Espaço de atividade literária pública e memória cronista

segunda-feira, 19 de março de 2018

Dia do Pai


Prestes a chegar a época da Primavera, na peugada do equinócio que puxa mais raios solares ao renascer da natureza, calha no calendário oficial o Dia do Pai, no dia dedicado a S. José e a todos os pais. Como pai que puxa a si os filhos, o dia é apropriado a um aperto de peito mais, também de pai que sente o que é ser pai com os filhos bem juntos ao coração e de filho que aperta para sempre a memória do pai – quão lembro também meu pai com os olhos da recordação e saudade.


Armando Pinto 

quinta-feira, 15 de março de 2018

Novo Bispo do Porto – D. Manuel Linda nomeado Bispo Diocesano da Sé Portucalense


«Com data de 15 de março, o Santo Padre nomeou Bispo do Porto Sua Ex. cia Rev. ma o Senhor D. Manuel Silva Rodrigues Linda, até agora Bispo do Ordinariato Castrense» - conforme difusão oficial da Diocese do Porto. Algo de relevo para a região felgariana e comunidade social de Tâmega e Sousa, visto as terras de Felgueiras serem também do território da mesma diocese da Sé Portucalense, integradas que são as correspondentes paróquias na Vigararia de Felgueiras.

Foi assim esta quinta-feira 15 de março, dia litúrgico dedicado a Santa Luísa de Marillac, conhecida a notícia de que passa a haver novo Bispo do Porto, D. Manuel Rodrigues Linda, como sucessor do entusiasmante prelado D. António Francisco dos Santos, falecido no passado 2017. Sendo a nomeação conhecida no dia de Santa Luísa de Marillac, que com São Vicente de Paulo criou as Irmãs dos Pobres, as Filhas da Caridade ou Irmãs Vicentinas, mais tarde proclamada padroeira das obras sociais e de todos os assistentes sociais (pelo Papa João XXIII, em 1960).

Tem o facto certa relação especial, no caso, sendo que para Felgueiras a Ordem Vicentina faz parte do caracter religioso da vivência comunitária felgueirense, através das Irmãs de Caridade sediadas no alto de Santa Quitéria e até há pouco tempo também residentes no antigo convento da Misericórdia do Unhão, além da presença dos Padres Lazaristas que durante muitos anos tiveram casas em Lagares e Pombeiro e atualmente têm residência no monte de Santa Quitéria. Em cujo mítico local desde há muito tem estado a cargo dessa ordem a reitoria do santuário respetivo, onde anteriormente existiu uma ermida dedicada a S. Pedro, cabeça da Igreja católica.

~ Uma recordação dum dos momentos da presença Vicentina na comunidade felgueirense ~

Dom Manuel Linda, nascido em Resende a 15 de abril de 1956 e entretanto Bispo Auxiliar de Braga, como depois e até agora bispo das Forças Armadas e de Segurança, foi com efeito nomeado pelo papa Francisco para dirigir a diocese do Porto. Na Conferência Episcopal Portuguesa, o novo bispo do Porto preside à Comissão Episcopal da Missão e Nova Evangelização e é vogal da comissão para a Pastoral Social e Mobilidade Humana. O lema episcopal de D. Manuel Linda é ‘Sede alegres na esperança’.


No dia da nomeação o próprio D. Manuel Linda logo publicou uma mensagem aos católicos da região portucalense: "Não é sem emoção que regresso ao Porto passadas quase quatro décadas depois da minha formação no seu seminário Maior", sublinha o bispo, que dirige uma saudação a todos os católicos locais, com um "destaque especial para os mais débeis, os pobres, desempregados, doentes, idosos, detidos e quantos perderam os horizontes da esperança".

O anterior titular do cargo agora ocupado por D. Manuel Linda era D. António Francisco dos Santos, que morreu, vítima de ataque cardíaco, a 11 de setembro de 2017. Desde essa altura, a segunda maior diocese portuguesa em número de paróquias (a seguir à arquidiocese de Braga) tinha como administrador apostólico o bispo auxiliar D. António Taipa.

Manuel Linda, de 61 anos (quase a perfazer 62, já no próximo mês de abril), após estudo no  Seminário de Lamego e no seguimento de seu percurso académico, obteve três Licenciaturas: em Disciplinas Humanísticas na Faculdade de Filosofia da Universidade Católica de Braga; em Teologia na faculdade do Porto; em Teologia Moral na Academia Alfonsiana em Roma. Assim como por fim também obteve Doutoramento em Teologia Moral na Universidade Comillas de Madrid. Entretanto, depois de ter terminado o Curso de Teologia no Seminário Maior da Diocese do Porto, ordenou-se padre em Vila Real, tendo sido ordenado sacerdote em 10 de junho de 1981, com incardência na diocese de Vila Real. Como sacerdote, ocupou os seguintes cargos: Sacerdote Paroquial, Assistente de Ação Católica, Conferencista em Seminário, Membro da Comissão Diocesana "Projeto Vida"; Reitor do Seminário e Diretor do Centro Cultural Católico da diocese; Vigário Episcopal da Cultura. Em 20 de setembro de 2009 foi nomeado Bispo Auxiliar de Braga e em 10 de outubro de 2013 foi nomeado Ordinário Militar para Portugal, como bispo das Forças Armadas e de Segurança. Até passar a ser a partir de 2018 o novo Bispo Diocesano do Porto.


D. Manuel Linda passará assim a integrar o vasto e honroso rol dos Bispos do Porto, sabendo que tal categoria tem um carisma especial, desde o histórico D. Hugo que recebeu de D. Teresa o antigo senhorio da cidade portuense, até na passagem dos tempos ter muito depois havido a definição administrativa do célebre cardeal D. Américo, mais o percurso histórico e pastoral de grandes prelados como foram D. António Barroso, mártir da transição monárquica para o regime republicano, e seus sucessores D. António Barbosa Leão, familiar da linhagem da Casa de Rande (Felgueiras), D. António Castro Meireles, D. António Ferreira Gomes, o mítico Bispo do Porto, mais D. Armindo Lopes Coelho (estes três naturais do Vale do Sousa, sendo o bispo Castro Meireles oriundo de Lousada, como era natural do concelho de Penafiel o célebre D. António da carta pró-memória a Salazar, enquanto D. Armindo foi ilustre felgueirense); além de outros que deixaram marca, como o Administrador Apostólico D. Florentino, e volvidos anos também D. Júlio Tavares Rebimbas, entre todos os que antecederam o tão admirado D. António Francisco dos Santos. 

»» D. António Ferreira Gomes, Bispo do Porto, em visita à igreja portuense de Nossa Senhora da Lapa, confraternizando com o célebre reitor da Lapa, o felgueirense Padre Luís Rodrigues, também compositor de música sacra e musicólogo de renome internacional «« 

Todos esses e restantes bispos completam a gloriosa galeria (a seguir exposta, em forma ordenada por fases históricas) de Bispos do Porto.

Lista de Bispos de Portucale:
Período Suévico-visigótico

- Viator (572-585)
- Constâncio (585-589) (bispo católico)
- Argiovito (585-610) (abjurou o Arianismo, em 589, durante o III Concílio de Toledo)
- Argeberto (?)
- Ansiulfo (633, 638)
- Flávio (656)
- Froárico (675, 683, 688)
- São Félix Torcato ou São Torcato Félix (693) (também Arcebispo de Braga)

Período da Reconquista cristã:

- Justo (873, 881)
- Gomado (908, 912)
- Hermógio (912, 924)
- Froarengo (?)
- Ordonho 931
- Énego, Nónego ou Diogo (1025)
- Sesnando (1049-1070)
- Pedro (1075-1091) (também Arcebispo de Braga)

Lista de Bispos do Porto

Período do Condado Portucalense e seguinte Nacionalidade / independência de Portugal 

- D. Hugo (1114-1136)
- D. João Peculiar (1136-1138) (também arcebispo de Braga)
- D. Pedro Rabaldes (1138-1145)
- D. Pedro Pitões (1145-1152)
- D. Pedro Sénior (1154-1175)
- D. Fernando Martins (1176-1185)
- D. Martinho Pires (1185-1189)
- D. Martinho Rodrigues (1190-1235) (envolvido em controvérsias com D. Sancho II de Portugal)
- D. Pedro Salvadores (1235-1247) (envolvido em controvérsias com D. Sancho II de Portugal)
- D. Julião Fernandes (1247-1260)
- D. Vicente Mendes (1261-1296)
- D. Sancho Pires (1296-1300)
- D. Geraldo Domingues (1300-1308), depois bispo de Évora
- D. Fradulo ou Trédulo (1308-1309)
- D. Frei Estêvão (1310-1312), depois bispo de Lisboa
- D. Fernando Ramires (1313-1322)
- D. João Gomes (1322-1327)
- D. Vasco Martins de Alvelos (1327/1328-1342), depois bispo de Lisboa
- D. Pedro Afonso (1343-1357)
- D. Afonso Pires de Soveral (1359-1372)
- D. João III (1373-1389)
- D. Martinho Gil (ou Martinho Egídio) (1390)
- D. João Afonso Esteves de Azambuja (1391-1398)
- D. Gil Alma (1398-1407)
- D. João Afonso Aranha (1408-1414)
- D. Fernando da Guerra (1416-1417) (antes bispo do Algarve e depois arcebispo de Braga)
- D. Vasco  II (1421-1423)
- D. Antão Martins de Chaves (1424-1447), cardeal
- D. Gonçalo Enes de Óbidos (1449-1453)
- D. Luís Pires (1454-1464)
- D. João de Azevedo (1465-1496)
- D. Diogo de Sousa (1496-1505), depois (arcebispo de Braga)
- D. Diogo Álvares da Costa (1505), sobrinho do cardeal de Alpedrinha, morreu sem tomar posse
- D. António Álvares da Costa (1505-1507), sobrinho do cardeal de Alpedrinha
- D. Pedro Álvares da Costa (1507-1535), sobrinho do cardeal de Alpedrinha, também bispo de Léon e de Osna
- D. Belchior Beliago (1535-1536), mais tarde bispo de Fez
- D. Frei Baltazar Limpo (1536-1550)
- D. Rodrigo Pinheiro (1552-1572)
- D. Aires da Silva (1573-1578) (faleceu em Alcácer Quibir)
- D. Simão de Sá Pereira (1579-1581)
- D. Frei Marcos de Lisboa (1581-1591)
- D. Jerónimo de Menezes (1592-1600)
- D. Frei Gonçalo de Morais (1602-1617)
- D. Rodrigo da Cunha (1618-1627) (futuro arcebispo de Braga)
- D. Frei João de Valadares (1627-1635)
- D. Gaspar do Rego da Fonseca (1635-1639)
- D. Francisco Pereira Pinto (1640) (nomeado por D. Filipe IV de Espanha, nunca chegou a tomar posse; a Sé Episcopal permaneceu oficialmente vaga até 1670, devido ao Papa não ter confirmado os dois bispos nomeados por D. João IV de Portugal)
- D. Sebastião César de Menezes (1641-?), eleito mas não confirmado pelo Papa
- D. Frei Pedro de Menezes (?-1670), eleito mas não confirmado pelo Papa
- D. Nicolau Monteiro (1670-1672)
- D. Fernando Correia de Lacerda (1673-1683)
- D. João de Sousa (1683-1696)
- D. Frei José de Santa Maria de Saldanha, O.F.M. (1697-1708)
- D. Tomás de Almeida (1709 - 1716) (futuro Patriarca de Lisboa; Sé vaga até 1741)
- D. Frei João Maria (1739), eleito mas não confirmado pelo Papa
- D. Frei José Maria da Fonseca de Évora (1741-1752)
- D. Frei António de Távora (1757-1766)
- D. Frei Aleixo de Miranda Henriques, O.P. (1770-1771)
- D. João Rafael de Mendonça (1771-1793)
- D. Lourenço Correia de Sá e Benevides (1796-1798)
- D. Frei António de São José de Castro (1799-1814)
- D. João de Magalhães e Avelar (1816-1833)
- D. Frei Manuel de Santa Inês (1833), eleito mas não confirmado pelo Papa
- D. Jerónimo José da Costa Rebelo (1843-1854)
- D. António Bernardo da Fonseca Moniz (1854-1859)
- D. João de França Castro e Moura (1862-1868)
- D. Américo Ferreira dos Santos Silva (1871-1899), cardeal
- D. António José de Sousa Barroso (1899-1918)
- D. António Barbosa Leão (1919-1929)
- D. António Augusto de Castro Meireles (1929-1942)
- D. Agostinho de Jesus e Sousa (1942-1952)
- D. António Ferreira Gomes (1952-1982), antes bispo de Portalegre e depois como Bispo do Porto ausente do país durante 10 anos (por exigência política do então governante da nação, Salazar)
= D. Florentino Andrade e Silva – Administrador Apostólico - durante o exílio político de D. António (1959-1969)
- D. Júlio Tavares Rebimbas (1982-1997)
- D. Armindo Lopes Coelho (1997-2006)
= D. João Miranda Teixeira - Administrador Apostólico - após o falecimento de D. Armindo e a entrada de novo bispo (2006-2007)
- D. Manuel José Macário do Nascimento Clemente (2007-2013), depois Patriarca de Lisboa e Cardeal
= D. Pio Alves de Sousa – Administrador Apostólico - entre a nomeação de D. Manuel Clemente como Patriarca de Lisboa e a entrada de novo bispo do Porto (2013-2014)
- D. António Francisco dos Santos (2014-2017)
= D. António Maria Bessa Taipa  – Administrador Apostólico - após o falecimento de D. António Francisco e a entrada de novo bispo (2017-2018)
- D. Manuel da Silva Rodrigues Linda (2018-...).

~~ * ~~ 


Perante a honra de Felgueiras ter tido um Bispo Titular da Diocese, D. Armindo (anteriormente também auxiliar e titular da diocese de Viana) e um outro Auxiliar e Administrador Apostólico da Diocese do Porto, D. João, recordam-se os mesmos através de imagens documentais alusivas.


~~ * ~~ 

Na mensagem, D. Manuel Linda nota que foi no Porto que surgiu “para a vida sacerdotal” e que exerceu “o sacerdócio colaborando na formação de novos padres”, regressando agora “como mais um de entre os muitíssimos que apostam tudo na evangelização e na promoção humana desta Diocese”.

De acordo com D. Manuel Linda, a diocese do Porto “sempre se distinguiu pela cultura dos seus membros, zelo missionário, santidade operante e sadia presença na sociedade”. “Trabalharei no Porto como tenho feito até aqui: «com Pedro e sob Pedro». Mas também «à maneira de Pedro». Isto é, pretendo ser um «missionário da misericórdia», um pastor com «o cheiro das ovelhas», um pai dos Padres, um irmão dos mais pobres e um fomentador do espírito ecuménico e de diálogo”, descreve. “Procurarei reconduzir a Igreja a uma tal simplicidade evangélica que a constitua referencial ético para o mundo atual”, acrescenta. O novo bispo do Porto refere-se também a uma Igreja “reformanda” e “sensível aos sinais dos tempos”.

“Se «daqui houve nome Portugal», como nos garante Eugénio de Andrade, também floresça uma Igreja conduzida pelo Espírito, sensível aos sinais dos tempos e sempre "reformanda", como pede o Papa Francisco e exigem os nossos contemporâneos”, afirma.

A Diocese do Porto saudou, entretanto, o seu novo bispo e o seu “regresso” ao local onde terminou o curso teológico, no Seminário Maior de Nossa Senhora da Conceição.

ARMANDO PINTO
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terça-feira, 13 de março de 2018

Vestígios histórico-literários de festividades tradicionais felgueirenses - Do Festival do Pão de Ló ao São Pedro!


A propósito da realização do já tradicional Festival do Pão de Ló, no Mosteiro de Pombeiro, aproximando-se a época da Páscoa em que esse doce leve e fofo faz parte da mesa familiar e da espera ao Compasso… bem como da seguinte Feira de Maio de lugar histórico no centro da antiga vila e atual cidade de Felgueiras… mais a festa religiosa de Margaride, o popular Corpo de Deus... e ainda a campanha em marcha para a continuidade da enraizada festividade do São Pedro, secular festa do concelho desde longos tempos no monte de Santa Quitéria, onde existiu a ermida dedicada ao patriarca da Igreja… damos desta feita uns relances por alguns dos testemunhos histórico-literários atinentes ao caso, em aspeto afetivo que vem de longe.  Entre afinidades enlaçadas ao sabor mítico do pão de ló da receita felgariana. 


Assim sendo,  numa olhadela ao Minho Pitoresco, obra de José Augusto Vieira, coloca-se o olhar da tradição no capítulo sobre Felgueiras, onde, nesse volume publicado em 1886 (quando a região de Felgueiras ainda pertencia à província do Minho) se pode ler algo que ganhou foros na tendência felgueirense.



Também dessa festividade que atraía gente "até de muito distante" ao monte da Santa, a antiga festa do terreiro de Santa Quitéria era noticiada na imprensa concelhia, como, volvidos anos, foi então relatada no Jornal de Felgueiras a 15 de Junho de 1912...


... bem como também n' O Jornal de Felgueiras de  20 de junho de 1914


Passando à festa paroquial de Margaride, o Corpo de Deus (que também tem tradição noutras freguesias, sobretudo na paróquia do Unhão), retemos uma nota noticiosa respeitante à festividade religiosa da sede do concelho, conforme publicação no jornal Semana de Felgueiras de 13 de junho de 1897:


Dando vez nas atenções Felgueirenses à Feira de Maio, iniciada em 1901 por iniciativa do Sindicato Agrícola, com aderência da Câmara Municipal e agentes do comércio local, essa foi norteada como grande festa do centro urbano, perante realização na então vila-sede do concelho. Criada na sequência de atividades associativas do setor agrícola, de que resultara anteriormente a criação de um sindicato e o surgimento do próprio jornal Semana de Felgueiras, como porta-voz informativo dos interesses dessa área extensiva à vida local. Num intuito alastrado a procurar uma maior intensidade dos laços de união histórica. Ou seja para ficar "o São Pedro" no alto de Santa Quitéria e "o Maio" na baixa do centro da então vila de Felgueiras.

Com efeito, foi então criada essa mescla de feira festiva por deliberação camarária de Março de 1901, ao tempo também denominada por feira franca e de periodicidade anual, desde logo ficando assente, como era originalmente, que se devia realizar todos os anos no primeiro dia do mês de Maio. Sendo sugerida oficialmente por representantes do sindicato agrícola, teve apoio de comerciantes do concelho, os quais propuseram que a então feira anual de gado cavalar, com lugar a 28 de Junho dentro do programa das festas do concelho, passasse a ser uma realização independente, no centro da vila sede do concelho, e com fins de mais vasto alcance: pois, além das trocas e vendas de todas as espécies de gado, passou a incluir a generalidade das ofertas constantes do mercado normal de produtos, com laivos de festa e arraial por meio de concursos para o gado em exposição, mais atribuição de prémios para os melhores cavalos, melhor junta de bois e melhor touro. Ao que em anos seguintes foram acrescidas outras valências, como em 1902 foi inserido no cartaz um aliciante popular através dum despique de cantigas ao desafio, sendo instituído um prémio para o melhor par de cantores repentistas da feira. Enquanto, desde esses primeiros tempos, era presença tradicional a Banda do Aniceto a dar toque filarmónico, tão apreciada pelo povo que era a música de banda. E em caso como esse, já que a Feira de Maio depressa ganhou contornos de acontecimento anual; de tal forma que extravasou fama para lá do horizonte regional, chegando a fazer com que acorressem a Felgueiras nessa ocasião muitos feirantes de Trás-os-Montes e das Beiras, como deu conta uma reportagem inserta na revista Ilustração Portuguesa, publicação de grande impacto à época.


Passados esses tempos, manteve-se no decurso de longas décadas, na sede concelhia, essa assim ultra centenária e anual Feira de Maio, em Felgueiras. Com lugar no primeiro domingo e seguinte segunda-feira desse mês. «Importante feira» essa que, segundo registava a referida histórica revista “Ilustração Portugueza”, em sua edição de 2 de Junho de 1919, se realizava «no largo fronteiro» (ao antigo edifício da Câmara Municipal, depois casa do Tribunal). Transformada em certame de enraizado cunho expositor de gado, através de concursos pecuários de criadores agrícolas e competição alargada a corridas de cavalos, além de outros números de lazer. Sabendo-se, conforme referia o jornal Notícias de Felgueiras, anos mais tarde, que constava no rol um desfile etnográfico chamado Cortejo das Lavradeiras; tal como, em diversos anos, incluiu mesmo provas populares de ciclismo.

Desse certame concelhio registamos uma noticia de 1944 inserta no jornal Notícias de Felgueiras, em sua edição de 11 de Maio desse ano.


Por fim, como no fim o evangelho coloca primazia, eleva-se doce recordação duma ocorrência respeitante ao afamado pão de ló, segundo notícia difundidada ao tempo no Semana de Felgueiras de 24 de dezembro de 1904   em época natalícia, quando o doce felgueirense sempre dividiu toalhas, também, com a tradicional doçaria da época:


Armando Pinto
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segunda-feira, 12 de março de 2018

Apontamento de fragmentos…


Sem ser só, mas também, por estar em voga certos factos de plágios e outros que tais “copianços” (não contando ao caso se intencionais ou não), calha aqui e agora recuperar algo de memória dum caso menos importante, obviamente. Apenas relembrado como mera curiosidade, contudo também de reposição real. De foro particular, realmente verídico.

Ora, aqui há uns anos num livro sobre o concelho de Felgueiras (“Felgueiras Tradição com futuro…”), publicado em 1996 por uma editora da região do Vale do Sousa, com apoio patrocinador de firmas de comércio e indústria felgueirenses e até do Município de Felgueiras, ao tempo, foi transcrito um excerto dum trabalho escrito pelo autor deste blogue, entre material cedido graciosamente para o efeito, do original então ainda datilografado que no ano seguinte também teve edição pública. Anos depois, algumas passagens desse original apareceram numa publicação sem indicação da autoria. E mais tarde, idem aspas, noutro sítio público.

Visto isso, coloca-se aqui um desses apontamentos, em fragmentos, conforme teve publicação devidamente creditada no referido livro, apenas por “mor das coisas” – antes que ainda apareça alguém a querer dizer que houve plágio de quem escreveu isso antes, de tudo o resto surgido a público depois…


Armando Pinto
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sexta-feira, 9 de março de 2018

Flores diferentes no jardim das afinidades felgueirenses - Exercício de palavras e memórias de mais um artigo no Semanário de Felgueiras



(Artigo escrito no primeiro fim de semana de março e publicado no Semanário de Felgueiras de sexta-feira seguinte, edição de 09 - 3 - 2018:)


Curiosidades… e afinidades!

Viana tem Santa Luzia, Felgueiras Santa Quitéria – salvo distâncias e diferenças – de panoramas a tocar na imensidão dos afetos; como também a Penha está para Guimarães, o Bom Jesus em Braga, e aos olhos de Lousada o planalto do Senhor dos Aflitos, mailo Monte Crasto para Gondomar, quão a vista do alto da Assunção encima Santo Tirso e por aí adiante. Na diferenciação de tratamentos e aproveitamentos. Tal como na memória da gente felgueirense resiste o carisma do antigo Externato Infante D. Henrique, nas letras de Lousada perdura o idealismo do antigo e também desaparecido Eça de Queirós, como o Externato de Vila Meã faz lembrar ser essa a terra de Agustina.

Numa associação assim de afinidades, Felgueiras tem também relações e memórias ligadas ao desenvolvimento industrial através de firmas antigas de grande impacto na vida concelhia, com papel relevante e natural à primazia do Pão de Ló de Margaride, no sentido emblemático da rosca desse doce tradicional fofo. Mas também, por extensão ao labor das gentes locais, a empreendimentos industriais, por meio de fábricas geradoras de progresso e rentabilidade social, como foi a Metalúrgica da Longra, do grande industrial Américo Martins, a pontos de ter incluído filme promocional do desenvolvimento do país na década de cinquenta, num dos documentários que passavam nas salas de cinema a anteceder filmes de matinés e soirés de antanho; bem como a SIC, cuja firma teve nome expansivo em atos e obras da lavra original do grande felgueirense Teófilo Leal Faria; mais outras das primeiras fábricas grandes de calçado; e especialmente a Marfel, das primeiras camisas de popelina feitas em série, mais lenços de estilo, que levavam o nome de Felgueiras bem longe, incluindo a sua marca duma rosa negra. Tendo a MIT/Metalúrgica da Longra sido um caso especial, de forma que até proporcionava sessões de filmes e espetáculos para as famílias dos operários e teve um boletim próprio, como ainda ensino pós-laboral para o seu pessoal; enquanto a Triple Marfel criou seu Rancho Folclórico institucionalizado, cuja existência proporcionou a realização do 1º Festival de que houve memória em Felgueiras. Entre exemplos diversos de pioneiras organizações tocantes ao surgimento dessas e outras empresas coevas.


Ora, nesses tempos de eras passadas foi pois essa tal rosa negra, bordada a meio dum lado das camisas, que deu mais visual a esse produto que quase não precisava de reclame, e como tal se pode referir, por assim dizer, passados já os tempos das sucessoras camisas de nylon e tudo o resto, mais cortes cintados, pois que atualmente está tudo diferente e modernizado. Havendo ideias que ficaram, do que houve e perdura, mesmo sem nada ter a ver.

Vem a talhe, assim, que por estes dias surgiram em Felgueiras, pela sede do concelho, quase discretamente, umas pequenas flores pintadas nalguns pontos da cidade, a cores. Sem que alguém saiba o significado desses pequenos ramos estampados, a não ser obviamente no conhecimento de quem teve a autoria dessa ideia tipo espalha flores, de feição estranha e contudo com seu quê interessante, para lá dum elã enigmático. Aparecendo diante dos olhos, para quem direcionar o olhar rente aos passeios, umas florzitas em sítios diversos, parecendo ao calha, mas a dar ideia de como a vida pode ser colorida com coisas simples, desde que não estrague nada. O que logo deu para lembrar flores noutros tempos existentes em suportes suspensos, mas entretanto desativados… e as tais flores, da camisaria que outrora promoveu o nome Felgueiras, então mais conhecido pelo vinho verde e outras condicionantes associadas. Negras as rosas antigas, mas parecidas com as coloridas de agora. E como tudo o que é público nos traz memórias e associamos sempre a alguma coisa comum, qual jardim (daquelas coisas estranhas que se podem entranhar), diremos, serão essas umas flores de lugar de lembranças, regadas então na memória do que a cidade reflete. 


ARMANDO PINTO
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quinta-feira, 8 de março de 2018

Em Dia da Mulher: Vislumbre histórico por mulheres felgueirenses memoráveis!


Passando neste dia 8 de março o anual dia dedicado às mulheres, calha a preceito uma dedicatória também ao sentido feminino felgueirense, aqui como espaço afeto à valorização do que honra as terras e gentes felgarianas. Postando-se, como exemplos que se prestam ao tema, o caso das mulheres de antanho que estiveram junto com seus homens na fundação da Corporação dos Bombeiros Voluntários de Felgueiras. Através das quais surgiu o primeiro estandarte e, com seu toque feminino, foi dada forma aos símbolos da instituição. 


Algo que até vem a talhe nesta fase em que tal coletividade passa por momento histórico de expansão, com a atual ampliação do quartel, em ampliação, calhando bem recordar personalidades antigas com ação marcante na respetiva existência – como a imagem faz recordar por meio dum grupo de senhoras de tempos idos.

ARMANDO PINTO

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terça-feira, 6 de março de 2018

Antiga carta geo-topográfica do Distrito do Porto, com Felgueiras… ainda também salientada por Margaride!


Veja-se… Carta do Distrito do Porto com a indicação das (então) novas estradas até 1885. Sendo aí indicados devidamente todos os concelhos do distrito, com Felgueiras ainda salientada pela anterior topografia conhecida de… Margaride, além naturalmente do termo do próprio concelho.  Da anterior importância do nome agora circunscrito à freguesia central; e mesmo assim já a diluir-se na atual união de freguesias, se vingar essa farsa, das diversas aberrações… quanto ao atual estado administrativo no território concelhio felgueirense.


Uma curiosidade, patente no referido mapa de testemunho histórico, hoje em dia perdurável desse conhecimento no famoso pão de ló que manteve anterior nome matricial.

Armando Pinto
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