Espaço de atividade literária pública e memória cronista

segunda-feira, 22 de abril de 2019

E a Páscoa já lá vai…


Passou mesmo mais uma Páscoa. Assim como se diz do Compasso, à saída de casa, após efetuada a Visita Pascal com toda a família reunida, também a Páscoa já lá vai. Para trás ficou a manhã com a caça aos ovos de Páscoa, em alegres momentos com netos e filhos, e mais obviamente… como depois o almoço pascal de reunião da família e de tarde a receção ao Compasso. Até que por fim, então, a Árvore de Páscoa familiar passou à história, depois dos netos terem finalmente podido tirar os ovos de chocolate ainda pendentes dos ramos. E assim a vida continua, na roda do ano e à roda das afeições.

Armando Pinto
((( Clicar sobre a imagem, para ampliar )))

domingo, 21 de abril de 2019

Páscoa de 2019 – Compasso Pascal de S. Tiago de Rande (Felgueiras)


Ao findar o dia festivo de apoteose à semana maior do ano, como faz parte da sensibilidade cristã e do maravilhoso clássico de sentido coletivo, esvai-se no sentimento humano o semblante entusiasta, para voltar a normalidade do calendário.


Então, mais um dia de Páscoa passou e assim já decorreu esse acontecimento anual. Tendo-se mantido a tradição do Compasso, com o é usual pela região nortenha e particularmente tem sido vivido por terras de Felgueiras. Tal como costuma acontecer e, pelo conhecimento pessoal, continuou a fazer parte da vida comunitária, na vivência paroquial e arreigo pelo que dos antepassados vem. Conforme fica a assinalar a pagela desta Páscoa, entregue na Visita Pascal respetiva, com a qual fica encimado este apontamento.


Em registo deste ano, ainda, como quem escreve mais uma página no livro comunitário de afinidade comum, juntam-se algumas imagens relacionadas ao caso. Recordando-se as Visitas Pascais do século XX, a partir que houve entrega de pagelas alusivas, a entrar pelos anos da paroquialidade do Padre Manuel Joaquim Ferreira em Rande. Enquanto se ilustra esta memorização através de algumas fotos da Visita Pascal à chegada e durante a mensagem de Aleluia e no beijar da cruz, em casa do autor signatário.


Armando Pinto
((( Clicar sobre as imagens, para ampliar )))

sexta-feira, 19 de abril de 2019

Votos de Feliz Páscoa – com imagem da pessoal Árvore de Páscoa


Já está pronta a doméstica decoração própria da quadra pascal, de lavra pessoal. Estando-se na Páscoa e início da Primavera. 

Desta vez, para alterar o semblante, em vez da tradicional cruz de feição artesanal decorada com motivos da natureza relativa à época, calhou de ser uma espécie de árvore da estação, decorada com ovos de Páscoa e outros itens apropriados ao renascimento da vida.

Aos Amigos acompanhantes deste espaço de memória histórica, qual cantinho de convívio virtual e particular entre pessoas com o mesmo denominador comum e extensivo exercício literário, deseja o autor uma Feliz Páscoa, com muitas amêndoas na doçura da vida e vitória do bem sobre o mal.

Uma santa e feliz Páscoa!

Armando Pinto
((( Clicar sobre as imagens, para ampliar )))


quinta-feira, 18 de abril de 2019

Crónica Pascal no Semanário de Felgueiras


Em plena semana santa da Páscoa, naturalmente versa sobre a temática pascal o artigo desta vez escrito pelo autor signatário, no âmbito da tradicional colaboração publicista no jornal Semanário de Felgueiras. Em crónica publicada na edição datada do feriado de sexta-feira santa, dia 19. Embora o jornal possa chegar às mãos dos assinantes e leitores antes ou depois, conforme a distribuição dos correios (sem contar a falta de gasolina ou gasóleo pela greve que por estes dias assola o país, com maior impacto que alguma da área da saúde, por exemplo).

Sendo próprio da época, o Pão de Ló merece honras de primazia, como doce tradicional da época de Aleluia, fabricado artesanalmente em Felgueiras e reconhecido como produto da região, através da marca certificada Pão de Ló de Margaride.


Então, em período de sensibilidade entre usos e costumes tradicionais reportados ao período pascal, o artigo desta semana reflete aspetos relacionados com essa vertente dentro da original Felgaridade:


Páscoa da Ressurreição da Vida

Estamos na Páscoa, ao findar da chamada semana maior, a tradicional Semana Santa Pascal. No aspeto da religiosidade popular e institucional, não se podendo dissociar porque, afinal, a Páscoa tem laços fortes ao vínculo religioso. Pese derivar de antigas festividades relacionadas na antiguidade histórica com o equinócio da Primavera, mas sobretudo pela vitória da vida sobre a morte que encarna a mensagem da Ressurreição.

Provinda então desde eras praticamente imemoriais, a Páscoa está associada também a este período de renovação da natureza, a partir da marca do início da Primavera no hemisfério norte do globo terrestre, no crescimento dos dias de luz solar de reforço à vitalidade natural. Extensiva à fecundidade e fertilidade. Relacionando-se o imaginário pascal com ovos, os também chamados ovos de Páscoa, precisamente pela ideia de nascimento e ressurgimento, mais coelhinhos ilustrativos na iconografia relativa, por ser espécie de boa reprodução.

Acresce, no panorama local felgueirense, que a Páscoa é época em que o pão de ló é rei da festa. Algo que calha a preceito, sendo a tradicional rosca de pão leve em formato redondo, como um ninho bem aconchegado e atraente. Resultando que desde longos tempos o pão de ló marca território pascal, sendo doce acotiado na mesa familiar do dia de Aleluia, além de ser presente na receção ao Compasso, compondo a mesa posta para os elementos da Visita Pascal. Acrescendo antigamente haver também o chamado folar de Páscoa, de massa de regueifa a envolver um ovo, enquanto os padrinhos no dia de Páscoa davam aos afilhados uma regueifa, rosca de pão de trigo que fazia o encanto da pequenada em tempos que lá vão.

Então, perante ambiente doce misturado com odores da floração das plantas na imagem ambiental, associando-se ainda às glicínias que costumam surgir por esta altura do ano, a Páscoa diz muito aos costumes comuns. Sendo este um tempo de revigoramento, mas também de apaziguamento ambiental. Calhando muito de se recordar outros tempos de maior relevância de afetos, como da reunião familiar nas casas tradicionais em torno da espera ao Compasso. Quando no íntimo se vai até ao céu buscar ente queridos entretanto desaparecidos, bem presentes no infinito das memórias e vivos na saudade, transportando lembranças avivadas na sonoridade da campainha do Compasso e sinos de sinalização da visita paroquial. Estando na retina de boa parte das pessoas toda a envolvência à andança da florida cruz pelas casas, a pontos das opas do juiz da cruz e seus acompanhantes parecerem tecidas de afetos nos hábitos mais arreigados.

Assim sendo, como quem corta à mão um pedaço de pão de ló, apanha-se um punhado de amêndoas açucaradas para enfeitar um ninho de ovos de Páscoa. Numa mescla em que também fazem bom acompanhamento as cavacas tradicionais de Margaride, que Camilo Castelo Branco saboreou em suas visitas a Felgueiras, das vezes que veio a casa da Alegria de seu amigo Padre Casimiro Vieira. E, como narrou no livro de suas Viagens o grande escritor brasileiro Afrânio Peixoto, o pão de ló e as cavacas de Felgueiras estão entre as melhores iguarias da doçaria, como ele mesmo conta(va) a quem tem apetite… pela leitura e conhecimento cultural. Tanto que esse também célebre literato, após referir que Portugal o extasia(va) «na delícia da sobremesa»  acrescentava: «Sempre tive a ideia que é falta de gosto não começar as refeições pelos doces...» Enquanto explicava quão «os doces portugueses, como tanta coisa aqui, são os melhores ou mais gostosos do mundo. Umas cavacas de Felgueiras…. E o pão-de-ló? Felgueiras... não me deixeis em pecado de ingratidão!»

Ora, como o que é doce nunca amargou, mais saborosa é assim a ambiência própria da quadra, nesta nossa zona do genuíno pão de ló típico da Páscoa.

ARMANDO PINTO


((( Clicar sobre as imagens, para ampliar )))

segunda-feira, 15 de abril de 2019

A mota “Sachs Mini” do meu pai…


Com a aproximação das festas de ano há muitas recordações a virem acima das lembranças, como calha a todos, por certo. Quantas vezes, como suor que vem à flor da pele, fazendo surgir algo a turvar a vista, quando nos lembramos de nossos ente queridos que em alturas destas nos lembram mais.

Assim, estando-se na época da Páscoa, em que pela região nortenha o pão de ló ocupa lugar de destaque nos sentidos apaladados e na nossa terra felgueirense é mesmo cartaz de afetos, vem então à tona das recordações pessoais temas de antanho relacionados com o Pão de Ló de Margaride. Fazendo parte das memórias do autor destas linhas um caso que dá para outro tema… Como me lembro da vez em que pela primeira vez o meu pai foi comprar uma rosca de pão de ló a Felgueiras no dia de Páscoa. Sabendo-se que antigamente o pão de ló não entrava muito em casas de pessoas comuns, sendo mais de pessoas de posses, por assim dizer. A vida era diferente de hoje, em tudo praticamente, para não dizer mais (e estar para aqui a desenrolar o novelo das memórias com temas paralelos, sem virem ao caso).

Pois então, num belo dia de Páscoa, estava-se a meio dos anos sessentas, em que nesse ano tínhamos em nossa casa uma prima de longe; e, por isso, a minha mãe disse a meu pai que era melhor ele ir à vila buscar um pão de ló, em honra da visita dessa sobrinha. Parecendo que ainda estou a ver o meu pai a chegar na sua motazinha com a rosca… 

(Convém explicar à saciedade e sociedade que a sede do concelho era ainda vila. Só muito mais tarde passaria a cidade, oficialmente.)

Então nesse ano o assado de forno teve por fim sobremesa mais doce, pois no final das batatas assadas com galo e coelho a barriga ainda aguentou mais uma fatia daquele pão de ló. A ponto que no fim ainda se rapou com a faca o que ficara no papel da forma!

Ora, essa lembrança traz então à flor da pele sentimental a recordação também dessa mota, como lhe chamávamos. Tratando-se duma motorizada Sachs Minor, que popularmente referíamos por Mini, de mudanças automáticas que meu pai teve muitos anos e era uma das suas imagens de marca. Conhecendo-se de passagem pelo trabalhar do pequeno motor, assim como era familiar sua imagem quando ia ou vinha em cima dela. Era o senhor Joaquim Pinto a passar, nessa motazinha azul, com pára-brisas acompanhado de resguardo de guarda-vento, à frente (como até temos registado em fotografia desses tempos, dos anos sessentas) que guardamos na memória… e ainda rapamos do que temos na cabeça.

Armando Pinto
((( Clicar sobre a imagem, para ampliar )))

quarta-feira, 10 de abril de 2019

Recreação histórico-jornalística de tempos iniciais do Pão de Ló de Margaride, em alusão ao felgueirense Festival da 10ª Mostra Internacional de Doces Tradicionais


Com a aproximação das festas de ano há muitas recordações a virem acima das lembranças, como calha a todos, por certo. Quantas vezes, como suor que vem à flor da pele, fazendo surgir algo a turvar a vista, quando nos lembramos de nossos ente queridos que em alturas destas nos lembram mais.

Assim, estando-se na época da Páscoa, em que pela região nortenha o pão de ló ocupa lugar de destaque nos sentidos apaladados e na nossa terra felgueirense é mesmo cartaz de afetos, vem então à tona das recordações pessoais certos temas de antanho, relacionados com o Pão de Ló de Margaride. Fazendo parte das memórias do autor destas linhas um caso que dá para outro tema… Como me lembro da vez em que pela primeira vez o meu pai foi comprar uma rosca de pão de ló a Felgueiras no dia de Páscoa. Sabendo-se que antigamente o pão de ló não entrava muito em casas de pessoas comuns, sendo mais de pessoas de posses, por assim dizer. A vida era diferente de hoje, em tudo praticamente, para não dizer mais e estar para a qui a desenrolar o novelo das memórias com temas paralelos, sem virem ao caso.

Pois então, num belo dia de Páscoa, estava-se a meio dos anos sessentas, em que nesse ano tínhamos em nossa casa uma prima de longe e, por isso, a minha mãe disse a meu pai que era melhor ele ir à vila buscar um pão de ló, em honra da visita dessa sobrinha. Parecendo que ainda estou a ver o meu pai a chegar na sua motazinha com a rosca… 

(Convém explicar à saciedade e sociedade que a sede do concelho era ainda vila. Só muito mais tarde passaria a cidade, oficialmente.)

Então nesse ano o assado de forno teve por fim sobremesa mais doce, pois no final das batatas assadas com galo e coelho a barriga ainda aguentou mais uma fatia daquele pão de ló. A ponto que no fim ainda se rapou com a faca o que ficara no papel da forma!

Ora, essa lembrança traz então à flor da pele sentimental a recordação também dessa mota, como lhe chamávamos. Tratando-se duma motorizada Sachs Mini de mudanças automáticas que meu pai teve muitos anos e era uma das suas imagens de marca. Conhecendo-se de passagem pelo trabalhar do pequeno motor, assim como era familiar sua imagem quando ia ou vinha em cima dela. Era o senhor Joaquim Pinto a passar, nessa motazinha azul, com resguardo de guarda-vento à frente (como até temos registado em fotografia desses tempos, dos anos sessentas) que guardamos na memória… e ainda rapamos do que temos na cabeça.

Armando Pinto
((( Clicar sobre a imagem, para ampliar )))

domingo, 7 de abril de 2019

O “Basquete da Metalúrgica” do senhor Damas e de João Ribeiro, Fernando Quintela e Cª


O tempo voa e com ele correm lembranças. Passando factos e pessoas, que contudo permanecerão nas memórias enquanto houver quem lembre e haja motivos de lembrança.

Entre tanta gente conhecida e que fez parte do que fica registado na retina das lembranças locais, tantas realidades já deixaram de existir e gente que entretanto foi desaparecendo…. Vindo isto à ideia, agora que desaparece um personagem que fez parte do imaginário do antigo Basquetebol da Metalúrgica da Longra, o sr. João Ribeiro, mais popular e carinhosamente conhecido por João Lobo (como até vem referido, para mais fácil identificação, no prospeto de anúncio de seu falecimento e correspondente funeral).

Ressalta assim a antiga existência de equipas de basquetebol da Metalúrgica, através do Grupo Desportivo MIT-Metalúrgica da Longra, criado na década de cinquenta, mais propriamente em 1953/54, por Adriano Castro, e depois continuado por António Dâmaso. Grupo que ainda durou até aos anos setentas. Tendo especialmente nos anos sessentas tido grande importância ao nível do Campeonato Corporativo da FNAT, tempo em que foi deveras associado como sendo a equipa do senhor Damas (como era mais conhecido António Dâmaso) e de João Lobo, Fernando Quintela (Paulino), os jogadores mais carismáticos dessa equipa, que ainda englobava outros atletas como Albino Teixeira, e (também como eram popularmente conhecidos) Neno do sr. António Cândido, Fernando Pinto da Cabreira, Alexandre de S. Vicente de Sousa, Adelino do Raposo, etc.


Desses e alguns outros basquetebolistas da fábrica grande da Longra juntamos duas fotografias, de equipas de fases diferentes, mas sempre com esses desportistas e trabalhadores da Metalúrgica.

Como um passarinho da saudade que vem voando pelo tempo e pousa num ramo destas evocações, recordamos aqui e agora esse antigo grupo de basquetebol famoso na região, a propósito das lembranças que pessoas destas nos merecem.

Armando Pinto

Obs.: Historial do referido Grupo de Baquetebol da Metalúrgica e fotos correspondentes, constantes no livro "Memorial Histórico de Rande e Alfozes de Felgueiras", publicado em 1997.

((( Clicar sobre as imagens, para ampliar )))