Espaço de atividade literária pública e memória cronista

terça-feira, 18 de junho de 2013

Diáspora Luso-Fel-Brasileira

Diáspora Luso-Fel-Brasileira

Na linha do apontamento anterior - porque o prometido é devido -  eis aqui um texto há muito escrito e entretanto publicado, em parcelas por alguns artigos, no Semanário de Felgueiras, sobre a expansão felgueirense. Que agora para aqui transpomos e partilhamos, em homenagem a um amigo conterrâneo, que  ao longe criou raízes. Entre diversos exemplares mais, no meio de tantos casos,  dos que patenteiam virtudes meritórias da comunidade Felgueirense ao longo dos anos ramificada por diferentes pontos do mundo, dispersamente aglutinada na referência de apoio identificativo da proveniência. 

Tudo isso se liga a uma espécie de diáspora (à letra a figurar dispersão), das gentes desta região que se dispersaram por outras comunidades e continentes. Com particular realce, no caso em apreço, para o referencial brasileiro que, em devido tempo, muito contribuiu para o desenvolvimento da terra-mãe, em tempos de surgimento de importantes dotações, como estradas, por exemplo – estas então longe de alguns transtornos que adviriam em casos de falta de planificação e resultantes prejuízos...

Ora, indo ao tema, desta vez juntando punhado de personagens embrionários do Concelho de Felgueiras, que se distinguiram além-fronteiras e particularmente em terras de Vera Cruz, atente-se no legado memorial que honra o concelho de Felgueiras em ser terra natal de figuras de gesta assinalável. Como foi o percurso curricular de uns quantos empreendedores dignos de menção, de existência distante no tempo entre si mas, em contributo ao desenvolvimento da grei lusófona, unidos pelo denominador comum da origem Felgariana.

Assim, indo por partes, perante Felgueiras, a terra do pau vermelho do Brasil teve e incute forte ligação da parte do peito Sousão Felgueirense. Inicialmente na descoberta, em cujo desembarque participara Nicolau Coelho (personagem que primeiro entrou em Porto Seguro). Em seguida continuou a merecer também com um sucessor daquele capitão navegador, sabendo-se que Duarte Coelho, nascido no Porto mas de linha familiar de Sergude-Felgueiras, foi Senhor da Capitania de Pernambuco. Deparando-se depois natural povoamento, ao qual se intrometeu período de invasão estrangeira desse pedaço então integrante de Portugal, também houve comparticipação de gente de Felgueiras na colonização brasileira através de António Castelo Branco. Esse fidalgo, de Pombeiro, foi um dos tripulantes da armada de 26 navios, enviados para libertar a Baía da ocupação holandesa, em 1625.

Outro caso, esse porém de cunho algo lendário, ou seja sem pormenores exactos além da transmissão popular, é o que consta na tradição da edificação da primitiva capela do Espírito Santo de Barrosas, do concelho de Felgueiras, estar ligada ao filão brasileiro. Com efeito, sobre a edificação original da actual imponente igreja mosteiral, diz-se haver sido derivada a fortuna feita no Brasil. Construída por promessa de um personagem conhecido por Domingos de França, atendendo à difusão provinda por via oral. Conta-se que ali havia aparecido uma imagem de Cristo Crucificado, descoberta aos olhos de um pastor que apascentava rebanhos naquele alto. Em vista da ocorrência, fosse da forma que foi, o mesmo pastor prometeu construir no local uma capela, mas como não tinha dinheiro para concretizar esse desejo, emigrou para o Brasil e, tendo ganho o bastante, no retorno conseguiu satisfazer o anseio, em 1672, ficando em território do concelho de Felgueiras satisfeito o voto pelo aludido Domingos de França (da freguesia de Santo Estevão de Barrosas, hoje do concelho de Lousada).

Mais tarde, após a independência do Brasil, outro Felgueirense impregnou chancela de sangue Rúbeo pelas mesmas bandas de Santa Cruz, mediante sucesso obtido no Brasil por um emigrado de nome Joaquim Pereira Marinho. Homem que, tendo rumado em demanda do novo país da América do Sul e se fixado além-mar também na antiga capital do Brasil, se destacou na actividade empresarial na Baía, onde possuía imponente mansão, construída em estilo colonial português com característica pintura de azulão. Ele, originário de Vila Cova da Lixa, atingiu então patamar distinto, pois que, além de abastado negociante e proprietário de navios integrantes de rotas comerciais com Portugal, foi 1º conde, visconde e barão, títulos concedidos por D. Luís em 1869, 1874 e 1881, respectivamente, bem como foi agraciado com a Ordem de N.ª S.ª da Conceição. Veio a falecer na Baía em 1887, com 81 anos, tendo a sua residência apalaçada sido transformada em edifício amplo onde passou a funcionar importante hospital da cidade.

De entre as remessas de muitos portugueses, sobretudo nortenhos, da grande debandada luso-expansionista provocada pela emigração para o Brasil no século XIX, como nos anteriores, estiveram naturalmente também muitos mais Felgueirenses, como comprovam resquícios conhecidos através de laços sanguíneos luso-descendentes, de patrícios fixados naquela grande nação irmã; como ainda nas construções edificadas pelos denominados brasileiros de torna viagem, os emigrados que regressaram e, inclusive, contribuíram para o desenvolvimento local, de Felgueiras, na transição do século XIX até às primeiras décadas do século XX.

Entre os que em número elevado se enraizaram na terra de Vera Cruz sabemos, por exemplo, de um caso, entre muitos, de umas famílias Leite Fernandes e Teixeira Leite, de gente oriunda de Jugueiros, onde seus ancestrais possuíam propriedades rústicas, e que foram para o Brasil na segunda metade do século XIX, estabelecendo-se no Rio de Janeiro com comércio de tecidos. Na evolução familiar e temporal, dois dos seus membros, por iniciativa de António Leite Fernandes Carvalhal, junto com um primo de nome António Pereira Pinto Carvalhal, chegaram a possuir importante firma carioca, a Casa Carvalhal, que era ao tempo detentora exclusiva do fornecimento da fazenda caqui para os uniformes do exército brasileiro. Estes informes chegaram-nos por correspondência, em busca e troca de informações, a propósito de pesquisa da sua consanguínea genealogia antepassada, feita pelo Eng.º Carlos Freire Machado, do Rio de Janeiro, descendente desses ramos familiares de origem Felgueirense – o qual tem elaborado uma cartilha estudiosa de sua árvore genealógica, que muito amplia o fortalecimento historicista das relações Luso-Brasileiras (conforme consta de seu livro “os Freire Machado”, publicado em 2008).


            Relacionado com um estabelecimento de felgueirenses em pleno Brasil, no caso, também, junta-se como ilustração uma imagem apropriada (esta acima), tratando-se duma loja de negócio de um sr. Teixeira da Lixa que foi para o Brasil e por lá ficou com a família à beira, sendo casado com uma filha do sr. Luis Gonçalves da Longra.

Também se conhece o nome de Francisco Martins Sampaio, oriundo do Unhão, da casa de Moinhos, que deixou marca e importante descendência no Brasil, para onde emigrou e se instalou nos inícios do século XVIII, tendo ganho sucesso como comerciante em Cachoeira, da Baía-Brasil. Ele registou em cartório seus negócios «com moeda corrente e ouro em pó». Demonstrou sua afeição à terra-natal enviando ouro para ornamentar a igreja de S. Salvador do Unhão, onde ele e os seus foram baptizados e seus pais sepultados. O seu percurso, derivado à ligação genealógica, levou inclusive a importantes estudos de uma sua descendente, D. Lygia Sampaio, também pintora de renome na Baía, que escreveu importante memorial das suas raízes familiares (livro “De Sam Payo a Sampaio”, ed. 2006), algo que será mui relevante na literatura de costado e na historiografia dos laços Luso-Brasileiros. E da qual, inclusive, é a gravura que ilustrará a primeira página no interior deste memorando (livro a ser publicado futuramente, portanto), da memória colectiva da terra e gente Felgueirense.

Por um estudo, de Pedro Wilson Carrano Albuquerque, sobre a “Árvore de Costado de Fábio de Oliveira Barbosa” (relativo aos ancestrais daquele ex-Secretário do Tesouro do Brasil), sabe-se que também nesse cipoal genealógico ficaram laços Felgueirenses, no percurso da correspondente genealogia, atendendo às origens provenientes de seus heptavós. Havendo emigrado para o Brasil um ramo da família de, pelo menos, Domingos Vaz e Luísa Sobreiro, de Borba de Godim da Lixa, e de Álvaro de Sousa e Mariana de Magalhães, de Rande, do concelho de Felgueiras (com a curiosidade de se notar, pelos respectivos registos, que na época em Rande havia um lugar chamado Aldeia de Baixo, onde vivia esse casal no século XVII, em local entretanto deixado de ser assim chamado no decurso dos anos). Tendo essa família, entretanto, se esbracejado por diversos sítios em redor e inclusive aportado em terras brasileiras, com sucesso evidente.

Igualmente, por esses lustros de antanho, Custódio Pereira de Carvalho, de Santão-Felgueiras, emigrou para o Brasil, tendo embarcado em 1790 rumo à terra de que ouvia maravilhas, em busca de desenvolver natural inclinação empresarial. Aí se empregou numa casa comercial de S. Salvador da Baía, depois adquiriu uma casa de comércio, até que comprou uma feitoria para exploração de algodão, dedicando-se posteriormente à exportação algodoeira e de especiarias, criando canais de comércio com Portugal, Espanha e Inglaterra. Após entretanto haver regressado a Portugal e ainda se ter dedicado à política, havendo chegado a ser membro de uma Convenção Adicional entre Portugal e Inglaterra, transferiu-se por fim para a Velha Albion. Em Londres seduziu-se pelo sector alfandegário, onde instalou dois Armazéns Gerais de Alfândega, um na City Londrina e outro em Liverpool, com que colheu grande honra internacional. Tendo-se entregado ainda a escrever, publicou em jornais sobre suas ideias comerciais e ideais políticos. Salientou-se sobremaneira na faceta de benemerência humanitária e de criador de algumas escolas públicas, em diversas freguesias do concelho de Felgueiras e de concelhos vizinhos. Veio a falecer em Londres, corria o ano de 1854, sendo seu corpo trasladado no ano seguinte para a sua terra natal (no ano em que seu sobrinho, Rebelo de Carvalho, como Deputado às Cortes e Par do Reino, contribuiu para a criação da Comarca de Felgueiras).

Distingiu-se deveras, por outro lado, Hemetério José Pereira Guimarães, de Varziela, o qual, emigrado e instalado no Brasil, exerceu em duas localidades o lugar de vice-cônsul de Portugal. Antes de regressar a Felgueiras, em 1883, onde depois desempenhou cargos municipais e foi mesário da Confraria de Pedra Maria, vindo a falecer em 1899.

Ainda no século XIX partiu para o Brasil José Pereira Nobre, natural de Borba da Lixa, o qual, depois de anos de trabalho, amealhou pecúlio que lhe valeu rendimentos apreciáveis no regresso, com que custeou uma das mais belas instruções vertidas em livro... Pois, após o retorno endinheirado, tendo ainda vivido na Lixa depois de casar, com uma senhora de Recesinhos de Penafiel, se fixou por fim na cidade do Porto e aí foi pai do celebrado poeta António Nobre (do “Só, o livro de poesia mais lírico, triste e dos mais belos de Portugal).


Enfileirando em tal escol, entre outros mais exemplos possíveis, merece igualmente realce António Fonseca Moreira, Felgueirense que também no Brasil se projectou no sector comercial, a par com actividade de autor teatral, chegando a ter peças com êxito em salas no Rio de Janeiro. Natural de Sendim, onde viu a luz do dia em 1841, foi sócio de algumas agremiações brasileiras de diversos géneros, entre as quais a Sociedade Brasileira de Autores Teatrais. Na manutenção de vínculo pátrio à terra natal, propiciou a criação da casa de teatro de Felgueiras, a que foi dado seu nome, inaugurada em 1921 com uma peça de sua lavra; de permeio com legados deixados ao município e instituições do concelho, como à própria freguesia natal, tendo falecido no Brasil em 1938.


Sensivelmente contemporâneos dessa era, outros ilustres conterrâneos de modo idêntico vincaram amor pátrio ao torrão de berço, no regresso de auspicioso labor em chão brasileiro, como, entre outros mais, uns Agostinho Ribeiro (1848-1916) e Luís de Sousa Teixeira (1846-1938), benfeitores das Misericórdias de Felgueiras e do Unhão (conforme foi já referenciado no nosso “Memorial Histórico...”, anteriormente publicado, no qual o currículo de Luís Teixeira ficou desenvolvido). Agostinho Cândido de Sousa Ribeiro, depois de seu regresso do Brasil, custeou a edificação do então Hospital novo da Misericórdia de Felgueiras, deixando depois à mesma Misericórdia sua fortuna, com a condição de ser construído um asilo para crianças desvalidas, a quem foi dado o nome de sua esposa, o actual Lar Maria Viana.


Também na transição desses tempos, partira para o Rio de Janeiro um então jovem recém-formado que frequentara a Universidade de Coimbra e concluíra o curso da Academia Militar de Lisboa, chamado Henrique Pinto Ferreira. Natural de Felgueiras, onde nasceu em 1883, depois de chegar ao Brasil ali se diplomou ainda em Medicina Industrial e Farmacêutica. Tendo-se fixado de seguida em Petrópolis, onde constituiu família, ali veio a descobrir vocação de educador, integrando inicialmente o quadro docente do Colégio Luso-Brasileiro, até que, mais tarde, acabou por instalar em 1927 um colégio seu, o Ginásio Pinto Ferreira. Contudo, mais dado ao mister didáctico que à respectiva gestão administrativa, aquele mestre poucos anos dirigiu por sua conta esse estabelecimento de ensino, tendo-o vendido a um compatriota. Continuou porém a leccionar, tornando-se um admirado professor de Petrópolis, especialista em História Universal e do Brasil, tal como dotado professor de diversas matérias desde o latim, a línguas vivas e matemática, sendo reconhecido como académico efectivo da Academia Petropolitana de Letras e agraciado pela Academia Brasileira com o Prémio de Crítica José Veríssimo. Na mesma terra adoptiva faleceu em 1948 e a cidade homenageou-o com atribuição de seu nome a uma rua do centro histórico de Petrópolis, enquanto amigos, alunos e admiradores lhe erigiram um monumento, perpetuando-lhe publicamente a fisionomia e, sobretudo, sua memória num busto evocativo.

Outro Felgueirense que se elevou em terra brasileira foi José Joaquim Oliveira da Fonseca, na transição do séc. XIX para o XX. Ganhou saliência no Rio de Janeiro, onde se dedicou ao alto comércio e se integrou na vida social carioca-fluminense, fazendo parte do Grémio Republicano Português. Através de frequentes viagens de saudade à sua terra (conforme notícias na imprensa local, sobretudo nos primeiros tempos da I República de Portugal), foi um benemérito na sua terra natal, nomeadamente no âmbito da instrução (nas escolas de Margaride), como também na urbanização de terrenos de sua propriedade no centro da então vila de Felgueiras, algo que levou a ter sido honrado na toponímia da mesma sede do concelho. Onde edificou como sua residência um palacete, conhecido por Casa das Torres (projetado por Luís Gonçalves, da Longra), prédio esse que hoje pertence ao município e alberga diversos meios sociais.


Ganhou raízes no Brasil, igualmente, um outro Felgueirense dado pelo nome de Alberto Baltazar Portela, o qual chegou a ser Dirigente do clube desportivo Vasco da Gama, ficando ligado à vida e história do grande clube brasileiro (em cujas actividades se manteve ligado durante muitos anos, a pontos de ainda em 1959 ter feito parte da lista vencedora às eleições directivas pela facção”Tradição Viscaína”). Enraizado assim no universo brasileiro, manteve e continuou porém, desde o horizonte do Pão de Açúcar, a ter laços afectivos ao torrão natal, patente em acções de apreço manifestadas, graças à situação de sucesso granjeada. De cujo arreigo pátrio resultou que houvesse tido acções filantrópicas, cheias de grata sensibilidade, também para a sua terra, havendo sido benemérito da antiga Escola Primária da Longra, à qual, por volta da década dos anos trinta (séc. XX), doou diverso mobiliário e outros apetrechos, assim como costumava oferecer muitas prendas às crianças da mesma escola. Derivando disso que, sempre que regressava do Brasil, anualmente, era alvo de calorosa recepção na própria escola.
De uma dessas ocasiões, se junta uma pose de recordação, de toda a gente da escola com o seu patrono, conforme ficou registado em fotografia de conjunto contando a sua presença – que aqui se revela.


= Baltazar Portela com as crianças, na companhia da professora, da Escola Primária da Longra – na década dos anos 30, do séc. XX.

Foi Baltazar Portela também benfeitor da Associação Pró-Longra, agremiação de desenvolvimento local, integrando a lista dos primeiros beneméritos subscritores de fundos para a sua fundação. Em apreço a todas as suas dádivas bairristas, foi dado seu nome a um dos primitivos campos de basquetebol da Longra, numa das antigas versões do clube local, na década de 40, recinto desportivo então chamado “Campo Baltazar Portela”.

Mais elementos de origem Felgueirense, ao longo de sucessivas gerações, engrossaram a colónia portuguesa no Brasil, quer pela via da emigração como por motivos ideológicos de regime governamental, sendo de destacar entre os exilados políticos os irmãos General João Maria Sarmento Pimentel (1888-1987), que residiu muitos anos em Rande-Felgueiras, e Coronel Piloto-Aviador Francisco Sarmento Pimentel (1895-1988), mesmo natural de Rande. Os quais, perseguidos pelo Estado Novo, depois de feitos heróicos que lhes valeram diversas condecorações portuguesas, muito enobreceram a comunidade lusa em São Paulo. Exilados políticos durante quase meio século, desde 1927 e 1936, respectivamente, radicaram-se nesse chão rico com estatuto conseguido ante conquistada posição, mantendo-se assim na nação acolhedora após a queda da ditadura em Portugal, encontrando-os a nova situação portuguesa, saída do 25 de Abril de 1974, com a sua vida e dos seus bem assente nesse país irmão. Ambos foram membros fundadores da Casa de Portugal de São Paulo-Brasil, na qual João S. Pimentel foi também Presidente na gerência de 1940/41. Tendo a ligação sido tão profunda que, por exemplo, foi dado o nome do mesmo mais velho a um estabelecimento de ensino em território paulista, acontecendo que desde 1989, por promulgação do Governador do Estado de São Paulo, ficou a denominar-se “Escola João Sarmento Pimentel” a «Escola Estadual de primeiro grau Jardim Colonial/Três Marias, Distrito de Itaquara, São Paulo, Capital.»

= Os irmãos João e Francisco Sarmento Pimentel, já nos seus últimos anos de vida, em São Paulo, no Brasil.

Marca bem impressa deixa Lucas Teixeira, no Brasil, onde se fixou em Piracicaba-São Paulo, através de carreira no campo da arte de iluminuras e livros de versos. Obra que, na segunda metade do século XX, desenvolveu esse mesmo cidadão português Armando Teixeira. Natural de Varziela-Felgueiras, usou artisticamente o nome Lucas, com que professara religiosamente esse antigo frade beneditino e posteriormente pseudónimo do mesmo artista secular – conforme texto separado, que lhe dedicamos, também neste volume (no tal livro projetado, recorde-se).

Prestigia igualmente os laços Felgueirenses o cidadão António José da Costa Pereira, nascido na Longra, da freguesia de Rande, e que no Brasil veio a impor sua chancela ao deixar vínculo especial da Longra, onde se encontra ainda pujante de vida e entusiasmo. Emigrado de Portugal para o Brasil, saiu da Longra com 20 anos, em 1953, depois de ter trabalhado na fábrica Metalúrgica da Longra; e, instalado profissionalmente em Cordeiro, cidade do Estado do Rio de Janeiro, granjeou posição social que lhe permitiu ser benemérito por terras brasileiras, tendo ajudado a construir a Casa Paroquial de Cordeiro e os balneários do campo de futebol local. O seu rasto ficou ainda mais impregnado com a criação de um hotel em Cordeiro, decidindo baptizar esse seu pertence como Hotel Longra, ou seja dando-lhe o nome da saudosa terra que lhe serviu de berço natal. Este Felgueirense é Cidadão Honorário de Cordeiro, tendo aí exercido também as funções de deputado e vogal do PT, Partido político de implantação no Brasil. Mantendo aí seu estatuto bem sucedido, com uma situação familiar digna de registo, tal a bonita prole familiar que o abraça, qual continuidade de seu sangue que sua descendência orgulhosamente perdurará.


~~~ ~* ~ ~~~
Estes são apenas alguns dos exemplos possíveis, de ficarem enumerados neste rol. Quantos mais haverá, por certo, dos quais tão só não nos poderemos deter por falta de notícias, do muito que naturalmente não chega a um mais vasto conhecimento. Mas, mesmo assim, nesta galeria incompleta, dá-se ideia do quanto representou e marca representação para sempre a presença Felgueirense no Brasil, quer dos que regressaram bem abastecidos, como dos que se mantiveram bem posicionados naquela nação talismã.


Em sentido completamente inverso, já em 2003, seguiu para o Brasil a então presidente da Câmara Municipal de Felgueiras, Dr.ª Fátima Felgueiras, nascida no Brasil e residente em Felgueiras, com dupla nacionalidade. A qual protagonizou rocambolesca “estória”, no seguimento do que ficou conhecido como “caso saco azul”; cuja história, mesmo depois do retorno verificado em 2005, ainda não tem a necessária distância temporal que acontecerá com o passar do tempo.

ARMANDO PINTO


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quinta-feira, 13 de junho de 2013

Longra deu nome a hotel no Brasil...


É verdade. Um Filho da Longra, o amigo sr. José Costa Pereira, português felgueirense nascido na Longra (a antiga povoação que era centro urbano da freguesia de Rande e atualmente é vila abrangente a Rande, Sernande e Pedreira), homenageou a sua terra natal de forma original e muito louvável, assim, tendo dado o nome da Longra a seu hotel no Brasil - uma unidade hoteleira que possui em Cordeiro, uma cidade do Distrito do Rio de Janeiro (dito assim para português de cá entender).

Esse conterrâneo partiu jovem para terras de Vera Cruz, saído da Longra com cerca de vinte anos, e, fixando-se na terra do pau vermelho, vive há muito mais tempo já no Brasil, até numa conta de mais de dois carros (de pão... à boa maneira do falar antigo destas nossas bandas), passados mais de oitenta anos de vida numa situação bem conseguida, felizmente.


Ora, em tempos o tema foi narrado no jornal Semanário de Felgueiras e, por esses tempos, recuados também, dedicamos um artigo sobre a diáspora felgueirense, a expansão de felgueirenses pelo mundo, referindo extensivamente o seu caso, entre alguns exemplos de casos de sucesso no estrangeiro.

Aliás, esse artigo, entretanto, está há muito destinado a incluir um livro sobre memórias e curiosidades felgueirenses,  mas não tem sido possível a respetiva publicação em volume, à falta de apoios de patrocínio. Como tal, por ora, iremos relembrá-lo, a propósito de recente contacto proporcionado por meio das atuais redes sociais. Indo recordá-lo aqui, em próxima publicação.

Enquanto isso, para já, damos a conhecer o mesmo hotel: Uma dotação no estrangeiro com o nome da Longra - tal como se pode ver (clicando no link) em:

http://www.hotellongra.com.br/

AP

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Felgueiras já com as Faixas de Campeões...



Felgueiras já tem as faixas colocadas em seus campeões. Numa festa digna de apreço, a que estivemos também presentes (falando no plural literário, o autor deste blogue e das linhas aqui escritas). 

Por algumas opiniões ouvidas na bancada e derivado a um comentário entrado na caixa do blogue (relativamente ao artigo anterior), lembramo-nos de vincar também a cerimónia, apesar de naturalmente o evento entretanto ir merecer atenções na comunicação local.

Para melhor descrever essa noite das Estrelas em Felgueiras, transcreve-se o que vem publicado n' A Bola On Line:

«Pedro Mendes, Nuno Assis, Alex, do Vitória de Guimarães, Ricardo Ribeiro e Pintassilgo, do Moreirense, Vinícius, do SC Braga, entre muitos outros jogadores que até já penduraram as botas, como Quim Berto, integraram a equipa dos Amigos de Fernando Meira, que esta quinta-feira à noite disputaram um jogo com o FC Felgueiras.

Foi um desafio com caráter "mais que amigável", conforme explicou Fernando Meira, e que serviu para abrilhantar a festa de consagração do FC Felgueiras, que recebeu as faixas de campeão da série B da III Divisão.

No Estádio Dr. Machado de Matos, as estrelas desfilaram ao som de muita música e animação, com um público vibrante a dar um colorido especial às bancadas do recinto. Para Nuno Assis, a homenagem ao Felgueiras é merecida: "Trata-se de um clube histórico, que tem feito um trabalho formidável e também é um reconhecimento ao técnico Carlos Soares, que conseguiu duas subidas em dois anos."

Recorde-se que Fernando Meira, Pedro Mendes e Nuno Assis são sócios numa empresa de agenciamento de jogadores, alguns dos quais participaram na festa em Felgueiras.»


O resultado final do jogo, apesar de ser o que menos interessava, foi de 2-1 favorável para a formação do Felgueiras.

Verificou-se uma assistência razoável, para um fim de dia ou noite de meio de semana e o programa delineado, conseguido dentro do normal, terá pecado apenas por não haver material de markting para cativação de adeptos, ao género de "lembranças" para depois recordar, de alusão ao acontecimento. No entanto, atendendo que esta foi a segunda subida de divisão consecutiva, notou-se já, desta feita, haver maior experiência na evolução dos números de cartaz, através de um ato mais solene na entrega das faixas (este ano individualmente e com anúncio público, através da instalação sonora do estádio, de cada um e qual, da personalidade que procedia à imposição e elemento da equipa que estava a receber a distinção), de que se encarregaram, na ocasião, os senhores Presidente e alguns vereadores da Câmara Municipal de Felgueiras,  honrosamente presentes em reconhecimento oficial do Município Felgueirense.

Armando Pinto

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Oh Felgueiras…! Salvé: F C Felgueiras 1932 é Campeão Nacional da 3ª Divisão Nacional, série B, de 2012 / 2013 !!!

 
   

Ó meu Felgueiras 
Do meu coração 
Conseguistes entrar 
Na 2ª Divisão 
Ó meu Felgueiras 
Jogaste prá frente 
Acabaste com o pio 
A muita gente…! 

 Assim se cantava em Felgueiras, segundo versos duns panfletos que se venderam logo pela manhã da feira da então vila de Felgueiras, de seguida à ascensão categórica do clube desportivo representante de Felgueiras; e cantávamos, entre pequenos adeptos entusiastas, depois no recreio da escola e, de permeio, por esses dias, quando íamos a exame final da 4ª classe, ali pela encosta até è escola chamada do Conde Ferreira (onde hoje está o quartel dos Bombeiros)… Isso assim, a meio da década dos anos sessentas, quando o F C Felgueiras subiu pela primeira vez, então da 3ª à 2ª Divisão Regional. Depois de longos anos de entusiasmo na disputa de renhidos jogos entre clubes da região. Muita coisa se passou entretanto, como se sabe e faz parte da História do Futebol de Felgueiras. Como aliás registamos em livro publicado em 2007, recorde-se. Tendo chegado o histórico F C Felgueiras a estar na 1ª Divisão Nacional, em 1995/96, mas depressa começou a descer, até ter sido extinto, em 2005… Agora o clube sucessor, o F C Felgueiras 1932, assim chamado em homenagem ao inicial e histórico clube antecessor, em poucos anos teve uma ascensão assinalavelmente rápida, a pontos de, depois de fundado em 2006 e haver recomeçado de baixo, pelo último escalão dos campeonatos distritais da A F Porto, depressa ter chegado a patamar condizente ao prestígio da memória do futebol felgueirense, ao já ter conseguido, neste ano de 2013, alcançar a 2ª Divisão Nacional, prova a partir da próxima época denominada Divisão Nacional Sénior…

   

 Em vista disso, como oportunidade de atualização desta parte mais recente da história respetiva, prestamos aqui homenagem a mais este feito do clube representativo do carisma felgueirense. Do clube do nosso concelho, da nossa terra. Aproveitando para registar uma página que o Jornal de Notícias, diário nacional sediado na cidade do Porto, dedicou a esta façanha do Felgueiras, na edição impressa de quarta-feira 5/6/2013. Cuja reportagem, de página inteira, dividimos em parcelas, para efeitos de melhor leitura, através dos recortes digitalizados - que aqui e agora partilhamos.

   

Entretanto, mais em cima da hora: 
Para acto tradicional da entrega das faixas de Campeões, vai ter lugar já nesta quinta-feira, dia 6 de Junho, um festivo encontro, à disposição de todos os felgueirenses. Então, segundo informação oficial, o FC Felgueiras irá receber neste dia 6 (quinta-feira, portanto) uma equipa de Estrelas de Futebol, designada de “Amigos de Fernando Meira”. A partida terá lugar no Estádio Dr. Machado de Matos, em Felgueiras, com início marcado para as 20 h 30. A entrada será gratuita
Este será o último jogo da presente temporada para o clube felgueirense, equipa que receberá as faixas de campeão da série B da III divisão nacional. 
Estarão em campo, para o seguinte jogo de confraternização festiva, alguns conhecidos futebolistas que já passaram pelas fileiras do antigo F C Felgueiras e outros outrora também colegas do referido antigo jogador de Felgueiras e posteriormente de outras equipas nacionais. Estando para serem constituintes da equipa “Amigos de Fernando Meira”: Além do Fernando Meira; também Pedro Mendes; Pintassilgo; Nuno Assis; Vinicius; Alex; entre outros.

   

 Armando Pinto
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terça-feira, 4 de junho de 2013

Glorificação santificadora de Guilhermina Mendonça - a “Menina de Rande” (1889-1912)

 

Está há muito enraizada na tradição popular certa veneração sagrada por uma menina falecida há cento e poucos anos, tida como santa pelo povo, na região sul do concelho de Felgueiras, pelo menos – a chamada Menina de Rande, Guilhermina Mendonça. 

Apesar dessa afeição pela sua aura santificada, têm faltado, entretanto, iniciativas tendentes ao devido processo de andamento eclesial, à mingua de interesse de pessoas da hierarquia da Igreja ou ao menos com poder nesse âmbito, dentro da Diocese do Porto e particularmente na Vigariaria de Felgueiras e paróquias a que pertence a área geográfica da personagem e seus devotos, em apreço. 

Assim, não foram ainda reconhecidas as virtudes heróicas de Maria Guilhermina de Barbosa Mendonça, Serva de Deus nascida em 1889 na Casa de Rande, da freguesia e paróquia do mesmo nome, no concelho de Felgueiras e distrito do Porto, onde também faleceu em 1912 e se encontra em jazigo-capela de família, no cemitério paroquial de S. Tiago de Rande. 

A sua biografia, como primeira tentativa de ser feita “alguma coisa” pelo devido reconhecimento, encontra-se entre as páginas do nosso livro “Memorial Histórico de Rande e Alfozes de Felgueiras”, às páginas 281 até à 289 desse volume historiador da região, publicado em 1997. 

Mais tarde, no ano do centenário de sua morte, em 2012, foi a passagem para a Casa do Pai assinalada particularmente com uma iniciativa louvável e que, como tal, noticiamos na imprensa regional, através do jornal de publicação mais regular e maior expansão local, o Semanário de Felgueiras;  primeiro com um artigo em sua edição de 27 de Julho de 2012 e depois por uma nota noticiosa no respetivo número de 12 de Outubro de 2012 – de que se junta aqui imagem em recorte digitalizado:

   

Em virtude de tudo o que está subjacente e na envolvência dessa aura de santidade que merece reconhecimento, porque o que publicamos no livro historiador da região não está já à mão da maioria das pessoas, esgotada que está a edição também há muito tempo (e de permeio houve pessoas que na ocasião não chegaram a adquirir o livro), inserimos aqui e agora imagens das páginas correspondentes, para assim não esmorecer a fé que anda em nossas almas, no sentimento comunitário. Entreabrindo assim um caminho ao rumo que deve tomar um caso destes, digno de glorificação.

 



 

   

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 * Desses mesmos motivos, também, já demos anteriormente conta neste nosso blogue, como por exemplo, num dos artigos em 


ARMANDO PINTO

sexta-feira, 31 de maio de 2013

Artigo agregado ao 23º aniversário do Semanário de Felgueiras

 

Na época da chegada das andorinhas, qual andorinha trazendo a Primavera, começou a chegar às mãos e olhos dos Felgueirenses um jornal Semanário, faz agora vinte e três anos, a 1 de Junho – o Semanário de Felgueiras, jornal também conhecido simplesmente por Felgueiras ou Felgueiras Semanário. 

Associando-nos com uma simples lembrança, procuramos assinalar a data com uma articulada agregação de ideias transmitidas, em mais uma das nossas semanais crónicas, desta feita como homenagem ao simbolismo coletivo, ao Felgueirense Anónimo e Comum, na generalidade. Cujo texto se pode ver e ler, aqui também (porque desta vez a disposição paginada assim permite), tal como foi publicado na página 10 da edição impressa desta sexta-feira, 31 de Maio. 

Basta, para o efeito, clicar sobre a imagem do respetivo recorte digitalizado, para ampliar e ler.

   

 Armando Pinto

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Evocação ao patriarca da Pensão Albano - na interligação atrativa do futebol felgueirense doutros tempos... em mais uma crónica no S. F.



Tal como doutras vezes já recordamos alguns personagens típicos de eras recuadas, daquelas figuras marcantes que perduram na memória coletiva, lembramos desta feita o sr. Albano, numa evocação ao patriarca da Pensão Albano, estendendo interligação a atrativos derivados de visitas de entusiastas do futebol de outrora, conforme narramos em mais uma crónica no Semanário de Felgueiras. 

Assim, em conformidade, deixamos correr a escrita num pequeno trecho, atendendo ao espaço, entre o que, de quando em vez, vamos legando pela memória cultural felgueirense, através da crónica que escrevemos no lugar mantido ao longo dos anos no jornal Semanário de Felgueiras. 

Desse escrito, para devidos efeitos, colocamos aqui imagens da respetiva coluna e do homenageado. Quanto ao que é publicado hoje no Semanário de Felgueiras, à página 12 da edição impressa desta sexta-feira 24 de Maio. 


(Clicar sobre o recorte digitalizado, para ampliar) 

Do mesmo, para leitura, colocamos o texto revertido conforme o original: 

Recordando Albano Costa e Sousa – Um Nome Felgueirense… 

Felgueiras está de novo no mapa das terras com futebol de bom nível, quanto o fenómeno desportivo e primazia do desporto-rei proporciona em visibilidade e importância. Regressada a terra do pão de ló e calçado ao rol dos locais onde ocorre colorido esplendor em tardes desportivas com banhos de multidão, no alcance da 2ª Divisão portuguesa pelo F C Felgueiras 1932, chegado agora à atual Divisão Nacional Sénior. Voltando assim a ouvir-se o nome Felgueiras associado à geografia nacional, onde rumam os passos de visitas e paladares, tal a extensiva promoção deparada. 

Esse cenário, puxando galões recordatórios, recua a memórias de tempos idílicos de antanho, de quando o clube representativo de Felgueiras, o histórico F C Felgueiras, jogava no velhinho campo pelado da Rebela, já chamado de Campo Dr. Machado de Matos. Recinto então, às portas da então vila de Felgueiras, vedado a muros irregulares de blocos de cimento, com grande porta de entrada encimada por um coberto de telhas, género de telheiro alpendrado, que era ladeado dentro por uma típica tasquinha, sítio esse de apreço público em momentos de acalmia, antes e nos intervalos dos jogos, além de muito animar os visitantes que demandavam Felgueiras com interesse em conhecer o verde vinho da região, de acompanhamento a petiscos. Corriam ventos de progresso possível, nessas eras que vêm à memória, a propósito, na amena existência dos anos sessenta, do século XX, quando o futebol ganhou maior ligação em Felgueiras. Sendo que, antes ainda, muitos dos forasteiros, em excursões que vinham estrada acima, iam parando pelo caminho, conhecida que era de muitos a Loja da Ramadinha da Longra, e mais adiante, por fim, já na vila, as lojas do Leão, do Milhões, do Tomate, etc… Ah, e do Albano, conforme lembra a retina popularucha memorial. Em dias de jogos, na expetativa de encontros que sempre despertavam grande interesse, indo os mais novos até ao Café Popular, a fazer tempo da proximidade à hora de todos rumarem ao campo da bola, enquanto no Belém fervilhava ambiente seleto, por baixo da Assembleia de comedido convívio mais social, nesses tempos. Até que todo o povo, enchendo as bermas da estrada pela reta da Marfel adiante, seguia em numerosa fila para o local de encontro, como se para romaria fosse. 

Ganhara tradição, ainda, por esses tempos, a gastronomia típica, sendo muitos os visitantes que vinham também pelo sabor da cozinha local, tal o que ouvíamos em perguntas a indagar onde ficava um ou outro sítio de comes e bebes. Havendo um paradeiro (passe a natural publicidade, mas tem de se dizer por rigor cronista) que era ponto de referência, quanto se passava com o popular Albano, tal como se dizia simplesmente da pensão Albano. Graças aos dotes culinários das mulheres da respetiva família e sobretudo à popularidade desse senhor detentor de certa simpatia e muitos conhecimentos, dentro e fora de portas, na zona. 

Calha assim, na oportunidade do mote, em recordar essa figura típica como foi o senhor Albano da Pensão. Como exemplo de homens felgueirenses daquele tempo, de empreendedores conterrâneos que ajudavam ao bom nome de Felgueiras. A ponto do Albano, como era popularmente mais conhecido, ser falado em terras distantes, pelos comeres cujo cheiro chegava além do horizonte, bem como pelos bons vinhos que os simpatizantes das equipas que vinham a Felgueiras aproveitavam para conhecer aos beberes.

   

Albano da Costa e Sousa, esse senhor Albano, ficou então na lembrança decorrente do fluxo que o futebol de tempos áureos proporcionava. Comerciante fundador da dita pensão e extensivo grupo negocial, que se alastrou na família com café e adega, tal como até loja de doçaria, por exemplo, esse senhor Albano, falecido já no começo da década dos anos 70, foi um felgueirense permanecente na recordação das gentes felgueirenses, enquanto bairrista integrante de diversas comissões de festas e organizador de realizações concelhias. Inclusive com participação ativa na reorganização do clube de futebol nos anos cinquenta, revendo-se ter sido na pensão Albano, como é da história, que se realizaram reuniões da génese à revitalização do F C Felgueiras em 1953, no impulso de continuidade ao grupo formado em 1932. Do bom que se conserva do remanso de Felgueiras de tempos idos, qual celebridade do respeito merecido por gente de fibra. Mantendo-se no tempo esse nome, entre outros, dos bons velhos tempos do futebol felgueirense, por quanto se interligavam os valores e os sabores. 

Armando Pinto