Espaço de atividade literária pública e memória cronista

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Clichés e flashes: uma imagem de Rande, noutros tempos… da memória do concelho de Felgueiras.


Cliché, hoje em dia, sugere imagem feita, no sentido literário, ou uma expressão do género chavão e lugar-comum, por exemplo; mas antigamente era uma referência de tipo fotográfico, como indicação de gravura, já alusiva ao que era impresso através de chapa metálica que tinha gravada em relevo uma imagem, para ser reproduzida na impressão de fotos e textos. E flashe (flache), alude ao clarão saído das máquinas fotográficas para possibilitar melhor captação, sendo instantâneo reproduzido, dum instante reportado, no relance dum momento. 

Assim sendo, para se poder vislumbrar tempos de outras eras, como num relance por épocas remotas, a memória histórica também se conta através de imagens capazes de fixar pormenores de interesse memorial. Como no caso da imagem junta – uma foto com muitos anos já, mostrando uma casa, então de lavoura e de proprietários bem posicionados, como demonstra a respetiva pose, na encosta de Rande, quase ao cimo da freguesia. De notar ser de tempos das casas ainda cobertas de colmo, entre outras particularidades, demonstrando tipo de habitação rústica da freguesia, em épocas antepassadas. 

Um exemplo possível, entre clichés e flashes. Tratando-se duma imagem de Rande, noutros tempos, fazendo parte da memória etnográfica do concelho de Felgueiras.

Armando Pinto

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sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Novo artigo publicado no Semanário de Felgueiras: Livro de fora com algo de cá dentro...!


Mais um artigo está publicado no jornal Semanário de Felgueiras, entre as páginas da respetiva edição de sexta-feira, dia 15 do corrente ano: Crónica narrativa escrita pelo próprio autor, sem interposta assinatura ou anonimamente, como se fosse outrem a escrever (conforme às vezes se tem visto), pois não há que haver receio de se contar o que acontece, como tal.

Livro de fora com algo de cá dentro…

Ian Fleming afirmou que escrevia o que gostaria de ler se outros escrevessem para ele. Assim na linha do que referia esse escritor, há sempre um sentido de retorno no que se faz. Algo que quando atinge alguma proporção, produz natural realização e demonstra que tudo vale a pena quando a alma não é pequena, como proclamava Fernando Pessoa.

Vem a propósito esta visão sobre o que escrevemos por vezes poder chegar longe e interessar sempre a mais alguém. Como foi o caso dum trabalho escrito do autor destas linhas, também, haver merecido atenção ao longe. Facto que desta vez aqui se traz, como simples registo, mas também contado pelo próprio punho, apenas como tal. Então, permita-se relatar isto, porque, por vezes, nem há noção de quanto os escritos alinhavados aqui nestas paragens podem chegar além do horizonte e aos mais variados campos da cultura e do conhecimento. Quanto sucede no mundo global e perante o que pode operar.

Como explicação introdutória, para que se perceba, além do que o autor destas linhas escreve e escreveu aqui e noutros jornais, mais alguns livros que foram possíveis, também há dois blogues pessoais onde, no espaço informático, de quando em vez se dá largas a puxar pela redação expositora de ideias e partilha de atenções, quer de âmbito histórico-literário local, como desportivo – “Longra Histórico-Literária” e “Memória Portista”, respetivamente. Ora um desses blogues serviu recentemente, num caso, como fonte de recolha de elementos num trabalho para um livro, escrito e publicado na Itália e em italiano, sobre futebolistas tornados heróis na 1ª Grande Guerra mundial. Obra da autoria de Giorgio “Acerbis” Ciriachi, em publicação da editora Urbone Publishing, sob título e subtítulo “Foot-ballers al frente – storie di calciatori (e di un tifoso) nella grande guerra”. (Traduzindo:) “Futebolistas na Frente / histórias de jogadores (e de um apoiante) na Grande Guerra”.


= Capa e contra-capa do livro em apreço =

Com efeito, no final do passado ano ainda recente, mais precisamente em Novembro de 2015, quando perfazia sensivelmente um século da entrada da Itália na I Grande Guerra, foi dado à estampa tal livro sobre a ligação do futebol à memória dessa guerra mundial travada nas valas de terrenos entrincheirados da Europa. Tratando-se de uma boa memorização de tão importante protagonismo no curso da humanidade, mais particularmente com histórias de jovens, ao tempo, que então passaram dos campos de futebol para as trincheiras da Grande Guerra. Um livro, esse, sobre os jogadores que participaram na 1ª Guerra Mundial, contendo um capítulo referente a Joaquim Vidal Pinheiro, desportista que esteve entre os homens que vestiram a camisola do F C Porto e foram chamados ao Corpo Expedicionário Português que rumou aos campos de batalha dessa guerra. Tendo ali morrido, na tristemente célebre Batalha de La Lys, em Abril de 1918. Havendo depois os seus restos regressado, enfim, aquando da vinda também do corpo do soldado desconhecido, para a homenagem honorífica com que ficou imortalizado o Peito Lusitano.

De particular atenção, no livro é feita menção ao blogue “Memória Portista” na parte da “Bibliografia” e nota das fotos. Bem como, na página dos agradecimentos (“Ringraziamenti”), tem referência ao autor do mesmo blogue, por «…senza di lui il capitolo su Joaquim Vidal Pinheiro non avrebbe mai visto la luce…» («…sem ele o capítulo sobre Joaquim Vidal Pinheiro nunca veria a luz»).

É sempre interessante quando podemos dignificar o nome de Portugal e representatividade do que nos desperta interesse, como neste caso e àquele nível. Sendo um livro, aquele, que honra a memória portuguesa.


ARMANDO PINTO

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quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Património de Felgueiras: Histórica Casa de Santa Ovaia


Felgueiras, a sede do concelho, sendo uma antiga vila e atualmente cidade com história, provindo de eras antigas a perder-se nas brumas dessa mesma história, não tem contudo muitas réstias visíveis de tal antiguidade. Nem tem havido preservação do pouco que foi resistindo ao longo dos tempos. Um desses casos, entre alguns outros felizmente ainda existentes, era uma casa histórica, que até deu nome ao lugar envolvente, bem como posteriormente a diversos prédios e até estabelecimentos, como ponto toponímico, com o que resta da sua memória. Tal o caso da Casa de Santa Ovaia. Casa da felgueirense família Leal Faria e também com muita história, a casa e a própria arvore de costado familiar. 

Mansão, aquela, que ficou ligada ao antigo Conde de Felgueiras (como o autor destas linhas ouviu da boca do senhor Teófilo Leal de Faria, um grande felgueirense e bom bairrista que ficou com nome associado a diversas boas ações tidas para com Felgueiras e felgueirenses). Mais tarde pertencente à família Bacelares Vasconcelos, etc. E, entretanto, habitação que era e foi da família Leal Faria que durantre muitos anos teve grande protagonismo no quotidiano da mesma urbe e do próprio concelho.

Agora não valerá alongar muito esta memória, depois que, como Camões poetou, Inês é morta...

Dessa histórica casa solarenga juntamos uma foto, para constar.

Armando Pinto

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terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Autor deste blogue referenciado num livro italiano


Por vezes pode nem haver noção de quanto estes escritos em suportes da Internet chegam longe e aos mais variados campos da cultura e do conhecimento. No mundo global da informática e perante o que pode operar. Mas assim acontece, na máxima de que se pode ir e chegar sempre a qualquer lado, desde que haja com quê e porquê.

Ora, o outro atual blogue do autor (deste blogue da Longra), esse de carácter desportivo, Memória Portista, serviu recentemente, num caso, como fonte de recolha de elementos num trabalho para um livro, escrito e publicado na Itália e em italiano.

Diante dessa curiosidade e registo, referimos o tema no blogue “Memória…”, como se pode ver aqui (clicando no link):  



Armando Pinto

quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Boletins locais


Ao voltar-se a página de mais um ano passado, há sempre um balancete que balança nas contas individuais e coletivas, ao nível da vivência e convivência; e mais ainda num balanço alargado de temporadas e épocas, quanto à história e memória coletiva.

Neste sentido e diante dessa harmonia, enquanto nas cabeças ainda repicam sinos de afetividade natalícia e nos semblantes já se vislumbram comemorações de fim de ano, assim, no contar das badaladas do relógio do tempo também se podem recordar páginas que ficaram a marcar épocas, nos anais das recordações abrangentes.


Desse modo relembramos a existência de antigos boletins que noutros tempos fizeram furor na região da vila da Longra e a coleção do ainda existente e resistente boletim que é importante órgão da Paróquia de Rande.

As imagens ajudam a rememorar algo disso, sem necessidade de rótulos ou legendas.


Armando Pinto


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quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Boas Festas! Feliz Natal!


Para todos os amigos que seguem este espaço e a todos os leitores que gostam do blogue, formula o autor sinceros votos de Feliz Natal e Boas Festas, desejando que consigamos os nossos anseios, como por aqui tentamos pugnar, além de conviver e partilhar, dentro do que nos for possível.


ARMANDO PINTO

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Com votos de Feliz Natal : artigo de “Espírito Natalício” no SF !


Como diz o título, foi e é com esse sentido que escrevemos mais um artigo para o Semanário de Felgueiras, a calhar na época de Natal, conforme consta da edição nº 1187 agora nas bancas para o público, já, e nas caixas de correio dos assinantes, antes do Natal.

Na linha das partilhas habituais neste espaço, em ocasiões destas, colocamos recorte da respetiva coluna e transcrevemos para aqui o texto original:

Espirito Natalício

Ao virar do tempo, na diferença ambiental, entra em cena a saída de fumo das chaminés, na ascensão provocada pelo calor das lareiras. Elevando também o ar aquecido dos afetos, nomeadamente associando as chaminés com os sonhos das crianças, da chegada das prendas natalícias através das mesmas chaminés. Qual outro fumo, das espirais de incenso das igrejas, onde se beija o Menino Jesus, entre cânticos ao fascínio do presépio.
Ora, no Natal vem naturalmente à ideia o encantamento da idade infantil, sendo associado criança com lembrança. Quase desejando nunca se ter crescido, então, para manter os sonhos de infância. E enrola-se o fumo das lembranças na convivência da quadra.

Porém a realidade agora é outra, num tempo em que os valores de antigamente se têm diluído e se foram perdendo. Com algumas sombras da crise contemporânea a não explicar tudo, embora mostrando efeitos.

Descendo pelas chaminés dos lares as prendas natalícias do imaginário próprio, qual sortilégio desta quadra, também escorrega alguma negritude do escurecido panorama dos dias que correm, com a depressão que se sente nalguns setores da vida e mudanças operadas por alterações político-sociais. Apesar disso, a época de Natal vem ainda amenizar ao menos por instantes o horizonte. Como se vê felizmente na amplitude das iluminações natalícias e presépios grandes e pequenos que se vêm nas vias públicas que receberam luzes e outros adereços, com realce para o atual embelezamento do jardim central da cidade de Felgueiras e brilho ainda noutras ruas e árvores decorativas nalgumas rotundas, pelo concelho. Descontando sítios onde o quadro piorou, pois há locais também importantes que estão sem nada – como nos estamos a lembrar, por exemplo, do centro natural da vila da Longra, onde pela primeira vez em muitos anos (pelo menos desde finais do século XX, dando de barato) não há este ano qualquer peça alusiva desta vez, por simples que fosse, na confluência do chamado Largo da Longra.

Ainda assim, perante a existência ou ausência de sinais demonstrativos, o sentimento natalício sente-se mais no calor da intimidade, de onde sobe pela chaminé a evaporação da graça que traz o Natal. Havendo alegria possível na diferença que este tempo provoca, afinal. Os odores fumegantes, o cheiro e sabor da tradição transportam um bem estar mais sereno, sendo de harmonia o Natal, com os olhos no presépio familiar e coletivo que deve identificar a unidade conterrânea, no caso.

Visto assim, como compôs em cântico o mestre de música sacra Padre Luís Rodrigues, por sinal felgueirense:

“Vamos ao presépio, 
 vamos a Belém:
 louvar o Menino 
 que salvar-nos vem”!


ARMANDO PINTO

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