Espaço de atividade literária pública e memória cronista

terça-feira, 6 de junho de 2017

Reabertura da Casa do FC Porto de Felgueiras revitalizada


Chegou ao conhecimento, por estes dias, que vai reabrir proximamente a Casa do FC Porto de Felgueiras, Delegação nº 84 do FC Porto, fundada oficialmente em 15 de Março de 2004 e cuja sede inicial teve inauguração com pompa e circunstância a 24 de setembro do mesmo ano. Sendo então agora essa instituição felgueirense revitalizada, depois de entretanto ter mudado de edifício-sede e posteriormente haver ficado inativa há algum tempo, de permeio.

= Imagem integrante da 1ª página do jornal desportivo nacional O Jogo de 25 de setembro de 2004 =

Renasce assim, agora, essa Casa Portista Felgueirense, satisfazendo anseios de bons apoiantes do clube mais representativo do Norte de Portugal e maior embaixador desportivo do país, através de jovens adeptos em que se depositam esperanças de uma vivência dragoniana ativa.

Enquanto isto nos enche para já as medidas de satisfação, por Felgueiras deixar de estar atrás de outros concelhos nesta matéria, sendo como é o FC Porto algo especial na identificação bairrista, para quem se identifica com os símbolos e valores da nossa região, recordamos aqui a história da interligação felgueirense ao mundo portista e extensivamente a parte entretanto vivenciada com esta representação do grande baluarte desportivo nortenho, em crónica ilustrada com respigos de reportagens e recordações alusivas à mesma ligação portista vivenciada.

Felgueirenses-Dragões

O ano de 2004, entre outras ocorrências de maior ou menor interesse para os Felgueirenses, foi marca temporal da criação da Casa-Delegação do Futebol Clube do Porto em Felgueiras. Ano esse em que o F. C. do Porto confirmou a sua superioridade futebolística em Portugal, obtendo o seu 20º título de Campeão Português, e se salientou na amplitude do velho continente com a conquista da Liga dos Campeões Europeus/2004 e mesmo a nível mundial com a obtenção da Taça Intercontinental/2004, que deu ao símbolo azul e branco mais um título de Campeão do Mundo.

 = Primeira página do jornal Semanário de Felgueiras de 1 de Outubro de 2004 =

Não sendo o tema da inauguração da Casa do F. C. Porto de Felgueiras, naturalmente, um facto respeitante à totalidade dos munícipes locais, marcou de certa forma um tempo de unidade da sua maioria. Embora alguns adeptos de outros clubes se tenham antecipado, já que antes apareceram, na sede do concelho, idênticas representações dos clubes grandes do sul do país (apesar de uma delas, a Casa do Sporting, entretanto ter fechado, enquanto a outra, a do Benfica, também até esteve moribunda algum tempo, tendo sido reaberta depois), o caso despertou mesmo assim amplo interesse por ser revelador da unidade de significativa franja de pessoas identificadas pelo mesmo clube distintivo do norte do país. Tal espevitamento tardara, possivelmente, pela relativa curta distância de Felgueiras ao Porto-cidade, não havendo assim tanta necessidade como para os simpatizantes dos clubes de Lisboa. Mas apareceu e logo em tempo de euforia para os simpatizantes e adeptos da grande coletividade azul e branca: Atendendo a que, depois de históricos títulos, desde o primeiro importante galardão Portista, com a Taça dos Campeões, ganha pelo F. C. Porto em 1987, e depois o primeiro cetro de Campeão Mundial, quando o Porto venceu a primeira Taça Intercontinental obtida por um clube português, ao que se seguiu a Supertaça Europeia em 1988; e após novas alegrias com sucessivos títulos, tendo no bornal já a série de campeonatos nacionais consecutivos que totalizaram o famoso e único “Penta” conquistado em Portugal, culminou na época de 2003 em que o mesmo Clube-Dragão ganhou tudo o que havia a ganhar, a nível nacional e sobretudo internacional com a Taça UEFA, fazendo o pleno com soma de todas as provas portuguesas, Campeonato (da Liga, como se chamava, e Superliga, como se passou então a chamar), Taça de Portugal e Supertaça; depois o ano de 2004 trouxe mais um título nacional na vitória da Superliga Portuguesa e em apogeu de seguida sobreveio suprema euforia com a conquista da Liga dos Campeões Europeus, acabando ao findar do mesmo ano no levantar da Taça Intercontinental do Mundo, no Japão, num autêntico novo encher de peito, com aquela respiração que faz bem ao coração.

= Reportagem numa das páginas interiores do Semanário de Felgueiras de 01/10/2004 =

Visto isso, vem a talhe, no que nos toca, fazer uma ligação mais que justificada desse grande fenómeno relativamente com a nossa terra, onde existe desde 2004 a Felgueirense Casa do F. C. Porto, que, depois de breve hiato, volta este ano a abrir portas. Reforçando laços de afinidade portista.

Ora, vem de longe a referida afinidade, como há o exemplo de em 1928 se ter realizado a prova de ciclismo denominada “Porto-Felgueiras-Porto”, ganha por Manuel Nunes de Abreu, do F. C. Porto, como ficou para a história. Mais tarde houve um Felgueirense, o Eng.º Mário Castro, que chegou a ser um grande atleta do F. C. Porto em Andebol de Onze, na década de quarenta e cinquenta, do século XX, tendo sido então campeão nacional com o FCP e “internacional” pela seleção portuguesa da modalidade, bem como, já nos anos sessenta, o mesmo também manteve notoriedade como campeão nacional em Pesca Desportiva, igualmente neste caso em representação da coletividade da Constituição e das Antas. Ainda nos anos cinquenta, correu nas estradas do país e pela estranja o ciclista Artur Coelho, que ao serviço do FCP foi camisola amarela em diversas Voltas a Portugal e venceu a Volta a S. Paulo, no Brasil, em 1957 (a cuja memória já dedicamos uma crónica, anteriormente), ao passo que nos campos de futebol evoluíram os então jovens Felgueirenses António Freitas e António Silva, que enfileiraram na equipa de juniores de futebol com a mesma camisola alvi-anil, sob orientação de Artur Baeta. Por esse tempo, Felgueiras teve também seu nome associado à magna campanha de angariação de fundos para a construção do Estádio das Antas, inaugurado em 1952, tendo anteriormente vindo até aqui, nesse âmbito, a equipa principal do Porto, com suas vedetas do tempo (conforme registamos no livro “Memorial Histórico de Rande e Alfozes de Felgueiras”). Performances que tiveram sequência com outros vínculos mantidos, por gente destas paragens, noutros campos onde pulsava interesse azul e branco, como foi o caso do dirigismo e demais funções. Quanto aconteceu com Adriano Castro, personagem que por esses idos de cinquenta, sobretudo, trouxe a Felgueiras diversos atletas Portistas, que eram nessa era autênticos ídolos do desporto, para realizações de apreciadas provas; assim como o anteriormente referido Eng.º Mário Sampaio Castro e Deolindo de Sousa Machado foram membros da Assembleia Delegada do FCP, a meio da década de sessenta; tal como o mesmo Eng.º Mário Osório Pinto Sampaio e Castro chegou a ser vice-presidente do F. C. Porto, nos inícios de mandato do Dr. Américo Sá, de finais de sessenta e meados de setenta; altura em que Artur Peixoto Júnior foi Seccionista do Atletismo Portista; como depois Armindo Vasconcelos foi redator do jornal “O Porto”, órgão de informação do F. C. Porto de que o autor destas linhas foi igualmente colaborador desde 1974 a 1980, além de termos estado também envolvidos na secção de Hóquei em Patins do FCP.

= Reportagem do jornal desportivo nacional O Jogo de 25 de setembro de 2004 =

Volvidos anos, após o F. C. Felgueiras ter dado salto até à então 2.ª Divisão Nacional-Zona Norte, como ao tempo se disputava o 2º campeonato maior português, tendo passado a dispor de melhores estruturas a partir de alterações verificadas no campo de jogos (transformação essa de que resultaram melhorias patentes nas instalações, sobretudo alteração no posicionamento do retângulo de jogo, alargamento das suas medidas e necessário arrelvamento), a respetiva inauguração da 1ª fase do complexo desportivo ocorreu em Setembro de 1985 perante programa de que constou como prato-forte um prélio amigável disputado com o F. C. Porto (que incluiu algumas “vedetas” desse tempo, como Walsh e Juary). Depois disso, conquistada em 1992 pelo Felgueiras a sua primeira presença na 2.ª Divisão de Honra, juntando pecúlio do pódio de Campeão da 2.ª Divisão Nacional B, houve festa de imposição das faixas de campeão, de novo com presença do F. C. Porto (através de formação composta pelos seus titulares, os detentores do título nacional máximo da época), honrando de tal maneira esse jogo festivo com as duas equipas campeãs de suas divisões, prélio que assinalou diante dos prosélitos locais essa data marcante da Equipa Felgueirense.

De permeio outras ligações foram surgindo, contando títulos nacionais de atletismo, quer de Aurora Cunha como Fernanda Ribeiro, obtidos nas respetivas provas disputadas em terrenos de Felgueiras (do Campeonato Nacional que foi corrido na original pista de cross, da zona desportiva, onde mais tarde nasceu campo de futebol “pelado”) e vitória de Fernanda Ribeiro na II Corrida dos 12 KM Várzea-Felgueiras; como diversos prélios de camadas jovens e jogos particulares de formações seniores; bem como organização de provas de automobilismo, nomeadamente o Rali do F. C. Porto. Sem pormenorizar outros aspetos, como a existência de associados entusiastas do F. C. Porto propagados pelo concelho de Felgueiras, e possivelmente outros casos curiosos.

Até que o F. C. Felgueiras e o F. C. Porto se encontraram oficialmente na primeira e única época em que o clube mais representativo do concelho de Felgueiras esteve na prova cimeira do futebol luso. Com efeito, em 1995/96, o Felgueiras empatou no Estádio Dr. Machado de Matos com a formação da Invicta (1-1) e saiu derrotado do embate das Antas (6-2) na 1ª Liga. Tendo nessa época, além de João Costa que estava cedido ao clube felgueirense,  também se salientado o então jovem Sérgio Conceição, emprestado pelo FC Porto e que em Felgueiras evoluiu a pontos de na época seguinte logo ter feito parte da equipa principal do FC Porto, dando salto conhecido da sua carreira.

Entretanto, a meio da mesma década de 90, mais um Felgueirense incorporou os Corpos Sociais do FCP, na gerência de grande timoneiro Jorge Nuno de Lima Pinto da Costa, quando Mário Cunha passou a ser membro do Conselho Superior do F. C. Porto, tendo de seguida o mesmo sido reconhecido a nível clubista, galardoado em 1996/97 com o trofeu Dragão de Ouro de Dedicação Portista do ano 1996.

Depois disso as duas equipas com mais adeptos em Felgueiras voltaram a encontrar-se, tendo dessa feita, ao findar Dezembro de 2000, o F. C. Porto vencido em Felgueiras por 3-0 numa eliminatória (16 Avos) da Taça de Portugal.

Chegados tempos mais recentes, alguns jovens Felgueirenses tomaram o Porto por destino, tendo Inês Moura, atleta juvenil de especialidades em Atletismo, despertado interesse do grande clube nacional, passando a envergar a camisola azul e branca a partir de 2001/2002; assim como o promissor futebolista Tiago Moreira passou a representar o FCP na categoria de infantis em 2000/01, de onde transitou posteriormente aos Juniores. Depois André Pacheco, Felgueirense formado nas camadas jovens do Vit. de Guimarães, rumou às Antas, tendo integrado a equipa do F. C. Porto de juniores em 2002/03. Com outro estatuto, seguiu também até ao Clube-Dragão o guarda-redes Vasco Viana, que em 2002/03 fez parte do plantel sénior do F. C. Felgueiras, o qual encontrou então no Porto como companheiro o referido André Pacheco, médio entretanto incorporado nos seniores, pelo que ambos passaram em 2003/04 a fazer parte da Equipa B do F. C. Porto, de possíveis promessas do Estádio do Dragão, embora depois tenham passado a evoluir noutras formações, em diversos clubes onde deram continuidade à sua carreira. Tal como, depois, o avançado Jaime, que despontara na equipa principal do F. C. Felgueiras, integrou em 2005/06 também a Equipa B do F. C. Porto, no então último ano de existência dessa categoria na antiga fase experimental (visto no defeso de 2006 ter sido extinto esse escalão, até ter regressado noutras condições há três épocas, como se sabe).

 = Reportagem no (entretanto extinto) jornal Voz de Felgueiras, de 8 de Outubro de 2004

Ora, entre tudo isso, foi então em 2004 implantada a Casa do Futebol Clube do Porto de Felgueiras, fundada a 15 de Março. Ficando a ser a Delegação nº 84 do F. C. Porto, cuja sede foi inaugurada a 24 de Setembro do mesmo ano, com a presença do Presidente Pinto da Costa – o qual procedeu ao corte simbólico da fita, tendo depois convivido com cerca de mil Portistas de Felgueiras em jantar festivo e bem servido de fervor clubista, pois que não cabiam mais no salão em que tal repasto teve lugar (enquanto, segundo os relatos da imprensa, nas inaugurações das outras sedes referidas, não estiveram mais de cerca de uns duzentos convivas, dos outros ou seja dos rivais de Lisboa).

Depois disso, na sede, ali ao lado do jardim central da cidade de Felgueiras, entre Portistas, aficionados do mesmo emblema e apaixonados das mesmas cores, se viveu e vibrou com vitórias a nível nacional e internacional, com destaque para o título de campeões mundiais de clubes, com a Taça Intercontinental ganha em Dezembro de 2004; a Taça de Portugal de 2006, mais os campeonatos nacionais da Superliga em 2006 e 2007.

Posteriormente, por motivos ligados à exploração do espaço do bar, essas instalações, arrendadas, foram encerradas em finais de 2007, sendo adquirida uma casa na zona das Idanhas, junto à rotunda de entrada na cidade, para onde, depois de profundas obras de remodelação, foi transferida a mesma Delegação Portista, aí se fixando em 2008 a Casa do F. C. Porto de Felgueiras. Cujas instalações albergam a mesma instituição nesta nova fase de revigoramento, prestes a ganhar forma.

= Recordações pessoais de associado da Casa do FC Porto de Felgueiras e do dia da inauguração festiva.

Assim, em leves traços, ao correr de registo identificativo da prezada ocorrência singular verificada desde 2004, para documentário perene, fica uma simplificada imagem da ligação de Felgueiras e Felgueirenses ao maior clube português, cujos laços ficaram antes e ficarão agora proximamente mais fortes com a instalação e revitalização da Casa do F. C. Porto na terra do pão de ló e pólo importante do calçado. Facto esse começado num ano de tantas conquistas que, somadas a todas as já obtidas, e ao que irá advir para orgulho dos muitos e bons indefetíveis adeptos, fazem deste símbolo nortenho o mais representativo de todos quantos sentem o que identifica apego bairrista pela nossa região...

Em tempo de crise social e económica, como o que se sentiu e sente bem nos primeiros tempos do século XXI, só mesmo o FCP, com Esta Vida de Dragão, consegue servir de escape, como que substituindo as reservas pátrias de ouro no nosso orgulho!

Armando Pinto
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Nota Bene:
Na pertinência desta feliz ocorrência atual, atente-se noutros artigos insertos anteriormente neste blogue “Longra Histórico-Literária” (e ainda no "Memória Portista") sobre ligações felgueirenses ao FC Porto, sendo também Felgueiras especialmente terra de bons Dragões, sobretudo, conforme se relembra em compacto de artigos respetivos 
- clicando aqui e aqui !
A. P.

quinta-feira, 1 de junho de 2017

No dia da criança – a propósito dum dia de Criança…


Faz de conta que o tempo passado se reencontra com nossas memórias, e um dia da criança de há muito volta nas asas do pensamento, recordando e revivendo. Eis assim que me lembra uma dessas datas, através do que ficou na retina da memória terna da infância dos filhos… e de um desses anos nos dá para folhear uma brochura alusiva.


Recuando a quase três décadas de anos, pousa assim o voo de lembranças no ano de 1989, num evento alusivo ao Dia Mundial da Criança, celebrado a 1 de Junho, já lá vão uns anos bons, e levado então a efeito no monte de Santa Quitéria para as crianças das escolas felgueirenses. Onde se desenrolaram atividades que meteram jogos e corridas, entre divertimentos. Tendo disso ficado o cartão que minha filha usou no dia, e depois permaneceu por fim guardado no interior do livrinho respetivo, colado com fita duradoura, como a imagem de minha filha assim criança feliz estará sempre colada em mim.


Dessa publicação se respiga algumas páginas, para aqui, porque como tal comemoração teve lugar no monte de Santa Quitéria, miradouro altaneiro e local de ligação concelhia, a referida pequena revista transcrevia um texto sobre o mesmo monte, sob título de Monte das Maravilhas, nome por que também é conhecido esse planalto felgueirense, cuja crónica é de recordar agora, a propósito também.


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Armando Pinto 

segunda-feira, 29 de maio de 2017

In Boletim Municipal “Felgueiras + Informa”: A projetada Regeneração Urbana e Mobilidade em curso


Está em distribuição pública, como hoje, ao começo da última semana deste mês de maio, chegou à caixa de correio do domicílio do autor deste blogue, o mais recente número do Boletim Municipal / Felgueiras + Informa, publicação informativa que de quando em vez dá continuidade ao Boletim Municipal de Felgueiras, iniciado em 1982, em cuja versão atual com esta denominação de“+ Felgueiras” vai no seu número 10, com indicação de abril 2017. Publicação esta que, entre os diversos assuntos aflorados, tem referências à presente ação de reabilitação ambiental dos centros urbanos do concelho, sob lema de Regeneração e Mobilidade – embora até ao momento nalguns locais, como no centro da Longra, por exemplo, os passeios públicos continuem a ter poucas condições de mobilidade por mais servirem até para estacionamento de automóveis e exposição de mercadorias.


Se bem que as obras tenham tido início em dezembro de 2016 e entretanto em certos locais estejam de permeio interrompidas, o referido boletim felgueirense dá nota do que está projetado. Algo que, para memória, aqui registamos, transpondo respetivas imagens insertas na publicação em apreço.


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Armando Pinto

sexta-feira, 26 de maio de 2017

Casas antigas de brasileiros da cidade de Felgueiras em artigo no SF


Ao correr do teclado da memória, mais um artigo escrito do autor destas linhas preencheu algum espaço do jornal Semanário de Felgueiras, publicado esta sexta-feira dia 26. Procurando narrar algo mais da história coletiva felgueirense. De cuja crónica para aqui transpomos imagem da respetiva coluna e extensivamente, a facilitar leitura, também o texto em modo datilografado (acrescido de algumas imagens para ilustração).


Mansões de “Brasileiros” em Felgueiras

Donde trinava o pássaro sabiá, ao som gemido da popular música sertaneja, pelo sertão brasileiro e vizinhas paisagens baianas ou outras distanciadas, mais o assobio do lendário passarinho uirapuru, regressaram à pátria portuguesa, pelos idos de oitocentos e princípios de novecentos, muitos dos chamados brasileiros de torna viagem. Que mais não eram que portugueses com fortuna feita em sítios de ligação caipira e que, em vez de ficarem ao lado duma bela cabocla por ali a crestar, entre belezas das cores de terras prenhes de palmeiras e envoltas em mitologias índias, retornaram à terra de origem para ficarem de bem com a própria vida, dando largas à constituição do futuro que os fizera ir ao outro lado do mar. Tendo então construído vivendas à medida do sonho consumado, onde podiam finalmente se estender à sombra de frondosa cerca da mansão edificada no torrão pátrio.

Era e foi assim na volta dos portugueses abrasileirados pela diáspora migratória oitocentista, cuja torna à terra amada constituiu impacto na história local, à imagem do que sucedeu em diversas regiões do país. Sendo homens que regressaram do Brasil com fortuna amealhada, na vinda conhecidos por aquela denominação, e então já elevados em estatuto social. Porque os que foram mas não tiveram êxito por lá ficaram, voltando quem podia fazer boa figura.

= Uma panorâmica da antiga vila de Felgueiras em começos do século XX. Com visão a partir do antigo Largo D. Luís (mais tarde Largo da Republica e atualmente Praceta Aniceto Ferreira), em tempo que ainda não existia o Grémio da Lavoura, nem aparecia o Campo da Feira existente depois (porque à época a feira se realizava no Largo da Corredoura, onde hoje é o jardim central, de frente ao edifício da Câmara atual). Vendo-se nessa era ainda diversas casas apalaçadas de brasileiros, entre o casario da época. =

Assim foi no surgimento de casas apalaçadas construídas por portugueses enriquecidos pelo seu trabalho no filão brasileiro, ao tempo, num fenómeno de reprodução por muitos sítios e em Felgueiras também. Tendo havido dessas belas casas em todo o concelho, algumas das quais ainda se vêm altaneiras por entre a paisagem felgueirense. Enquanto na própria sede concelhia restam já poucos dos diversos exemplares de seu antigo toque ambiental, na fisionomia arquitetónica urbana da vila de outrora e atual cidade. Com destaque para a chamada Casa das Torres, mais a que na frente da mesma foi edificada depois, além da mais antiga Casa Vila Baía. Detendo estas as atenções, no caso, como mansões de arquitetura brasileira de antanho na urbe citadina de Felgueiras.

= Capa e contra-capa do livro da história da Casa das Torres e seu arquiteto, popularmente na região tido por engenheiro - como foi usual tal denominação dos desenhadores de projetos das casas =

Dessas referidas, que mais se salientam, empertiga-se à vista pública a Casa das Torres, da lavra projetista de Luís Gonçalves, arquiteto de tal construção brasileira em estilo arte-nova, mandada edificar em inícios da segunda década do século XX, pelo proprietário José Joaquim de Oliveira da Fonseca, sendo contemporânea da chegada da rede elétrica à vila de Felgueiras. Casa cujo passado já foi desenvolvido no livro “Luís Gonçalves: Amanuense-Engenheiro da Casa das Torres”, escrito e publicado em 2014 pelo autor destas linhas. Bem como existe a casa do mesmo estilo em frente, do outro lado do cruzamento das ruas, essa construída depois por Henrique Oliveira da Fonseca, irmão do dono das Torres e bairrista que em 1912 custeou o coreto da música que, desde então, dá inspiração romântica na harmonia da cabeça do concelho. Tal como mais abaixo, dentro do centro urbano, há a Casa Vila Baía, mais antiga e com trajeto residencial interessante, num passado que albergou algumas valências culturais de monta. Mandada construir em finais do século XIX por Domingos Pereira Borges, capitalista endinheirado também por seu labor na terra brasileira, em São Paulo, onde habitava quando não estava na sua casa de Felgueiras, que à morte legou a seu amigo Agostinho Ribeiro. Havendo Domingos Borges deixado à Santa Casa da Misericórdia de Felgueiras alguns bens, e a casa ao seu amigo. Casa essa a que Agostinho Cândido de Sousa Ribeiro deu o nome de Vila Baía, em homenagem à região brasileira onde ele mesmo prosperou sua vida, também. E mansão que o próprio Agostinho Ribeiro depois passou em testamento igualmente à Misericórdia felgueirense. Tendo entretanto ali funcionado a sede do Sindicato Agrícola de Felgueiras, como posteriormente serviu para ensino público do Ciclo Preparatório, tal qual mais tarde acolheu temporariamente função de Biblioteca Municipal.

= Aspeto atual da Casa Vila Baía =
                
Quanto à evolução das funções do edifício, há a registar que, em termos muitos gerais, é de assinalar que em 1920 a Casa Vila Baía, que pertencia à Misericórdia de Felgueiras, foi adquirida em hasta pública por Artur Augusto dos Santos, felgueirense nascido na Refontoura, combatente nas campanhas de África (que conduziram à prisão de Gungunhana em 1895). Cuja Carta de Venda, assinada pelo então Presidente da República António José de Almeida e pelo Ministro das Finanças Carmona Rodrigues, está ainda em posse da família Carneiro Pinto, a quem pertenceu entretanto. Tendo, em 1954, sido adquirida por Carlos Luís Carneiro Pinto, industrial, proprietário da empresa “A Têxtil da Cegonheira”, na então vila de Felgueiras. Em 1976 foi celebrado um contrato de arrendamento com o Ministério da Educação e Ciência para a instalação provisória do antigo Ciclo Preparatório, até à construção duma nova escola (como aconteceu com a edificação da Escola Preparatória de Felgueiras). Esse contrato cessou quando foi inaugurada a nova escola, ao tempo. Mais tarde foi a casa arrendada à Câmara Municipal de Felgueiras para instalação também provisória da Biblioteca Municipal. Esta relação contratual terminou com a construção da nova Biblioteca. Em 1992 a casa foi vendida ao Banco Comercial Português, passando aí a funcionar a sua agência, com os desenvolvimentos ainda do conhecimento público.

Sob olhar do tempo, tais casas permitem assim observar algo da história e relacionam pecúlio de personagens felgueirenses memoráveis. 

ARMANDO PINTO
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terça-feira, 23 de maio de 2017

(Mais) Alguns Recortes Históricos do FC Felgueiras


Como recordar é viver, conforme máxima antiga, trazemos desta vez à recordação pública mais alguns recortes da memória felgueirense, na memorização de factos interessantes – referentes a dois casos, com uma década de diferença entre ambos…

…Primeiro respigando do Jornal de Felgueiras uma caixa sobre um festival desportivo decorrido no antigo campo de jogos do Felgueiras no verão de 1955, conforme consta num número de Julho daquele ano, já lá vão (em contas atuais) cerca de sessenta e dois anos.


Tratando-se duma jornada desportiva no campo de futebol, tem a curiosidade de haver incluído jogos de basquetebol e andebol, entre equipas do concelho de Felgueiras, com prato forte da visita da equipa de andebol do FC Porto. Sem necessidade de se acrescentar mais qualquer explicação, por quanto a notícia impressa deixa perceber tudo o mais.


Volvidos dez anos, sensivelmente, um feito memorável ficou registado também nas páginas noticiosas felgueirenses. Do qual, por fim juntamos aqui mais umas fotos de futebol às anteriormente colocadas neste blogue, agora reportando à equipa da primeira subida de divisão, da 3ª para a 2ª Divisão Distrital, corria também o mês de Julho, mas em 1965. Ficando à posteridades gravuras que à época vieram publicadas no Jornal de Felgueiras e Notícias de Felgueiras.


Armando Pinto

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terça-feira, 16 de maio de 2017

Um ar de graça visual pela história grandiosa do Futebol Clube de Felgueiras de sempre


Terminada mais uma época futebolística na existência do FC Felgueiras, o popular “Felgueiras” do meio ambiente local, dentro do futebol mais representativo do concelho de Felgueiras, e perante uma participação digna de nota por quanto foi assegurada a manutenção no atual sistema do Campeonato de Portugal, ao fim da fase de manutenção numa orgânica nacional que este ano teve também fim (visto a partir da próxima época passar a decorrer em novos moldes), vem a preceito lembrar quão importante é o historial do clube felgueirense por excelência, como detentor do nome Felgueiras que deve unir todos os felgueirenses – em vista a continuar a puxar pelo sentimento felgueirista.


Enquanto isso, para que a memória perdure e tenha força de que tudo o que sucedeu e acontece valerá sempre a pena, recordamos num vislumbre memorial, em breves retalhos visuais, algumas imagens históricas do antigo FC Felgueiras, fundado em 1932, do qual o atual FC Felgueiras 1932 é herdeiro continuador e fiel depositário. Evocando assim algo do passado, como que procurando dar um ar de graça recordatório pela história desportiva felgueirense, com colocação dum conjunto de fotografias históricas, quer das que o autor conseguiu juntar no livro historiador editado em 2007, bem como outras que fazem parte do arquivo pessoal (incluindo fotos do tempo da fundação, até à estada na 1ª Divisão Nacional em 1995/96, bem como do tempo do Regional, na era do Sabú e outros lendários de distantes eras, como também mais já de épocas das andanças nos antigos Nacionais da 3ª e 2ª Divisões), passsando por pormenor de dois calendários de bolso (um com imagem da equipa do FC Felgueiras do título de Campeão da Série A da 3ª Divisão Nacional em 1983/84 e o outro referente a 1986)…

Contando que a história continuará a decorrer ao longo dos tempos, e agora já a partir da continuidade evolutiva na próxima época, o futebol representativo de Felgueiras deve merecer também continuar a ser sentido como dos maiores embaixadores do nome Felgueiras.

Armando Pinto

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sábado, 13 de maio de 2017

Fátima – No centenário das Aparições aos Pastorinhos e ligação a esse sítio sagrado…


No centenário das Aparições de Fátima, por ocasião da vinda do Papa Francisco à celebração da data centenária da primeira aparição de Nossa Senhora aos Pastorinhos Lúcia, Francisco e Jacinta, na Cova da iria; e canonização dos Bem-aventurados Francisco e Jacinta Marto; é ocasião de aqui juntar algumas imagens de objetos de afinidade pessoal relacionados com Fátima. Incluindo livros, pagelas, estampas e inclusive uma foto de interessante vislumbre – para efeitos de registo atinente à memória coletiva.


Assim, aqui colocamos com intuito dessa relação alguns antigos “santinhos” guardados, quer do que foi dos pais do autor destas linhas, como de coleção pessoal, vindo desde longos tempos, incluindo postais e pagelas de outrora e mais recentes, mais capas de livros e de modo particular uma pose fotográfica “À LA MINUTE” dum “Passeio a Fátima”, como à época se dizia das excursões de três dias a Fátima e terras de passagem, efetuada por volta de 1959. Tratando-se duma excursão, de “camioneta do Cabanelas”, da então vila de Felgueiras, com gente de Rande e Varziela, de Felgueiras, mais de S. Miguel e Santa Margarida de Lousada (onde estava nesse tempo como pároco o Padre Luís Matos, natural de Rande e com família em Varziela, também). Reportando isso a tempos que a ida a Fátima ainda era caso raro para as pessoas da região.  Algo que se transporta à atualidade, quando a ida a Fátima já é outra coisa, mas sempre com um sentimento próprio, como local especial que é, efetivamente, de sagrada devoção e atração para muita gente.



Armando Pinto

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