Estava a chegar ao fim o Campeonato Nacional da 1.ª divisão
de 1938-39. E (sendo necessário um apontamento a enquadrar o tema, acrescenta-se) o FC Porto
fez deslocar a sua equipa principal de futebol para longe do Porto, vindo estagiar
numa pensão no ambiente da então pacata vila da Lixa, no concelho de
Felgueiras, antes do jogo que poderia atribuir a vitória no campeonato. Disso
se tomando melhor conhecimento por uma série de fotografias constantes do
álbum pessoal feito pelo guarda-redes portista dessa era, o 1.º guarda-redes internacional do FC Porto, Manuel Soares dos
Reis, titular da baliza do clube azul e branco há alguns anos também.
Longra Histórico-Literária
= Blogue de atividade literária e memória cronista
Espaço de atividade literária pública e memória cronista
segunda-feira, 18 de novembro de 2024
Quando a equipa do FC Porto estagiou na Lixa antes do decisivo Porto-Benfica para o Título Nacional de futebol de 1938/39...!
sábado, 16 de novembro de 2024
Lembrança da inauguração da sala da Associação de Cicloturismo de Felgueiras na Casa do Povo da Longra, com a presença do ex-ciclista Cândido Barbosa (agora presidente da F.P.C.)
O antigo ciclista profissional Cândido
Barbosa foi eleito presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo, em eleição
decorrida neste sábado (16/11/2024) da época de São Martinho. Embora atualmente a modalidade
das bicicletas de corrida tenha perdido muito interesse, será sempre uma
referência nas recordações de tempos idos, da grande popularidade que teve na
era das equipas de clubes. E enquanto outros interesses se não misturaram e
alteraram o ambiente. Como tal, dando os Parabéns ao novo presidente da FPC,
recorda-se um encontro com ele aqui na Longra, quando ele veio ao concelho de
Felgueiras associar-se à inauguração da sala-sede do Clube de Cicloturismo de
Felgueiras, aquando da instalação do grupo no edifício-sede da Associação Casa
do Povo da Longra, em dezembro de 2005. Ficando da ocasião uma pose pessoal, com ele, sendo eu na época o presidente da Casa do Povo da Longra.
Armando Pinto
sexta-feira, 15 de novembro de 2024
Notícias do FC Felgueiras por épocas de 1934 e 35… na revista "Stadium" de Lisboa!
Umas curiosidades soltas, surgidas dos confins das memórias do futebol no concelho de Felgueiras, sobre as primeiras épocas de jogos disputados… Um Felgueiras-Lixa em 1934/35 e a constituição da equipa do Felgueiras num Felgueiras-Freamunde, bem como goleadores locais dum Felgueiras-Fontinha do Porto em 1935/36!
Entre curiosidades e preciosidades memorandas, um dia destes chegou-me uma interessante comunicação, sobre umas ocorrências antigas, relacionadas com o futebol felgueirense. Não sendo assim minha esta descoberta, mas conhecida e obtida através de um amigo colecionador de jornais e revistas de matérias desportivas, o meu amigo Paulo Jorge Oliveira, do Porto. Que viu, leu e logo me remeteu imagens da revista “Stadium”, uma referente a um jogo entre o FC Felgueiras e o FC Lixa, disputado no âmbito do Campeonato da 2.ª Divisão da Associação de Futebol do Porto, em finais de 1934 – visto a respetiva edição dessa revista de Lisboa ser do início de 1935, mais propriamente de 2 de janeiro de 1935. Outra já de início da época seguinte, na edição de 9 de outubro de 1935 da mesma revista, tratando-se duma caixa referente ao jogo Felgueiras-Freamunde, com a curiosidade de conter informação de um dos primeiros onzes do histórico Foot-ball Clube de Felgueiras. E, acrescendo ainda de finais do mesmo mês, com data de 30 de outubro, outra com algo mais sobre um Felgueiras-SC Fontinha, do Porto.
Eis então essas interessantes notas de reportagem, saídas a público na revista Stadium, e que assim se juntam em imagens de recortes. Dando conta do dérbi regional Felgueiras-Lixa, nesse tempo. Com crónica assinada por C, numa visão geral do encontro (com a curiosidade de referir um jogador que entretanto já havia também sido referenciado num artigo aqui no blogue “Longra Histórico-Literária”, por exemplo). E a outra mais simples, mas contendo a informação dos nomes, incluindo também o do jogador-fundador, Verdial. Mais uma com nomes dos goleadores, como se pode ver. Mas o melhor é ler e apreciar esses testemunhos antigos, comprovativos da existência oficial do Futebol em Felgueiras nesses idos dos anos 30 e tal, do século XX. A comprovar que o que foi escrito no livro “Futebol de Felgueiras-Nas Fintas do tempo 1932/2007” obviamente sempre teve razão de ser.
Armando Pinto
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sábado, 9 de novembro de 2024
A antiga e famosa (felgueirense) sirene da Metalúrgica da Longra ainda a ecoar no jornal O Louzadense…
Perpassa na memória do tempo a aura popular da célebre
fábrica grande Metalúrgica da Longra. Como em sua vivência perdura a famosa serventia
da sua antiga Sirene, cujo toque era ouvido a longas distâncias e fazia parte
dos hábitos costumeiros da região, entre os “toques de pegar e largar o
trabalho”. Disso mesmo ainda recentemente fez eco o jornal “O Louzadense”, na
transmissão que chega ainda até ao conhecimento do vizinho concelho de Lousada.
Conforme se pode ler nas páginas desse jornal cativante de atenções por
assuntos nele registados. Quão ressalta até neste caso, a propósito dos toques
da sirene da lousadense “Famo”, de ligações históricas à felgueirense “Metalúrgica
da Longra” de tempos idos e interligação à famosa sirene que esteve na origem
de outras, como no caso da Famo de Lousada (e até da Ferfor da Serrinha, acrescente-se),
em cuja sonoridade memoranda brada na memória o seu autor, Joaquim Pinto.
Disso tudo ficou registada uma interessante crónica nesse
jornal admirável de temática cultural, que se partilha aqui (repartida em imagens
de duas partes, para possibilitar melhor leitura). Agradecendo ao autor da bela
peça jornalística, José Carlos Carvalheiras, o conhecimento dado, bem como as
palavras dedicadas ao correr da escrita. Enquanto aqui se ilustra o tema com
imagens de duas peças de estimação pessoal, como é um molde de bobinagem para
material metalúrgico desses tempos, de uso do meu pai; e um metálico cinzeiro
antigo com o logotipo da Metalúrgica da Longra…
Armando Pinto
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sábado, 2 de novembro de 2024
Lembrança da biblioteca itinerante da Gulbenkian que parava na Longra…
Pelos idos anos da década de 60 e ainda durante algum tempo
dos anos 70, foi deveras apreciada a vinda da camioneta dos livros, como chamávamos
à carrinha do Serviço de Bibliotecas Itinerantes da Fundação Calouste
Gulbenkian. Contendo muitos e bons livros em estantes no interior das
carrinhas. Cujo serviço havia sido criado em 1958, como biblioteca-circulante, através
de diversos veículos preparados para o efeito e espalhados pelo país, na ideia
de promover e desenvolver o gosto pela leitura e elevar o nível cultural dos
cidadãos, possibilitando a todos os interessados livre acesso às estantes,
empréstimo para leitura domiciliária e gratuitidade do serviço.
Não será necessário explicar ou recordar em pormenor o caso,
por ainda estar certamente na memória de toda a gente desses tempos.
Não havendo fotografia desse tempo alusiva ao tema, para
ilustração, junta-se uma imagem duma dessas carrinhas, conforme consta de
algumas publicações.
Ora um desses veículos, que percorria a região aqui de Felgueiras
e terras de concelhos circunvizinhos, passava e parava então na Longra.
Primeiro junto à Casa do Povo e depois entre a casa do senhor Castro Africano e
a Farmácia Abreu (hoje entre a casa da família do sr. Luís Sousa e a fabrica
IMO). Tendo ficado na lembrança essa utilidade e derivadas recordações, desde o
condutor, um senhor novo, e o bibliotecário, um senhor idoso, até à praxe de
requisitar os livros com a apresentação dum cartão próprio, etc.
Pois disso mesmo ainda tenho o meu cartão. Não o primeiro,
que tive ainda no tempo da escola primária, pelo menos aí desde
1961,sensivelmente, quando comecei a aprender a ler, e ia lá buscar livros de
bonequinhos, para ver e ir lendo. E depois quando comecei a ler livros de
histórias infantis, mais livros sem imagens, posteriormente. Ou seja no tempo
da escola primária e depois. Até que mais tarde, quando vinha de férias,
estando ausente da terra por via dos estudos, mas regressava para passar
temporadas, voltei a ir buscar livros à mesma carrinha, quando parava por cá,
sendo desse tempo o meu segundo cartão, passado quando tinha 15 anos. Este aqui
partilhado em imagem, estando ainda guardado como recordação pessoal.
Armando Pinto
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quinta-feira, 24 de outubro de 2024
A propósito do Falecimento do popular cantor Marco Paulo: Lembrando... Quando ele veio à Casa do Povo da Longra em 1973
Faleceu na madrugada desta quinta-feira, dia 24 de outubro, o conhecido cantor de música ligeira Marco Paulo, como era o pseudónimo e nome artístico de João Simão da Silva. Desde há algum tempo a sofrer de doença prolongada que agora o levou do mundo dos vivos, falecido aos 79 anos, esse que se tornou popularíssimo como cançonetista de canções da também chamada música pop. Sobre o qual é escusado repetir quaisquer referências biográficas ou curriculares, por estar a ser divulgado tudo praticamente sobre ele, depois que esta manhã chegou a notícia de seu falecimento. Contudo naturalmente não é referido nos meios de comunicação nacional algo sobre suas ligações mais restritas a certas terras, por exemplo. Como no caso que apraz aqui recordar, de sua vinda à Longra quando ainda era pouco conhecido. Tendo então cantado no palco da Casa do Povo da Longra, no concelho de Felgueiras.
Com efeito, corria o Outono de 1973 quando Marco Paulo veio
à Longra, para atuar num espetáculo de variedades realizado no salão de espetáculos
da Casa do Povo da Longra, numa tarde de domingo. No âmbito de atividades da
então FNAT (agora INATEL), a que a Casa do Povo da Longra estava então já associada.
Tendo aí, após atuação de diversos artistas da área do Porto, como Aurélio
Perry, Lenita Onofre, Rosita, Natércia Maria, etc. sido ele a encerrar o
evento, com atuação maior do cartaz. Ao tempo ele era ainda pouco divulgado a
nível nacional, embora tendo participado num Festival da Canção/RTP, mas quase
despercebido. Sendo então mais conhecido de quem ouvia muito as emissoras de
rádio regionais. E, apesar de alentejano, era um cantor com carreira pelo país
fora, porém em espetáculos menos mediáticos. Só mais tarde, começou a ser muito
popular com o aparecimento de suas canções mais ouvidas. Até por fim ter ficado
a ser dos artistas mais famosos.
Ao tempo da sua vinda à Longra tinha uma canção deveras
apreciada, intitulada “Tu és mulher, não és uma santa”. Cantiga que havia sido
lançada um ano antes e era conhecida das ouvintes radiofónicas. Com a qual encerrou
em apoteose o espetáculo. Para no fim ter sido visitado, nos camarins (debaixo
do palco à época) por algumas das raparigas que costumavam ouvir suas cantigas
na rádio.
Naquele tempo ainda não se antevia a fama que ele veio a ter,
depois. Mas eu recordo-me, tendo lá estado na primeira fila do balcão, com um
bilhete para esse lugar arranjado por um amigo que in illo tempore pertencia
aos quadros da instituição. E esta heem?!
Marco Paulo –Tu És Mulher Não És Uma Santa
Formato: | Disco Vinil, 7", 45 RPM, EP |
---|---|
País : | Portugal |
Lançado : | 1972 |
Gênero : | Pop |
Estilo : Canção |
Armando Pinto
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terça-feira, 15 de outubro de 2024
Foral de Felgueiras - na efeméride da outorga da Carta Régia de D, Manuel I às terras do antigo Alfoz felgueirense
Salvé 15 de Outubro !
~~~ *+* ~~~
Transposta a fase das vindimas, ao chegar a faina das desfolhadas pode também, por analogia figurativa, desfolhar-se algumas folhas de história coletiva.
É que é nessa época que efetivamente, em pleno Outubro, entrado já o Outono no dia-a-dia, ocorre o aniversário da outorga do Foral Manuelino a Felgueiras, carta régia concedida por D. Manuel I a 15 de Outubro de 1514. Uma significativa numeração na simbologia local, apesar de essa vetusta alforria não abarcar ao tempo toda a região que, séculos mais tarde, se irmanou em concelho.
Desde os primórdios da História Portuguesa, após as conquistas de terras, que o poder real concedia cartas de foral a estabelecer direitos e deveres dos habitantes dessas terras, englobando condições nas concessões de propriedades, para atrair moradores e servidores em vista ao desenvolvimento local e, mais tarde, para definir posições bem como obrigações dos proprietários dos prédios reguengos.
Na tradição, segundo alguns textos escritos, parece ter havido possibilidade de antigas concessões a Felgueiras de cartas régias, porém sem fundo documental comprovativo desses factos. Certezas há quanto ao foral quinhentista, concedido pelo monarca venturoso dos Descobrimentos.
Os forais novos, como o de Felgueiras, eram cartas régias que passaram a ser documentos de reconhecimento de usos antigos de uma circunscrição, confirmando anteriores ordenações, ancestrais costumes bons, direitos e liberdades, incluindo os bens pagos aos senhores das terras, que de orais ficavam lavrados por escrito. Forais que eram assim atribuídos a oficializar categoria jurisdicional e a ordenar de vez segundo a lei do tempo, legitimando as formas de organização social dessa era.
No caso, reportava-se a concessão do rei venturoso, naquela época medieval, apenas a 21 freguesias englobadas no concelho, cujo tombo portanto não continha ainda as freguesias a sul de Margaride, ou seja as terras do Julgado do Unhão - as quais aliás foram também atombadas de seguida, volvidos cinco meses na régia reforma então empreendida. Sendo o território do Julgado do Unhão também dotado com reconhecimento através de foral, que determinou nova categoria administrativa local, por meio evolutivo da passagem do aludido Julgado ao coevo concelho do Unhão, criado pela Carta de Foral de 20 de Março de 1515 (que teve primeiro estudo no “Memorial Histórico de Rande e Alfozes de Felgueiras”, como vem transcrito aliás no referido volume).
Ora, verificadas ao longo dos tempos diversas transformações administrativas nas áreas dos antigos concelhos de Felgueiras e Unhão, mais dos longínquos Alfozes dos Coutos de Pombeiro e Caramos, um Couto do lugar de Brolhães, que daria depois vez à freguesia de Aião, além do muito posterior e fugaz concelho de Barrosas, como depois todas essas partes foram reunidas em torno de um só concelho, composto nesse tempo de trinta e três freguesias, é de significado amplo a atribuição de 15 de Outubro à terra que se tornou sede de toda a zona, de confirmação de direitos e deveres antigos.
= Oficial postal comemorativo
A data em apreço chegou, inclusive, a ser pensada para ser Dia do Concelho. Porém porque a partir de determinada altura, verificando-se que as populações não se reviam totalmente nesta efeméride, pela dispersão antiga das diversas divisões administrativas, como se aflorou, foi mais tarde decidido que passasse a ser o dia de S. Pedro, a 29 de Junho, derivado a ser o da festa mais antiga realizada na área. Evento que ainda é, no mesmo sentido, referência comum às atuais freguesias da presente unidade concelhia, mais as recentes uniões impostas a régua e esquadro… nos gabinetes políticos, contra a vontade das populações.
(Artigo em tempos publicado no Semanário de Felgueiras, há uns anos já, com excertos dum outro texto, da mesma autoria, aqui do autor deste blogue...)
ARMANDO PINTO
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