Espaço de atividade literária pública e memória cronista

quinta-feira, 6 de julho de 2017

À minha mãe, no meu dia…


Não havia então máquina fotográfica em mãos de ninguém da família, há algumas décadas, sendo por isso raras as fotografias existentes da nossa prole pelos idos anos cinquentas e até mais, ainda à entrada dos idílicos tempos de sessenta… porém captei na retina da memória e não mais me esquece da primeira vez, que me lembro, de me ter sido festejado o aniversário natalício, com festa de anos simples mas bonita, quando fiz seis anitos. Algo que à época não era até muito acotiado e penso que em nossa casa também não tinha acontecido entretanto, apesar de antes haver cinco filhos mais velhos, e a seguir a mim ainda um mais novo. Saltando-me à vista, como que vendo ainda, toda a alegria da minha mãe quando, na tarde desse dia, num quente início desse Estio, me pegou pela mão e me fez a surpresa de ir buscar um bolo feito por pessoas amigas. Onde foram colocadas seis velas, pequeninas, e de cor azul como eu disse logo que queria. Doce aparato que à noite foi um encanto aos meus sentidos, em roda familiar. Como sempre foi depois, na sucessão dos anos, até passar a ter a minha esposa e filhos e agora os netos. Tendo sempre também os meus pais presentes em mim, com o sorriso de minha mãe a dizer-me que valeu a pena ser heroína naquele longínquo dia de inícios de Julho, já lá vão uns anos bons. Tendo à minha volta, na roda familiar, quem de mim gosta e de quem eu tanto gosto, no gosto doce do amor.

Armando Pinto

sábado, 1 de julho de 2017

14º Aniversário da Vila da Longra


Faz hoje 14 anos que a 1 de Julho de 2003 a antiga povoação da Longra foi oficialmente elevada a vila, através de aprovação na Assembleia da República e perante a presença de algumas dezenas de longrinos que foram então a Lisboa.

De todas as vivências decorrentes desse dia algo ficou entretanto registado por escrito e muito está gravado no sentimento de muitas pessoas, como tem sido anotado aqui em anos recentes e está narrado no livro escrito e publicado na ocasião. Bastando, desta feita, rememorar por um vislumbre de lembranças alusivas o que deste facto sempre perdurará na memória coletiva.

Armando Pinto

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quarta-feira, 28 de junho de 2017

Alusões memoriais do São Pedro de Felgueiras – a festa concelhia felgueirense…




Muito se pode escrever e está até escrito sobre a Festa do Concelho de Felgueiras, a tradicional festividade dedicada ao S. Pedro integrante do imaginário popular, desde as cantigas das marchas que têm acontecido em anos recentes e sobretudo do cortejo das flores que vem de longos tempos. Mas muito mais.

Para não repetirmos, desta feita, anteriores referências, cingimos aqui e agora um artigo de simples alusão, para assinalar a festa que dá origem ao feriado municipal felgueirense.

Assim sendo, entre material durável no tempo e algo que perdura em memórias pessoais e coletivas, faz parte da memorização de apreço a tudo o que tenha valor afetivo também algumas recordações alusivas à Festa do Concelho de Felgueiras. Como se pode vislumbrar através de alguns exemplos, incluindo exemplares de medalhística e outras recordações de edições festivas reportando realizações de anos passados.   


Armando Pinto
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sexta-feira, 23 de junho de 2017

Coisas... que têm de ser ditas (escritas) - em "artigo de opinião" no Semanário de Felgueiras


Perante o ambiente vivido e sentido pelo país em tempo de calor e consequentes efeitos dos incêndios, mais as asneiras ambientais que têm sido e continuam a ser permitidas no panorama da nossa região felgueirense, no caso vertente, saiu da escrita do autor um texto relacionado, procurando chamar à razão quem de direito, enquanto é tempo e antes que haja qualquer coisa mais negativa... que para memória presente e futura inclui espaço habitual de opinião pessoal, a pensar no coletivo, com lugar no interior do jornal Semanário de Felgueiras.

Dessa crónica, vinda a público na edição do SF desta sexta-feita  23 de junho, véspera de São João e de chegada da respetiva noitada festiva, partilhamos aqui o respetivo conteúdo. Registando assim o artigo desta semana, do qual, por via das orvalhadas da memória, colocamos imagem da própria coluna impressa na página 10 do SF e, para efeitos devidos, reproduzimos o texto:
   
Cá umas Coisas…

Na língua tradicional portuguesa há um termo, coisa, que define diversificadas existências e realidades, costumando-se generalizar os mais variados temas como coisa, assim. Dependendo e simplificando. O que é preciso é ter jeito para a coisa, entre diversas coisas. Desde a chamada coisa pública até qualquer coisa.

Ora, entre muitas coisas há que ter em atenção a responsabilidade pública. Algo que vem à tona das atenções sempre que surge qualquer coisa, qual ocorrência mais tocante. Como ainda por estes dias recentes aconteceu com a catástrofe de Pedrógão, pela zona de Leiria, num pavoroso incêndio que atingiu vasta área florestal e urbana dos concelhos vizinhos, resultando em tragédia que ceifou dezenas de vidas e matou a vida de diversas localidades. Apesar das costumadas desculpas de causas naturais e ações humanas, por entre aparecimento de figuras públicas a lamentar o sucedido e manifestações de solidariedade que são apenas o que são, sem que haja um rastreio ao fundo das questões. Vindo então à ideia o que tem acontecido em décadas de anos recentes, com a profusa plantação de árvores que não trazem benefícios, como as vagas de eucaliptos que espalham suas raízes e secam tudo em redor, altaneiros entre pares erguidos por certos interesses, e de modo particular aquelas árvores esguias que espalham pelo ar uma espécie de pó saído de camadas de algodão desfeito, aquando da florescência, que têm sido plantadas através de fundos da CEE. Arvoredo que, em linguagem direta e sem necessidade de indicação de respetivos programas de dinheiros provindos da política da comunidade europeia, estão a alterar o meio ambiente natural e a colocar em risco a vida tradicional.

Como é possível que tenha havido aprovação e continue a ser autorizada a existência de manchas de árvores de grande porte entre casas, no meio de áreas urbanas, como até pelo concelho de Felgueiras existe, inclusive em território duma vila, pelo menos?!  O que aconteceu e está diante dos olhos e dos sentidos, a troco de umas notas para quem interessam tais proventos, das plantações em moda, que alteram a fisionomia desta zona verdejante de Entre Douro e Minho, na área do Douro Litoral que agora está a ser retirada mais para o interior do país na chamada zona de Tâmega e Sousa das modernas classificações de siglas Nuts.

Mas, assim sendo, já houve quem meditasse que pode haver uma catástrofe resultante de tal implantação desse arvoredo tipo selva, em falso núcleo frondoso no meio de localidades populosas? E caso aconteça qualquer catástrofe, quem será responsabilizado, se só os proprietários dos terrenos, obviamente quem tem grande lucro com esses fundos, ou também quem aprovou e quem deixa estar aquilo, na tão célebre política de "laissez faire laissez passer"… corporizando mau grado uma nefasta simbolização do liberalismo económico, em versão mercantilista do capitalismo de mercado europeu chegado aos mais recônditos sítios do interior profundo de Portugal.

Hoje em dia, com a informatização de tudo, não é difícil saber quem é quem e quem teve interferência ou influência, como quem são os donos das terras e os autores e mediadores dos projetos.

Antigamente nos dias de Santos Populares era um regalo de alma as edificações das cascatas sanjoaninas, de ilustração sentimental aos folguedos, levando o povo a deitar nos arremedados lagos das viçosas cascatas umas respetivas moedinhas da sorte, para bom augúrio, entre festanças dos saltos das fogueiras e danças de roda, enquanto se cheiravam ramos de hortelã e cidreira colhidas nas noites de São João e São Pedro. Ao passo que nos dias que correm, com o arvoredo dos dinheiros da CEE, nem se conseguem já vislumbrar as cascatas de casas que encostas acima embelezavam os cenários de nossas vilas e povoações. Obviamente com imputações, havendo sempre responsabilidades, pois tudo tem retaguarda, tal como o vinagre vem de vinho que foi bom.

ARMANDO PINTO 

quarta-feira, 21 de junho de 2017

Algumas “charadas políticas” na imprensa felgueirense de tempos idos…


Estando neste início do verão de 2017 a cena política no concelho de Felgueiras algo morna, contrastando com o tempo meteorológico, perante cenário ignoto, como que ainda sem abrir o pano, conforme se costuma dizer na abertura da boca de palco na arte de talma (teatro), embora já não falte muito para a chegada da época da campanha para as próximas eleições autárquicas, apraz registar algumas “bocas” (como se diz agora e antes se falava em sketchs, ou coisa parecida), com toque humorístico, do que em tempos recuados veio na imprensa de Felgueiras - em eleições antigas.

Disso, sem ordem cronológica, começamos aqui com um editorial do jornal Semana de Felgueiras, saído a público aos 30 de Abril de 1910, ainda nos últimos tempos do regime monárquico, poucos meses antes da implantação da República:


O jornal Semana de Felgueiras, órgão do Sindicato Agrícola de Felgueiras, então sediado em Varziela, na Casa do Sindicato (assim denominada ao tempo a mais tarde chamada Casa do Bom Repouso), era da lavra literária do Conselheiro Dr. António Barbosa Mendonça, da Casa de Rande, da freguesia do mesmo nome. E não como está referido no livro "Felgueiras de Ontém e de Hoje", editado em 1989 pela Câmara Municipal de Felgueiras.

Passando entretanto a nótulas com cariz de luta política, desse tempo, voltamos uns anos atrás como enquadramento.

Assim sendo, olhe-se, por exemplo, ao que foi publicado anteriormente no mesmo periódico, um dos pioneiros jornais locais, no caso o "Semana de Felgueiras" de 12 de Julho de 1896 (clicando no recorte jornalístico, para aumentar o campo de visão da imagem imediata, assim como nas seguintes):


Já o mesmo, ainda sobre a Folha de Felgueiras (outro jornal antigo, referido na anterior vistoria contemporânea), em seu número de  dois de Março de 1897, voltava-se ainda para outro lado:


E já agora, de seguida, atente-se nesta pérola saída nesse mesmo periódico, na edição de 25 de Abril de 1897:


Passados anos, ainda no Semana de Felgueiras, apareceu algo mais vasto, no respetivo número de 21 de Janeiro de 1905:


Estes são alguns entre diversos exemplos da política em tempos de transição dos século XIX para o XX. 

Numa próxima vez daremos oportunidade de vista de olhos por mais respigos de tais tempos idos. 

Armando Pinto
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sábado, 17 de junho de 2017

Felgueiras à vista de dois roteiros promocionais antigos


Chegada a quadra dos santos populares, quando ainda ecoam na memória as antigas cascatas sanjoaninas, das festas populares de S. João que aconteciam em diversas localidades urbanas do concelho de Felgueiras, vem à ideia a cascata verdadeira figurada de casas pela encosta que desde a sede concelhia se vê mirando ao alto do monte de Santa Quitéria. Sendo ocasião agora de proximidade à festividade do São Pedro de Felgueiras, onde costumam acorrer romeiros dos mais variados pontos da região de Entre Douro e Minho, quando então Felgueiras é polo de romagem de forasteiros, quer a pé, como ainda se vê virem peregrinos satisfazer promessas, nomeadamente desde as zonas de pescadores da área do Grande Porto, quer de autocarros que transportam excursionistas, motivo que anualmente leva aos habituais reparos de falta de mesas para os normais merendeiros… nos locais frondosos daquele emblemático monte.


Na imediação dessa fase estival com contornos turísticos e mediatização tradicional, vem a talhe lembrar dois exemplos de promoção turística com que Felgueiras foi chegando a excursionistas do antigo turismo regional, através de dois roteiros desdobráveis que, com alguma distância no tempo, deram alguma visão sobre o concelho de Felgueiras: primeiro através de um roteiro de 1959, da coleção Rotep e dedicado às terras de Entre Douro e Minho, publicado pelo Ministério da Educação Nacional-Secretaria Nacional de Informação, Cultura Popular e Turismo; e depois um folheto brochado de 1982, edição da Câmara Municipal de Felgueiras.

De tais interessantes publicações juntamos imagens das respetivas páginas, em retalhos que já fazem parte da história local.


Armando Pinto
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sexta-feira, 9 de junho de 2017

Algo relacionado com o Dia de Portugal e dos Portugueses


Como é da praxe tradicional, na habituação do calendário estabelecido pelos governantes do país desde há décadas de anos, celebra-se a 10 de junho o Dia de Portugal, dedicado a exaltar a Raça portuguesa e, desde alguns anos já, também as Comunidades Portuguesas espalhadas pelo mundo. Sendo o sentimento pátrio algo misturado com espírito e afeição, mas também sentido através da ligação com factos e personagens que nos atraem nessa interligação, incluindo adereços e objetos que remetem a algo carismático da mística nacional.

Nessa perspetiva, por quanto é de valorizar tudo que registe o que seja digno de memória, colocamos a propósito uma fixação visual relativa com um nome que ficou associado a momentos épicos da Nacionalidade, como foi João Sarmento Pimentel – em sua juventude interveniente, em Lisboa, no movimento da Implantação da República portuguesa, em 1910, e volvidos anos herói da manutenção da mesma República, no Porto, como comandante da Derrota da Monarquia do Norte, em 1919 (que lhe valeu reconhecimento público com a oferta da Espada de Honra da cidade portuense), além de outras intervenções político-sociais e cívicas. Um vulto da história pátria que, por motivos políticos, após a instauração do regime do Estado Novo, teve de sair do país e se radicar no Brasil, num longo exílio político que o tornou também figura célebre da comunidade portuguesa com raízes deixadas de outro lado dos mares. 

Ora João Sarmento Pimentel ligado por laços familiares a Felgueiras, onde viveu na casa-mãe de sua família, na solarenga Casa da Torre, em Rande, bem como em Lisboa ajudou Machado dos Santos a proclamar o regime republicano e depois foi personagem histórico na memória heroica da cidade do Porto na revolta de 13 de Fevereiro de 1919, é pois o motivo de mais um registo memorial. Aqui e agora através de memorização que fica, neste caso, por meio de um objeto de apreço, como é um pequeno livro que ficou a assinalar a recente exposição dedicada a homenagear tal figura histórica da Grei, com lugar episódico em Lisboa na Associação 25 de Abril, através de várias vontades, sob a louvável iniciativa da escritora e investigadora Dr.ª Estela Guedes.


Armando Pinto

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