Espaço de atividade literária pública e memória cronista

sexta-feira, 29 de abril de 2022

Quando a Feira de Maio de Felgueiras alargou horizontes com o I e II Circuito de Felgueiras, em 1950 e 1951

 

Felgueiras já teve em tempos idos uma prova oficial de ciclismo de categoria superior, corrida dentro do perímetro urbano da então vila cabeça do concelho, com a participação de ciclistas do principal escalão, ao tempo chamado de Independentes (mais tarde profissionais e de Elite), em representação das principais equipas portuguesas do Mondego para cima, como se dizia. Prova essa realizada no princípio da lustrosa década dos anos 50, então a fazer parte do programa da tradicional Feira de Maio, quando foi para a estrada em dois anos consecutivos, ao correr de 1950 e 1951, através de valoroso lote de participantes integrando pelotão de nomes famosos do ciclismo português desse tempo.

Ora, esta feira anual que desde 1901 se realiza no primeiro fim de semana de maio na sede do concelho de Felgueiras, por diversas vezes havia tido no seu programa «uma agradável corrida de bicicletas», como por exemplo ocorreu em 1919 e foi presença nos cartazes de outros anos, enquanto corrida de populares, vulgo Amadores. Sendo que então em 1950 e depois repetindo em 1951, foi já de caráter oficial e com ciclistas federados. Havendo sido organizado tal circuito nesses dois anos por grande empenho de um dos membros da Comissão de Festas, Adriano Castro, enquanto esteve na organização desses anos esse felgueirense grande entusiasta de desporto e com contactos desportivos na cidade do Porto. Sendo então a Comissão constituída por Adriano Sampaio e Castro, Daniel Moura, Albano da Costa e Sousa, Joaquim Teixeira Bica, José Alves Cunha Felgueiras e Fernando da Costa e Sousa. Tendo, com o Circuito de Ciclismo de Felgueiras a Feira de Maio, festa e feira franca de concursos pecuários e de divertimentos alargado horizontes, despertando assim muito mais atenção a longa distância e atraindo forasteiros de distantes paragens.

Acrescendo que na mesma realização, "com a colaboração da Associação de Ciclismo do Norte", estiveram em disputa de ambas as vezes a Taça Câmara Municipal de Felgueiras para o vencedor individual, e outra taça para a equipa vencedora da classificação coletiva.

Ora, em 1950 a Feira de Maio de Felgueiras calhou no fim de semana dos dias 6 e 7 de Maio. E em 1951 nos dias 5 e 6 desse mesmo mês das flores e dos amores. A que acorreram mais romeiros que noutros anos, perante o aliciante programa que, além do habitual concurso de expositores de gado, corrida de cavalos e cortejo etnográfico ("Cortejo das Lavradeiras com o carro  da Bicha de sete cabeças"), teve corridas de ciclismo de alto nível com o Circuito de Felgueiras, trazendo à então vila de Felgueiras e para atração popular os ídolos do ciclismo nortenho desse tempo.

Assim sendo, em 1950 no oficial I Circuito de Felgueiras, a 7 de maio, participaram as equipas do FC Porto, Salgueiros, Académico, Sangalhos e Centro Ciclista de Gaia.

Foi então grande o entusiasmo, da enorme mole humana apinhada nos passeios da vila, a vitoriar os corredores. Tendo vencido individualmente o ciclista Manolo Rodriguez, do Sangalhos e coletivamente o FC Porto. Após ter sido renhidamente disputado o sprint final, no epílogo das várias voltas ao percurso do circuito, com os ciclistas chegados em pelotão à meta, instalada na Avenida Magalhães Lemos, onde o Sangalhense foi seguido em 2º lugar por Onofre Tavares, em 3º Luciano Sá e em 4º Fernando Moreira de Sá, todos do FC Porto, resultando com essa classificação terem os mesmos pontuado para a vitória por equipas. Enquanto assim, com esse triunfo coletivo, o FC Porto conquistou aí a “Taça do I Circuito Ciclista de Felgueiras", de "Maio-1950". Como se pode comprovar por referência no Relatório Anual do FC Porto... 


 ... e por recorte do jornal Notícias de Felgueiras , edição seguinte de 11 de maio de 1950.

No ano seguinte, novamente voltou essa azáfama e entusiasmo a tornar a Festa do Maio de Felgueiras mais badalada. Com o a segunda edição do Circuito. 

Então a 6 de maio de 1951 decorreu em Felgueiras, no âmbito da anual Feira de Maio, o II Circuito de Felgueiras. Prova de ciclismo pela segunda vez dentro do programa festivo dessa tradicional festividade concelhia da terra do Pão de Ló de Margaride, a seguir na roda da corrida que já tivera 1ª edição no ano anterior. Estando outra vez em disputa a Taça Câmara Municipal de Felgueiras para o vencedor individual, e outra taça para a equipa vencedora da classificação coletiva.

Ora, nessa prova que dava a volta ao concelho felgueirense, em diversas voltas, com saída e chegada à nesse tempo vila de Felgueiras, por entre alas do povo romeiro dessa festa de grande feira de ano, triunfou então em 1951 o ciclista Aniceto Bruno, do FC Porto. Enquanto na soma classificativa por equipas o FC Porto também venceu coletivamente, repetindo o triunfo por equipas obtido no ano anterior, também

Dessa feita, nos jornais de Felgueiras, embora tendo a festividade merecido registos, não foram mencionadas as classificações. Sabendo-se contudo os resultados mais salientes pelo que consta no relatório Anual do FC Porto. 

Com a dupla vitória em 1951 o FC Porto recebeu a “Taça Câmara Municipal de Felgueiras” do 2º Circuito de Felgueiras (6-5-951) – conforme consta do relatório anual do FC Porto de 1950-1951. No qual estão também registadas as classificações dos restantes ciclistas do FC Porto.

E assim Aniceto Bruno terminava em beleza sua longa carreira, pois desse modo no ano de sua despedida e ainda antes de pousar a bicicleta (que aconteceria após a Volta a Portugal), ele venceu esse 2º Circuito de Felgueiras, na ao tempo ainda vila de Felgueiras, em pleno Douro Litoral e interior do distrito do Porto, ficando marcado em seu percurso de ciclista a data de 6 de maio do ano de 1951.

 Equipa do FC Porto de Ciclismo de 1951, participante na XVIª Volta a Portugal em Bicicleta - da esquerda para a direita: Dias dos Santos, Fernando Moreira de Sá, Luciano Moreira de Sá, Amândio Cardoso, Joaquim Costa, Onofre Tavares, Amândio de Almeida, Aniceto Bruno e Joaquim Sá.

Nas páginas do referido relatório de Gerência do FCP estão também enumeradas as taças que ficaram na posse do clube nesse período, constando os trofeus do Circuito de Felgueiras. Como se pode ver pelos números 788 e 852 da lista respetiva. Além de se poder verificar como na época proliferavam os circuitos realizados por muitas terras do país.





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Nota: O conhecimento pessoal deste apontamento sobre o Circuito de Felgueiras, como está subentendido, foi e através da transmissão oral ouvida em tempos idos a pessoas mais velhas, e depois através de pesquisas em jornais antigos de Felgueiras, bem como seguidamente pelo referido Relatório de Gerência de FC Porto de 1950-51, que como tal registava as classificações relativas ao clube. Não constando todavia qualquer imagem fotográfica nos jornais de Felgueiras relativamente a esses I e II Circuito de Felgueiras.

Armando Pinto

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quinta-feira, 28 de abril de 2022

Sobre o I e II Circuito de Ciclismo de Felgueiras...

Felgueiras já teve um Circuito oficial de Ciclismo, realizado em dois anos dentro do programa de festas da anual Feira de Maio, no princípio da década os anos 50 – o I e II Circuito de Felgueiras, com ciclistas famosos, à época chamados Independentes (mais tarde Profissionais e de Elite). Já em tempos fiz uma crónica sobre isso. E esse será o tema de um próximo artigo, após investigação mais detalhada em jornais antigos de Felgueiras.

Armando Pinto

terça-feira, 26 de abril de 2022

Um livro de vez em quando… “Associação Casa do Povo da Longra 60 Anos ao Serviço do Povo” (historiador da C. P. L. – publicado em 1999)

No dia em que a Casa do Povo da Longra comemora 83 anos de existência, vem a propósito recordar que em 1999 foi publicado um pequeno livro a historiar a instituição, por ocasião comemorativa do então Sexagenário, em 1999. 

Livro esse, da lavra do autor deste blogue também, a assinalar o programa comemorativo, à época, com registo extensivo do historial da mesma Casa, fundada a 26 de abril de 1939 por Despacho Ministerial, a corresponder a processo histórico que deu sequência à antiga e anterior Associação Pró-Longra.

Dessa publicação juntam-se imagens da capa e de algumas das suas páginas, como ilustração.


Armando Pinto

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segunda-feira, 25 de abril de 2022

Fim da “Guerra Colonial” com o 25 de Abril – em 1974… E relacionada “Exposição Memórias da Guerra”… em Felgueiras - 2022 !

 

O 25 de Abril, entre todas as cambiantes relativas a esse acontecimento de período tão marcante na vida portuguesa, teve como especial referência afetiva o fim da Guerra Colonial, que levava os jovens para a guerra do então Ultramar, na guerrilha nas Províncias Ultramarinas de África. Coisa que a partir dali deixou de acontecer. Sendo esse o foco principal que logo despertou a atenção geral, à época. Algo também pessoalmente muito apreciado, mesmo porque eu, após o recenseamento militar de 1972, já estava apurado para a tropa desde 1973, ao tempo em espera de ser chamado ainda para esse serviço obrigatório. Mas então, após 2 anos de longa espera, em que com essa situação indefinida nem conseguia arranjar emprego, isso felizmente ficou sem efeito… acabando depois por ter passado à "Reserva Territorial", sem ter sido necessário passar aquele martírio. Tendo no entanto de pagar ao Estado por isso… conforme ficou registado na Caderneta Militar.

Ora, passados estes anos, além das lembranças do 25 de Abril, também pelo concelho de Felgueiras, convém não esquecer o que era isso da guerra, pelo facto da juventude ao atingir a maioridade ter de ir combater para África e sabe-se lá se por lá morrer, como aconteceu a tantos. Pese o facto de se dizer nesse tempo que a maioria das mortes eram por acidentes, como se as balas, granadas e as minas de bombas não fizessem mal algum… na oficial transmissão noticiosa e na popular passagem oral! Vindo assim agora bem a propósito vincar toda essa envolvência, como está agora patente na cidade de Felgueiras, em pleno jardim municipal fronteiro aos Paços do Concelho, a “Exposição Memórias da Guerra que os levou”. Mostra visual, documental e ilustrativa que estará patente até dia 31 de maio.

Armando Pinto

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Lembranças do 25 de Abril de 1974 em Felgueiras...!

25 de ABRIL DE 2022 

Passaram já 48 anos desde que aconteceu o 25 de Abril, desde o dia do golpe militar que derrubou o regime do Estado Novo, que por sua vez durara 48 anos.

Assim sendo, já estamos há tantos anos no chamado sistema da democracia, como os que viveram esse tempo conheceram e afinal o país esteve no chamado regime fascista, a ditadura de Salazar e que Caetano ao lhe suceder chegou a entreabrir com a primavera Marcelista, entretanto depressa desaparecida, ante recuo político que deu origem a descontentamentos e consequentemente ao derrube, em 1974. Saltando logo no íntimo das pessoas o facto dos jovens deixarem de ir para a guerra, o que foi a melhor coisa então surgida.

Passados estes anos, contudo, o espírito de Abril de 74 que abriu novos horizontes, como se dizia, também despareceu entretanto e hoje já nem se sabe ao certo em que regime se vive em Portugal, a não ser que está a ser um país de corrupção de altos poderes, a pontos de ser considerado um regime de domínio de sistema, quer politica, como social e até desportivamente, com a capital do país a dominar tudo e o resto a ser paisagem, apenas.

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De permeio, o 25 de abril em Felgueiras foi um tempo romântico, de grandes esperanças. Tendo passado demasiado tempo sem se cumprir tais anseios. Bastando ver que à época a vila de Felgueiras não era inferior a outras vilas vizinhas e os concelhos se equiparavam, enquanto até anos ainda bem recentes se acentuaram diferenças, como se sabe. 


Exemplo disso é a imagem que a anexa foto transmite, em coeva reprodução fotográfica, vendo-se parte do terreiro do antigo campo da feira – onde nesse tempo, ao que se dizia, ia haver uma intervenção urbanística condizente para dar outro aspeto ao centro da então vila. Enquanto passados anos foi feito o que foi… até a estragar a fisionomia do cenário de enquadramento (por trás) ao edifício da Câmara Municipal, que por sua vez também sofreu por tabela, depois, como é familiar aos olhos da atualidade.


E pelas freguesias, em parte, então nem é bom falar, como se diz, mas tem de se lembrar... chegando ao cúmulo de terem feito desaparecer algumas freguesias oficialmente, estando para se saber ainda como foi o diferente tratamento entre umas e outras – assim como estará a ser ou não feita qualquer coisa para repor a justiça e igualdade que se pensava advir do 25 de abril, sempre.

Coisas que são do domínio público. Algo que um dia a história analisará devidamente em mais distância de tempo. Com culpas não apenas de um partido, mas vários, afinal dos partidos e políticos ao tempo no poder e com representações nas Assembleias, mais membros das Juntas e Assembleias de Freguesia da época, etc. 


Posto isto, recorde-se o discurso do Dr. Machado de Matos, figura localmente associada a esses tempos, na sua oração entusiasta na primeira manifestação ocorrida em Felgueiras, passados dias, em abril de 1974, sobre os novos tempos dessa época. 


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Ora, o 25 de Abril ocorrido em 1974 representa um marco da História da Pátria Portuguesa e um tempo de recordações diversas de índole particular e coletiva, contando também a nível local e regional. Algo acontecido numa época de transição dos românticos tempos da música popular para a yé-yé, de receio da ida para a tropa por causa da guerra colonial, onde a mocidade perdia seus melhores tempos; assim como era de ampliação da vida laboral, quando a metalurgia começava a dar espaços à mecanização do fabrico do calçado pelas terras do concelho de Felgueiras, e mais umas quantas situações que fazem parte da memória das pessoas que viveram essas peripécias ou através de alguém ouvem contar.


Passados agora 48 anos desses tempos bonitos, quando o espírito do 25 de abril se diluiu quase já pelas políticas de anos mais ou menos recentes, sobretudo, apraz recordar algo do que também aconteceu em Felgueiras nessa era, onde quase nada acontecia,praticamente. Mas logo nos primeiros e seguintes dias também na terra do pão de ló houve ocorrências relacionadas com a transformação social operada no país, naqueles idos de meio da década de setenta, no já passado século XX. De cujas recordações aqui deixamos algumas imagens e colunas noticiosas, que apraz registar à posteridade.

Armando Pinto

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