Espaço de atividade literária pública e memória cronista

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Canto florido num Livro duma simpática figura... em mais uma crónica no Semanário de Felgueiras

 

Assim tal, qual, conforme o título deste artigo informático... em vez de fazer um qualquer canto literário a Abril, ao original e não ao dos políticos nacionais de agora, no sentido lírico do ideal que povoou muitos anseios, há anos (e atualmente desilusões, em muitas gerações prejudicadas do povo comum), vimos antes dedicar um terno olhar, em toada leve, sobre uma obra florida, um livro enternecedor… e sua autora. Conforme deixamos fluir num escrito dos que, de quando em vez, vamos fazendo pela cultura felgueirense, através da crónica que escrevemos no espaço mantido ao longo dos anos no jornal Semanário de Felgueiras.

   

É esse o caso do artigo que esta semana vem publicado no SF, onde deixamos correr, como água simples e límpida em livre curso, um despretensioso fio transparente da respetiva liquidez.


Desse escrito, para os efeitos de partilha, colocamos aqui imagens da respetiva coluna. Quanto ao publicado na edição impressa desta sexta-feira 26 de Abril, no Semanário de Felgueiras.

 = (Coluna digitalizada) 

Entretanto, do mesmo, para leitura, colocamos o texto revertido conforme o original: 

Baú de afetos - em livro da Profª D. Joaquina 

Na história local, entre assuntos da memória coletiva, aparece em lugar especial comunitário, quantas vezes, o mister dos antigos mestres-escolas, por quanto representava nas comunidades quem ensinava as primeiras letras, em figurinhas que davam seu quê além do horizonte. Tal como noutros tempos o ensino era ministrado em torno de mosteiros, ficando a cultura literária empoeirada nos saberes ancestrais, tempos houve, depois, que foram os mestres escolares a darem noções mais elementares aos que viviam em seus povoados, aninhados à sombra do sino paroquial e da sineta da aula. Continuando pelos tempos fora essa ligação afetiva através de professores primários, quais mestres de sucessivas gerações das freguesias. Na ligação ao oficial magistério, sabendo-se que magister, procedente do latim, significa mestre. 

Nesse campo, tal como diz o povo que cada terra tem seu uso e cada roca seu fuso, uma localidade teve ou até ainda tem seu mestre mais ternamente lembrado. Como sugere a ideia do ditado popular, transpondo ao tema em apreço, podem mesmo considerar-se, no panorama de tempos antigos, tais pessoas com certo carisma, por haverem mesmo tido papel determinante na evolução local. Como, segundo se consegue vislumbrar pela história antiga local, houve um professor Barros Leite em Felgueiras que se manteve na memória popular pelos tempos além, bem como depois uns Professores Freitas, Caldas, e tantos mais por essas encostas sousãs, assim, como exemplos determinantes, também na terra natal do autor destas linhas eram muito lembrados pelas pessoas antigas uns professores João Babo e António Pacheco; e pelos filhos desses seus alunos ficaram e são recordadas já umas mais posteriores e então dinâmicas D. Maria Amélia Noronha, D. Candidinha Sousa e D. Fernanda Silva, para falar nas que melhor conhecemos, etc. e tal. E noutras terras idem, aspas. Vindo este naco de prosa a propósito de sempre termos nos sentidos que havia umas quantas professoras assim mais, lembrando ao acaso, uma – que é onde queremos chegar – numa área próxima, nos arredores dos sítios onde cirandavam as crianças dos nossos tempos de meninos e moços…

   

Ora, quando na atualidade os governantes estão a desvalorizar as pessoas que ainda conseguem ensinar e desempenhar funções públicas, com saber de experiência feito e amor à causa, é de recordar e vincar tempos de outrora, não por saudosismos balofos mas por constatações da verdade. Trazendo à tona esses antigos mestres. Na lembrança de se identificar uma terra com os seus representantes, sendo que esses eram um baluarte estimável e significativo em cada torrão. Assim havia na freguesia da Pedreira a D. Joaquina - a que, como andamos às voltas para a situar, desta vez bem merece nossa apreciação. Nada e criada em São Jorge de Várzea, onde veio ao mundo a 9 de Outubro de 1923, atualmente residente na cidade de Felgueiras, mas com a maior parte de sua vida passada no remanso de Santa Marinha da Pedreira e sítios de afinidade à Longra. 

É isso, ipso facto. Como no Porto há a Torre dos Clérigos a identificar a cidade sobre um vasto casario, monumento edificado por sinal agora a perfazer 250 anos desde a sua conclusão granítica, de modo mais personalizado sempre associamos a Pedreira com a professora D. Joaquina, aquela senhora muito simpática que víamos acompanhada de seu marido, muito educado e igualmente de presença assaz agradável. A pontos que nem nos preocupávamos com muitos pormenores mais, era a D. Joaquina da Pedreira e bastava. 

Porém, depois que se aposentou, deixamos de a ver muito. Mas mantendo sempre em nossa cabeça a postura que aquele casal detinha. Soubemos agora, através de gentil oferta, que a D. Joaquina escreveu e publicou, há meses atrás um livro de poesias suas, ela que, mantendo sua vivacidade intelectual, foi fazendo versos. Um livro que se lê com agrado, visto essas poesias saberem bem exprimir o que sente. Nada que se pareça com versos que só os autores sabem o que queriam dizer, mas sim num belo ramalhete formando hinos explícitos de tranquilidade na vida. Quão se respira ali, no livro da D. Joaquina Dias de Sousa Ribeiro, uma atmosfera repousante. Pessoa como é, a autora do titulado “Do meu baú troco um poema por um sorriso teu”… quão coloca carinho e esmero no que faz, como motivo para fazer arte, enaltecendo o passado e dignificando a cultura. 

Armando Pinto 
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quarta-feira, 3 de abril de 2013

Contributos sobre… Longra / Rande em estudos escolares.

 

Nas graças que se dão e recebem há sempre algo importante na partilha que a atividade publicista proporciona. Sendo, por fim, interessante quando se tem conhecimento de eventualmente podermos ter tido alguma contribuição útil, do que foi tornado público. Tal como está indicado na faixa da direita deste nosso blogue, em “Atividade Literária Pública”, entre vários exemplos em que livros histórico-literários, do autor destas notas, serviram de fonte informativa a trabalhos estudantis de finais de curso e mesmo monografias académicas. 

Nesse campo, além de outros casos em que sabemos ter havido recolha em nosso acervo publicado, chegou-nos recentemente ao conhecimento a existência de um pequeno trabalho escolar, precisamente, dentro dos parâmetros referidos. Desta vez através de pesquisa efetuada em três livros, de que resultou uma redação sobre a vila da Longra. 

Do caso, pela nota de interesse revelada, se deixa aqui as respetivas cópias - ficando a última página interrompida, para se evitar nomeação do finalista, obviamente.

Importará então a fixação deste estudo, com o qual nos congratulamos. 

 



 

 





 







 



 

Armando Pinto

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segunda-feira, 1 de abril de 2013

Páscoa Afetiva - de 2013

 

Faça sol ou chuva, Páscoa é sempre Páscoa. Especialmente quando vivida em família e com motivos afetivos, de ligação às tradições e estima comunitária, no espírito de Aleluia. 

Passada mais uma Páscoa, por acaso com um dia algo morrinhento no semblante exterior, mas aconchegante no interior dos lares onde se reuniram familiares e amigos à espera do Compasso, fica a perene recordação dos bons momentos vividos, mais uma vez. Desde a doçaria que ajuda a colorir o espírito, passando pela mesa posta do almoço pascal familiar e adereços próprios do dia, até à chegada da Cruz… Neste caso na Longra, quanto ao que nos diz particularmente respeito, no panorama transmitido pela Visita Pascal da paróquia de S. Tiago de Rande – de que se registam, aqui, alguns instantâneos, do ambiente doméstico do autor, como não podia deixar de ser.

 
 

Armando Pinto

quarta-feira, 27 de março de 2013

Memórias de Páscoa...!!!

 

Estamos em tempo de Páscoa. Numa celebração cujo motivo principal é o chamado mistério pascal, enquanto símbolo de fé religiosa, tal a ressurreição professada na comemoração própria da quadra, em apreço.

   

Neste período de renovação da natureza e celebração da vida, com os sentidos preenchidos por tradicionais práticas e costumes que preenchem o imaginário da Páscoa tradicional, recordamos por imagens algumas vivências de tempos passados, na terra do autor deste blogue, ou seja na comunidade paroquial de Rande, ao concelho de Felgueiras. 

Passam então diante dos olhos imagens da igreja com as respetivas cruzes enfeitadas para a Visita Pascal, o tapete de flores que era useiro a assinalar as portas de entrada e algumas panorâmicas da composição e chegada do Compasso, a saudação de Aleluia e o beijar da cruz, em anos e casos diversos…

   

Assim, perante evidentes sentimentos de vivência católica, religiosidade popular e afetos tradicionais, reavivamos aqui uma espécie de memorização de cenas ancestrais do Compasso Pascal na mesma nossa paróquia de S. Tiago de Rande, em percurso dentro da freguesia, na antiga povoação e atual vila da Longra… Desde inícios do século XX, passando pelos anos oitentas e noventas, entretanto, chegando a anos recentes e inclusive até ao ano passado, ainda.

   




Armando Pinto 

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terça-feira, 26 de março de 2013

Contas Conjuntas...

 

Guardar é ter respeito, diz um antigo dito proverbial, na justa medida de outro ditote a proclamar ”guarda o que parece não prestar e terás o que vais precisar”. Também nesse sentido, mas especialmente na preservação do que deve ser protegido, de forma a ser conhecido mais tarde, há diversas maneiras de colecionismo atinente à prevenção memorial, qual garante de que tudo deve merecer apreço, tal o que alguém acabará por atribuir e reconhecer a algo. 

Como tal, no vasto campo das relíquias dignas de memorização, damos à estampa, desta feita, um conjunto de objetos que ainda trazem lembranças e deixam saudades de outros tempos de boas finanças individuais e coletivas, através de diversas cadernetas de contas bancárias que venceram a erosão do tempo, graças a estarem guardadas. Quais recordações, essas, que assim dão testemunho de antigos e ainda recentes usos de poupanças depositadas numa instituição bancária, com balcão há muito existente em Felgueiras. À laia dum exemplo de artefactos capazes de transmitirem imagens do passado conjunto e esperanças de boa memorização futura. 

Armando Pinto

sexta-feira, 22 de março de 2013

À Memória de Sousa Pinto - no Semanário de Felgueiras

 

Ocorreu recentemente o desaparecimento deste mundo do amigo Arnaldo Sousa Pinto, popularmente também conhecido na cidade de Felgueiras por Neca. Tal ocorrência, naturalmente tornada conhecida entre a população, deu azo a que, na habitual crónica mantida no jornal Semanário de Felgueiras, lhe prestássemos um justo tributo - na medida do conhecimento granjeado na sua passagem pelas atividades da Casa do Povo da Longra, há alguns anos, aquando da gerência do autor destas linhas na presidência da mesma instituição Longrina. O que gerou amizade e admiração refletidas em mais um artigo publicista, do qual agora partilhamos aqui a respetiva coluna, do que foi publicado no mais recente número do S F, à página 12 da respetiva edição impressa, nesta sexta-feira 22 de Março.

   
 (Clicar sobre este recorte digitalizado, para ampliar) 

Do mesmo, para mais fácil leitura, colocamos o texto conforme o original: 

Pró memória: Arnaldo Sousa Pinto 

Faleceu Arnaldo Sousa Pinto, poeta e artista autodidata felgueirense, na passada terça-feira, dia 12, aos 64 anos. Homem da palavra e de bagagem cultural, calou a sua voz declamadora, vitimado por enfarte, num infausto acontecimento que se deu quando tinha em mãos uma exposição coletiva patente na Casa das Artes de Felgueiras. 

Arnaldo Manuel Baptista de Sousa Pinto nasceu em Guimarães a 25 de Junho de 1948, e, residindo em Felgueiras, entretanto, frequentou o Seminário de S. José, em Lagares; e o Seminário Santa Teresinha, em Pombeiro. Foi funcionário dos CTT e bancário na área de Lisboa, até que regressou a Felgueiras em 1986. Publicou poemas na imprensa local e está representado na Primeira Colectânea de Poetas Felgueirenses, edição de 1989 do Pelouro da Cultura da Câmara Municipal de Felgueiras; e em Com Verso Ando, Antologia Poética, publicada em 1993 numa edição do Café Belém. Foi também ensaiador e ator do Grupo de Teatro da Casa do Povo da Longra, durante algum tempo, sensivelmente nos primeiros anos 2000, até há alguns anos atrás, numa relação interessada pela cultura em geral e pela arte cénica em particular. Tendo por isso sido autor de algumas peças de teatro, uma das quais, pelo menos, chegou a ser representada em palco na Longra. Desempenhou ainda lugar de deputado à Assembleia Municipal de Felgueiras, eleito pelo PS, mas sobretudo em representação desta terra, onde ficou sepultado no cemitério municipal de Margaride. 

Desaparece assim fisicamente um cidadão ativo e muito sociável, sendo figura deveras conhecido dos meios culturais felgueirenses. Paz à sua alma. E que no Além não deixe de declamar alguns de seus belos versos, como ele tão bem sabia. Dizendo agora adeus por algumas estrofes dum poema da sua autoria: 

                                       «Partem as aves aladas 
                                       Em eternas revoadas 
                                       Procurando outros beirais!... 
                                       Mas fica meu ser aos ais, 
                                       Chorando sem parar mais 
                                       Em gotas agras, salgadas. 

                                                Partem as aves, coitadas, 
                                                Mas partem, sim, confiadas 
                                                Em voltar aos seus casais!...
                                                Só eu não sei se tu vais 
                                                Para eu te encontrar jamais 
                                                E viver horas passadas». 


 Armando Pinto

terça-feira, 19 de março de 2013

Homenagem em Dia do Pai... ao meu Pai !

 

Hoje é Dia do Pai.

Tradicionalmente este evento em Portugal é comemorado no dia 19 de Março. Celebra-se no dia de São José, santo popular da Igreja católica e pai de Jesus na terra, como esposo de Maria, mãe de Jesus Cristo. A celebração desta data é comum a diversos países, variando contudo de uns para outros, sabendo-se que, além de Portugal, também celebram o Dia do Pai em 19 de Março, pelo menos, a Espanha, Itália, Andorra, Angola, Bolívia, Honduras e Liechstenstein. 

Sendo o autor também já pai e avô… não esqueço meu pai. Recordando, a propósito, aqui e agora, sua fisionomia em diversas fases da vida, desde jovem até uma época em que nossa vida não chegara ainda ao tempo dos pensamentos profundos e tudo parecia ir durar sempre. Tal a ideia das ilustrações expostas, em cuja rememoração subjacente dedicamos agora as faces dum género de cartão alusivo, com que encimamos o texto e aqui continuamos esta especial missiva.

 

Naturalmente a dedicação desta data está associada com o dia litúrgico atribuído no calendário católico a S. José. Mas haverá outras justificações para a origem do Dia do Pai, havendo nalgumas enciclopédias uma referente aos Estados Unidos, mas curiosamente muito mais tardia que a tradição há muito enraizada em Portugal; o que quer dizer que, afinal, neste como em muitos outros casos manda a tradição, que tem muita força. E já S. João Crisóstomo dizia que onde houver tradição se não busque outras provas…


Importa então, para o caso, em dia de S. José e do Pai, que esta data é dedicada a homenagear os pais, pois, como diz o povo, falando em nome de todos e de cada um: não há pai pró meu pai…! E pai só há um…!!! 

O autor destas linhas já perdeu fisicamente o pai há alguns anos. Mas enquanto ele viveu, nos seus quase noventa anos de vida, foi sempre o meu herói. 

   

Numa singela mas sentida homenagem a meu pai, lembrando como ele gostava de ver as fotografias antigas e documentos que eu conseguia descobrir e divisar, aqui arranjo maneira de mostrar uma - acima - como recordação, do local da “fábrica nova”, a Metalúrgica, na Arrancada da Longra (sabendo-se que a "velha" era a inicial, respetiva, do largo da Longra), onde ele inventou e construiu a sirene que era ouvida a grandes distâncias e, sendo coisa rara à época e mais com aquela potência, sempre foi tida como referência da Metalúrgica da Longra… numa das suas facetas que lhe valeram, a Joaquim Pinto, meu pai, o Prémio da Associação Industrial Portuense. 

Enquanto isto ainda permanece na retina, por fim, votamos ao além uma deposição dum texto, qual ramo florido lançado aos ares da saudade, através do qual relembramos algo que em nossa meninice nos sensibilizou na leitura do livro de ensino primário. Sempre com nosso pai no sentido… Como ele sabia e continuará a saber, nos insondáveis mistérios da eternidade!

   

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Armando Pinto 


                               Obs. : Conf. também 
(clicando sobre o link)


A.P.