Espaço de atividade literária pública e memória cronista

sábado, 21 de setembro de 2013

Eleições históricas para o futuro da área da Longra e suas gentes ... com a imposta União de Pedreira, Rande e Sernande.


Estão aí as eleições autárquicas de maior impacto futuro, algo que será ou não limpinho, como diria o outro, tal o estado próximo a sair das votações dos órgãos de administração local, a pairar na vizinhança temporal. Das quais advirá indispensável serviço às populações e interligação social capaz de atrair interesse comunitário, ou desinteresse pela causa comum, da cousa pública.

Sem qualquer encomenda de sermão, pois o autor deste blogue não está incluído nem comprometido em quaisquer das listas concorrentes a este sufrágio, colocamos aqui as duas fações com possibilidades de alcançar os objetivos a que se propõem, no simples intuito historiador e de afeição conterrânea.


Temendo-se embora que se o centro organizativo ficar descentralizado, eventualmente, ou seja, possivelmente com a organização fora dum centro e tudo sediado num extremo, passe a existir distanciamento, não devemos agora colocar nada mais em cima da mesa de voto… visto que foi deixado ao calha tudo isso, por quem poderia em devido tempo ter salvaguardado os interesses gerais.

Resta aguardar o que reservará o futuro, se nos iremos ou não rever na reorganização por ora ainda dita da União de Rande, Pedreira e Sernande, ou se pelo contrário mais valerá não dar mais qualquer interesse a assuntos locais da tal união forçada e forjada de freguesias… nem nada mais, do mesmo alcance.


Para um ponto de situação, como enquadramento atual e referência ao futuro, registamos à posteridade (aqui acima) uma nota de reportagem inserta no jornal Semanário de Felgueiras, da semana em curso, e (em baixo), por fim, uns respigos do livro  “As Ruas e Freguesias de Felgueiras”, editado em Janeiro de 2013 com chancela Felgueiras + Positiva, relativamente às freguesias da área em apreço.




Armando Pinto


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sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Lugares de Felgueiras, em Conferência na Longra...


No âmbito das apelidadas Jornadas Europeias do Património 2013, tem lugar esta sexta-feira, dia 20 de Setembro, na Casa do Povo da Longra, uma conferência sob título “Lugares de Felgueiras”, subordinada ao caso do local arqueológico apelidado de Cimalha.  Sessão essa que, com efeito (e segundo informa o cartaz, do qual tivemos conhecimento através de informação por pessoa amiga, na Internet), é dedicada ao conhecimento do chamado povoado da Cimalha, que em tempos foi descoberto e depois continuou soterrado no alto de Cimalhas, na fronteira de Rande com Sernande, uma das áreas da nova divisão administrativa que vai englobar Pedreira, Rande e Sernande, conforme o que foi decidido ainda há pouco tempo pelos poderes reinantes.

A propósito desta realização, atente-se na curiosidade duma atual nota divulgativa a nível nacional, publicada na imprensa desta sexta-feira, expressar assim tal curiosidade:

«Património é avó que tem de ser conservada», diz Souto de Moura

Na abertura das Jornadas Europeias do Património, o Prémio Pritzker equiparou o património a uma avó, uma que este «convive conosco, tem de ser bem conservado e não tem preço». O arquiteto Eduardo Souto de Moura entende que o «património é uma avó», que devemos estimar sem deitar contas aos custos.
Na abertura das Jornadas Europeias do Património, o Prémio Pritzker explicou que, tal como uma avó, o património «convive conosco, tem de ser bem conservado e não tem preço». Para o arquiteto, não se pode olhar a gastos para conservar o património como se faria com uma avó, pois «faz parte da cultura das pessoas conservar a afetividade». «É uma coisa do dia a dia. Não é uma coisa de que vamos falar de vez em quando», concluiu o arquiteto.


Na pertinência do tema, aproveitamos para recordar algo relacionado, que toca em afinidade no assunto. Através de um artigo já publicado parcialmente na imprensa felgueirense e destinado a integrar um trabalho literário a editar quando for possível.

Arqueologia histórica Felgueirense

            Quanto a notícias do passado, patentes em arqueologia pé-histórica local, sendo a região felgueirense como um refúgio algo ignoto em certas circunstâncias, detém o concelho de Felgueiras alguns presumíveis tesouros guardados no solo, sobretudo com relação a tempos remotos. Aliás lendas há relativas, com alusão sobre transmissões orais, referindo alguns objectos que teriam sido enterrados aquando da fuga dos mouros. Mas especialmente existem restos arqueológicos, desde a Idade do Bronze, pelo menos, bem como houve continuidade de formas de povoamento depois na Idade do Ferro, como há informações da área ter sido densamente povoada ainda antes da colonização romana, como ponto de passagem de Suevos, Celtas e Visigodos, assim como conheceu sensível desenvolvimento humano, económico e social desde a alta Idade Média e nomeadamente depois da Reconquista Cristã.
Do pecúlio longínquo e de toda a sucessão cultural derivada da estada de diversos povos, a região do actual território de Felgueiras é terra rica de tradições e com uma história velha em séculos que enriqueceu o seu património diverso, com realce ao arqueológico. Apesar de, na matéria em apreço, se poder só incidir atenção pelas antigas informações que ficaram transmitidas e pelas escassas recolhas, por ora elaboradas, de testemunho detentor de antigos povoamentos. O romano Plínio deixou expresso que na segunda metade do séc. I d. C. ainda existiam na região variadas cividades, englobando castros, referindo os antigos Calaicos. Dados mais tarde alastrados por pesquisadores antigos, inicialmente por estudos divulgados, em 1734, de ruínas e vestígios de antiguidades do conhecimento do historiador D. Jerónimo Contador de Argote (oriundo do sul, mas residente no Minho algum tempo), depois através de iniciativa do vimaranense Dr. Francisco Martins Sarmento, a partir de 1876. O qual descobriu e estudou diversos sítios arqueológicos, como em Lagares, onde havia característica de cavidades em forma de túmulos, que fariam parte de um grande povoado pré-histórico, posteriormente romanizado, conforme alguns dos achados indicaram, como o labor do mesmo indagador teve incidência igualmente em Regilde, no castro das Lazarinhas (lugar também conhecido por Coutada), detentor de uma série de plataformas sobranceiras ao rio Vizela, bem como havia vestígios de muralhas, fossos defensivos e estruturas de habitações da época que remontou até ao período romano, onde inclusive surgiu uma moeda imperial, além de fragmentos de cerâmica e alguns exemplares de mós manuais no cristelo de Santa Comba. Estendendo-se esses achados por outras freguesias, com destaque para o aparecimento de uma estátua de guerreiro galaico-lusitano em S. Jorge de Vizela e uma estatueta feminina sem cabeça encontrada no alto castrejo de Sendim, de cujo labor os respectivos achados ficaram na sua Sociedade Martins Sarmento. Depois, por acção pessoal, o felgueirense Dr. Eduardo Freitas descobriu alguns testemunhos funerários, sobretudo um dólmen, da Refontoura, mais alguns vasos, moedas e mesmo uns ex-votos lusitanos, dos quais se conhecem divulgações por terem ficado em sua posse os objectos descobertos (posteriormente passados à sua família, segundo A. Fernandes). Trabalhos que se alongaram desde as alturas dos montes de Pinheiro até ao de Santa Quitéria e no outro extremo pela Eira dos Mouros, que se estendia da Lixa até aos contornos do monte de Santa Marinha, na área de Airães e Pedreira. Mais tarde, por meio de trabalhos públicos de pesquisas, houve novidades de povoamentos antigos da bacia inicial do rio Sousa, nas veredas de Sousa e necrópole do Senhor dos Perdidos, da proto-história à romanização, incluindo mesmo informações de um povoado da Idade do Bronze, como o chamado Povoado da Cimalha (cujos vestígios não devem ter sido muito valorizados, oficialmente, atendendo a que foram soterrados pouco depois de seu estudo e seguinte construção dos acessos à auto-estrada A11), mais algo de arqueologia romana, com respeito às descobertas da denominada villa romana de Sendim, como haverá diversas outras, onde há informes de casas originais (villas) das fundações das paróquias / freguesias, pelo concelho.
No que toca aos vestígios dos Perdidos, em Penacova, como o nome parece sugerir, ali se perdem reminescências históricas, primeiro por as iniciais buscas terem sido através de descobertas particulares, e depois por só tardiamente ter havido trabalhos de estudo. Subjacente a tais fundamentos foram pouco estudados os restos aí encontrados, atendendo ao escasso tempo de procura e de trabalhos desenvolvidos, na década dos anos setenta, do séc. XX, na primeira abordagem de escavações realizadas em terras de Felgueiras na era comtemporânea. Onde, antes e depois, apareceram diversas inscrições rupestres, um interessante espólio de canalizações de águas romanizadas e também um género de tesouro em denários de prata (moedas romanas), cujo lote ficou parcialmente desmembrado, dispersas que foram as peças pela procura e aquisição de curiosos e coleccionadores, antes de haver atenção e intervenção de entidades, sendo então a título oficial apenas recuperada uma pequena parte. Depois, os trabalhos de permeio ali iniciados não tiveram continuidade, ficando abandonadas tais ruínas, com aquilo ao dispor do tempo, apenas ao abrigo de vegetação bravia, por ora.
Antes tinha havido, há muitos anos, indagações ocorridas num antigo castro, sito no monte do Crasto em Sendim, pesumivelmente também relacionado com lendária cidade castreja, de que quase nada se sabe, a não ser da existência de uma publicação de 1933, incluída numa Homenagem a Martins Sarmento em Guimarães, através de separata sob título «O Castro de Sendim, Felgueiras», por R. de Serpa Pinto. E algumas sondagens mais, de índole algo particular, como aconteceu no monte da Aparecida, em Pinheiro.
De realce, pelo rmeio, emerge dos escombros de outrora a villa romana de Sendim. Onde, depois, aquando da abertura de alicerces para reconstrução de moradia particular, apareceram em 1992 restos de muros e vestígios de cerâmicas de tipologia romana, como outros objectos antigos, originando oficial exumação do correspondente espólio por meio de escavações arqueológicas. Resultou desses trabalhos o aparecimento de diversos fragmentos de cerâmicas de velha utilização comum de outras eras, mais potes, moedas e metais, além de muros e lajes de antiga propriedade. Os dados recolhidos permitiram apontar para existência de casa senhorial e ocupação da mesma a partir de cerca da segunda metade do séc. III e durante o séc. IV, tendo alegadamente acontecido que, com a chegada de Suevos e Vândalos (em 409) a remota villa tenha entrado em declíneo, sendo depois abandonada e acabando destruída, à imagem do que fala a lenda popular da vizinha cidade de Eufrásia que teria existido nessa área, desse lado do monte depois chamado de Santa Quiutéria.
Entretanto, algo mais acresceu com a realização de escavações arqueológicas no Mosteiro de Santa Maria Maior de Pombeiro, em 1998, aquando de uma das fases da recuperação operada nesse antigo cenóbio.
Ao que se seguiu outra sondagem, deveras interessante:
Dando razão ao que escrevemos no Memorial Histórico de Rande e Alfozes de Felgueiras (ed. 1997), quanto a breves referências expostas sobre iniciais estudos que se tinham proporcionado, o Alto de Cimalhas, na fronteira de Sernande, Rande e Varziela, guardava resquícios de velha civilização. Aliás os lugares antigos em torno desse planalto, pela toponímia histórica, referem assimilação derivada, ao que se passa com Longra, de Lôngara, significando algo arqueológico, bem como Castelo e Castela, lugares da encosta de Rande, como também mais alguns outros pelas próprias freguesias ao redor têm nomes dessa procedência. Ou seja, comprova tal passado, da penumbra dos tempos, também as eminências do povoamento primitivo, quanto designam que o mesmo território possui elementos de interligação, como sejam os limites transfronteiriços de freguesias no antigo Monte de Cimalhas. Aí se percebe, no dito local antigamente também chamado Picoto de Cimalhas, como a zona teve população alguns séculos antes da nacionalidade, conforme se encontra documentado a partir pelo menos do séc. X, visto ali se haver elevado um castro (fortificação castreja), em tal sítio remotamente ainda referido como Pico da Cimalha, onde Varziela herdou o nome do lugar do Monte, enquanto Sernande e Rande dividem terras que ficaram conhecidas por lugares de Cimalhas de Cima e de Baixo, ao passo que a Pedreira se chega por Carcavelos, local de designação de antiga fortificação, até à Sobreira, para mais além possuir réstia toponímica de um próprio lugar de Castro (Crasto, na evolução popular). Entre outros casos, nesta singularidade familiar de exemplos múltiplos, na área da actual Vila da Longra. Sendo actualmente o nome Cimalha constante das escrituras do terreno, e naturalmente da sua localização, do chamado Edifício Vila da Longra, construído em 2007 ao fundo da encosta de Cimalhas, na parte da freguesia de Rande, já em pleno centro da vila a que pertence.
Efectivamente, no referido local, ao cimo, inicialmente chamado da Cimalha (aliás nome de todo o antigo monte), apareceram recentemente, desde trabalhos de pesquisa arqueológica efectuados a partir de 2004, uns escassos vestígios, derivado aos desaterros ocorridos nos trabalhos de terraplanagem da ligação à auto-estrada A11, sobremaneira de velho caminho divisório interfreguesias, mas também, com novas sondagens em 2008, antecedendo o rasgamento da continuação da estrada para ligação em viaduto, do alto da Longra/Cimalhas para os próximos lugares de Varziela, apareceram alguns pequenos vasos de deposição de restos funerários, comprovativos de ancestral povoado.
Conforme os dados entretanto difundidos, ali foram detectados vestígios de um habitat da Idade do Bronze, através da análise de cortes do terreno, existindo partículas de cerâmica, o que possibilitou a compreensão do tipo de ocupação do sítio, com realce a determinadas estruturas, de reduzido número de buracos de poste e algumas fossas de silos de armazenamento, paralelamente com recolha de fragmentos cerâmicos que possibilitaram reconstituição de vasos, de largo bordo, tipo de guarida de cinzas funerárias, a par com alguns objectos de pedra, caso de artefactos de moinhos manuais, molde de machado plano e inclusive peças de ferro, como uma pequena estatueta e aldrabas de portadas, entre diversos exemplos.
  
(No texto original: Duas ilustrações visuais dos trabalhos de escavações no alto de Cimalhas)

Atendendo ao que está observado, por meio das intervenções realizadas, e dadas as características do espaço inspeccionado, tem sido concluído tratar-se o caso da Cimalha de parte de um lugar habitado do período do Bronze Final, com vocação agro-pastoril, que se julga com ocupação até cerca do período romano, antes de instalação de próximas villas romanas que viriam a fundar as paróquias circunvizinhas. Pressupondo uma primitiva ocupação do local, entretanto destruída, da qual restam assim diminutos testemunhos. Devendo o aglomerado central do lugar ter desempenhado, em seu tempo, relevo de vigia na defesa dos sítios circundantes, ao género de uma atalaia (de acordo com o espólio dos achados das escavações).
Após os devidos restauros, as peças encontradas no alto dos Perdidos e na Cimalha, junto com as descobertas da villa romana, fazem parte, para já (enquanto não há um museu geral concelhio) do acervo museológico exposto no centro de interpretação de apoio às ruínas de Sendim.

AP

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quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Recordações de afinidades da Longra de outras eras…


Quando a Longra, o centro tradicional desta região sul felgueirense, está em vias de perder importância com a malfadada reorganização territorial-administrativa, com pessoas de extremos a quererem ficar para seus interesses com o que devia sempre ser central, etc. e tal… recordamos aqui tempos daqueles em que a Longra teve, em anos diversos e diferentes da atualidade, pessoas de valor com gosto pela região, em lugares-chave de organizações e representatividade. Trazendo-se, desta feita, como modelo, um caso das vezes em que o cinema foi chamariz como cabeça de cartaz da importância da parte urbana local, através duma das sessões de cinema que durante anos serviram de desenvolvimento cultural à população.

Com efeito e para o fim visado, mostra-se, como mero exemplo, um dos números dum boletim (nº 6, de 1958, do Cine-Clube do Porto) respeitante ao assunto, cujas imagens e tudo mais ali publicado expressam o que está implícito do que a mesma edição traduz. Tema do qual, aliás, anteriormente registamos à posteridade a respetiva história no nosso livro (publicado em 1997, recorde-se) Memorial Histórico de Rande e Alfozes de Felgueiras, a páginas 608 e seguintes.

Aqui ficam algumas dessas imagens, como ilustração memorabilista.


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Armando Pinto


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quarta-feira, 4 de setembro de 2013

“Alguém” Felgueirense, da Longra, na “Visão” Brasileira…


Não, não é sobre a beldade da capa que vamos tratar, agora, em mais um dos artigos aqui desfiados, mas sim de “alguém” que nasceu em território português felgueirense e teve sucesso onde reside, no Brasil. Sim... um senhor, mais propriamente, que teve lugar no interior da mesma revista, e consideramos alguém porque não é qualquer um que tem direito e faz jus a essa posição. Tal o que se passa com o Longrino senhor António José da Costa Pereira, mais conhecido por sr. José Pereira, a que nos referimos entre os visados no louvor aqui há tempos exposto na epopeia da emigração felgueirense em demanda dum sonho do Brasil – Diáspora Luso-Fel-Brasileira”... O amigo que lá na terra em que se fixou, na cidade de Cordeiro, fundou um hotel com o nome da sua terra, o Hotel Longra, que hoje tem já duas unidades, entre linda paisagem tropical.


Ora a revista Visão, na sua edição de Julho 2013, em número dedicado à cidade de Cordeiro, por ocasião das festas famosas que anualmente se realizam nessa simpática terra da área distrital do Estado do Rio de Janeiro, homenageou o fundador do Hotel Longra, o sr. José Português, como lá é carinhosamente conhecido na região serrana fluminense. Esse que é adepto do Vasco, o clube desportivo de futebol Clube Regatas Vasco da Gama, fundado por portugueses e com nome do histórico nauta luso que desbravou novos mundos por mar. Curiosamente o clube onde foi figura maior, pelos idos anos de trinta, sensivelmente, um outro felgueirense oriundo da Longra, o sr. Alberto Baltazar Portela (benfeitor da escola primária da Longra, em cuja nossa povoação teve o campo de basquetebol com seu nome; e que no Brasil foi dirigente do seu tão prestigiado "time" da bola).


Do facto em apreço, da posição respeitável do sr. Pereira da Longra, da antiga povoação e atual vila do concelho de Felgueiras e distrito do Porto, de Portugal, bem como mentor do Hotel Longra, no Brasil, para aqui transportamos a reportagem da revista Visão que elogia e descreve tal nosso conterrâneo, tornado benemérito de Cordeiro.




Armando Pinto


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quarta-feira, 21 de agosto de 2013

ATUALIDADE - De interesse à realidade eleitoral do agrupamento de freguesias de Rande, Sernande e Pedreira...


Candidatura de Vitor Pedro Costa Ribeiro
« Hoje, o Tribunal Judicial de Felgueiras, considerou elegíveis os nossos candidatos da coligação «Manter a Esperança» à União de freguesias de Pedreira / Rande / Sernande; à União de freguesias de Unhão / Lordelo e à União de Freguesias de Margaride / Várzea/ Varziela / Moure / Lagares. O Tribunal não deu provimento ao pedido do PS Felgueiras, através dos seus candidatos, e do BE Felgueiras, que pretendia que os nossos candidatos fossem declarados inelegíveis. Esse não era o nosso entendimento e foi isso que defendemos em Tribunal.»


quinta-feira, 15 de agosto de 2013

O meu tio fã do Fernando Moreira... ?!!


(Em homenagem a esse admirador do "corredor" Moreira, ao admirado grande ciclista Fernando Jorge Moreira e ainda a bons tempos de outrora...!)

Chegado o pino do Verão, quando os dias se tornam calorentos na pachorra estival, por norma é tempo de Volta a Portugal, passando o país a ser percorrido pela prova ciclista que se tornou conhecida e apreciada, saindo o povo até às portas das casas para ver passar os corredores, naquela correria que por estes dias tem espaço nos meios de comunicação social.

Nos tempos recentes com menos impacto, devido a ter diminuído a atração desde que os clubes portugueses de maior nomeada deixaram de ter equipas de ciclismo, o desporto das bicicletas de corrida ainda detém alguma atenção; muito menor, porém, que antigamente, quando a época veraneante tinha na Volta o corolário da temporada desportiva, enquanto o futebol estava de férias.


Estando-se então neste coincidente período, pese as distâncias entretanto verificadas, a memória pessoal recua a tempos de esplendor dessas corridas. Qual passarinho batendo asas e levando-nos a tempos de outrora, sem sairmos da frente do teclado em que damos largas a estas memorizações. E, porque num dia destes, estando a digitalizar algumas fotografias para enviar a uma prima amiga, me veio à ideia algumas destas recordações, vendo a cara de um tio que há muito já partiu deste mundo, mas enquanto por cá andou não foi só por ver os outros andarem. 

Ora esse meu tio era um apaixonado pelas corridas de ciclismo. Um tio materno com quem sempre mantive uma proximidade interessante, entre os tios que tive, dos quais já não resta nenhum vivo. Sendo ele muito próximo de sua irmã mais nova e minha mãe, vinha muito a nossa casa e, pelo menos, aos sábados era certa a sua presença para duas de conversa e o que mais houvesse, entretanto, para dar que fazer à boca. Numa boa disposição contagiante, como pessoa afável, risonho e muito dado às pessoas de que gostava. Acabando por sempre vir à baila o tema do ciclismo, comigo sobretudo, um dos sobrinhos mais novos, em conversas que andavam para trás e para a frente, sem muito saírem do mesmo, que era ele recordar o Fernando Moreira, o seu grande ídolo de todos os tempos, e puxar pelo que eu sabia, interessado por tudo o que fosse assunto desportivo… do F C Porto. Mesmo sem eu ser desse tempo, de antigamente, como ele dizia e mais lhe interessava, mas por aqui quem recorda estas facetas gostar de andar a par de tudo, para não jurar nada falso.


Fernando Moreira, era o grande ciclista do F C Porto que em finais da década dos anos quarenta encantava o país, havendo em 1948 vencido a Volta a Portugal, com uma perna às costas, no dizer do meu tio. E só não ganhara mais Voltas por azares, nuns casos, e noutros por ausência, devido a ter corrido pelo estrangeiro, no Brasil e Marrocos, especialmente. Mas vencera ainda algumas clássicas e outras provas do calendário do ciclismo português. E, esse meu tio, idolatrava o Fernando Moreira sem nunca o ter visto de perto e julgo que nem de muito longe, ao certo. Ele era um acérrimo admirador desse corredor que apaixonava multidões, nesses tempos de outrora e como tal era figura pública que gerava entusiasmo por todos os lados. Contando meu tio peripécias que ouvira sobre ele e pelo que andava em romances de cordel, duns panfletos que em tempos antigos se vendiam nas feiras. Nutrindo aquele meu tio uma grande simpatia por esse nome sagrado, como entusiasta de suas façanhas. À maneira do que hoje se considera no conceito de fã, aportuguesando o inglesismo fan, admirador do Fernando Moreira como era aquele meu tio.
Pois com ele, era sempre o Fernando Moreira isto e o Fernando Moreira mais aquilo, apesar dele ter deixado de correr há muito, já nesse tempo. Mas, mesmo assim, quando passavam corridas de bicicletas por aqui, à nossa porta ou perto, onde víssemos, ele, que não faltava nunca e postando-se à minha beira, incentivava os corredores gritando pelo Fernando Moreira… Quase como como grito de guerra, seu talismã.


Era Portista, por mor do Fernando Moreira, mas não acompanhava nada de futebol e outros desportos, apenas gostando que o Porto ganhasse. Parecendo-me, talvez, por ter alguém de ganhar, para si, que fosse o Porto. Enquanto nas bicicletas já era outra conversa, andava sempre a perguntar-me quando passava alguma prova pela região, e, por isso, eu mal soubesse de alguma possibilidade e de algo interessante, que fosse, me apressava a dar-lhe quaisquer boas novas que pairassem no horizonte. Gostando muito que eu lhe falasse nas vitórias do Mário Silva, do que esperava do Joaquim Leão, das esperanças no Zé Azevedo (que andou de amarelo vestido numa Volta que passou por aqui, na Longra), em como confiava no Gabriel Azevedo, etc. e tal.  Até que, de permeio, começou a aparecer o Joaquim Agostinho, de quem se falava e ouvia muito, e ele passou a gostar também desse, apesar de ser lá de baixo, como dizia. Chegando a esquecer tudo o mais no período áureo do Agostinho. Embora mais tarde, quando aconteceu o primeiro caso de doping e lhe foi retirada consequentemente a vitória da Volta ele, o meu tio, esmoreceu nessa atração. E quando Agostinho perdeu uma segunda Volta, pelo mesmo motivo, anos depois, fiquei com ideia que isso já nem o arrefeceu sequer.

Antes porém, quando Agostinho andava ainda incólume na dianteira classificativa da Volta, o meu tio pôde concretizar o anseio de ver em carne e osso um dos seus ídolos, das corridas de bicicletas tão de sua paixão.

Pois então, numa bela manhã de finais de Julho, em pleno dia da festa paroquial da nossa freguesia, a Volta a Portugal passava na Longra. Depois de muito combinarmos, nas muitas vezes que falamos e repisamos sobre o assunto, acertamos nosso combinanço de vermos a Volta a nosso jeito. Ele, na sua estrutura ainda bem conservada, por volta aí dos seus sessentas e tais anos, ou mais, nem faço ideia já sequer (nesse tempo tudo parecia diferente, visto numa perspetiva juvenil), e eu nos meus 13 ou 14 anos, ou coisa parecida, postamo-nos em sítio onde pudéssemos ver tudo bem visto. Sem arrear pé, estivemos a ver o tempo passar. A missa da festa do S. Tiago, nesse dia, era lá em cima, a meio da encosta de Rande, mas era na Longra, no vale da zona ribeirinha do rio Sousa, que se estava com fé, na ânsia de ver os nossos corredores. Só que nesse ano a etapa vinha no sentido da descida de Felgueiras para a Longra, e os corredores passavam ao baixo, a descer, conforme viemos a ter de dizer mal de nossos pecados.

Nesse ano o Agostinho já andava com a camisola amarela, na ocasião, tendo-lhe eu colocado isso como ponto de referência, a meu tio, visto que por minha conta os olhos iriam procurar outras cores. Passado tempo que pareceu infinito, assistimos enfim, todos lampeiros, à passagem dos carros da caravana, vimos homens da televisão e jornais também a passarem, e de imediato reconhecidos publicamente ( - olha este… ai aquele…), tal qual meios publicitários e outras curiosidades móveis… e por fim, após polícias de motos todos emproados, lá vinham os ciclistas… em fila os primeiros, mas de resto os mais juntos, todos juntos, por junto, em longo grupo compacto.

Em pelotão, assim, num ápice, tudo passou de repente, à nossa frente, diante dos olhos, com tudo a monte, então, nem dando tempo de escolher de que banda e para que lado havíamos de virar a cara.  Eu ainda reconheci o Mário Silva, lá no meio, entre os demais. Mas ele, do Agostinho nem sombras, nem sinais, não viu nada. Quer dizer, não foi bem assim… pois ele, meio admirado e incrédulo, posto isso, depois de ficar a olhar a estrada ainda desconsolado, virando-se para mim, de cara franzida, acabou por me interrogar: 

- mas então era só um Agostinho ou eram mais? Eu vi mais algumas camisolas amarelas assim de repente… (deixando-me de boca aberta, até logo perceber: Pois, pudera… nesse ano, na Volta, andava lá uma equipa, da Ambar, tal o nome da firma, por acaso, com camisolas que também eram amarelas)!

Contudo, ainda, como vinham alguns ciclistas atrasados, passando uns, depois outros, ali e assim bem lançados na tentativa de recuperação, logo o meu tio esqueceu tudo e tratou de os incentivar… gritando: ei, Fernando Moreira!!! E continuou a bater palmas, como quando, em jovem, o Fernando Moreira papava quilómetros e, como grande vencedor, era cantado por todo o país.


Foi essa cara, do meu tio, bem mais bem disposta, naturalmente, que recordei por estes dias, e aqui homenageio, relembrando sua fisionomia na foto que encima o artigo. Estando na imagem junto a meus pais, reportando-se a instantâneo do dia do casamento do autor destas linhas.

Era o tio Quim de Janarde - assim o conheci e tratávamos, acrescentando o nome do lugar onde vivia – o meu tio Quim, grande fã do Fernando Moreira.


Em sua memória, recordamos, aqui e agora, o célebre Fernando Moreira, através de algumas fotografias correspondentes a alguns dos seus triunfos, cujos clichés distribuímos ao correr do texto; e, por um recorte coevo de imprensa, em especial, por fim, rememoramos a vitória do Moreira do Porto na Volta a Portugal – conforme registo da revista Stadium, em seu nº de 18 de Agosto de 1948.




Armando Pinto

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quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Tradições de Ciclismo em Felgueiras


Já está na estrada, como se pode dizer, a Volta a Portugal em bicicleta - uma das manifestações desportivas que mais atrai atenções e antigamente empolgava multidões, também aqui pela região nortenha e por terras de Felgueiras, no caso. Sendo o ciclismo uma modalidade que já teve tradições em Felgueiras, inclusive com partidas e chegadas de provas importantes do calendário velocipedista, sobretudo de Grandes Prémios e da Volta a Portugal, como ainda está na memória comum.


Ora, além do mais, e resumindo o tema em duas pedaladas (pois já desenvolvemos essa realidade noutras ocasiões e circunstâncias), Felgueiras também já teve campeões das bicicletas, em alto nível, tanto como aconteceu nos anos cinquenta, até princípios da década de sessenta, com Artur Coelho, ciclista que chegou a andar com a camisola amarela na Volta a Portugal por diversas vezes, venceu a Clássica 9 de Julho de São Paulo do Brasil e fez parte da seleção portuguesa em duas Voltas a Espanha, além de ter corrido em França, etc. e tal. E com Joaquim Costa, valoroso ciclista que correu na Volta a Portugal em 1961 e 1962, tal como em 1964 coube vez a Albino Mendes (conforme já aludimos aqui num anterior artigo), bem como merece saliência ter havido, em finais dos anos setentas, a equipa Zala, representativa da fábrica de calçado Zala, na qual correu na Volta, pelo menos, um felgueirense, de nome Miguel Magalhães; assim como lembra ainda ter havido a equipa W52 / Quintanilha / Felgueiras, com sede em Felgueiras e que ostentava camisola com as cores municipais com o símbolo do concelho de Felgueiras. Havendo agora uma outra equipa também, participante da Volta deste ano, esta que, embora de Valongo, inclui nome patrocinador dos vinhos da empresa felgueirense Quinta da Lixa.


Assim sendo, como simples amostra de recordação, relembramos as antigas equipas de afetividade felgueirense, através de imagens das mesmas, constantes de parcelas jornalísticas coevas. 

Armando Pinto 

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