Espaço de atividade literária pública e memória cronista

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Presidências do Município Felgueirense


Tendo tido lugar no sábado passado, dia 19 de Outubro corrente, a cerimónia de tomada de posse dos Membros da Assembleia Municipal e da Câmara Municipal de Felgueiras para o mandato 2013/2017, eleitos nas eleições autárquicas realizadas no dia 29 de Setembro de 2013,  iniciou-se  sequencialmente mais um mandato do poder autárquico concelhio, para o qual foi reeleito o Dr. Inácio Ribeiro.


Aproveitando a atualidade, recordamos a galeria histórica dos sucessivos

Presidentes da Câmara Municipal de Felgueiras, entre 1834 – 2017


Algumas normativas referentes aos diferentes períodos e diversas situações relacionadas com as nomeações e eleições correspondentes:

As diferentes formas de eleição/nomeação do presidente da Câmara refletem as várias reformas administrativas ocorridas no país.

A Câmara Municipal de Felgueiras, desde 1834 até à última eleição autárquica, conta com 42
presidentes.

O Decreto N º 23, de 16 de Maio de 1832 determina(va) que a eleição da Câmara é (era) indireta. Cada freguesia nomeava dois eleitores que reunidos na Câmara elegiam os vereadores. Por sua vez, o vereador que obtivesse maior n º de votos seria o Presidente da Câmara, seguido do fiscal e do procurador dela.

O Decreto de 9 de Janeiro de 1834 refere que a Câmara seja eleita diretamente pelos cidadãos residentes nos concelhos.

Em 1836 é reposta a Constituição de 1822 e determina esta que as câmaras sejam eleitas anualmente pela forma direta. O presidente seria a vereador que obtivesse mais votos.

A Constituição de 4 de Abril de 1838 refere, apenas, que as câmaras são eleitas diretamente pelo povo.

O Código Administrativo de 1842, determina que as câmaras são eleitas pela assembleia dos eleitores municipais e é presidente o vereador que na eleição tiver obtido o maior n º de votos. Estabeleceu o número de vereadores a serem eleitos e quem teria direito de voto, ou seja, os cidadãos que tivessem um rendimento anual de 100 mil reis. Determina, ainda, que as eleições são de 2 em 2 anos no mês de Novembro.

Pelo código administrativo de 1867, as câmaras são de eleição popular, escolhidas diretamente pelos eleitores. Mais concretamente, pelos que tem direito a votar e recenseados no respetivo concelho. A duração ordinária de cada vereador é de 4 anos mas, as Câmara devem ser renovadas, em parte de dois em dois anos. Haverá um presidente e um vice-presidente que serão escolhidos pelos vereadores entre si.

Pelo Código Administrativo de 1870 as câmaras são eleitas diretamente pelos eleitores recenseados nos respetivos concelhos. As eleições realizam-se de 3 em 3 anos no mês de Outubro. O presidente e vice-presidente são escolhidos por escrutínio secreto pela câmara.

Pelo Código Administrativo de 1878, a câmara é composta por 7 vereadores e estes são eleitos para 4 anos havendo renovação de vogais de 2 em 2 anos. Os presidentes e vice-presidentes são eleitos anualmente pelos vogais.

Pelo Código Administrativo de 1886, a câmara é eleita diretamente pelos eleitores da circunscrição e servem por 3 anos civis, a contar do dia 2 de Janeiro.

Pelo Código Administrativo de 1896 o corpo administrativo de cada município era constituído por vogais eleitos diretamente pelos eleitores e serviam por 3 anos civis a contar do dia 2 de Janeiro, imediato à eleição. Só podiam ser eleitos aqueles que soubessem ler escrever e contar. O presidente e vice-presidente são nomeados pelos vogais em escrutínio secreto na primeira sessão de cada ano.

O Decreto de 13 de Outubro de 1910 retoma o código de 1878.

Pela Lei nº 88 de 7 de Agosto de 1913 as câmaras passaram a ser constituídas por dois órgãos, um deliberativo e outro executivo. O órgão deliberativo, Câmara Municipal, era composto por membros eleitos diretamente pelos cidadãos inscritos nos recenseamentos e serviam por 3 anos civis, a contar do dia 2 de Janeiro. As funções executivas pertenceram às Comissões Executivas eleitas pelas câmaras. O presidente e vice-presidente, da câmara, são nomeados anualmente pelos seus membros.

O Decreto de 11.875, de 13 de Julho de 1926 dissolve todos os corpos administrativos do continente da República e ilhas adjacentes.

Pelo Decreto-lei nº 27.424, de 31 de Dezembro de 1936 que aprova o Código Administrativo o presidente é nomeado pelo Governo. O presidente, e seu substituto serão nomeados de entre os munícipes, de preferência vogais do concelho municipal, antigos vereadores ou membros das comissões administrativas, ou diplomados com um curso superior. São nomeados por 6 anos e tomam posse perante o Governador Civil.

Pelo Decreto-lei nº 31.095, de 31 de Dezembro de 1940 que aprova o Código Administrativo o presidente é nomeado pelo Governo. O presidente, e seu substituto serão nomeados de entre os munícipes, de preferência vogais do concelho municipal, antigos vereadores ou membros das comissões administrativas, ou diplomados com um curso superior. São nomeados por 8 anos e tomam posse perante o Governador Civil.

O Decreto – Lei 701-B, de 29 de Setembro de 1976, altera o regime eleitoral e refere, que os membros dos órgãos representativos das autarquias locais serão eleitos por sufrágio universal, direto e secreto. Pela mesma lei, passou a realizar-se a eleição simultânea de 3 órgãos, Assembleia de Freguesia, Câmara Municipal e Assembleia Municipal, cujo mandato dos titulares, é de 3 anos.

Pela Lei nº 79/77, de 25 de Outubro, a Câmara é o órgão executivo colegial eleito pelos cidadãos eleitores residentes na sua área e o presidente é o 1º candidato da lista mais votada.


Presidentes da Câmara Municipal de Felgueiras, entre 1834 – 2017

(embora alguns, durante os tempos da Monarquia, e também noutros períodos de indefinição durante a Iª República, apenas tivessem tomado posse, havendo sido os respetivos vice-presidentes a exercer, motivo porque noutras relações não aparecem todos estes presidentes)


Dr. LOURENÇO LEITE DE CASTRO SAMPAIO
1834

JOÃO MARTINS DA CUNHA
1834

MANUEL RIBEIRO DOS SANTOS
1835

Dr. JOSÉ JOAQUIM TEIXEIRA DA COSTA
1836

MANUEL RIBEIRO DOS SANTOS
1837

FRANCISCO MANUEL TEIXEIRA DA COSTA
1838

ADRIANO DE BARROS E SILVA
1839

Dr. JOSÉ JOAQUIM TEIXEIRA DA COSTA
1839

JOÃO MARTINS DA CUNHA
1840

JOSÉ JOAQUIM DA FONSECA LEMOS
1841-1842

JOSÉ JOAQUIM GONÇALVES COIMBRA
1842

MANUEL RIBEIRO DOS SANTOS
1842

ANTÓNIO JOSÉ DE LEMOS
1843-1846

JOSÉ JOAQUIM DA FONSECA LEMOS
1846-1847

JOSÉ MARIA DE SOUSA PEREIRA CASTRO CALDAS GOMES ABREU MAGALHAES
1847

JOSÉ CORREIA DOS REIS E SOUSA
1847-1851

JOÃO MARTINS DA CUNHA
1852-1857

Dr. MANUEL FRANCISCO DE SOUSA TEIXEIRA BROCHADO
1858-1859

JOSÉ JOAQUIM DA COSTA PACHECO FRANÇA
1862-1865

Dr. MANUEL BALTAZAR LEITE DE VASCONCELOS
1866-1869

Dr. FRANCISCO MANUEL DE BARROS E SILVA CARNEIRO
1870-1871

Dr. ANTÓNIO LEITE RIBEIRO DE MAGALHÃES
1872-1873

Dr. MANUEL BALTAZAR LEITE DE VASCONCELOS
1874-1875

Dr. ANTÓNIO JOSÉ TEIXEIRA DE CASTRO LEITE
1876-1877

Dr. MANUEL BALTAZAR LEITE DE VASCONCELOS
1878

Dr. HENRIQUE ERNESTO DA COSTA SANTOS
1878-1879

Dr. HENRIQUE CABRAL NORONHA MENESES
1880-1883

INÁCIO SOARES TEIXEIRA DE VASCONCELOS
1884-1885

Dr. MANUEL PINTO VAZ GUEDES BACELAR SARMENTO PEREIRA DE MORAIS PIMENTEL TELES DE MENEZES E MELO, VISCONDE DE VILA GARCIA
1886

INÁCIO SOARES TEIXEIRA DE VASCONCELOS
1887-1889

Dr. MANUEL REBELO DE CARVALHO
1890-1892

Dr. ANTÓNIO BARBOSA DE MENDONÇA
1893-1901

Dr. EDUARDO AUGUSTO SOARES DE FREITAS
1902-1907

Dr. JOSÉ JÚLIO MOREIRA DE CASTRO
1908

Dr. EDUARDO AUGUSTO SOARES DE FREITAS
1908-1910

Dr. JOAO MACHADO FERREIRA BRANDÃO
1910-1911

Dr. LUÍS GONZAGA DA FONSECA MOREIRA
1912-1913

APOLINÁRIO DE SOUSA TEIXEIRA BROCHADO
1914-1916

AUSPÍCIO AUGUSTO DIAS FERREIRA
1916-1917

Dr. EDUARDO AUGUSTO SOARES DE FREITAS
1918-1925

Dr. FRANCISCO DA SILVA MIRANDA GUIMARÃES
1926

Dr. JOSÉ DE CASTRO LEAL FARIA
1926 -1940

Dr. MIGUEL VAZ PEREIRA PINTO GUEDES DE SOUSA BACELAR
1941-1945

Dr. JOSÉ DE CASTRO LEAL DE FARIA
1946-1959

Dr. ANTÓNIO ALFREDO DE CASTRO RIBEIRO DE MAGALHÃES LEAL DE FARIA
1959

Dr. JOSÉ DIAS DE SOUSA RIBEIRO
1960-1968

Dr. JOSÉ DE BARROS
1968-1971

Prof. FRANCISCO JOSÉ DE ASSIS E FREITAS
1971-1974

Dr. JOSÉ MARIA MACHADO DE MATOS
1974-1985

JÚLIO MANUEL DE CASTRO LOPES FARIA
1986-1995

Dr.ª MARIA DE FÁTIMA CUNHA FELGUEIRAS DE SOUSA OLIVEIRA
1995-2003

Dr. ANTÓNIO PEREIRA MESQUITA DE CARVALHO
2003-2005

Dr.ª MARIA DE FÁTIMA CUNHA FELGUEIRAS DE SOUSA OLIVEIRA
2005-2009

Dr. JOSÉ INÁCIO CARDOSO RIBEIRO
2009-2017 (por ora)…




Presidentes da Comissão Executiva, 1914 a 1926

Dr. LUÍS GONZAGA DA FONSECA MOREIRA
1914 – 1916

ARNALDO VIEIRA DE MELO DA CUNHA OSÓRIO
1916 – 1917

Dr. JOSÉ DE CASTRO LEAL DE FARIA
1918

Dr. JOÃO LEITE CORREIA DOS REIS
1918 – 1919

Dr. JOÃO MACHADO FERREIRA BRANDÃO
1919 – 1922

Dr. ARNALDO BRANDÃO DE SOUSA VASCONCELOS
1923 -1925

Dr. LUÍS GONZAGA DA FONSECA MOREIRA
1926

Fontes:
= Actas da Câmara Municipal de Felgueiras, lv. n º 92 – 93, 96 – 125 A, 2034 – 2059, 1834.01.10 – 1912.04.25, 1914.01.02 – 1970.09.16, 1974.09.11 – 1988.04.11
= Actas da Comissão Executiva Municipal, lv. n º 137 – 1941, 1914.01.02 – 1926.07.03
= Actas de instalação da Câmara, pt s/n, 1977, 1980, 1982, 1986, 1990, 1994, 1998, 2002, 2005, 2009 e 2013.

A. P.

sábado, 19 de outubro de 2013

FELGUEIRAS: Sede e Concelho


(Clicar sobre a seta, para acesso ao vídeo)

CONCELHO DE FELGUEIRAS

A primeira referência histórica a Felgueiras data de 959, no testamento de Mumadona Dias, quando é citada para identificar a vila de Moure: "In Felgaria Rubeans villa de Mauri". Sinal de então haver diversas antigas vilas romanas pela região, visto Moure nunca ter sido vila em era próxima à nacionalidade (existência de Portugal como nação).

Felgueiras deriva do termo felgaria, que significa terreno coberto de fetos que, quando secos, são avermelhados (rubeans).

Este município integra a Rota do Românico do Vale do Sousa.

Existiram antigos historiadores que afirmavam que Felgueiras recebeu foral do conde D. Henrique. No entanto, apenas se conhece o foral de D. Manuel a 15 de Outubro de 1514, no mesmo ano em que ocorreu outorga do Foral do Unhão, outro Alfoz cuja área mais tarde integrou o concelho de Felgueiras.

No pequeno concelho inicial, já em 1220, a terra de Felgueiras contava com 20 paróquias (conhecidas hoje em dia como freguesias) e vários mosteiros e igrejas, entre quais um dos mais conhecidos mosteiros do concelho de Felgueiras é o Mosteiro de Pombeiro ou Mosteiro de Santa Maria de Pombeiro (declarado Monumento Nacional desde 1910). Em 1855, ao ser transformada em Comarca, Felgueiras paralelamente passou a ser Concelho novamente, perfeito com mais doze freguesias vindas do anterior e antigo concelho do Unhão e de um que existiu fugazmente em Barrosas. Ao passo que a sede de Felgueiras havia sido elevada a vila por carta de D. Maria II, datada de Março de 1846, estatuto que em 1933 também foi atribuído à Lixa.

Em 13 de Julho de 1990 Felgueiras foi elevada à categoria de cidade, no mesmo dia em que Barrosas passou a vila. Depois a 21 de Junho de 1995 Lixa ficou a ser considerada cidade. E a 1 de Julho de 2003 foi também elevada oficialmente à categoria de vila a antiga Povoação da Longra.

sábado, 12 de outubro de 2013

Futebol Felgueirense em alto nível…!


Numa perspetiva que deve honrar a autoestima felgueirense, é hoje, dia 12 de Outubro de 2013, dado destaque ao panorama do futebol mais representativo de Felgueiras, na edição do Jornal de Notícias. Sendo, naquele diário de maior implantação nacional, assinalado o estado futebolístico local na era contemporânea, através da existência ao mais alto nível do Futebol Clube Felgueiras 1932, presentemente em posição cimeira do Campeonato Nacional de seniores.


Assim, como apreciação à realidade atual do futebol em Felgueiras, cujo principal clube se situa já num patamar de nível elevado, o referido JN, em sua edição deste sábado de meio de Outubro, regista e destaca o posicionamento presente do F C Felgueiras 1932, numa reportagem inserta na respetiva página 36 da secção de Desporto – conforme para aqui transpomos, em imagens separadas, para melhor leitura.




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Armando Pinto

domingo, 6 de outubro de 2013

Antiguidades relacionadas com a região de Felgueiras…


Tal como o título indica, partilhamos desta vez (re)conhecimento sobre mais dois interessantes documentos antigos, como o “Álbum de Portugal”, publicado em 1953 (já lá vão sessenta anos, portanto), numa edição do jornal O Século. No qual também constava o distrito do Porto… e, por analogia (especialmente porque há muito está, conforme o obtive, guardado dentro das páginas do mesmo caderno), também um recorte onde é referida a situação de Felgueiras em 1935 (por ocasião do nono aniversário da instauração da ditadura saída do 28 de Maio), numa edição do referido jornal, ainda, a louvar a ação da política governamental e derivada administração local, por esse tempo.

Aí ficam, pela atração que suscitam, tais documentos - no caso cimeiro apenas a capa, naturalmente, e, no que mais diz respeito a Felgueiras através do respetivo texto, lavrado em Maio de há 78 anos. E repare-se no pormenor de em 1935 a chamada Praça da República ainda ter então os trilhos do comboio...


Armando Pinto


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sábado, 5 de outubro de 2013

5 de Outubro: Uma das datas históricas que querem fazer esquecer...!


Foi a 5 de Outubro de 1910 que se deu concretamente a vitória do regime republicano, sendo implantada a República em Portugal. Havendo agora deixado de ser feriado nacional – o que este ano nem se nota, por calhar ao fim de semana.  Assim sendo, passados estes anos, essa data é uma das que os políticos nacionais da atualidade querem fazer esquecer, talvez por se portarem pior que reis absolutistas, olhando só para seu umbigo, protegendo os poderosos e esquecendo o povo comum.

O autor até simpatiza com a Monarquia, nomeadamente pelos seus símbolos azuis e brancos, mas tem de se respeitar o passado e, como tal, quão importante foi a implantação da República.

Nos dias que correm, em que se perderam os bons valores que todos tínhamos, em que agora até, em casos particulares, deixa de haver interesse por temas locais na perda da identidade natal - com as fusões de freguesias e se ficar ao deus dará entregues os destinos telúricos a uns quaisquer que eventualmente nem conhecem a nossa história nem lhes diz nada os nossos anseios – assinalamos esta data do 5 de Outubro, dum tempo em que havia idealismo, na simples ideia de preservação, pese apreciações diversas que serão possíveis. Postando algumas recordações relacionadas com os irmãos Sarmentos Pimentéis, oriundos da Casa da Torre, de Rande (Felgueiras) - antes da bodega da agregação de freguesias vizinhas que agora nem são carne, nem peixe..

E vimos ao tema porquê? - Porque João Sarmento Pimentel esteve envolvido na implantação da República, como sabemos, e o seu irmão, Francisco, o autor da pioneira travessia aérea à índia, esteve com ele depois na derrota da Monarquia do Norte…


Aqui postamos, assim, algumas curiosidades documentais relacionadas com os dois referidos Pimentéis, inclusive uma foto autografada pelo então Presidente da República Portuguesa, devido à nossa divulgação escrita dos mesmos, seus amigos.  E poesias, mais mensagens. Sem necessidade de muitas explicações, porque o que aqui fica (junto com o muito que sobre eles temos publicado na imprensa e livros, também), fala à posteridade…






Armando Pinto

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sábado, 21 de setembro de 2013

Eleições históricas para o futuro da área da Longra e suas gentes ... com a imposta União de Pedreira, Rande e Sernande.


Estão aí as eleições autárquicas de maior impacto futuro, algo que será ou não limpinho, como diria o outro, tal o estado próximo a sair das votações dos órgãos de administração local, a pairar na vizinhança temporal. Das quais advirá indispensável serviço às populações e interligação social capaz de atrair interesse comunitário, ou desinteresse pela causa comum, da cousa pública.

Sem qualquer encomenda de sermão, pois o autor deste blogue não está incluído nem comprometido em quaisquer das listas concorrentes a este sufrágio, colocamos aqui as duas fações com possibilidades de alcançar os objetivos a que se propõem, no simples intuito historiador e de afeição conterrânea.


Temendo-se embora que se o centro organizativo ficar descentralizado, eventualmente, ou seja, possivelmente com a organização fora dum centro e tudo sediado num extremo, passe a existir distanciamento, não devemos agora colocar nada mais em cima da mesa de voto… visto que foi deixado ao calha tudo isso, por quem poderia em devido tempo ter salvaguardado os interesses gerais.

Resta aguardar o que reservará o futuro, se nos iremos ou não rever na reorganização por ora ainda dita da União de Rande, Pedreira e Sernande, ou se pelo contrário mais valerá não dar mais qualquer interesse a assuntos locais da tal união forçada e forjada de freguesias… nem nada mais, do mesmo alcance.


Para um ponto de situação, como enquadramento atual e referência ao futuro, registamos à posteridade (aqui acima) uma nota de reportagem inserta no jornal Semanário de Felgueiras, da semana em curso, e (em baixo), por fim, uns respigos do livro  “As Ruas e Freguesias de Felgueiras”, editado em Janeiro de 2013 com chancela Felgueiras + Positiva, relativamente às freguesias da área em apreço.




Armando Pinto


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sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Lugares de Felgueiras, em Conferência na Longra...


No âmbito das apelidadas Jornadas Europeias do Património 2013, tem lugar esta sexta-feira, dia 20 de Setembro, na Casa do Povo da Longra, uma conferência sob título “Lugares de Felgueiras”, subordinada ao caso do local arqueológico apelidado de Cimalha.  Sessão essa que, com efeito (e segundo informa o cartaz, do qual tivemos conhecimento através de informação por pessoa amiga, na Internet), é dedicada ao conhecimento do chamado povoado da Cimalha, que em tempos foi descoberto e depois continuou soterrado no alto de Cimalhas, na fronteira de Rande com Sernande, uma das áreas da nova divisão administrativa que vai englobar Pedreira, Rande e Sernande, conforme o que foi decidido ainda há pouco tempo pelos poderes reinantes.

A propósito desta realização, atente-se na curiosidade duma atual nota divulgativa a nível nacional, publicada na imprensa desta sexta-feira, expressar assim tal curiosidade:

«Património é avó que tem de ser conservada», diz Souto de Moura

Na abertura das Jornadas Europeias do Património, o Prémio Pritzker equiparou o património a uma avó, uma que este «convive conosco, tem de ser bem conservado e não tem preço». O arquiteto Eduardo Souto de Moura entende que o «património é uma avó», que devemos estimar sem deitar contas aos custos.
Na abertura das Jornadas Europeias do Património, o Prémio Pritzker explicou que, tal como uma avó, o património «convive conosco, tem de ser bem conservado e não tem preço». Para o arquiteto, não se pode olhar a gastos para conservar o património como se faria com uma avó, pois «faz parte da cultura das pessoas conservar a afetividade». «É uma coisa do dia a dia. Não é uma coisa de que vamos falar de vez em quando», concluiu o arquiteto.


Na pertinência do tema, aproveitamos para recordar algo relacionado, que toca em afinidade no assunto. Através de um artigo já publicado parcialmente na imprensa felgueirense e destinado a integrar um trabalho literário a editar quando for possível.

Arqueologia histórica Felgueirense

            Quanto a notícias do passado, patentes em arqueologia pé-histórica local, sendo a região felgueirense como um refúgio algo ignoto em certas circunstâncias, detém o concelho de Felgueiras alguns presumíveis tesouros guardados no solo, sobretudo com relação a tempos remotos. Aliás lendas há relativas, com alusão sobre transmissões orais, referindo alguns objectos que teriam sido enterrados aquando da fuga dos mouros. Mas especialmente existem restos arqueológicos, desde a Idade do Bronze, pelo menos, bem como houve continuidade de formas de povoamento depois na Idade do Ferro, como há informações da área ter sido densamente povoada ainda antes da colonização romana, como ponto de passagem de Suevos, Celtas e Visigodos, assim como conheceu sensível desenvolvimento humano, económico e social desde a alta Idade Média e nomeadamente depois da Reconquista Cristã.
Do pecúlio longínquo e de toda a sucessão cultural derivada da estada de diversos povos, a região do actual território de Felgueiras é terra rica de tradições e com uma história velha em séculos que enriqueceu o seu património diverso, com realce ao arqueológico. Apesar de, na matéria em apreço, se poder só incidir atenção pelas antigas informações que ficaram transmitidas e pelas escassas recolhas, por ora elaboradas, de testemunho detentor de antigos povoamentos. O romano Plínio deixou expresso que na segunda metade do séc. I d. C. ainda existiam na região variadas cividades, englobando castros, referindo os antigos Calaicos. Dados mais tarde alastrados por pesquisadores antigos, inicialmente por estudos divulgados, em 1734, de ruínas e vestígios de antiguidades do conhecimento do historiador D. Jerónimo Contador de Argote (oriundo do sul, mas residente no Minho algum tempo), depois através de iniciativa do vimaranense Dr. Francisco Martins Sarmento, a partir de 1876. O qual descobriu e estudou diversos sítios arqueológicos, como em Lagares, onde havia característica de cavidades em forma de túmulos, que fariam parte de um grande povoado pré-histórico, posteriormente romanizado, conforme alguns dos achados indicaram, como o labor do mesmo indagador teve incidência igualmente em Regilde, no castro das Lazarinhas (lugar também conhecido por Coutada), detentor de uma série de plataformas sobranceiras ao rio Vizela, bem como havia vestígios de muralhas, fossos defensivos e estruturas de habitações da época que remontou até ao período romano, onde inclusive surgiu uma moeda imperial, além de fragmentos de cerâmica e alguns exemplares de mós manuais no cristelo de Santa Comba. Estendendo-se esses achados por outras freguesias, com destaque para o aparecimento de uma estátua de guerreiro galaico-lusitano em S. Jorge de Vizela e uma estatueta feminina sem cabeça encontrada no alto castrejo de Sendim, de cujo labor os respectivos achados ficaram na sua Sociedade Martins Sarmento. Depois, por acção pessoal, o felgueirense Dr. Eduardo Freitas descobriu alguns testemunhos funerários, sobretudo um dólmen, da Refontoura, mais alguns vasos, moedas e mesmo uns ex-votos lusitanos, dos quais se conhecem divulgações por terem ficado em sua posse os objectos descobertos (posteriormente passados à sua família, segundo A. Fernandes). Trabalhos que se alongaram desde as alturas dos montes de Pinheiro até ao de Santa Quitéria e no outro extremo pela Eira dos Mouros, que se estendia da Lixa até aos contornos do monte de Santa Marinha, na área de Airães e Pedreira. Mais tarde, por meio de trabalhos públicos de pesquisas, houve novidades de povoamentos antigos da bacia inicial do rio Sousa, nas veredas de Sousa e necrópole do Senhor dos Perdidos, da proto-história à romanização, incluindo mesmo informações de um povoado da Idade do Bronze, como o chamado Povoado da Cimalha (cujos vestígios não devem ter sido muito valorizados, oficialmente, atendendo a que foram soterrados pouco depois de seu estudo e seguinte construção dos acessos à auto-estrada A11), mais algo de arqueologia romana, com respeito às descobertas da denominada villa romana de Sendim, como haverá diversas outras, onde há informes de casas originais (villas) das fundações das paróquias / freguesias, pelo concelho.
No que toca aos vestígios dos Perdidos, em Penacova, como o nome parece sugerir, ali se perdem reminescências históricas, primeiro por as iniciais buscas terem sido através de descobertas particulares, e depois por só tardiamente ter havido trabalhos de estudo. Subjacente a tais fundamentos foram pouco estudados os restos aí encontrados, atendendo ao escasso tempo de procura e de trabalhos desenvolvidos, na década dos anos setenta, do séc. XX, na primeira abordagem de escavações realizadas em terras de Felgueiras na era comtemporânea. Onde, antes e depois, apareceram diversas inscrições rupestres, um interessante espólio de canalizações de águas romanizadas e também um género de tesouro em denários de prata (moedas romanas), cujo lote ficou parcialmente desmembrado, dispersas que foram as peças pela procura e aquisição de curiosos e coleccionadores, antes de haver atenção e intervenção de entidades, sendo então a título oficial apenas recuperada uma pequena parte. Depois, os trabalhos de permeio ali iniciados não tiveram continuidade, ficando abandonadas tais ruínas, com aquilo ao dispor do tempo, apenas ao abrigo de vegetação bravia, por ora.
Antes tinha havido, há muitos anos, indagações ocorridas num antigo castro, sito no monte do Crasto em Sendim, pesumivelmente também relacionado com lendária cidade castreja, de que quase nada se sabe, a não ser da existência de uma publicação de 1933, incluída numa Homenagem a Martins Sarmento em Guimarães, através de separata sob título «O Castro de Sendim, Felgueiras», por R. de Serpa Pinto. E algumas sondagens mais, de índole algo particular, como aconteceu no monte da Aparecida, em Pinheiro.
De realce, pelo rmeio, emerge dos escombros de outrora a villa romana de Sendim. Onde, depois, aquando da abertura de alicerces para reconstrução de moradia particular, apareceram em 1992 restos de muros e vestígios de cerâmicas de tipologia romana, como outros objectos antigos, originando oficial exumação do correspondente espólio por meio de escavações arqueológicas. Resultou desses trabalhos o aparecimento de diversos fragmentos de cerâmicas de velha utilização comum de outras eras, mais potes, moedas e metais, além de muros e lajes de antiga propriedade. Os dados recolhidos permitiram apontar para existência de casa senhorial e ocupação da mesma a partir de cerca da segunda metade do séc. III e durante o séc. IV, tendo alegadamente acontecido que, com a chegada de Suevos e Vândalos (em 409) a remota villa tenha entrado em declíneo, sendo depois abandonada e acabando destruída, à imagem do que fala a lenda popular da vizinha cidade de Eufrásia que teria existido nessa área, desse lado do monte depois chamado de Santa Quiutéria.
Entretanto, algo mais acresceu com a realização de escavações arqueológicas no Mosteiro de Santa Maria Maior de Pombeiro, em 1998, aquando de uma das fases da recuperação operada nesse antigo cenóbio.
Ao que se seguiu outra sondagem, deveras interessante:
Dando razão ao que escrevemos no Memorial Histórico de Rande e Alfozes de Felgueiras (ed. 1997), quanto a breves referências expostas sobre iniciais estudos que se tinham proporcionado, o Alto de Cimalhas, na fronteira de Sernande, Rande e Varziela, guardava resquícios de velha civilização. Aliás os lugares antigos em torno desse planalto, pela toponímia histórica, referem assimilação derivada, ao que se passa com Longra, de Lôngara, significando algo arqueológico, bem como Castelo e Castela, lugares da encosta de Rande, como também mais alguns outros pelas próprias freguesias ao redor têm nomes dessa procedência. Ou seja, comprova tal passado, da penumbra dos tempos, também as eminências do povoamento primitivo, quanto designam que o mesmo território possui elementos de interligação, como sejam os limites transfronteiriços de freguesias no antigo Monte de Cimalhas. Aí se percebe, no dito local antigamente também chamado Picoto de Cimalhas, como a zona teve população alguns séculos antes da nacionalidade, conforme se encontra documentado a partir pelo menos do séc. X, visto ali se haver elevado um castro (fortificação castreja), em tal sítio remotamente ainda referido como Pico da Cimalha, onde Varziela herdou o nome do lugar do Monte, enquanto Sernande e Rande dividem terras que ficaram conhecidas por lugares de Cimalhas de Cima e de Baixo, ao passo que a Pedreira se chega por Carcavelos, local de designação de antiga fortificação, até à Sobreira, para mais além possuir réstia toponímica de um próprio lugar de Castro (Crasto, na evolução popular). Entre outros casos, nesta singularidade familiar de exemplos múltiplos, na área da actual Vila da Longra. Sendo actualmente o nome Cimalha constante das escrituras do terreno, e naturalmente da sua localização, do chamado Edifício Vila da Longra, construído em 2007 ao fundo da encosta de Cimalhas, na parte da freguesia de Rande, já em pleno centro da vila a que pertence.
Efectivamente, no referido local, ao cimo, inicialmente chamado da Cimalha (aliás nome de todo o antigo monte), apareceram recentemente, desde trabalhos de pesquisa arqueológica efectuados a partir de 2004, uns escassos vestígios, derivado aos desaterros ocorridos nos trabalhos de terraplanagem da ligação à auto-estrada A11, sobremaneira de velho caminho divisório interfreguesias, mas também, com novas sondagens em 2008, antecedendo o rasgamento da continuação da estrada para ligação em viaduto, do alto da Longra/Cimalhas para os próximos lugares de Varziela, apareceram alguns pequenos vasos de deposição de restos funerários, comprovativos de ancestral povoado.
Conforme os dados entretanto difundidos, ali foram detectados vestígios de um habitat da Idade do Bronze, através da análise de cortes do terreno, existindo partículas de cerâmica, o que possibilitou a compreensão do tipo de ocupação do sítio, com realce a determinadas estruturas, de reduzido número de buracos de poste e algumas fossas de silos de armazenamento, paralelamente com recolha de fragmentos cerâmicos que possibilitaram reconstituição de vasos, de largo bordo, tipo de guarida de cinzas funerárias, a par com alguns objectos de pedra, caso de artefactos de moinhos manuais, molde de machado plano e inclusive peças de ferro, como uma pequena estatueta e aldrabas de portadas, entre diversos exemplos.
  
(No texto original: Duas ilustrações visuais dos trabalhos de escavações no alto de Cimalhas)

Atendendo ao que está observado, por meio das intervenções realizadas, e dadas as características do espaço inspeccionado, tem sido concluído tratar-se o caso da Cimalha de parte de um lugar habitado do período do Bronze Final, com vocação agro-pastoril, que se julga com ocupação até cerca do período romano, antes de instalação de próximas villas romanas que viriam a fundar as paróquias circunvizinhas. Pressupondo uma primitiva ocupação do local, entretanto destruída, da qual restam assim diminutos testemunhos. Devendo o aglomerado central do lugar ter desempenhado, em seu tempo, relevo de vigia na defesa dos sítios circundantes, ao género de uma atalaia (de acordo com o espólio dos achados das escavações).
Após os devidos restauros, as peças encontradas no alto dos Perdidos e na Cimalha, junto com as descobertas da villa romana, fazem parte, para já (enquanto não há um museu geral concelhio) do acervo museológico exposto no centro de interpretação de apoio às ruínas de Sendim.

AP

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