Espaço de atividade literária pública e memória cronista

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Crónica de “SEASON” no SF…


Numa abordagem relacionada com a atualidade, escrevemos desta vez, em nossa regular colaboração no jornal Semanário de Felgueiras, um artigo de temática sazonal, quanto à estação festivaleira do ambiente local. Estando no texto o que realmente é, como se sabe, a pontos de já haver conhecimento de ter merecido leituras de análise – tal o facto de se ter até notado, entretanto, algumas feições de amuos por algumas verdades… 

Eis a referida crónica, na respetiva coluna da página 12 da edição impressa do SF de 19 de Julho:

(Clicar sobre o recorte digitalizado, para ampliar) 

… E de seguida, para devidos efeitos, aqui está o texto datilografado, também para leitura mais acessível:

Festivais Folclóricos 

Quando chega o tempo de sol radioso e ambiente alegre, das férias e de festas, o que acontece mais no Verão, por toda a região de Felgueiras e não só, a época quente é também aproveitada para realizações de festivais de folclore. 

Esses saraus, quais encontros de grupos de dança e cantares regionais, resultam num corolário festivo no auge da temporada, ao jeito de mostras do trabalho levado a cabo ao longo do ano por esses agrupamentos de reposição etnográfica, os Ranchos Folclóricos. Manifestações que, como acontecimentos relativamente recentes, servem porém mais de espetáculo e convívio, não tendo a pretensão de caracterizar em demasia antigas folganças, pois que surgiram apenas em meados do século XX, por volta dos anos cinquenta tenuemente e mais vincadamente na década de sessenta, sensivelmente. Sendo antes produto da evolução dos tempos, porque o próprio folclore revivalista também pouco tem a ver, quer se queira ou não, com o que antigamente acontecia. Sendo que a essência do que os Ranchos representam é uma recriação dos usos e costumes populares que chegaram pela transmissão provinda de tempos arquiavós, em épocas que o mundo das pessoas girava quase só em torno de sua visão local. Enquanto os próprios mancebos, que nunca haviam saído da própria terra, ao terem de ir para a tropa se lhes metia na cabeça todo um mundo desconhecido - a pontos, por exemplo, de nesses tempos, em que até havia um quartel não muito longe assim, em Penafiel, os rapazes se despediam a dizer: “Adeus Portugal, que vou pra Penafiel”… 

Ora, embora o folclore popularizado seja genericamente recuperação de características da música e danças populares de antanho, tem que se ter em conta que hoje em dia integra sobretudo o cariz de apresentação pública, através de números coreográficos, longe do espírito do passatempo simples de ajunto de pessoas de tempos passados, em que servia de folia, por meio de danças nas eiras, nas encruzilhadas ou largos comunitários e adros. Agora é em palco que acontece, e nem pode ser de outro modo para todos verem, tratando-se de espetáculo para assistências... 

De permeio há também natural sensibilidade, sabendo que tem de haver uma ligação realista, de caráter logístico. Para que haja memória e tudo seja contemplado. Não se entendendo que um Festival que já teve diversas edições com Ranchos estrangeiros, como agrupamentos espanhóis, por exemplo também, seja considerado depois, num ano mais presente, considerado 1º Internacional… A não ser que ainda haja por aí quem não saiba que Portugal vai para Norte só até à fronteira com a Galiza e depois é já solo estrangeiro, senão é como antes: Adeus Portugal, que vamos pra Penafiel… 

De qualquer forma, os elementos representados, na generalidade, refletem trabalho aplicado sobre a recuperação do estudo da cultura da alma do povo, numa prática etnológica aproximada de reprodução de antigos padrões tradicionais, das gentes dos aglomerados locais, afins à população comum, tendo subjacente quanto possível recolha dessa manifestação remota compartilhada pela gente de territórios definidos, nas suas ligações por laços pessoais de herança cultural. Querendo tudo isto, qual rapsódia, imprimir e exprimir preservação antropológica da rusticidade da terra, numa forma cultural mediática de expressão popular, englobando significado de povo e sua cultura como a própria palavra quer dizer - sendo o termo folclore o aportuguesamento dos vocábulos saxónicos folk (povo) e lore (tradição), aliás composição aproveitada já no século XIX pelo arqueólogo inglês Thoms, em substituição da expressão “antiguidades populares” usada anteriormente em monografias da especialidade. 

Graças ao trabalho de reconstituição empreendido pelos Ranchos, tem sobrevivido a memória coletiva das raízes etno-populares, em todo este vasto campo de características genuínas da personalidade, no sentido identificativo, de usos e costumes ancestrais dos nossos antepassados. 

Armando Pinto

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Passeio pelo Porto-cidade


O Porto, como é mais conhecida a cidade do Porto, é capital do Norte de Portugal e também a capital do Distrito do Porto, a que pertence Felgueiras e extensivamente o Vale do Sousa, mais a comunidade urbana de Sousa e Tâmega, e futuros agrupamentos de freguesias e sabe-se lá o que mais há-de vir. Tal qual alberga a Sé da diocese a que pertencem as paróquias da Vigararia de Felgueiras, para englobar tudo o que inclui e agrupa esta região em que nos inserimos. Sendo que o Porto é muito mais, além de sede de distrito e diocese portucalense, especialmente como cidade da Virgem, cidade Invicta e da Liberdade, burgo portuense que se orgulha de ter o coração do rei liberal D. Pedro IV, especialmente como cidade representada pelo colosso desportivo F. C. do Porto e pelo famoso néctar Vinho do Porto. 


Por quanto, desde há muito, vemos no Porto, recordamos um trecho que escrevemos em tempos sobre uma visita ao Porto-cidade em nossa infância, já lá vão coisa duns quase cinquenta anos, incluso num dos contos do livro "Sorrisos de Pensamento", ao correspondente capítulo VI:





Livro de Contos

(ESGOTADO)

Sorrisos de Pensamento - Colectânea de Lembranças Dispersas 

(editado em 2001)



« VI
Descoberta excursionista

Com poucos anos vividos, numa idade em que no imaginário infantil qualquer ocorrência passada há coisa de um ano parecia ter sido havia décadas, na cabeça de um pequeno rapaz que nunca saíra da sua região, aquela excursão organizada pelo abade da sua freguesia era coisa nova, algo nunca experimentado.
Mal o pároco anunciou isso na “prática” da missa de Domingo sobreveio natural anseio, e passado pouco tempo, cerca de uma hora depois, mais coisa menos coisa, durante o almoço domingueiro, ficou decidido à mesa que iam todos os irmãos, quer os mais velhos que andavam na Liga Eucarística, como os mais novos em idade de catequese e andanças na Cruzada em procissões e enterros. Naquela família religiosa e interessada na vida paroquial não admirava essa decisão, em correspondência à iniciativa de visita à sede diocesana, pois que a ideia do Padre João era de levar os paroquianos até à Sé do Porto, aproveitando para fazer passeio cujo itinerário daria a conhecer à gente de Rande alguns pontos curiosos da velha urbe da Invicta capital do norte, sede da diocese a que a paróquia estava ligada.
Estava-se nos primeiros anos da década de sessenta e a simplicidade da maioria das pessoas da terra, remetidas à condição de vida feita à sua medida, poucas possibilidades tinham ainda de se deslocar para muito longe da linha do horizonte local, salvo raras excepções de uns quantos que em esporádicas oportunidades faziam viagens de excursões a Fátima, à Volta ao Minho, às festas de Lamego e Viana, como alguns homens e rapazes até que iam por junto, de camioneta de aluguer, a um ou outro jogo de futebol mais perto e de maior importância (ou seja dos clubes “grandes” da simpatia dos excursionistas) ao campo da Amorosa de Guimarães como ao das Antas do Porto, e pouco mais. Não contando a gente rica, que ia a banhos para praias como a do Porto, à Foz , ou para a Póvoa, Mindelo e outras, assim como passeavam de carro por longe em qualquer altura. Só que na cabeça do povo andava mais o conhecimento do quotidiano da gente comum.



= Estádio e anexo campo de treinos das Antas, do F. C. do Porto - Aspecto nos inícios dos anos 60. =

Nos rádios da Casa do Povo, na oficina de bobinagem, na loja do Manel das Mobílias ou no Zé Luis como nos irmãos Freitas, então ambas Barbearias da Longra, ouvia-se com deleite cantigas em voga, como “A mim não me enganas tu / a panela ao lume e o arroz está cru...”, tal qual “Encosta tua cabecinha no meu ombro e chora / e conta tuas mágoas todas para mim...”, melodias entradas nos sentidos conforme as sensibilidades e mentalidades de quem fosse. O que para um entendimento infante era demasiado limitado ao som e palavras quase sem sentido, mas de certa maneira com manancial atractivo. Enquanto as mulheres, a hora certa do fim de dia, se juntavam numa das poucas casas com rádio para ouvirem romances radiofónicos.
Aos domingos de tarde na televisão da Casa do Povo os moços tinham os olhos pregados nos “macacos” da televisão, a verem o Zé Colmeia e outros que tais artistas figurões dos desenhos animados, antes e depois da palestra da “Tia Zé” e do filme da Laci (como diziam, mas Lacei no dizer dos mais entendidos e Lassie ao que vinha nas letras do original estrangeiro); e mais tarde, tempos passados, também de um cão que era o “artista”, o Rim-Tim-Tim; até chegarem as notícias ao escurecer. Chatice era quando de tarde aparecia na “caixota” da TV uma indesejada transmissão de touradas que duravam até mais não, e na inversa era um regalo quando havia jogo da bola dos poucos que apareciam no pequeno ecrã, assim como no verão se deparavam imagens da “Volta”, mexendo com todos tudo o que se passava nessa anual corrida de bicicletas de que tanto se ouvia falar.
Os petizes em idade escolar, os moços, como se dizia, andavam então mesmo atentos àquilo dos corredores. E então na época da “Volta”, em tempo de férias grandes, livres como passarinhos, mais parecia nem terem palha no ninho, largando a cama manhã cedo para irem logo para a porta da venda do senhor António Cândido com vista a comprarem o jornal para os irmãos mais velhos de cada qual, porque eles andavam na fábrica grande da Longra e só ao meio dia vinham a casa, apesar do jornal estar guardado para o efeito (havia lista de reservas, durante esse período de cerca de quinze dias!). Mas a pequenada, com avidez, o que queria era ver o que lá dizia dos seus ídolos das bicicletas (sobretudo dos das camisolas de que gostavam), pois que não tinham muito por costume ouvir notícias da rádio e muito menos da televisão (até porque de noite só os homens podiam ir ao bar da Casa do Povo), distraídos como andavam nas brincadeiras até de noite, primeiro a jogar à bola ou andarem ao calha durante o dia, senão a tomar banho todos nus no rio Sousa junto aos moinhos, e por fim em corridas e jogos do esconda-mocho pela fresca e ao luar veranzeiro.
Na localidade o ambiente parecia citadino aos olhos do pequeno residente, aconchegante no pulsar quotidiano, vendo o Largo da povoação arejado e esbelto nos passeios empedrados com grossas lajes graníticas e, à frente de algumas casas, ostentando pequenos jardins simples e até agradáveis canteiros relvados, enquanto apreciava o passar do trânsito na estrada nacional cujas bermas de terra, fora do centro, estavam permanentemente limpas e rapadas, aqui e ali contendo arbustos educados por cuidada poda, os quais engalanavam as bordas por detrás da sebe de murta sempre aparada, pela constante labuta do cantoneiro que tinha a seu cargo aquele troço de viação pública, ladeando essa via rodeada de casas com entradas calcetadas e portais encimados por trepadeiras floridas e glicínias que pareciam vergar ante o peso viçoso de salientes cachos azulados.

Começada a camioneta a andar ficava para trás a terra familiar aos olhos enquanto se deslocava a paisagem, mais parecendo que campos e casas andavam às avessas.
Um aperto no peito, talvez de comoção pela surpresa da primeira largada das saias da mãe, no sentido próprio da ausência dos pais como no mais amplo da própria terra, mas logo a algazarra de toda a gente distraiu parte dos pensamentos.
Começaram cedo cantorias populares por parte de alegre grupo de rapazes e raparigas. Entremeando com melodiosa balada do rouxinol (com seu canto de serenata à luz de lua cor de prata), mexida cantiga da Rosa arredonda a saia, a Rama da oliveira, Alecrim (alecrim / dourado / nasceste no monte / sem ser semeado...!), logo mudavam os cantores seu reportório de imediato, quando a camioneta atravessava uma vila ou terra mais desenvolvida, entoando todos lampeiros e felizes da vida, como que a meterem-se com os que presenciavam a sua passagem:

Ao passar a ribeirinha
Pus o pé, molhei a meia (bisando a frase duas vezes)
Não casei na minha terra
Fui casar em terra alheia (igualmente com duas repetições).

Ao passarmos por Lousada
Estavam todos à janela (repetindo na cantoria mais duas vezes - estavam todos à janela, estavam todos à janela).
Parece que nunca viram
Gente de fora da terra (...gente de fora da terra, gente de fora da terraaa)!

E, dali até ao Porto, nas vilas e povoações da passagem, repetiu-se a dose.

Decorreu a viagem, salpicada de pasmos e risotas, de permeio com felicidade estampada nos rostos de jovens da Liga, de cara feita à torrente de ar, deixando esvoaçar cabelo ao vento debruçados nas janelas, sem se importarem com as mangas das brancas camisas de popelina. Enquanto as crianças espreitavam pelos vidros tudo o que podiam. Nos olhos do pequeno viajante espelhavam cores vivas de alegria, experimentando também na alma contraditória disposição, mista de satisfação, ansiedade e nostalgia, deprimido de certa maneira ensimesmadamente deleitosa, tudo isso e o mais que nem sabia bem o que era, enfeixado em sentimentos poéticos de arreigo ao torrão natal, pois que a sua terra lhe parecia bem melhor que as terras que via, constatando então intimamente quão ligado se sentia à terra, descoberta que ia surgindo ao correr da paisagem como ténue saudade pelo que deixava, ainda que por algumas horas apenas.
E no regresso, depois, enchendo à medida o peito ao rever sítios conhecidos, feliz por de novo ir de encontro ao seu mundo, apesar de ter gostado deveras da grande cidade, para mais a terra do seu Porto e de todo aquele semblante citadino que presenciara, como lhe pareceu mais linda a sua terra! »



= Três pontes existentes no Porto nos anos 60 - Postal ilustrado da época. =

~~ * ~~
Ora, passados tantos anos, e entre tantas idas à cidade do Porto por necessidades logísticas, administrativo-burocráticas, comerciais e também de afeição desportiva, naturalmente, uma vez por outra ali retornamos em passeios de visitas culturais, por exemplo. Tal como recentemente, um dia destes, percorremos boas partes da urbe tripeira num misto de excursão turística, como por vezes sabe bem sentir. 




Quando fomos ao Porto num primeiro passeio, há quase meio século de distância física, havia sido inaugurada a ponte da Arrábida ainda há pouco, sendo a cidade um autêntico remanso que dava gosto vislumbrar, no seu casario em cascata colorida, entre jardins alcantilados. Um lindo e extenso espaço ajardinado se prestava como coração do centro citadino, na Praça, a avenida dos Aliados e praça da Liberdade, onde hoje se estende uma cinzenta eira que uma dupla duns tais Siza e Rio impuseram. Tal qual a emblemática estátua do guerreiro Porto estava rodeada de lindas flores nos jardins do parque do palácio de Cristal, coisa que esse tal rio, ainda atual e que foi das piores enchentes da cidade, aceitou que outro arquiteto esquisito pusesse de costas para a cidade, junto ao mamarracho, de reconstrução interventiva da casa dos 24, que ficou a estorvar a visibilidade da catedral; estátua aquela que, agora, por ora, puseram num dos lados, sim num dos passeios laterais, da Praça - quando havia tanto espaço central mais dignificante, atendendo à importância memorial daquela representação.   Enfim, numa diferença que com o tempo mais se acentuará.



Então, como visão atualizada, desse caso da recente visita a que nos referimos, guardamos umas tantas imagens, que partilhamos à posteridade.
























ARMANDO PINTO

domingo, 7 de julho de 2013

Convívio Festivo e Caminhada do 10.º aniversário da Vila da Longra


Decorreu este domingo, dia 7 de Julho, a comemoração pública do aniversário da vila da Longra, através de um programa festivo que incluiu uma marcha de passeio pedestre pela região, durante a manhã, e a partir do início da tarde o tradicional convívio, culminando no corte do bolo comemorativo de aniversário.


Dessa jornada ilustramos a festiva ocorrência com algumas imagens alusivas.


E, para guardar na gaveta das memórias coletivas, registamos o que constou do “desdobrável” distribuído aos participantes na referida caminhada comunitária, referente aos locais de passagem da mesma: 

Pontos de Referência e Interesse Histórico na Caminhada “Margens do Sousa”, inserida nas comemorações do 10º aniversário da Vila da Longra - 07 DE Julho de 2013 

(Textos de: ARMANDO PINTO)

- Ex-Metalúrgica da Longra – Fábrica criada em 1920 no Largo da Longra, com o nome de MIT, na junção dos nomes dos gerentes, o sr. Américo Martins como sócio principal e seus sócios, ou seja Martins e Irmãos Teixeiras. Depois de forte crescimento a partir dos anos 30, a pontos das instalações do Largo passarem a ser insuficientes, teve mudança para a reta da Arrancada da Longra em 1950 e foi a principal bandeira da região, como principal casa empregadora da maioria do povo da região. Era célebre a sua sirene, que se ouvia a longas distâncias e por isso servia de sinal de previsão meteorológica em terras distantes, pela posição do vento que propagava o respetivo som. 

- Casa do Povo da Longra – Instituição fundada por Despacho Ministerial de 26 de Abril de 1939, que então passou a usar o edifício que antes foi sede duma antiga agremiação cultural de Rande, a Associação Pró-Longra, existente entre 1928 a 1939. A Casa do Povo da Longra, além de servir então de organismo de mutualidade rural, albergou o primeiro Posto Médico existente no concelho de Felgueiras, criado em 1941. Desde sempre que foi a casa da cultura da região, tendo tido diversas versões de grupos de Teatro, ao longo dos anos, e desde 1994 também o Rancho Folclórico representante da área respetiva. Entre outras dotações, como se sabe. 

- Casa da Família de Luís de Sousa Gonçalves – foi erigida por um antigo proprietário em África, sendo inicialmente conhecida por Casa dos Escoivos, devido ao antigo nome do lugar, dentro da povoação da Longra. Sendo o dono da família Castro, da Longra, um senhor conhecido popularmente por “africano”, daí originando que a casa seja conhecida por Casa Africana. Foi planeada por projeto do sr. Luís Gonçalves, o mesmo que muitos anos antes foi autor da Casa das Torres de Felgueiras. Na década de sessenta do século XX foi adquirida então para habitação familiar pelo sr. Luís Sousa, fundador da IMO. 

- IMO – Firma criada em finais da década de 40, do século XX, depois de anteriores experiências do sr. Luís de Sousa Gonçalves noutras sociedades, fundando então em 1947 esta fábrica, originalmente com outro nome, até que nos anos sessentas passou a chamar-se Imo. 

- Calçada de Rande – Caminho de que resta o atual pequeno percurso, assim chamado de Calçada pelo piso empedrado em lajes à maneira antiga, fazia parte do Caminho de Santiago que era percorrido na região, do itinerário das peregrinações medievais dirigidas para Santiago de Compostela. 

- Casa da Torre – Solar de existência ancestral, cuja origem ficou ligada à passagem do Caminho de Santiago do Baixo Douro, com a pertença na família da Torre dos direitos do padroado da paróquia de S. Tiago de Rande, cuja dedicação a S. Tiago foi precisamente derivada da passagem de um dos itinerários dos Caminhos de Santiago. Mais tarde foi a casa onde nasceu o aviador Francisco Sarmento Pimentel, autor da 1ª travessia aérea entre Portugal e a Índia, em 1930. 

- Casa do Outeiro – Casa fidalga com data de ter tido restauro no século XIX (dezanove) mas proveniente de tempos muito mais remotos, conforme se sabe por ter sido habitação de um anterior proprietário que foi Vereador da Câmara de Felgueiras. Já no século XX (vinte) foi a casa de José Xavier, um grande bairrista promotor de diversas realizações e agente cultural que fundou várias associações na Longra. 

- Casa de Rande – Casa que deu origem ao nome da freguesia, através do colonizador da região, um presor de nome Rando, em torno de cuja propriedade, uma vila germano romanizada, Randi Villa (significando vila de Rando), se alastrou a organização territorial. Na evolução dos tempos essa propriedade acastelada transformou-se num solar feudal, da família Pinto e Barbosa, conforme o brasão de família que encima a fronte da mansão, que sofreu diversas transformações, mantendo atualmente características de casa senhorial. Foi posteriormente dos descendentes que chegaram ao ramo de Barbosas Mendonças, dos quais o principal foi o Conselheiro Dr. António B. Mendonça e ali nasceu sua filha, a conhecida Menina de Rande, Guilhermina Mendonça, falecida em 1912 e considerada santa pelo povo da região. Recentemente vendida a outra família, é atualmente propriedade do sr. Arnaldo Freitas, que desenvolve atividades agrícolas na anexa quinta de Rande. 

- Lugar do Paço – Lugar de honra paçã torreada, onde existiu fortificação com torre, a indicar a espécie de mansão fidalga ali originária, significando grupo populacional derivado da Casa da Torre e vizinha Casa de Rande, como núcleos fidalgos de palácios locais. A torre senhorial implicava direitos de linhagens, que na evolução temporal se estendeu pelas terras ao redor. 

- Monte de Santana – Local onde o povo se reunia, indo em clamores para ajunto comunitário. Ali, por trás do penedo alto, havia um penedo com inscrições de 1509 a aludir os nomes dos párocos de Rande e Idães, à época, Pêro e Fermoso, com uma cruz esculpida a assinalar os limites das duas freguesias vizinhas. Penedo que foi destruído aquando do diferendo de 2004, como se sabe, até que posteriormente se veio a definir a pertença legal desse monte de Rande. Tem capelas originais mandadas erigir entre 1930 a 1933 pelo sr. Luís Teixeira, da Casa da Quinta (da freguesia de Rande), a quem antes a mata pertencia, sendo atualmente da Junta de Freguesia de Rande.

- Casa da Capela / Sernande – Mansão antiga sobretudo ligada à figura de António Bravo Pacheco, um antigo benfeitor carismático da primeira escola de Sernande. Casa da Capela essa onde se rezou missa paroquial, enquanto não houve igreja na então nova freguesia, criada no decurso do concelho do Unhão, em separação com área antiga de Rande e uma parte de Varziela. O mesmo antigo mestre ficou mais ligado ao ensino local, sendo quem fez obras numa sua propriedade do Burgo para criação da velha escola primária de Sernande.

- Casa de Junfe / Unhão – Mansão cuja história esteve ligada a Rande, pois Junfe e a vizinha quinta de Novais pertenceram a esta freguesia de Rande até à criação da Comarca de Felgueiras - pelas divisões que resultaram de cedências, visto nesse tempo o Unhão pertencer a Lousada e Felgueiras ter sido levada a ceder essa parcela (até meio do lugar do Janarde) para Lousada abrir mão do território da comarca que lhe pertencia. Mais tarde, quando Unhão passou definitivamente para o concelho de Felgueiras ficou então com essa área acrescida. Mas a família da mesma fazia vida em Rande, conforme relatos da época, de quando na casa era sabido haver tantas armas como o número de homens que ali serviam, tal o que ocorreu na defesa aquando dum célebre ataque do bando do Zé do Telhado. 

- Lugar da Sé / Unhão – nome provindo do latino Sede e extensiva associação a Cerca, topónimo alusivo a castro, dos ajuntos (povoados primitivos) que existiram por aí. Lugar que tem características identificativas de antiga propriedade de um só clã, alargado posteriormente a descendentes e foreiros, como se nota em ter ainda casas muito juntas e as habitações e anexos com ligações comuns. 

- Monte do Crasto / Pedreira – Nome derivado de castro, de antiga fortificação. Tal como pelos tempos além se notou sempre por ali haver muita pedra espalhada, numa das possíveis origens do nome da freguesia da Pedreira, é esse local uma réstia de um castro outrora existente, rodeando um cabeço, como por ali havia diversa disposição topográfica, através de organização castreja que povoaria estes sítios. 

- Casa da Mata / Lordelo – Casa que foi da família Rola Pereira e foi legada à Ordem dos Carmelitas Calçados. Inicialmente pertenceu a uma família de antigos sacerdotes, os Padres Bernardes, um dos quais foi pároco-coadjutor em S. Tiago de Rande e o mesmo, mais outros familiares, foram párocos de S. Cristóvão de Lordelo. A partir que passou a ser dos Padres Carmelitas funciona atualmente como convento da Ordem do Carmo, quer como casa de noviciado da mesma, quer como comunidade de sacerdotes que também prestam serviço paroquial nalgumas terras das redondezas, como nas paróquias de S. Salvador do Unhão e S. Miguel de Varziela.



 = Armando Pinto

sábado, 6 de julho de 2013

Evocação Natalícia do Padre Luís Rodrigues


Há muitos anos já que nutríamos admiração, por via conterrânea, pelo Padre Luís de Sousa Rodrigues, desde que soubemos que era um compositor musical natural da minha freguesia de Rande... de ouvirmos falar dele ao pároco que nos batizou e acompanhou pela infância adiante e ainda na juventude, o inesquecível Padre João de Rande; assim como meu pai contava que o conheceu, ao Padre Luís Rodrigues, e se lembrava ainda da sua missa nova e do banquete que seus pais deram, metendo muita gente da paróquia; bem como, especialmente, por ter ouvido a minha saudosa avozinha, Júlia de Jesus Pinto, que ele nascera precisamente na casa onde ela também vivera antes, na Fonte…


Entretanto chegamos a vê-lo, de quando uma vez por outra vinha à igreja de Rande, nomeadamente para celebrar casamentos e outros sacramentos a pessoas de família e amigos de relações mais pessoais, sem no entanto havermos tido oportunidade de contactos pessoais.


...Um dia, também assistimos a um género de concerto que ele levou aos Capuchinhos de Gondomar, por volta de 1967 ou 68, se a memória não nos atraiçoa, e reparamos que ele olhava e sorria muito para o então pequeno ouvinte que fixou bem isso, aqui o autor destas linhas (julgo que alguém o informou da nossa proveniência natal). 

Mais tarde fomos aprofundando estudo sobre sua vida e obra, passando a conhecer o seu currículo e sobretudo a dimensão do seu percurso vivido. Mas não sabíamos antes duma coincidência, quanto à data de seu nascimento, ou seja, de ele fazer anos curiosamente no mesmo dia do aniversário do autor. Naturalmente ele nasceu muitos anos antes, em 1906, vindo em 1954 a dar-se depois a referida coincidência quanto ao dia da chegada ao mundo. Contudo, logo que descobrimos esse acaso, ficamos muito honrados com tal efeméride simultânea.


Ora, passa hoje mais um aniversário do nascimento do Padre Luís de Sousa Rodrigues, entretanto já falecido em 1979, mas a sua memória perdura. A pontos de o lembrarmos neste dia. Sabendo que ele que luziu cá em baixo, há-de lá em cima, no céu, luzir sempre e continuar a velar pelos que estimam os valores que legou à eternidade.



Armando Pinto
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segunda-feira, 1 de julho de 2013

10.º Aniversário da Vila da Longra


Faz hoje 10 anos que a Longra passou a vila.

Passavam poucos minutos das 18 horas da terça-feira 1 de Julho de 2003, cerca das 18,13 quando o presidente da Assembleia da República começou a ler a parte que interessava à Longra, da lei respetiva, até que por volta das 18 Horas e 18 minutos referiu que ia ser votada e de seguida proclamou: A povoação da Longra, do distrito do Porto, é elevada a vila!... 

Estávamos lá nós, também, nessa célebre ocasião. Fomos então de imediato entrevistados pelo amigo Pedro Alves, que fazia a reportagem em direto para a Rádio Felgueiras…

Do dia, entre tantas e tantas recordações, ficou-nos ainda o original da letra duma das cantigas entoadas durante o percurso, e que acabou em nossas mãos através de oferta derivada à celebração que projetamos para o inicio do fim de semana imediato, com a realização duma festa celebrativa na Casa do Povo.


Nesse dia, durante as horas antecedentes, no decurso da viagem sobretudo, começou a germinar cá dentro a ideia de fazer um livro a registar tão importante ocasião. E dias depois, na sessão solene realizada na sexta-feira seguinte, foi apresentado ao público um pequeno livro a historiar tal obtenção... Em cujas páginas está tudo descrito, narrando tantas vivências proporcionadas – como se pode recordar na coluna da direita deste blogue, em parte correspondente. 

E, assim sendo - apesar de tudo o que entretanto se passou e está ainda a ocorrer, conforme últimas e atuais ocorrências - a Longra está de parabéns e merece felicidades! 

AP

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Opinião Pública - Inquérito do SF e Reportagens no SF e EF, sobre a Junção das Freguesias da área da Vila da Longra


A Longra está prestes a completar 10 anos na condição de vila, com que foi distinguida a antiga povoação de seu nome, enquanto cabeça da área que ganhou ser primordial por via da indústria metalo-mecânica, da ferraria e serrelharia da génese do progresso derivado da metalurgia. Resultando haver afinidades assim interligadas na zona, que teve apogeu social na famosa Mit / Metalúrgica da Longra, iniciada no Largo da Longra, com a conhecida popularmente por fábrica velha, e continuada com a chamada fábrica nova, à reta da Arrancada, dentro dos limites de Rande mas na fronteira com a Pedreira.
Na aproximação à fase decisiva sobre a oficialização da lei da Reorganização Administrativa, com especial enfoque na Agregação de Freguesias, o Semanário de Felgueiras  procurou auscultar a chamada opinião pública, sobre o caso. Depois de ter efetuado já inquéritos sobre a mega freguesia em torno de Margaride, e das que vão pertencer à Lixa, desta feita  houve oportunidade de fazer incidir atenções sobre a Junção de freguesias da área da vila da Longra, por ocasião da próxima  passagem do 10º aniversário da respetiva elevação a vila.
Havendo também o autor deste blogue, no caso, sido abordado e participado, então não no papel de colaborador do mesmo semanário, mas na qualidade de munícipe e habitante da referida zona geográfica; transmite-se as ideias e opiniões manifestadas pelo painel das pessoas ouvidas – conforme tal questionário, inserto na página 4 do SF de sexta-feira 28 de Junho de 2013:



( Clicar sobre o recorte digitalizado, para ampliar ) 


Na atualidade da questão, o mesmo jornal concelhio Semanário de Felgueiras dedicou ao tema uma pequena reportagem numa das páginas centrais...



... E o jornal mensal Expresso de Felgueiras, na página 7 da edição deste mês, deu também espaço de opinião relativamente ao mesmo caso, através de entrevistas aos presidentes das Juntas de Freguesia da área, que aceitaram o repto de mostrar seu posicionamento quanto ao assunto.



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Armando Pinto

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Suplemento do JN “Especial S. Pedro” sobre a Festa Concelhia de Felgueiras


O Jornal de Notícias, conhecido diário de grande implantação nacional, dedicou na sua edição desta quinta-feira, dia 27 de Junho, no dia do inicio do programa das Festas do Concelho de Felgueiras, um caderno-suplemento de oito páginas sobre a Festa Municipal Felgueirense.


Em sinal de apreço, na linha de anteriores iniciativas de diversos periódicos sobre esta nossa terra-mãe de Felgueiras, registamos o facto. Colocando aqui, para maior conhecimento de todos os felgueirenses, e não só evidentemente, a 1ª página do mesmo “Especial S. Pedro”, com aval de Felgueiras + Positiva…! 

Armando Pinto

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