Espaço de atividade literária pública e memória cronista

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quarta-feira, 10 de abril de 2019

Recreação histórico-jornalística de tempos iniciais do Pão de Ló de Margaride, em alusão ao felgueirense Festival da 10ª Mostra Internacional de Doces Tradicionais


Com a aproximação das festas de ano há muitas recordações a virem acima das lembranças, como calha a todos, por certo. Quantas vezes, como suor que vem à flor da pele, fazendo surgir algo a turvar a vista, quando nos lembramos de nossos ente queridos que em alturas destas nos lembram mais.

Assim, estando-se na época da Páscoa, em que pela região nortenha o pão de ló ocupa lugar de destaque nos sentidos apaladados e na nossa terra felgueirense é mesmo cartaz de afetos, vem então à tona das recordações pessoais certos temas de antanho, relacionados com o Pão de Ló de Margaride. Fazendo parte das memórias do autor destas linhas um caso que dá para outro tema… Como me lembro da vez em que pela primeira vez o meu pai foi comprar uma rosca de pão de ló a Felgueiras no dia de Páscoa. Sabendo-se que antigamente o pão de ló não entrava muito em casas de pessoas comuns, sendo mais de pessoas de posses, por assim dizer. A vida era diferente de hoje, em tudo praticamente, para não dizer mais e estar para a qui a desenrolar o novelo das memórias com temas paralelos, sem virem ao caso.

Pois então, num belo dia de Páscoa, estava-se a meio dos anos sessentas, em que nesse ano tínhamos em nossa casa uma prima de longe e, por isso, a minha mãe disse a meu pai que era melhor ele ir à vila buscar um pão de ló, em honra da visita dessa sobrinha. Parecendo que ainda estou a ver o meu pai a chegar na sua motazinha com a rosca… 

(Convém explicar à saciedade e sociedade que a sede do concelho era ainda vila. Só muito mais tarde passaria a cidade, oficialmente.)

Então nesse ano o assado de forno teve por fim sobremesa mais doce, pois no final das batatas assadas com galo e coelho a barriga ainda aguentou mais uma fatia daquele pão de ló. A ponto que no fim ainda se rapou com a faca o que ficara no papel da forma!

Ora, essa lembrança traz então à flor da pele sentimental a recordação também dessa mota, como lhe chamávamos. Tratando-se duma motorizada Sachs Mini de mudanças automáticas que meu pai teve muitos anos e era uma das suas imagens de marca. Conhecendo-se de passagem pelo trabalhar do pequeno motor, assim como era familiar sua imagem quando ia ou vinha em cima dela. Era o senhor Joaquim Pinto a passar, nessa motazinha azul, com resguardo de guarda-vento à frente (como até temos registado em fotografia desses tempos, dos anos sessentas) que guardamos na memória… e ainda rapamos do que temos na cabeça.

Armando Pinto
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