Espaço de atividade literária pública e memória cronista

terça-feira, 19 de março de 2013

Homenagem em Dia do Pai... ao meu Pai !

 

Hoje é Dia do Pai.

Tradicionalmente este evento em Portugal é comemorado no dia 19 de Março. Celebra-se no dia de São José, santo popular da Igreja católica e pai de Jesus na terra, como esposo de Maria, mãe de Jesus Cristo. A celebração desta data é comum a diversos países, variando contudo de uns para outros, sabendo-se que, além de Portugal, também celebram o Dia do Pai em 19 de Março, pelo menos, a Espanha, Itália, Andorra, Angola, Bolívia, Honduras e Liechstenstein. 

Sendo o autor também já pai e avô… não esqueço meu pai. Recordando, a propósito, aqui e agora, sua fisionomia em diversas fases da vida, desde jovem até uma época em que nossa vida não chegara ainda ao tempo dos pensamentos profundos e tudo parecia ir durar sempre. Tal a ideia das ilustrações expostas, em cuja rememoração subjacente dedicamos agora as faces dum género de cartão alusivo, com que encimamos o texto e aqui continuamos esta especial missiva.

 

Naturalmente a dedicação desta data está associada com o dia litúrgico atribuído no calendário católico a S. José. Mas haverá outras justificações para a origem do Dia do Pai, havendo nalgumas enciclopédias uma referente aos Estados Unidos, mas curiosamente muito mais tardia que a tradição há muito enraizada em Portugal; o que quer dizer que, afinal, neste como em muitos outros casos manda a tradição, que tem muita força. E já S. João Crisóstomo dizia que onde houver tradição se não busque outras provas…


Importa então, para o caso, em dia de S. José e do Pai, que esta data é dedicada a homenagear os pais, pois, como diz o povo, falando em nome de todos e de cada um: não há pai pró meu pai…! E pai só há um…!!! 

O autor destas linhas já perdeu fisicamente o pai há alguns anos. Mas enquanto ele viveu, nos seus quase noventa anos de vida, foi sempre o meu herói. 

   

Numa singela mas sentida homenagem a meu pai, lembrando como ele gostava de ver as fotografias antigas e documentos que eu conseguia descobrir e divisar, aqui arranjo maneira de mostrar uma - acima - como recordação, do local da “fábrica nova”, a Metalúrgica, na Arrancada da Longra (sabendo-se que a "velha" era a inicial, respetiva, do largo da Longra), onde ele inventou e construiu a sirene que era ouvida a grandes distâncias e, sendo coisa rara à época e mais com aquela potência, sempre foi tida como referência da Metalúrgica da Longra… numa das suas facetas que lhe valeram, a Joaquim Pinto, meu pai, o Prémio da Associação Industrial Portuense. 

Enquanto isto ainda permanece na retina, por fim, votamos ao além uma deposição dum texto, qual ramo florido lançado aos ares da saudade, através do qual relembramos algo que em nossa meninice nos sensibilizou na leitura do livro de ensino primário. Sempre com nosso pai no sentido… Como ele sabia e continuará a saber, nos insondáveis mistérios da eternidade!

   

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Armando Pinto 


                               Obs. : Conf. também 
(clicando sobre o link)


A.P.

sexta-feira, 15 de março de 2013

Crónica no SF sobre Sensações Felgueiristas…

 

Associando-nos ao momento presente do futebol felgueirense, escrevemos desta feita, no espaço regular mantido por colaboração no jornal Semanário, um artigo relacionado com antigas vivências do atrativo clubista concelhio. Através de crónica versando o caso, no virar de página da presente época futebolística e em homenagem ao clube que volta a colocar Felgueiras nas parangonas dos jornais por um bom motivo…

Desse escrito, para os efeitos de partilha, colocamos aqui imagens da respetiva coluna. Quanto ao que é publicado hoje no Semanário de Felgueiras, à página 12 da edição impressa desta sexta-feira 15 de Março.

   

Do mesmo, para leitura, colocamos o texto revertido conforme o original: 

Sensações Felgueirenses 

Correm tempos de recessão social, por extensão à malapata económica que se abateu sobre a sociedade, como se sabe e sente. Decorrendo por conseguinte uma fase de contração no ciclo monetário, derivando deste período de retração geral um manifesto desapego por motivos anteriormente despertos. 

Num ambiente assim, de inferioridade anímica, depara-se localmente por outro lado, ou melhor com outros horizontes, uma interessante vitalidade ao nível da representatividade desportiva, por mor do desporto-rei. Pois que o clube de futebol mais representativo de Felgueiras a nível superior, o F C Felgueiras 1932, vai de vento em popa na sua caminhada de recuperação – depois do desaparecimento do antecessor e histórico F C Felgueiras e surgimento do primeiro sucessor, CAF, até à situação afirmativa do presente com a denominação resultante. Efetivamente o Felgueiras está a ter um ótimo desempenho no campeonato da 3ª divisão nacional em que se conseguiu incluir, estando já apurado para a fase dos primeiros da sua série, terminada que está a 1ª Fase na situação de 2º classificado da Série B, a um escasso ponto do 1º lugar. Classificado como vice na respetiva fase regular da série composta por 12 equipas, das quais os 6 primeiros clubes passam à pule de apuramento dos dois melhores classificados, que terão acesso à subida à nova Divisão do Futebol Sénior. Augurando-se, então, possibilidade de nova ascensão, até mais decisiva arrancada, perante a realidade de reorganização das provas nacionais (que levará aos clubes que não conseguirem a subida, à divisão imediata, terem de se contentar com uma posição regional, qual será na novel divisão de elite distrital). 

Diante disto, porque o que é de nossa terra nos toca, não podemos ficar indiferentes. Não admirando que voltemos ao tema, embora, como nos lembra um poema em tempos cantado pelo Duo Ouro Negro, possamos também dizer, relevando o facto bem expresso na letra: “Minha terra é linda como flor e água no deserto... não levem a mal eu gostar tanto dela, não levem a mal eu falar tanto nela… não me queiram mal por querer tanto dela…” 

Obviamente que a deliciosa música da mesma canção melhor exprime a mensagem, mas é mesmo assim a realidade. Num turbilhão de sensações perpassadas defronte da memória de quanto já representou o Felgueiras, clube de futebol, para os felgueirenses. Quais imagens diluídas na penumbra dos tempos a dar conta de velhas histórias, algumas das quais passadas com rivais equipas de concelhos vizinhos, como Lousada e Paredes, que ora se reencontraram e a quem o Felgueiras se superiorizou na fase inicial do campeonato em curso. Ainda está de fresco na memória a recente vitória alcançada pelo FC Felgueiras 1932 em Lousada, coisa que nos tempos de antanho seria muito glosada nas hostes clubistas, mas desta feita foi deveras normalizada nas atenções públicas. Antigamente os prélios entre clubes vizinhos originavam grandes entusiasmos e disputas, recordando-se, a propósito, as receções ao Lousada, sempre distinguido à passagem de seus prosélitos, através de tarjas com dísticos provocatórios, sobre a estrada, normalmente por panos colocados na Longra (para evitar conflitos na fronteira dos concelhos, ao Alto do Unhão, onde entre a população coabitavam de um lado e doutro naturais simpatizantes das duas equipas). E na despedida, era na viragem para a rua velha da então vila de Felgueiras, na esquina da rua Rebelo de Carvalho, que se alinhavam os mais fervorosos adeptos felgueiristas, na saudação de lábios… Tanto como  em Lousada acontecia do mesmo, tendo num ano até sido colocada na aparelhagem sonora uma canção de escárnio e maldizer, alusiva... E nas outras terras ao redor igual ou pior... mas sempre com graça e interesse, como válvula ao entusiasmo existente. Algo, isso e muito mais, hoje tido por passado virando pó, espécie duma la minute de lembrança.

      
Na calha, ante a atualidade, apraz recordar tais coevos tempos do inicial crescimento do futebol felgueirense, quando era ainda ansiada a pioneira passagem de divisão. Entretanto, antes ainda, o F C Felgueiras tivera uma época em que conseguiu inclusive vencer a sua série (havia ainda a 3ª Regional, dividida em zonas), mas sem almejar depois a respetiva primeira subida, acontecida mais tarde. Vindo a talhe um vislumbre por uma equipa desse tempo, conforme se pode constatar. Vendo-se na mesma: a partir da esquerda, em cima - Barnabé, Zé Maria, Cardoso, Augusto, Pimenta e Mamede; em baixo - Roda, José Carlos Cabanelas, Zeca Pinto, Mendes e Sabú. Um simpático grupo de rapazes, então na flor da vida, que fizeram história. Faltando na foto, entre outros contemporâneos, uns Pacheco (careca), Monteiro, Mário e Zé Manel Estebainha, dos que vieram a fazer parte da equipa da 1ª subida de divisão, em 1964/65… Tal qual, daqui a uns anos serão os jovens da época atual a também poderem assim ser lembrados, na galeria dos que ao longo dos tempos fizeram sensação perdurável nos adeptos felgueiristas. 

Armando Pinto 

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terça-feira, 12 de março de 2013

Ciclista Albino Mendes – Um Felgueirense saliente do passado

 

Nas constantes deambulações pela tentativa de memorização de tudo o que tenha valor significativo com chancela felgueirense, entre outros parâmetros, demos há tempos com o conhecimento sobre um antigo desportista felgueirense de valor nacional, nada lembrado ao nível da sua e nossa região, no concelho de Felgueiras. Tal o caso de um ciclista que no passado alcançou estatuto de participante na alta roda do ciclismo português, de nome Albino Mendes. Um Felgueirense, natural da freguesia de Airães, que alinhou na equipa de ciclismo do Académico do Porto, ao lado de famosos corredores como Alberto Carvalho e Manuel Castro, por exemplo (dois ciclistas que depois chegaram a representar o F. C. do Porto) e entretanto atingiu ponto alto de sua carreira quando em 1964 participou na Volta a Portugal em bicicleta.

De seu currículo, segundo o pouco que conseguimos descobrir, sabemos que Albino Mendes começou a correr a sério na equipa de ciclismo do Grupo Desportivo MIT, da Metalúrgica da Longra, competindo inicialmente no desporto corporativo e depois como Amador em provas federadas da Associação de Ciclismo do Porto, tendo em 1962 vencido o circuito de Ermesinde. Seguiu por fim para o Académico do Porto, na peugada do vizinho felgueirense Joaquim Costa, também iniciado na equipa Longrina (e entretanto instalado na equipa dos Independentes do Académico, embora à época a cumprir serviço militar que lhe cortou a corrida). Tendo o Albino Mendes depressa evoluído e assim tido entrada na principal equipa academista, a pontos de em 1964 ter sido escalado para fazer a Volta a Portugal com a cruz do Académico ao peito.


= Mapa da Volta de 1964 (recorte de jornal): Prova com inicio a 14 de Agosto, na pista do estádio das Antas, no Porto, seguindo depois até  Lisboa durante 17 dias, num total de 2. 396 km, e ao longo de 20 etapas. Volta em que triunfou individualmente Joaquim Leão, do F.C. Porto, clube também vitorioso na classificação por equipas, num numeroso pelotão de concorrentes em representação das formações do Louletano, Benfica, Ginásio do Tavira, Sporting, F. C. Porto, Baixa da Banheira, Sangalhos, Ovarense, Recreio de Águeda, G. D. Cedimi, Águias de Alpiarça, Académico do Porto, Flândria (Bélgica) e Green Fish (Espanha). =

Recorde-se que já, nestes e outros locais, entre apontamentos que temos desenvolvido, demos lugar à recordação das carreiras desportivas de ciclistas felgueirenses cuja fama outrora passara as nossas fronteiras, como foi o caso de Artur Coelho, natural de Margaride, e mais tarde residente em Vizela, o qual de 1955 a 1961 alinhou com a camisola do F. C. Porto (e chegou a ter também a camisola amarela nalgumas Voltas a Portugal e inclusive venceu a Volta do 9 de Julho de S. Paulo, no Brasil), mais Joaquim Costa, natural da Refontoura e residente em Varziela-Felgueiras (Joaquim Luís Costa, que entre 1960 a 1962 correu pelo Académico do Porto, ostentando a camisola branca do clube do Lima, ao serviço do qual alinhou nas Voltas a Portugal de 1961 e 62,  até ter ido para a guerra do Ultramar). Estranhamente não nos era familiar o facto de haver aqueloutro ciclista que seguira as pisadas de seus antecessores conterrâneos, o Albino Mendes. Nome que ouvimos falar em 1964, no acompanhamento dessa Volta, por sinal seguida com muita atenção pelo autor destas linhas perante o bom desempenho aí verificado na evolução de alguns de nossos ídolos dos pedais, vencida que foi tal prova-rainha portuguesa pelo F. C. Porto (individualmente pelo ciclista azul e branco Joaquim Leão e coletivamente pela equipa do F. C. Porto, também), desconhecendo, porém, a particularidade de Albino Mendes ser oriundo destas paragens da terra do pão de ló. Em mais uma das curiosidades usuais de Felgueiras, que nunca, antes como sempre, costuma dar grande relevo aos seus filhos que mais se vão salientando da normalidade. Nem nunca lemos esse nome, aliás, com lembrete de ser felgueirense, em qualquer publicação oficial. Havendo o mesmo, por fim, falecido ainda na flor da idade, deixando fisicamente este mundo muito cedo.


= Lista dos Concorrentes da Volta a Portugal em bicicleta de 1964, em que participou Albino Mendes, pelo Académico (como se pode ver, por este recorte do site “Memórias da Volta”). Verificando-se que o felgueirense está entre os ciclistas que não concluíram essa Volta, sendo um dos eliminados da prova (chegado fora de tempo de controle numa das etapas da corrida). Aliás, foram muitos os que estiveram nessas condições, havendo partido do Porto 101 ciclistas e desses apenas terminaram em Lisboa 60, à média de 39,404 km / h. =


Recordamo-nos que, na época (sendo ainda criança, como pequeno adepto, à distância), confundíamos dois nomes, dos que andavam no pelotão dos corredores que passavam pelas estradas e eram nomeados nos jornais e na tv, por os não conhecer pessoalmente mas deles ouvirmos referências: tais eram os casos de Albino Alves, um ciclista que então alinhava no F. C. Porto (e ombreou nalgumas provas ao lado de consagrados colegas do esquadrão das Antas, como Mário Silva, Joaquim Leão, Sousa Cardoso e demais) e o Albino Mendes, do Académico do Porto...

Veio-nos há pouco tempo, efetivamente, a oportunidade de tomarmos melhor conhecimento disso, do facto ora em equação, no presente. Através de informação do amigo sr. Joaquim Luís Costa, enquanto homem ligado ao desporto das bicicletas, que nos referiu, quanto a Albino Mendes, o Albino de Airães: - «Como ciclista amador era um ciclista valente; ganhou algumas corridas, depois como ciclista na categoria de independentes não teve tempo para se mostrar uma vez que o clube (Académico) acabou com o ciclismo em 1965,e penso que o serviço militar fez o resto…»

   
 = Equipa de ciclismo do Académico na Volta a Portugal de 1964. O terceiro ciclista da esquerda é o Felgueirense ALBINO MENDES - o Albino de Airães, que nos deixou ainda muito novo.=  

Atenta a realidade de haver tradições ciclistas em Felgueiras, como se vê, e na atualidade até existir diversas equipas de cicloturismo, modalidade de lazer e manutenção parente do ciclismo de competição, com praticantes na região através dum grupo cicloturista felgueirense sediado na Longra e coincidentemente um outro em Airães, acresce maior interesse na curiosidade de tais existências históricas, dignas de menção.

Armando Pinto 

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Obs.: Caso haja quem possua imagens fotográficas e dados biográfico-curriculares deste ciclista felgueirense, em apreço, podem essas informações serem enviadas para a caixa de comentários deste blogue, no local abaixo deste artigo, ou para o endereço do nosso e-mail pessoal, de modo a complementar o respetivo conhecimento informativo. 

Tendo o autor em mãos diversos trabalhos histórico-literarios sobre Felgueiras e Felgueirenses, com ideia de publicação em livro - isto é quando houver possibilidades de poder haver ajudas oficiais ou patrocínios, obviamente, que tornem realidade tal desiderato – pedimos colaboração, por este meio, a quem eventualmente possa ter mais fotografias e informações sobre este felgueirense, a fim de podermos completar a parte que toca sobre o tratamento memorial relativo ao mesmo, no caso, em epígrafe. 

A. P.


A propósito: Confira-se artigos anteriormente dedicados aos outros dois ciclistas referidos (clicando sobre os links)
e




sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Homenagem Felgueirense… em mais um artigo no Semanário de Felgueiras.

 

Associando-nos a uma homenagem de cariz felgueirense, levada a efeito pela Câmara Municipal de Felgueiras, marcamos presença por este meio, também, no sentido da valorização que merecem atos destes. Tal qual se espera que igual tratamento venha ainda a acontecer para com a memória do autor da Casa das Torres (Luís Gonçalves, recorde-se), cuja homenagem por que pugnamos ainda se não realizou como deve ser…

 

Ora, para já, reservou o atual executivo municipal, para esta altura, uma homenagem pública a um cidadão felgueirense que se distinguiu em sua função ao longo da vida, num reconhecimento também derivado na proximidade de recente conta aniversária significativa, por ter completado 100 anos esse felgueirense que é o Sargento Músico Manuel Ribeiro da Silva. Aliando-nos a esse reconhecimento, escrevemos então um pequeno artigo de complemento à informação oficial alusiva. 

Desse escrito, mais um dos que lavramos para o Semanário de Felgueiras, na habitual crónica, desta vez sobre a vida e obra do homenageado em apreço, coincidindo com o dia da homenagem respetiva - partilhamos a respetiva coluna. Quanto ao que é publicado hoje no Semanário de Felgueiras, à página 12 da edição impressa desta sexta-feira 22 de Fevereiro. 


(Clicar sobre este recorte digitalizado, para ampliar e ler) 

Do mesmo, para fácil leitura, colocamos o texto revertido conforme o original:

Homenagem ao maestro felgueirense Manuel Ribeiro da Silva 

Vai Felgueiras, através da representatividade autárquica, prestar agora uma justa homenagem a um dos seus ilustres filhos, o maestro Manuel Ribeiro da Silva.

 

Tão justo reconhecimento será consagrado pela Câmara de Felgueiras, com a atribuição da Medalha de Mérito Municipal. Numa cerimónia a decorrer nos paços do concelho, esta sexta-feira (dia da publicação da presente edição do S F), com honrosa presença de D. António Taipa, Bispo Auxiliar do Porto. 

Diz um texto oficial alusivo ao significado da ação em apreço, que «a condecoração surge no âmbito de proposta, apresentada na última reunião de Câmara, e tem como objetivo reconhecer publicamente uma pessoa ligada à cultura que, através do seu mérito, levou o nome de Felgueiras mais longe. Nascido há 100 anos, em Felgueiras, Manuel Ribeiro da Silva fez um percurso notável enquanto instrumentista, maestro e compositor, demonstrando sempre um grande talento e profissionalismo. Concluiu a sua carreira militar como Sargento Ajudante Músico. Notabilizou-se como compositor, sendo de sua autoria várias marchas militares, rapsódias e números ligeiros que ainda hoje são tocados por inúmeras bandas filarmónicas de Portugal.» 

Tão apreciado currículo merece mais ser completado diante de algumas facetas e distinções de sua vida e obra, a começar por ter sido de sua lavra a autoria da versão final do Hino-Marcha dos Bombeiros de Felgueiras. Com efeito, ao tempo, esse professor de música e compositor, em virtude de haver colaborado (com Aniceto Ferreira) na partitura inicial do referido hino e mais tarde por ter feito os arranjos definitivos daquela mesma peça dedicada à corporação dos BVF, teve direito a figurar na exposição comemorativa do centenário dos Bombeiros felgueirenses, com a marcha “Bombeiros Voluntários de Felgueiras”, de sua autoria, para Clarim e Banda em conjunto.

 
= Partitura do Hino dos BVF - Marcha com clarins...= 

Nascido a 2 de Fevereiro de 1913, em Margaride, iniciou sua aprendizagem musical pela idade escolar, aos 7 anos, com Aniceto Pinto Ferreira; enquanto logo aos 10 anos ingressou na Banda de Música de Felgueiras como executante em Sax-Trompa; e pouco depois em Trompete. Posteriormente deu rumo à sua vida ao ingressar na carreira militar como voluntário, aos 17 anos, tendo assentado praça no Regimento de Penafiel, na classe de aprendiz de música da banda daquela unidade, onde depressa progrediu. Assim, aos 18 anos foi promovido a 1ºcabo músico, aos 20 ascendeu a furriel músico, aos 22 a 2º Sargento, aos 24 a 1º Sargento músico e, finalmente, promovido a Sargento ajudante músico-Subchefe de Banda Militar. Entretanto foi 1º Trombone em várias Companhias Internacionais de Ópera e Zarzuela, na cidade do Porto. Até que em 1960 pediu a sua aposentação do Exército. 

Na Orquestra Sinfónica do Porto desempenhou lugar de 1º Trombone durante 33 anos, desde a sua respetiva fundação em 21/6/1948 até Abril de 1981, tendo executado muitos concertos (nas suas palavras, em informação a um jornal felgueirense, cerca de 1.700). Em cujas andanças teve contactos e atuou sob regências de afamados homens da música, tais como Ino Savini, Padre Luís Rodrigues, Markewitch, Dobrowem, Klemperer, Pedro de Freitas Branco, Silva Pereira, Gunter Gamba, Álvaro Cassuto, José Atalaia, etc. Havendo ainda atuado com a mesma orquestra em 19 temporadas internacionais de ballet nos mais importantes teatros de Lisboa e Porto. Como compositor, escreveu cerca de 35 marchas militares e de concerto, algumas das quais premiadas em concursos, como: Lutar e Vencer-1º prémio; Desfilando e Região Militar de Lisboa-2. ºs prémios; mais 7 rapsódias populares executadas de Norte a Sul de Portugal e no estrangeiro; bem como cerca de 40 números ligeiros, hinos, arranjos e outros. Tal como teve também 3 prémios em concursos de Marchas de S. João no Porto. Sendo de referir, por fim, que suas obras se encontram registadas na Sociedade Portuguesa de Autores, das quais algumas foram inclusive gravadas em discos de vinil, casssetes e CD’s. 

 

 Armando Pinto 

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sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Artigo no SF: Sobre tempo da Quaresma, nas recordações das Candeias e Cinzas…

 

Passado o ambiente Carnavalesco, lembramos a imediata e presente quadra da Quaresma. Após os festejos do Carnaval que tiveram na Longra, mais uma vez, um dos seus expoentes, como é já tradição, realizado que foi desta feita pelo 17º ano consecutivo, como organização oficial do Corso de Carnaval Longrino. Curiosamente com a atual organização a teimar em atrasar um ano as suas contas, sabendo-se que tal desfile começou em 1997 e, como tal, esse primeiro ano também conta na soma das edições entretanto concretizadas. E como, aliás, a ideia e a respetiva concretização dessa 1ª vez foi da mesma autoria das organizações dos pioneiros anos seguintes, nem se entende essa teimosia ou então desconhecimento dos factos históricos. 

Posto isso, passamos ao tema da época quaresmal vigente, que serviu de mote a mais um artigo publicista, na crónica que escrevemos e foi publicada no Semanário de Felgueiras. De onde partilhamos aqui a respetiva coluna, do que está no mais recente número do mesmo jornal S F, à página 12 da edição impressa desta sexta-feira 15 de Fevereiro.

  
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Do mesmo, para mais fácil leitura, colocamos o texto conforme o original: 

Na Quaresma do tempo… 

Chegado Fevereiro, no mando da tradição com tempo até muito próprio, pois sendo “chuvoso faz o ano formoso”, o ambiente cinzento do panorama ambiental mistura-se com a época de trevas quaresmais, após o Carnaval. Começado que foi o mês logo pela conta das Candeias, na passagem do dia de Nossa Senhora das Candeias. Como tradicionalmente se designa essa data litúrgica da apresentação do Senhor ou da Purificação de Nossa Senhora. Uma época que, devido ao Carnaval ser uma festividade de data móvel, calhando tanto no início, como a meio ou final do mês, se confunde com essa fase, derivada como terá sido de festividades populares de tempos recuados. Sabendo-se disso por se haverem realizado durante a romanização as Lupercais, antes das Calendas de Março, celebradas em honra de Pan, deus dos pastores - relacionando-se a denominação com Lupercus (do latino lobo). Ora esta festa anual estava associada a orgias e outras boémias, durante a quadra do entrudo, pelo que o Papa Gelásio instituiu, em sua substituição, a festa da Purificação ou da Candelária. Não tendo sido, porém, completamente extintos os festejos com os desmandos abusivos do Carnaval, passou depois essa festa religiosa a cingir-se ao dia, como ficou mais conhecido, de Nª Sª das Candeias. 

Na importância dada à ocasião, está associado um velho ditote popular, afiançando: Em dia das Candeias “se (havendo dia chuvoso) Nossa Senhora estiver a chorar, está o inverno a acabar; se (perante tempo de sol) estiver a rir, está o inverno p’ra vir”, diz a voz popular. Isto segundo o calendário rifoneiro, das fases descritas através de rifões com que a sabedoria popular impregnou os elementos naturais do quotidiano social. 

Passados dias das Candeias e Carnaval, chega o tempo da Quaresma, iniciado na quarta-feira de cinzas. E eis-nos então neste período que, pese tantas transformações operadas na vida normal da sociedade comum e com a religiosidade a ficar algo aquém de antigos hábitos, permanece na memória duma época de afeições, dum tempo romântico aos olhos de nossas recordações. Tal as lembranças que afloram, ao autor destas linhas, sobre tempos da missa das Candeias mais a das Cinzas e, por extensão, do afago de nossa mãe… 

Um destes dias, numa daquelas ocasiões em que nos deixamos levar por pensamentos, nas asas do tempo – em devaneios, até que… zás! – demos connosco a pensar em tempos de infância, quando ia pela mão de minha mãe à igreja e à sua beira ficava, lá no meio, enquanto ela me sussurrava ao ouvido orações, que me entravam com encanto no mais íntimo do ser. Ali, com ela a rodear-me em seus braços, enquanto me ensinava a orar – além de assim, também, me ter à sua beira, para não estar junto aos outros moços, alguns por acaso normal sempre com os sentidos noutros lados e modos. E dei comigo a experimentar como sinto falta, agora, de me achar bem junto à minha mãe, de como tenho saudades dela. Já passaram muitos anos, desde que perdemos sua presença física. Mas parece que foi ontem ainda que nos sentíamos abraçados no encosto de seus sussurros carinhosos, ali na igreja, como nos ensinamentos de vida que nos foi dando. E lá veio à mente as missas das candeias e das cinzas, por serem dum tempo marcante, decorrendo o inverno, como agora. Íamos logo pela manhã cedo, com o corpo a tentar espantar o frio, ainda a noite dominava o horizonte de breu, perante o caminho alumiado por lanternas, tal a escuridão (também coisa que volta ao panorama, nos dias que correm com as poupanças atuais em luz pública, enquanto nas altas esferas do poder continua um forrobodó…); e, então naquele tempo, chegados ao templo, resplandecia um ambiente de luz das muitas velas e lâmpadas espalhadas, mais um odor de incenso que se elevava no ar. Ficando-nos, para sempre, na retina memorial, essas manhãs, em tais dias, daqueles que tivemos nossa mãe a envolver-nos… ternamente. E, no caso das Candeias, aflorando o caso do dito popular, até parecendo, apesar da penumbra do alvorecer da manhã, sem ter rompido ainda o sol, que nossa senhora sorria…! 

Armando Pinto

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Carnaval da Longra – Felgueiras / 2013!


Pela 17ª vez, em dezassete anos consecutivos, realizou-se mais uma vez, este ano, o tradicional Carnaval da Longra. Corso Carnavalesco, este, que tem sido organizado oficialmente desde 1997: primeiro através de organização da Direção da Associação Casa do Povo da Longra, depois do Grupo de Teatro e do Rancho da mesma Associação, e, por fim, após a Longra ter passado a vila, desde 2004 tem havido realização em parceria conjunta de algumas Juntas de freguesia da área da vila e outras organizações sócio-culturais.


Sem necessidade de muita legendagem literária, pois as imagens praticamente falam por si, bem como da importância que este cortejo já detém; e continuando sempre com a ideia de registo; guardam-se aqui e agora algumas fotos do mesmo desfile, na versão de 2013.

















Armando Pinto 

© == Direitos da autoria deste blogue == 

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sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Memórias e tradições do dia das Candeias


Candeias do Tempo…! 

Chegado Fevereiro, no mando da tradição com tempo até muito próprio, pois sendo “chuvoso faz o ano formoso”, logo entra a conta das Candeias, a 2 de Fevereiro, na passagem do dia de Nossa Senhora das Candeias. Como tradicionalmente se designa essa data litúrgica da apresentação do Senhor ou da Purificação de Nossa Senhora Mãe de Deus.

Uma época que, devido ao Carnaval ser uma festividade de data móvel, calhando tanto no início, como a meio ou final do mês, se confunde com essa fase, derivada como terá sido de festividades populares de tempos recuados. Sabendo-se disso por se haverem realizado durante a romanização as Lupercais, antes das Calendas de Março, celebradas em honra de Pan, deus dos pastores - relacionando-se a denominação com Lupercus (do latino lobo). Ora esta festa anual estava associada a orgias e outras boémias, pelo que o Papa Gelásio instituiu, em sua substituição, a festa da Purificação ou da Candelária. Não tendo sido, porém, completamente extintos os festejos com os desmandos abusivos do Carnaval, passou depois essa festa religiosa a cingir-se ao dia, como ficou mais conhecido, de Nossa Senhora das Candeias. 

Em dia das Candeias “se (havendo dia chuvoso) Nossa Senhora está a chorar, está o inverno a acabar; se (perante tempo de sol) estiver a rir, está o inverno p’ra vir”, diz a voz popular. Isto segundo o calendário rifoneiro, das fases descritas através de rifões com que a sabedoria popular impregnou os elementos naturais do quotidiano social.

= Nossa Senhora das Candeias ou Rainha da Paz – como em Rande está representada na estatuária paroquial (vendo-se a imagem de Nª Senhora sobre andor, aquando de procissão da festa de S. Tiago de Rande).= 

Eis-nos então neste tempo, de início de Fevereiro e em plena Candelária. As candeias, que, pese tantas transformações operadas na vida normal da sociedade comum e com a religiosidade a ficar algo aquém de antigos hábitos, permanece na memória duma época de afeições, dum tempo romântico aos olhos de nossas recordações. Tal as lembranças que afloram, ao autor destas linhas, sobre tempos da missa das Candeias e, por extensão, do afago de nossa mãe… 

Um destes dias, numa daquelas ocasiões em que nos deixamos levar por pensamentos, nas asas do tempo – em devaneios, até que… zás! – demos connosco a pensar em tempos de infância, quando ia pela mão de minha mãe à igreja e à sua beira ficava, lá no meio, enquanto ela me sussurrava ao ouvido orações, que me entravam com encanto no mais íntimo do ser. Ali, com ela a rodear-me em seus braços, enquanto me ensinava a orar – além de assim, também, me ter à sua beira, para não estar junto aos outros moços, alguns por acaso normal sempre com os sentidos noutros lados e modos. E dei comigo a experimentar como sinto falta, agora, de me achar bem junto à minha mãe, de como tenho saudades dela. Já passaram muitos anos, coisa de um quarto de século, desde que perdemos sua presença física. Mas parece que foi ontem ainda que nos sentíamos abraçados no encosto de seus sussurros carinhosos, ali na igreja, como nos ensinamentos de vida que nos foi dando. E lá veio à mente a missa das candeias, por ser dum tempo marcante, decorrendo o inverno, como agora. Íamos logo pela manhã cedo, com o corpo a tentar espantar o frio, ainda a noite dominava o horizonte de breu, perante o caminho alumiado por lanternas, tal a escuridão (também coisa que volta ao panorama, nos dias que correm com as poupanças atuais em luz pública, enquanto nas altas esfera do poder continua um forrobodó…); e, então naquele tempo, chegados ao templo, resplandecia um ambiente de luz das muitas velas e lâmpadas espalhadas, mais um odor de incenso que se elevava no ar. Ficando-nos, para sempre, na retina memorial, essas manhãs das Candeias, em tais dias, daqueles que tivemos nossa mãe a envolver-nos… ternamente. E, até parecendo, apesar da penumbra do alvorecer da manhã, sem ter rompido ainda o sol, que nossa senhora sorria…! 

© Armando Pinto