Espaço de atividade literária pública e memória cronista

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Recortes de Imprensa - Colaboração no Semanário de Felgueiras


Tal como aqui temos vindo a dar nota de artigos entretanto publicados e no seguimento da atividade publicista do autor, colocamos agora dois recortes da colaboração ao jornal Semanário de Felgueiras, reportando à edição da presente sexta-feira. 

Assim sendo, aqui ficam duas peças jornalísticas do autor, com lugar mais recente no SF. Cujos textos se podem ver nas imagens (e ler após ampliação), em recortes visuais da própria edição desta sexta-feira dia 12 de Outubro. 

Eis aí, então: 

Primeiro uma pequena nota noticiosa, inserta na página 5 da edição de papel do referido jornal felgueirense...


...e depois um artigo, da habitual crónica desenvolvida, integrante da página 10 do mesmo SF.


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© ARMANDO PINTO


quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Felgueiras nos Caminhos de Santiago - Variantes Locais do Caminho Português no Douro Litoral e Entre Douro e Minho


Nas muitas afinidades e influências mútuas do noroeste peninsular, mais propriamente da Galiza e Entre Douro e Minho, por entre velho sentimento religioso e tradições seculares comuns, há ligação refletida na devoção ao santo evangelizador da Península Ibérica e nos Caminhos de antiga peregrinação ao seu santuário de Compostela. 

Desde que, em 814, foi descoberto o local da sepultura do corpo do Apóstolo S. Tiago, conforme se diz, na Galiza, e erigido em sua honra o santuário que passou a albergar o alusivo túmulo, aquele sítio galego transformou-se numa verdadeira encruzilhada ou entroncamento de povos, entre os quais os portugueses. Como peregrinos, esses andarilhos iam de terra em terra, com passagens em sítios tradicionais propiciadores de caminhos e fontes, e breves paragens em albergarias e santuários, juntando diferentes costumes e culturas, reunindo poetas e cantadores, num cenário exuberante de movimento, cujo efeito se fez também sentir em parcelas do concelho de Felgueiras. 

Emerge, no caso comum, parentesco ganho com a interligação resultante das peregrinações enraizadas por séculos de história. Com efeito, dos fenómenos sociais acontecidos ao longo dos tempos, aquelas peregrinações em demanda de Compostela, para visitar o túmulo do Apóstolo, marcaram profundamente a história e carácter da região. E os respetivos itinerários de passagem, tornados conhecidos por Caminhos de Santiago, há séculos que transportam povos e terras, desde a Idade Média, a chegar onde perdura a memória feita gente, com história e crenças moldadas nos símbolos que estão associados à sua perceção.


= S. Tiago, Padroeiro de Rande – exemplar de estatuária sacra do século XIII, com vestes e adereços de peregrino. = 

Há uma linha familiar com que o falar nortenho do “pobo” português manteve laços à maneira galega de expressão (mantendo-se popularmente no interior minhoto-duriense o b, em vez de v, como réstia da antiga cumplicidade, enquanto o mesmo b se mantém oficialmente na língua tradicional da terra céltica galega). Na mesma ideia, por assim dizer, os Caminhos de Santiago permanecem no subconsciente, bem vincados na tradição – e que o digam os poetas luso-galaicos, os etnógrafos ibéricos, os historiadores nortenhos – a partir da resistência mútua dos povos entre o Cantábrico e o rio Douro, até às viagens através de ancestrais calçadas a lajedo, que ficaram como marcos milenares de encurtamento das distâncias e fatores de unidade. 


= Itinerários dos Caminhos de Santiago em Felgueiras - pormenor ampliado do mapa abaixo publicado.

S. Tiago, evangelizador da Ibéria, foi o primeiro Apóstolo mártir e, no decurso dos tempos, o primeiro Padroeiro do reino de Portugal. Como tal aquela ideia de peregrinação ganhou contornos especiais, afeiçoada a sua devoção com lendária ajuda espiritual na guerra cristã contra os mouros. Vindo a ressaltar influência no desenvolvimento de acessos e outras condições a povoamentos locais, ante a passagem dos peregrinos forasteiros, quando foram empedrados caminhos necessários e restauradas antigas vias romanas, criadas igrejas, hospedarias e inerentes acondicionamentos, canalizando a enorme afluência humana, através de cujas sucessões se criaram pequenos priorados na passagem e comunidades que escolheram o santo para orago (conf. anotado no “Memorial Histórico...”).

= Imagem de S. Tiago, com a palma de seu martírio, em pintura no teto da igreja paroquial de Rande. =

As terras de Felgueiras também sentiram esse surto que é tido por património histórico e humano de muitas regiões afins. Dos Caminhos Portugueses para Santiago de Compostela havia vários trajetos, entre os quais alguns confluíam nesta zona por meio de caminhos antigos, que permitiam aos peregrinos seguirem na direção da Via Láctea – com passagem ao sul, do concelho de Felgueiras, por Rande ou próximo também, rumo que seguiam os que atravessavam o Douro na região de Entre-os-Rios e vinham por Penafiel ao extremo do atual concelho de Lousada, por Cernadelo; e mais a norte em Sendim (onde no correspondente percurso, junto de antigo caminho e hoje estrada bifurcada com um arruamento, próximo ao solar de Sergude, há uma popular capelinha alusiva com imagem de S. Tiago), pois que havia outros trajetos usados na região, provindos de Riba-Tâmega; e todos eles normalmente ligando a Pombeiro, em demanda do Baixo Minho. 

Assim, não está correta a sinalização recente, ilustrada com logotipo da estrela alusiva e, colocada em finais do século XX, em placas ou painéis patentes junto a estradas nacionais, já que os verdadeiros Caminhos iam por atalhos de outrora, de que ficaram réstias, como de facto se verifica nas velhas calçadas de Caramos, Rande e via romana de Pombeiro.

= Mapa dos caminhos de Santiago que passaram pela atual área da Diocese do Porto (pois que até 1881 as paróquias de Felgueiras, entre outros casos, foram da Arquidiocese de Braga). =

A tradição dessa estrada de fé, dos roteiros percorridos pelos viajantes de bordão e vieiras, noutras eras, imprime, muito para além da penitência e fé indulgente, tal qual a orientação antiga dos caminhantes pelas estrelas da galáxia, um rasto de magia cultural, uma mão cheia de recordações existenciais de tempos e modos do imaginário coletivo. 

== Atualização de crónica publicada no Semanário de Felgueiras (em artigo inserto na edição respetiva de 23/7/1999). 

*** ***

Sobre o assunto registamos no livro “Memorial Histórico de Rande e Alfozes de Felgueiras”, publicado em 1997, diverso material respeitante, ao logo de algumas folhas, desde a página 102 até à 109 desse volume. Porque nem todas as pessoas interessadas nestas matérias terão tido conhecimento ou pelo menos oportunidade de conhecer o conteúdo desse livro, colocamos aqui, para os devidos efeitos, quatro dessas páginas, como complemento ilustrativo.





Armando Pinto 

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segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Recordações Visuais do Original Museu Etnográfico da Associação Casa do Povo da Longra - Felgueiras


Correndo cortinas do passado, calha vez, desta feita, de aqui se recordar em imagens alguns aspetos do antigo Museu Etnográfico da Casa do Povo da Longra, que havia sido instituído definitivamente (como se pensava) como exposição museológica permanente, em Junho de 1999. Mas que posteriormente, a partir de 2007, foi reduzido. 

Essa realização surgira a partir duma primeira exposição efetuada em Abril de 1995, através da então denominada Exposição da Memória Etnográfica da Longra. Havendo tido seguimento, volvidos alguns anos, por meio de uma maior exposição ocorrida aquando da comemoração do 60º aniversário da Casa do Povo, em Abril de 1999. Continuando de imediato a instalação em espaço próprio, quão ficou organizado para permanecer assim logo no seguinte mês de Junho de 1999. Após a saída do Presidente da Associação que havia criado o mesmo museu, esse espaço, que antes ocupava três salas, foi encurtado pela nova Direção para um pequeno compartimento e corredor de acesso.


De tal antiga área museológica, que dava para juntar em pose muita gente e recebia visitas de muitas pessoas que cabiam juntas, ao mesmo tempo (como se pode ver por algumas fotografias), onde havia numeroso espólio então existente, deixamos aqui para memória perene diversas recordações visuais, contando panorâmicas possíveis e pormenores mais curiosos e interessantes, do genuíno museu de material recolhido nos primeiros anos do Rancho Folclórico Infantil e Juvenil da Casa do Povo da Longra.








© ARMANDO PINTO

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quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Felgueiras no 5 de Outubro de 1910… em artigo no SF.


Em mais uma sequência de nossa colaboração publicista, damos desta vez conta do artigo que faz parte do número atual do jornal Semanário de Felgueiras, distribuído publicamente nesta quinta-feira, atendendo ao feriado de amanhã - por sinal este ano assinalado pela última vez a nível nacional, por imposição da nova vaga política reinol.


Assim, partilhamos aqui a respetiva coluna, para conhecimento de eventuais interessados sobre a crónica impressa na edição correspondente à sexta-feira, dia 5 de Outubro.

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Do mesmo trabalho, para facilitar a leitura, juntamos o texto original: 

Felgueiras e o 5 de Outubro… 

Entrado Outubro no calendário, depara-se a chegada do tempo incerto outonal, como que saudoso de melhores dias, enquanto no meio ambiente tal nostalgia se contagia pelas troikas e baldrocas do estado do país. No qual, ainda antes do cair das folhas, este ano se comemora o feriado do 5 de Outubro, da implantação da República que a atual geração política não aprecia muito, pelos vistos. 

Ora, essa efeméride, que afinal de contas devia dizer algo aos portugueses, tem também laços afetivos a Felgueiras, como acontecimento em que esteve presente certa colaboração conterrânea à transformação acontecida em 1910. Uma data histórica bem paradigmática de profunda transformação na vida nacional, quer a nível político pela mudança do cetro monárquico para o regime constitucional republicano, bem como a nível social por via do desenvolvimento surgido, segundo se notou na evolução repentina. Aí Felgueiras também teve, enfim, ligação a esse movimento da implantação da República: No terreno por meio da ativa participação de João Sarmento Pimentel, então jovem que apesar de ser transmontano de nascimento era Felgueirense de residência, atendendo à sua estada mais regular em Felgueiras, habitante que foi na casa-mãe da sua família (solar da Torre, em Rande). E através de contribuição logística do Felgueirense Dr. António Pinto de Sampaio e Castro, político local de ideias republicanas. 

Com efeito João Pimentel, como Cadete da Escola do Exército, tomou parte ativa incorporando-se com armas na decisiva batalha da Rotunda, em Lisboa, dando o corpo ao manifesto da revolta do 5 de Outubro que implantou a Republica em Portugal. O Dr. António Sampaio Castro, personagem muito respeitado, contribuiu no movimento a modos que anonimamente, atuando na clandestinidade durante o último período da Monarquia. Sendo assim o Dr. António Castro grande ativista político e amigo de João Sarmento Pimentel, ficou no conhecimento popular que o Cadete Militar, João da Torre, levara para Lisboa artesanais bombas feitas na Longra, na Casa do Dr. Castro, na Leira, de Rande (onde residia, embora oriundo de família da Casa de Moinhos, do Unhão), pelo que se tornou lendário que algumas das primitivas cargas usadas na implantação da República foram originárias de Felgueiras. 

Ora, no longínquo 1910, por tal motivo o Dr. Luís Gonzaga Fonseca Moreira, figura de prestígio local e amigo dos dois personagens republicanos em apreço, escreveu no jornal de Felgueiras desse tempo a novidade, transmitida com grande ênfase a dar conta da participação do então Cadete João Pimentel no 5 de Outubro, conforme notícia inserta nesse Outono no periódico concelhio sob título “Um Bravo”. A vitória do 5 de Outubro foi mesmo aclamada publicamente na vila de Felgueiras, em frente ao edifício onde funcionavam na época os Paços do Concelho, largo que por esse facto ficou durante longas décadas denominado como Praça 5 de Outubro (até que estranhamente o nome foi alterado em 1993 para Praça do Foral). 

Depois sobre o Dr. António Castro, então Conservador concelhio, recaiu escolha para Administrador do Concelho após a implantação da República, sendo ao mesmo tempo Conservador do Registo Civil de Felgueiras. Desempenhava as funções de Administrador quando, anos volvidos, se deu o levantamento oposicionista da Traulitânia que impôs a Monarquia do Norte, em finais de 1918. Então manteve-se fiel à Republica e, apesar de pressionado para se demitir, resistiu e fez com que tudo se mantivesse normalizado, pelo que foi muito vitoriado aquando da derrota desse efémero regime. Mal se soube do movimento liderado por João e (seu irmão felgueirense) Francisco Sarmento Pimentel, na restauração da República no Porto, a 13 de Fevereiro de 1919, juntou-se muito povo em Felgueiras, no Largo 5 de Outubro, em frente ao “Registo”, numa manifestação popular de júbilo pelo importante protagonismo conterrâneo no derrube do regime de Couceiro e aplauso pela atitude firme do Dr. António Castro... 

Mas isso são já outras histórias, importando agora focar ter havido contribuição felgueirense na causa republicana, qual certeza que houve e há cá dentro gente digna de honrosa memoração. 

ARMANDO PINTO 

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terça-feira, 2 de outubro de 2012

Centenário do Falecimento de Guilhermina Mendonça, a “Menina de Rande” de nossa devoção popular na região…


Como com antecedência lembramos num artigo publicado no jornal Semanário de Felgueiras, relembramos que ocorreu recentemente a passagem de cem anos do falecimento da Menina Guilhermina de Rande. Facto que agora trazemos para este espaço, como sítio que de alguma forma serve para focar sentimentos que vão e estão na alma. 

A efeméride desse centenário, desde que partiu para o Pai Celeste essa Menina considerada santa popularmente, foi assinalada na proximidade através duma ação particular, em romagem efetuada pela Turma de Catequese de Rande e Sernande que este ano fez a Festa da Vida, indo em grupo, numa iniciativa dos respetivos catequistas, orar até ao jazigo-capela da Menina de Rande.


Na ocasião foram lidas passagens de seu registo biográfico, do livro “Memorial Histórico de Rande e Alfozes de Felgueiras” – onde consta entre as páginas 281 até à 289, desse volume historiador que escrevemos e foi finalmente publicado em 1997. 

Recorde-se que Maria Guilhermina de Barbosa Mendonça nasceu a 16 de Outubro de 1889, na Casa de Rande, da freguesia do mesmo nome, e morreu em 2 de Setembro de 1912, sendo sepultada em jazigo de família, no cemitério paroquial de Rande, concelho de Felgueiras. 

Em ilustração desta nota de referência, juntamos imagens insertas na referida biografia, que falam por si e escusamos de legendar por integrarem as páginas do mesmo livro da história da região.


a) Armando Pinto 

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sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Dr. Dias Ribeiro: “In Memoriam” – Crónica no Semanário de Felgueiras


Na sequência do artigo anterior aqui transmitido e da pesquisa entretanto efetuada, damos conta do artigo que desenvolvemos para publicação, em mais alargado tributo ao simpático Presidente da Câmara de Felgueiras dos tempos de escola do autor…


Assim, dentro da colaboração que prestamos ao jornal semanal felgueirense, damos agora nota do mais recente artigo, da atualidade, no Semanário de Felgueiras. Partilhando aqui a respetiva coluna, para conhecimento de eventuais pessoas interessadas sobre a crónica impressa na edição desta sexta-feira, dia 21 de Setembro.


(Clicar sobre o recorte digitalizado, para ampliar) 

Do mesmo trabalho, para facilitar a leitura, juntamos o texto original:


Dr. Dias Ribeiro: o Presidente Sorridente 

Faleceu recentemente, mais precisamente a 13 deste mês, um senhor que faz parte efetiva da história felgueirense: o Dr. José Dias de Sousa Ribeiro. Conhecido por Doutor da Gandra e mais tarde residente na então vila de Felgueiras, salientou-se sobremaneira por ter sido Presidente da Câmara Municipal de Felgueiras, corriam ventos amenos no país então quase arredio de evolução, em plena década de 60, do séc. XX. Era distinto advogado, muito dado à cultura e dotado poeta, sendo deveras premiado em concursos de quadras populares e outros géneros de poesia. Residiu em Guimarães nos seus últimos anos. 

Desapareceu então fisicamente o Dr. Dias Ribeiro, como era mais conhecido, esse que se pode considerar um presidente-poeta. Aquele senhor sorridente, por natureza, que era admirado respeitosamente mas não muito conhecido publicamente, entre as gerações mais novas, dado o seu feitio reservado. Mas integrante do imaginário felgueirense de eras recuadas, dos tempos da antiga vila em transformação. Depois de ter deixado esse cargo, respondeu afirmativamente sempre que solicitado para servir a terra de Felgueiras, havendo pertencido a vários organismos e sido Juiz da Mesa da Confraria de Santa Quitéria, em cujo mandato decorreram as mais visíveis obras efetuadas nas cercanias do templo de Santa Quitéria, na alameda do alto da Santa, através de intervenção da Câmara Municipal de Felgueiras, em 1983, quando o executivo do Dr. Machado de Matos deu nozes aos dentes felgueirenses… onde anteriormente era voz do povo que as dava Deus a quem não tinha dentes. 

Há homens que vivem passando ao lado da história; outros que fazem História. O Dr. Dias Ribeiro era um desses últimos, quão se inseria na história dos homens de Felgueiras. Mesmo que, contra sua vontade, em seu mandato municipal não hajam surgido grandes obras, por falta de verbas, apesar de ter havido alguns projetos interessantes, na sossegada sede felgueirense. 

Há documentos comprovativos (como foi referido no Fórum Pensar Felgueiras Cidade, decorrido em 1994) de ter pedido dinheiro para isso, mas nem resposta veio do Governo. Na linha das grandes distâncias, ao tempo mais ainda, entre Lisboa e o resto do país paisagístico. Ora nesse período esteve em cima da mesa um Plano do Parque Municipal, para ser implantado na reta para os Carvalhinhos, nos terrenos do mais tarde chamado Parque das Estacas, onde muito mais tarde foram implantados os edifícios da GNR, Centro de Saúde, Biblioteca e a bomba de gasolina próxima. Ali, nos idos da década de sessenta, esteve então para nascer um parque florestal de lazer, qual espaço verde com court de ténis e uma pequena biblioteca. Como não houve dinheiro a Câmara entretanto começou ali a armazenar materiais, numa função provisória que acabou por se prolongar pelos tempos fora. O armazenamento fixou-se, de permeio fez-se o posto de combustíveis, e o anseio diluiu-se. Até à ideia ter passado ao esquecimento, nos mandatos dos sucessores. Tal como (sabendo-se que a vila ainda tinha muitos espaços agrícolas) esteve prevista uma alameda a rasgar de cima a baixo, até à mais tarde chamada avenida nova (Avª Leonardo Coimbra, hoje), que por ter percorrido mandatos municipais dos sucessores, também, era antigamente chamada dos 3 presidentes. Contudo, sem ovos para fazer omeletes, ficou ideia de ter conseguido uma boa gestão, com o que tinha à mão. 

Embora residente fora, por fim, teve sempre escritório na sede do seu e nosso concelho, mantendo-se atento. Como demonstrava, por vezes, em intervenções poéticas, qual foi o célebre poema irónico ao “Jazigo de Nicolau Coelho”, aquando da implantação da estátua do navegador na praça ainda de terra …

Era esse senhor, com efeito, que se via a andar pela vila e posterior cidade de Felgueiras, sempre com cara de riso e muito afável. E para o autor destas linhas era o marido da nossa professora primária, com quem simpatizávamos pelas imagens que nos ficaram na retina, dessas eras. Para Felgueiras era e é um ex-Presidente sempre recordado. De boa memória. 

ARMANDO PINTO 

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domingo, 16 de setembro de 2012

Homenagem ao Presidente-Poeta de Felgueiras – pela morte do Dr. Dias Ribeiro


Faleceu recentemente um senhor que faz parte efetiva da história felgueirense: o Dr. José Dias de Sousa Ribeiro. Salientou-se sobremaneira por ter sido Presidente da Câmara Municipal de Felgueiras, em plena década de 60, do séc. XX. Era distinto advogado, muito dado à cultura e dotado poeta, sendo deveras premiado em concursos de quadras populares e outros géneros de poesia. Residiu em Guimarães nos seus últimos anos. 

Em homenagem a esse simpático personagem da História de Felgueiras contamos publicar proximamente um artigo jornalístico, embora a necessária pesquisa sobre seu currículo biográfico não seja fácil, por escassearem referências públicas, em publicações dos últimos trinta anos, pelo menos, sobre tal figura. Entretanto, deixamos aqui uma composição poética de sua autoria, que ficou famosa e provocou grande impacto, aquando da implantação (em 1988) da estátua de Nicolau Coelho em Felgueiras, por ter ficado no meio dum descampado (como era e foi durante tempos a depois Praça das Comunidades, em frente à Biblioteca Municipal), além do conjunto escultórico mais parecer uma campa, tipo jazigo de sepultura térrea - coisa que, afinal, anos depois foi alterada parcialmente… dando razão ao seu irónico poema. 

O sucesso desse poema em sextilhas foi tal que, sucessivamente, teve publicação nas mais variadas edições locais e regionais. 

Eis aqui, em transcrição digitalizada, o mesmo – conforme foi publicado em 1989, sem assinatura, como popular que já era, num jornal para as Autárquicas / 89.


Armando Pinto 

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