso de sua genealogia de Rande-Felgueiras. Com evolução notória, quer no âmbito social como monetariamente. A pontos de Avelino ter sido elemento saliente da Direção do clube de futebol Coríntians (Sport Club Corinthians Paulista), um dos grandes do futebol brasileiro, do qual Avelino Cardoso Sampaio foi histórico Tesoureiro. 

Desse ramo de Avelino Cardoso da Longra derivou uma linha familiar que um seu bisneto, Cassio Cardoso Sampaio, soube transformar em livro com a história da família, dos diversos lados, sob o título “O QUE O SILÊNCIO ESCONDEU Um memorial de cinco séculos de terra, fé e travessias”, que desde este verão de 2025 passa a preservar todo o belo historial de tal linhagem saída do "Peito Ilustre Lusitano" cantado por Camões nos "Lusíadas".

Mais elementos de origem Felgueirense, ao longo de sucessivas gerações, engrossaram a colónia portuguesa no Brasil, quer pela via da emigração como por motivos ideológicos de regime governamental, sendo de destacar, entre radicados no Brasil, também os exilados políticos, como foi o caso dos irmãos General João Maria Sarmento Pimentel (1888-1987), que residiu muitos anos em Rande-Felgueiras, e Coronel Piloto-Aviador Francisco Sarmento Pimentel (1895-1988), este mesmo natural de Rande. Os quais, perseguidos pelo antigo governo portuguès do regime do Estado Novo, depois de feitos heróicos que lhes valeram diversas condecorações portuguesas, muito enobreceram a comunidade lusa em São Paulo. Exilados políticos durante quase meio século, desde 1927 e 1936, respectivamente, radicaram-se nesse chão rico com estatuto conseguido ante conquistada posição, mantendo-se assim na nação acolhedora após a queda da ditadura em Portugal, encontrando-os a nova situação portuguesa, saída do 25 de Abril de 1974, com a sua vida e dos seus bem assente nesse país irmão. Ambos foram membros fundadores da Casa de Portugal de São Paulo-Brasil, na qual João S. Pimentel foi também Presidente na gerência de 1940/41. Tendo a ligação sido tão profunda que, por exemplo, foi dado o nome do mesmo mais velho a um estabelecimento de ensino em território paulista, acontecendo que desde 1989, por promulgação do Governador do Estado de São Paulo, ficou a denominar-se “Escola João Sarmento Pimentel” a «Escola Estadual de primeiro grau Jardim Colonial/Três Marias, Distrito de Itaquara, São Paulo, Capital.»
Os dois irmãos estão homenageados com seus nomes numa avenida e numa rua da cidade de Felgueiras e em duas ruas na freguesia de Rande.

= Os irmãos João e Francisco Sarmento Pimentel, já nos seus últimos anos de vida, em São Paulo, no Brasil.

Marca bem impressa deixou ainda Lucas Teixeira, no Brasil, onde se fixou em Piracicaba-São Paulo, através de carreira no campo da arte de iluminuras e livros de versos. Obra que, na segunda metade do século XX, desenvolveu esse mesmo cidadão português Armando Teixeira. Sobre o qual já foram e estão publicados artigos desenvolvidos neste blogue. 
Natural de Varziela-Felgueiras, usou artisticamente o nome Lucas, com que professara religiosamente esse antigo frade beneditino e posteriormente pseudónimo do mesmo artista secular, que está homenageado com seu nome numa rua da cidade de Felgueiras. Tendo criado raízes no chão brasileiro, como testemunha sua bonita família, que ainda recentemente veio a Felgueiras oferecer à Biblioteca e Arquivo Municipal uma cópia de sua grande obra em iluminuras da Regra de São Bento (cujo orginal  de grande valor está no Brasil). 


Prestigiou igualmente os laços Felgueirenses o cidadão António José da Costa Pereira, nascido na Longra, da freguesia de Rande, e que no Brasil veio a impor sua chancela ao deixar vínculo especial da Longra. Emigrado de Portugal para o Brasil, saiu da Longra com 20 anos, em 1953, depois de ter trabalhado na fábrica Metalúrgica da Longra; e, instalado profissionalmente em Cordeiro, cidade do Estado do Rio de Janeiro, granjeou posição social que lhe permitiu ser benemérito por terras brasileiras, tendo ajudado a construir a Casa Paroquial de Cordeiro e os balneários do campo de futebol local. O seu rasto ficou ainda mais impregnado com a criação de um hotel em Cordeiro, decidindo baptizar esse seu pertence como Hotel Longra, ou seja dando-lhe o nome da saudosa terra que lhe serviu de berço natal, depois continuado por sua filha e família. Felgueirense esse que foi considerado Cidadão Honorário de Cordeiro, tendo aí exercido também as funções de deputado e vogal do PT, Partido político de implantação no Brasil. Mantendo aí seu estatuto bem sucedido, com uma situação familiar digna de registo, tal a bonita prole familiar que abraça seu legado, qual continuidade de seu sangue que sua descendência orgulhosamente perdurará.


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Estes são apenas alguns dos exemplos possíveis, de ficarem enumerados neste rol. Quantos mais haverá, por certo, dos quais tão só não nos poderemos deter por falta de notícias, do muito que naturalmente não chega a um mais vasto conhecimento. Mas, mesmo assim, nesta galeria incompleta, dá-se ideia do quanto representou e marca representação para sempre a presença Felgueirense no Brasil, quer dos que regressaram bem abastecidos, como dos que se mantiveram bem posicionados naquela nação talismã. E no Brasil criaram raízes, de rebentos brotados desde o chão Nortenho-português de Felgueiras. Criando lá longe, mas de coração perto, o sentido de Português do mundo.

Em sentido completamente inverso, já em 2003, seguiu para o Brasil a então Presidente da Câmara Municipal de Felgueiras, Dr.ª Fátima Felgueiras, nascida no Brasil e residente em Felgueiras, com dupla nacionalidade. A qual protagonizou rocambolesca “estória”, no seguimento do que ficou conhecido como “caso saco azul”; cuja história, mesmo depois do retorno verificado em 2005, e mesmo passados tempos, já aposentada como ficou entretanto, ainda não tem a necessária distância temporal que acontecerá com o passar do tempo.

ARMANDO PINTO


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