Espaço de atividade literária pública e memória cronista

sexta-feira, 8 de setembro de 2017

Considerações a propósito do Pão de Ló de Margaride – em mais um artigo no Semanário de Felgueiras


O felgueirense Pão de Ló de Margaride é feito essencialmente com massa levedada duma crescente mistura de farinha e ovos caseiros, sem corantes, mais toque dum segredo vindo de gerações antepassadas, como massa do cunho felgariano. Qual doce tradicional mesmo genuíno desta região, através de roscas fofas, como se nota em manual corte na aveludada secura da própria massa, cuja textura se mantém fresca (em bom estado) durante dias. Algo que finalmente vai ser garantido em autenticidade, através de certificação oficial.

Ora, aqui entre nós, estando na massa do sangue o apreço ao que é verdadeiramente felgueirense, quanto à defesa e salvaguarda da memória coletiva concelhia, sobre o caso tratamos por meio de alguns aspetos desse tema, em mais um artigo das crónicas de quando em vez lavradas por escrito, dentro do possível.

Assim da crónica escrita para o Semanário de Felgueiras dá-se aqui e agora nota, enquanto do mesmo artigo se junta o texto da respetiva coluna publicada na correspondente edição do SF de sexta-feira dia 8.

Está na Massa…

Segundo uma frase feita de contornos publicitários, o segredo está na massa, como se exprime em termos de força, qual lema provindo duma tradição culinária que ganhou impacto. Assim como quem diz da diferença estar na qualidade e maneira de produzir dum produto.

Vem a propósito uma recente notícia chegada por via da comunicação social, aparecendo em títulos difundidos por diversos quadrantes estar em curso um processo de certificação do pão de ló felgueirense, entretanto aprovado, através de iniciativa visando tornar oficial no papel, como se diz também, o Pão de Ló de Margaride como produto regional certificado.


Ora, assim sendo, com tal concretização, o genuíno pão de ló de Margaride, enxuto e leve, conforme o próprio transporta da leveza do nome, vai ser finalmente honrado na sua autenticidade, numa feliz ideia de verdadeiro interesse felgueirense, sem dependências de associações a outras zonas. Sendo que o processo de certificação, no âmbito dum projeto apoiado por fundos comunitários, terá de respeitar várias exigências ao nível do receituário regional, fabrico, embalagem e definição de ingredientes, entre outras características. Esperando-se que seja respeitada oficialmente a mesma propriedade dum concelho como Felgueiras, que tem preservado esta tradição centenária através de antigos saberes e manutenção dos ancestrais sabores. Com objetivo, subjacente no caso, da criação duma denominação de origem enquanto produto tradicional, que reconheça ao pão-de-ló de Margaride o seu caráter tradicional e genuíno, para atribuição pela Associação Empresarial de Felgueiras de um selo que garantirá ao produto a sua pureza. Atendendo ao fabrico artesanal provindo de séculos e à atividade empresarial há mais de um século, incluindo reconhecimento real em tempos recuados e apreciação global no amassar dos tempos até à atualidade.

Havendo no território felgueirense várias empresas do setor, a maioria de dimensão familiar, que se dedicam ao fabrico daquele doce regional e de outros como as cavacas de Margaride, seria ainda de aproveitar a ocasião para vincar também as características das cavacas de Felgueiras, de feição redonda coberta por circulares riscas açucaradas, visto haver noutras áreas alguns doces diferentes com o mesmo nome, ao passo que as cavacas como as conhecemos já eram referidas em narrativas de eras antigas, desde pelo menos tempos de Camilo Castelo Branco, por exemplo, ele que conheceu bem Felgueiras nas suas visitas ao Padre Casimiro Vieira, radicado em Margaride, na encosta do Monte de Santa Quitéria, depois da revolta do movimento popular Maria da Fonte.

Então, vem a talhe extensivo, ainda, como num encher da forma, porque há mais no ADN concelhio, igualmente ser de identificar características com alguma representatividade, sendo já tempo da sede de Felgueiras ter entretanto algo simbólico de alusão à tradicional rosca do pão de ló felgueirense, bem como noutros sítios haver outros relacionamentos, lembrando a metalurgia na Longra, bordados na Lixa e Airães, calçado em Torrados, Lagares e Barrosas, tal como nem ficava nada mal na cidade de Felgueiras qualquer coisa monumental alusiva ao mister de sapateiro, numa das rotundas por exemplo, sem necessidade de seguir linhas de sapato alto duma Joana Vasconcelos, nem sequer qualquer projeto dum Siza, mas descalçando uma bota, ao menos, de afinidade concelhia. Ao jeito como por cá há também quem alinhave umas coisas em parâmetros diversos da criação artística, cultura histórica e mais.

Diz o rifão que o segredo está na massa, quanto no aspeto da diferença conta a qualidade. Importará então assinalar e sobretudo defender a marca do que é de cá, do ser felgueirense. Ou como escreveu Shakespeare, ser ou não ser - eis a questão. 

ARMANDO PINTO

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domingo, 20 de agosto de 2017

Recordando Uma Efeméride – Acontecimento de registo concelhio felgueirense: A estreia do FC Felgueiras na 1ª Divisão do futebol português


Há efemérides de recordar, nomeadamente nas passagens de dias relacionados, embora por vezes nem sempre coincidentes. Porém desta vez coincide mesmo e daí, apesar de não ser numa data redonda, como se diz de contas estabelecidas das chamadas bodas honoríficas, apraz mesmo assim recordar. Como desta feita calha a preceito, por ser num domingo também. Conforme foi a entrada do futebol felgueirense na alta roda do futebol nacional, ainda que em modo passageiro, mas assinalável.

Então, a 20 de agosto de 1995, há 22 anos que se perfazem neste domingo de 2017, em quente tarde de dia de Peregrinação de Santa Quitéria (como popularmente é mais conhecida a Peregrinação de Felgueiras em procissão até ao monte de Santa Quitéria, de consagração do concelho à Imaculada Conceição), tinha lugar no ao tempo renovado campo de futebol da Rebela de Felgueiras, já denominado estádio Dr. Machado de Matos, o jogo que seria de estreia do Futebol Clube de Felgueiras no Campeonato da 1ª Divisão Nacional, como era chamada a prova maior do futebol português de alta competição. Assim sendo, após a manhã de subida ao monte da Santa e comido o farnel comunitário tradicional das famílias felgueirenses, em convívios merendados pelas matas daquele alto (sobre mantas e toalhas, à falta de mesas e bancos fixos, onde sempre se notou a falta de espaços de merendas, em falha que se ouve sempre ser por culpa de umas ou outras entidades responsáveis mas sem que haja quem assuma culpas e se demarque das responsabilidades… e sobretudo alguém com funções oficiais tenha atitude bairrista de resolver tal velha situação), grande parte do povo felgariano rumou ao estádio do Felgueiras, que recebia o jogo grande da jornada inaugural do campeonato ao nível do interesse local, qual a sua extensão pelo interesse nacional revelado na gente da televisão e jornais que acorreram a transmitir a ocorrência dali derivada para todo o país.


Foi o Felgueiras nessa estreia visitado pelo Grupo Desportivo de Chaves, também já primodivisionário, em jogo terminado num empate com dois golos para cada lado, com pecúlio de 1 ponto a meias pela igualdade (sem divisão total, porque a partir dessa época nos jogos passaram a ser atribuídos 3 pontos por vitória), sendo os golos do Felgueiras apontados por Earl, aos 49 minutos de jogo, a repor a primeira igualdade verificada, já que a equipa visitante entretanto inaugurara o marcador do encontro; e depois por Sérgio Conceição aos 55 minutos de jogo, a dar a volta ao resultado e colocando o Felgueiras à frente, até que por fim o Chaves veio a recolocar tudo igual.

O FC Felgueiras alinhou inicialmente com José Carlos Araújo, Leal, Rui Gregório, José Joaquim, Acácio, Vicente, Costa, Clint, Sérgio Conceição, Lewis e Earl; entrando depois, no decorrer do jogo, Coelho e Fernando Gomes; ficando no banco os restantes suplentes, Lopes, Teixeira e João.

Durante esse prélio inesquecível para as gentes felgueirenses, havia entre a multidão diversificada atenção pelo que se passava noutros campos de nomeada futebolística, sendo nessa tarde também a disputa do clássico FC Porto-Sporting no estádio das Antas. O que levou a mole humana dos adeptos locais, ainda afeitos à natural habituação de durante décadas seguirem os jogos grandes à distância, a também assim dividirem interesses por esse grande encontro nacional em disputa na cidade invicta, ouvindo-se pelos ares rouquelhos sons de relatos radiofónicos através dos pupulares transistores; cujo resultado ia soando aos ouvidos, durante parte do jogo a pender para o lado sportinguista e depois terminado com vitória portista por 2-1, perante uma reviravolta empolgante, sendo evidentes as manifestações coletivas ao desenrolar desse desfecho no bruaá da assistência presente em Felgueiras…


Ora, então o Futebol Clube de Felgueiras, fundado em 1932 e, passadas temporadas de atividades de feições regionais, mais tarde inscrito oficialmente na Associação Distrital em 1953, tendo militado épocas a fio na 3ª Divisão Regional da Associação de Futebol do Porto, veio a ter primeira subida de divisão em 1964/65, com ascensão através de finalíssima entre o segundo classificado da 3ª e o penúltimo da 2ª Divisão Distrital, quando o Felgueiras derrotou o FC Lixa por 2-0 com dois golos der Sabú... 


... vindo de seguida, na época imediata, a ser Campeão Distrital da 2ª Divisão da AF Porto em 1965-1966, sob o comando do treinador-jogador Caiçara...


 e, volvidos anos, entre mais ocorrências, também Campeão da 1ª Divisão Distrital da AFP em 1981-1982, tendo tido pontos altos nas subidas aos Nacionais e de permeio inclusive sido campeão da 2ª Divisão B Nacional em 1991/92, atingiu o FC Felgueiras ponto de rebuçado na subida à 1ªDivisão Nacional em 1995, alcançada posição assim correspondente ao fim do campeonato da 2ª Divisão Nacional de 1994/95, passando em Agosto de 1995 a emparceirar com os grandes de Portugal na 1ª Divisão. Tendo aí o Futebol Clube Felgueiras efémera mas inesquecível época.


Disso tudo, em rememoração da efeméride do dia, recorda-se através de imagens e alguns dados estatísticos relacionados esse histórico feito do futebol felgueirense diante da memória coletiva local, por meio de dados guardados em arquivo pessoal do autor destes registos memorandos.


Armando Pinto
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quarta-feira, 16 de agosto de 2017

Bodas de Ouro Sacerdotais (1967-2017) do Felgueirense Padre Hernâni Carvalho


Ao perfazer a soma de cinquenta anos da ordenação sacerdotal do Padre Hernâni Carvalho, conhecido felgueirense membro do clero da diocese portucalense, foi celebrada condignamente a ocorrência, a 13 deste mês de agosto, na terra natal do mesmo presbítero que é também pessoa conhecida do meio social concelhio.

O Padre Hernâni, como por hábito popular é referido, de nome completo Sebastião Hernâni Gonçalves Albuquerque de Carvalho, nascido em Felgueiras a 28 de Outubro de 1940, teve sua Ordenação a 13 de Agosto de 1967, na Sé do Porto.


Filho e sobrinho de destacados empresários da urbe felgueirense, como eram os senhores Joaquim de Carvalho e João Carvalho, o primeiro famoso armazenista que manteve o negócio vindo de seu pai Sebastião de Carvalho; e o segundo empreendedor no ramo dos transportes públicos, como dono da empresa Landim, Sebastião Hernâni quis enveredar pelo sacerdócio, sendo depois ordenado com 26 anos.

Viveu entretanto natural ligação afetiva conterrânea, como ficou especialmente assinalado da sua prestação diretiva no Futebol Clube de Felgueiras, clube de que seu pai era um dos principais benfeitores, no qual, ainda como seminarista maior, ou seja durante a fase teológica de sua formação, Hernâni Carvalho foi figura ativa nos órgãos sociais ao tempo das primeiras subidas de divisão, em 1964/65 e 1965/66, do histórico clube de futebol representativo de Felgueiras nos tempos dos famosos Sabú e Caiçara.


Após a sua ordenação de Padre, o seu percurso sacerdotal conheceu os caminhos pastorais, havendo exercido paroquialidade de modo vincado na paróquia de Sobrosa, no concelho de Paredes, em cujo rincão está assinalado com a homenagem pública duma rua com seu nome. Sem nunca ter deixado de estar umbilicalmente ligado a Felgueiras, a pontos de ter sido Vereador Municipal nos primeiros tempos da presidência do Dr. Machado de Matos na Câmara de Felgueiras. Havendo exercido funções de autarca com dinamismo tal que diversas das suas iniciativas perduram no tempo e memória – como o autor destas linhas lembra, que a luz pública do centro da Longra, a substituir a original que fora pioneira no concelho, décadas antes, ainda é a mesma que ele implementou em 1976, recorrendo a contribuição popular dos habitantes da mesma povoação.

Atualmente o Padre Hernâni não tem paróquia a seu cargo, residindo na cidade de Felgueiras, na qual presta há muitos anos colaboração pastoral na também sua Paróquia de Margaride, onde celebra a missa matinal diariamente.


Foi pois naturalmente que na igreja paroquial de Margaride teve lugar a celebração solene e jubilar evocativa dos 50 anos de Sacerdócio do Sr. P.e Hernâni Carvalho, na mesma igreja matriz da paróquia de Santa Eulália de Margaride onde foi batizado e rezou sua Missa Nova. 


Agora, em 2017, com Missa Solene das suas bodas de ouro, honrada com a presença do Sr. Bispo Diocesano do Porto, D. António Francisco dos Santos, entre outros bispos e presbíteros, contando padres seus colegas contemporâneos e outros mais, com especial destaque para a maioria dos sacerdotes da Vigararia de Felgueiras, além da comunidade paroquial de Margaride e fieis de diversas localidades do concelho e não só, incluindo antigos paroquianos de Paredes.


Ao Padre Hernâni, personagem da vida felgueirense e admirado concidadão, que o autor conheceu ainda jovem (quando, em tempo de férias de seminarista, acompanhava colegas seus em passatempos desportivos e depois aquando de sua frequência durante alguns dias na Longra a propósito da estada de grupos de seminaristas para a Missa Nova do Padre Marílio Faria em Rande), prestamos por este meio uma devida homenagem pública na passagem do cinquentenário de sua ordenação sacerdotal. Com esta simples crónica que estava em agenda particular para um dos artigos personalizados de quando em vez publicados no Semanário de Felgueiras, intenção essa assim alterada para aqui devido ao período de férias que passa o referido periódico.


Como ilustração junta-se algumas imagens da pagela evocativa e algumas fotografias a que recorremos deitando mãos a imagens da Internet; mais uma foto de arquivo pessoal, de pose da equipa do FC Felgueiras que venceu o Campeonato Distrital de 1965/66, reportando à festiva entrega das faixas de campeões a todo o grupo de futebolistas e dirigentes, em 1966 - com o Padre Hernâni, ainda seminarista, incluído (à esquerda da foto).

Armando Pinto
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sábado, 12 de agosto de 2017

Etapa da Volta a Portugal / 2017 passando na Longra


Com poucos quilómetros ainda decorridos desde o início da etapa, rumo ao alto da Assunção em Santo Tirso, a 7ª tirada da Grandíssima Portuguesa de 2017, saída de Lousada ao início da tarde deste sábado, depois de percorrido pequeno trajeto dentro de terras lousadenses e entrado no concelho de Felgueiras, passou na Longra a toda a velocidade de carros da caravana e bicicletas dos ciclistas, perante a atenção das pessoas que estavam na berma da estrada. Passagem assim aplaudida por um público assinalável, já com a barriga saciada pelo almoço e, como que em sobremesa de interesse, a presenciar tal passagem dos ciclistas que se vão vendo na televisão e alguns jornais.


Desses momentos, qual reportagem possível feita pessoalmente, enquanto se deitavam olhos aos ciclistas que despertam atenção do autor e a oportunidade de clicar na maquineta fotodigital, se regista visualmente a passagem da Volta na Vila da Longra, à porta de casa do autor destas linhas e fotos  captando a passagem dos carros afetos à equipa portista, mais vista do grupo da frente em "fuga", onde ia incluído um representante do FC Porto... 


...depois o trânsito do pelotão perseguidor, ainda nessa fase de aclimatação dos voltistas... 


...até ao encerramento transitário do carro vassoura. 


Armando Pinto
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Passagem da Volta a Portugal na Longra...


Em dia da Volta a Portugal em Bicicleta passar na Longra, mais uma vez, virá a talhe uma lembrança duma anterior vez, aproveitando para se ir na roda do tempo a rememorar também memórias de outros tempos. Recordando-se através duma fotografia antiga a fisionomia de outrora do Largo da Longra e cercanias, no que a velha foto permite.


(Foto inteira e respetiva ampliação recortada de imagem de arquivo do autor e constante do livro "Memorial Histórico de Rande e Alfozes de Felgueiras")

Armando Pinto
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terça-feira, 8 de agosto de 2017

Correndo Portugal: Andanças da Volta / 2017 pelo Vale do Sousa, com partida de etapa em Lousada e passagem em Felgueiras, terra de tradições ciclísticas e… de Adriano Quintanilha, “parceiro” honroso do ciclismo do FC Porto


A Volta a Portugal em bicicleta de 2017, na sua 79ª edição em que se perfaz a conta de 90 anos da primeira realizada em 1927, anda pelas estradas do país nestes inícios de agosto quente também no entusiasmo que a caravana do ciclismo português transporta em tão tradicional prova. E, entre as etapas de seu percurso, uma há de passagem por terras de Felgueiras, também, o que apraz aqui registar, como região que é de históricas ligações ao ciclismo, no passado, e boas ligações atuais, sendo Felgueiras o concelho natal do autor destas linhas e... de Adriano Quintanilha, grande entusiasta do ciclismo, como personagem empreendedor de diversos projetos resultantes em equipas que engrossaram o pelotão nacional ao longo de anos, quão importante figura que teve papel decisivo no regresso do ciclismo ao FC Porto e como tal no reavivar do entusiasmo atualmente à vista por esta modalidade  de heróis dos pedais.


Com efeito, a região do Vale do Sousa será uma das zonas que por estes dias (quando se escreve isto, nos inícios de agosto de 2017) terá os ciclistas da Volta a Portugal a correrem entre a verdejante paisagem destas paragens idílicas sob o céu bem azul. O que sucede à 7ª Etapa, no dia 12, após partida em Lousada, com passagem pela vila da Longra, em direção à cidade de Felgueiras e depois à Lixa, também, naturalmente correndo assim aqui em terras de Felgueiras, onde o ciclismo teve tradições efetivas (como está historiado pelo autor destas linhas, em diversas publicações), com saliência para o ciclista Artur Coelho, natural de Felgueiras, que, correndo pelo FC Porto, participou em Voltas a Portugal entre 1955 a 1961, a prova-rainha em que ele por diversas vezes foi camisola amarela e ganhou algumas etapas, além de se ter salientado com vitórias noutras corridas como em Grandes Prémios e ter representado a Seleção Nacional em duas participações na Volta a Espanha, bem como e especialmente por haver vencido a clássica 9 de Julho de São Paulo, no Brasil, em 1957, além de ter corrido em França, etc. e tal.

= Troféu da Vitória de Artur Coelho no Brasil, em exposição no Museu do FC Porto =

Nas afinidades de Felgueiras ao ciclismo também consta nos anais das corridas nacionais o protagonismo felgueirense havido com Joaquim Costa, valoroso ciclista que correu na Volta a Portugal em 1961 e 1962, tal como em 1964 coube vez a Albino Mendes (conforme de ambos também já aludimos em anteriores artigos), assim como merece saliência ter existido, em finais dos anos setentas, a equipa Zala, representativa da fábrica de calçado Zala, na qual se incluiu como treinador e ciclista Fernando Mendes, formação que correu a Volta a Portugal de 1979, e que chegou a ter pelo menos um felgueirense no plantel, de nome Miguel Magalhães;



«««« = Joaquim Luís Costa, ciclista que representou a equipa então existente do Académico do Porto =

...tal como lembra ainda ter havido a equipa W52-Quintanilha-Felgueiras, com sede em Felgueiras e que ostentava camisola com as cores municipais com o símbolo do concelho de Felgueiras. Grupo que em 1993 alinhou nas provas do calendário velocipédico português e teve ação interessante na Volta a Portugal.

= Jornal O Jogo de 31-7-1993, apresentação das equipas para a 55ª Volta a Portugal =


Havendo depois, anos volvidos, uma outra equipa da firma felgueirense W52, também, que até saiu vencedora das Voltas de 2014 e 2015, esta que, embora com sede oficial de Sobrado-Valongo, incluiu nome patrocinador dos vinhos da também empresa felgueirense Quinta da Lixa. Equipa por fim substituída pela entrada do FC Porto nessa parceria, ficando como W52-FCPorto, com Adriano Quintanilha na cabeça, através de acordo firmado com o FC Porto, representado por elementos próprios, como um diretor mais o presidente do clube no topo orgânico e de modo particular pela representatividade que o grande clube azul e branco representa nacional e internacionalmente.

=  Revista Dragões, de Janeiro de 2016 =

Ora, o ciclismo sempre foi um desporto de heróis e, embora a modernidade tecnológica haja alterado certas panorâmicas do interesse público, continua a haver um lugar especial para certos casos que mexem com as sensibilidades, entre exemplos como é ainda o ciclismo de competição de alto nível. O que se revela em todos os que nos interessamos de algum modo por esta modalidade desportiva ao longo dos tempos e temos sempre presentes na ideia os nossos ídolos de infância e juventude, desde tempos em que, quando começamos a seguir as notícias da "Volta", havia “aqueles” ciclistas de que gostavamos (ah Sousa Cardoso, Mário Silva, Joaquim Leão, Ernesto Coelho, Gabriel Azevedo, etc!) e a nossa equipa nos fazia ficarmos presos aos relatos radiofónicos das etapas e pelo tardio da noite à espera das imagens do Diário da Volta na televisão, que era de um só canal e “bibó velho”…


Pois então, à falta de melhor, o ciclismo mais uma vez passará fugazmente na nossa terra, ao menos, depois de em anos passados já ter tido metas de chegada, primeiro em  etapas do Grande Prémio de Minho para profissionais que, em anos diferentes, teve metas finais na cidade de Felgueiras e no monte de Santa Quitéria; e depois a Volta a Portugal em Bicicleta teve chegadas na Volta de 1992, à etapa Mondim de Basto-Felgueiras  da 54ª edição da Grandíssima Portuguesa, ganha então na cidade do pão de ló pelo italiano David Bramatti, da equipa Lampre; bem como na Volta de 2006, ao correr da etapa Gondomar-Felgueiras, passando pela Longra com meta de aproximação à chegada, enquanto a meta final dessa 5ª etapa estava instalada no alto de Santa Quitéria, onde triunfou o galego Gustavo César Veloso, da equipa espanhola Kaiku (o que leva a que Felgueiras esteja associada à primeira vitória em Portugal e primeira camisola amarela deste ciclista que mais tarde venceu a Volta já por duas vezes e atualmente é dos mais destacáveis nos dias decorrentes… em que é chefe de fila da W52-FC Porto); tal como em 2008 o monte de Santa Quitéria acolheu um final de etapa, mais importante ainda por ter sido no encerramento triunfal dessa edição da Volta, em contra-relógio vindo de Penafiel, com passagem pela Longra e chegada ao cimo dessa “rampa” de  8,4 % de inclinação média, em que triunfou o também espanhol Hector Guerra, da equipa portuguesa Liberty Seguros (tendo no pódio oficial, na alameda daquele mesmo alto da Santa, sido festejada a vitória, como vencedor da Volta, de  David Blanco, do Clube de Ciclismo de Tavira-Palmeiras Resort).

= Boletim “O Felgueiras”, nº 2 de Junho de 1987 do órgão oficial do FC Felgueiras, ao tempo que Adriano Sousa fazia parte como um dos diretores =

No meio disto, apareceu de há anos a esta parte o felgueirense Adriano Quintanilha, mais conhecido desde que patrocinou, ao longo dos anos, diversificados projetos desportivos, a partir do apoio a uma dupla de automobilistas de ralis (Nuno Pinheiro e Dr. Miguel Mota, este o autor da proposta textual para a elevação da vila de Felgueiras a cidade, entrada oficialmente e aprovada na Assembleia da República; os quais vieram a falecer num desastre automóvel fora do âmbito de provas), depois com sua participação em diversas funções no clube de futebol representivo de Felgueiras, e por fim entrado no mundo do ciclismo, nomeadamente através duma equipa que correu com o nome de Felgueiras na Volta a Portugal, até uma das recentes em que teve parceria com a marca de vinhos Quinta da Lixa. Isso já depois de entretanto ter sido membro da Direção e inclusive presidente do Futebol Clube de Felgueiras (como se recorda aqui, por recortes jornalísticos). Até que o mesmo empresário, dono da empresa W52, passou a ser parceiro do FC Porto através da respetiva equipa de ciclismo.

=  Suplemento do jornal O Jogo de 22-6-1988 dedicado ao FC Felgueiras, de que Adriano Sousa era o presidente em que o povo de Felgueiras depositava confiança numa ansiada subida  à divisão imediata à que o clube estava (então na antiga II Divisão Nacional-Zona Norte) =

Adriano Quintanilha, entretanto já se tornara famoso por levar para as etapas da Volta a Portugal parte da sua coleção de carros desportivos, com os quais por vezes acompanha a prova. Fê-lo inicialmente ao serviço da equipa Quintanilha-Moda Jovem-Paços de Ferreira, tendo de imediato logo no ano seguinte continuado com a equipa W52-Quintanilha-Felgueiras, que se manteria na modalidade também em 1993. O regresso da W52 ao pelotão deu-se em 1995 com o apoio ao Clube de Ciclismo de Paredes, ao serviço de quem, nesse ano, Cândido Barbosa se estreou como profissional. Depois veio a ligação à formação de Sobrado e a Nuno Ribeiro, um portista que, depois da experiência com a equipa W52-Quinta da Lixa, se arreigou ao FC Porto com a equipa W52-FC Porto-Porto Canal, em 2016, atualmente com nome oficial de W52-FC Porto-Mestre da Cor a correr em 2017.


Recorde-se que, no ano passado, Quintanilha subiu mesmo ao palco da cerimónia dos Dragões de Ouro, recebendo a distinção relativa ao ‘Projeto do Ano’ do distinto galardão oficial do clube, devido à prestação da equipa ‘W52-FC Porto-Porto Canal’.

=  Revista Dragões de Novembro de 2016 =

A ligação com o FC Porto começou assim em 2015, embora sem ser Portista assumido e aliás até de permeio ter diversos contactos públicos com o Benfica, segundo por vezes surge na comunicação social, e em jovem haver tido simpatia pelo Sporting, clube com o qual, até, em 2015 chegou a ter um pré-acordo para patrocinar a equipa de ciclismo dos 'leões', algo que foi quebrado e acabou por ser selado por fim com o FC Porto em finais do mesmo ano de 2015; pois, segundo Adriano Sousa referiu  publicamente «a única pessoa que apareceu e apresentou um projeto viável foi o senhor Pinto da Costa e o acordo tem viabilidade, no mínimo, para cinco anos».


Pois bem, com tudo isso e o resto, é pois a equipa de ciclismo do FC Porto um caso à parte dentro do interesse portista de adeptos seguidores, mesmo que à distância física, sendo nesse aspeto já como que familiares os nomes e caras de Raúl Alarcón, Gustavo Veloso, Rui Vinhas, Ricardo Mestre, António Carvalho, Joaquim Silva, Samuel Caldeira, Amaro Antunes, João Rodrigues, Tiago Ferreira, Jacobo Ucha, Ángel Sanchez Rebollido e Juan Ignacio Pérez, mais Nuno Ribeiro, Maximino Pereira, Helder Alves, Miguel Vinhas, Celestino Pinho, Alexandre Patrício, Nelson Lobo, Fernando Maia, Elias Barros, etc.

Enquanto isto, aí está então o ciclismo de élite com a Volta a Portugal percorrendo parte do país profundo, dentro do que parece ser possível à Corrida Grandíssima Portuguesa, que em tempos percorria mais o país de lés as lés e ultimamente nem tanto, mediante certas condicionantes dependentes de apoios das autarquias, patrocinadores e apreciadores da passagem da "Volta".

                                                                                                                                                                         
Armando Pinto
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Nota: = Artigo partilhado com o Blogue "Memória Portista", também do autor deste.
A.P.

sexta-feira, 4 de agosto de 2017

FALECEU O PADRE MIGUEL ANTÓNIO PINTO


Faleceu o Reverendo Padre Miguel Pinto, o popular “Padre Miguel Barroquinho”, como era carinhosamente conhecido (derivado a conhecimento familiar do lugar de origem de sua família), que há anos vivia em sua propriedade tradicionalmente conhecida por Ferreiras, na freguesia e paróquia de Rande, concelho de Felgueiras. Partindo assim deste mundo a alma desse sacerdote que, após aposentação de anterior serviço paroquial na ilha da Madeira, se fixou em S. Tiago de Rande na quintazinha das Ferreiras, que preservou de sua família, no antigo lugar e atual Rua de Casal Côvo, em Rande - Felgueiras, Distrito e Diocese do Porto.

O senhor Padre Miguel, simpático habitante de Rande, contando 88 anos de vida, estava na agenda literária do autor destas linhas para um artigo histórico-biográfico, destinado a poder ser publicado na habitual coluna jornalística de assinatura pessoal no Semanário de Felgueiras, tendo ficado a aguardar oportunidade até à chegada dos seus 90 anos, conforme estava combinado com alguém de suas relações, o que afinal já não acontecerá em vida, derivado ao falecimento. 

Diante da ocorrência, registamos como homenagem ao venerando sacerdote, que bem conhecemos, uma descrição alusiva contendo dados biográficos, conforme divulgação da página informática da Diocese do Funchal:

« FALECEU O PADRE MIGUEL ANTÓNIO PINTO

O Padre MIGUEL ANTÓNIO PINTO, sacerdote diocesano da Diocese do Funchal, faleceu ontem, dia 03 de agosto, durante a noite, no hospital, na Diocese do Porto. Tinha 88 anos de idade, e era natural da Freguesia de Aveleda, concelho de Lousada, Distrito do Porto. Nasceu no dia 17 de março de 1929, era filho de Joaquim Pinto e de Maria de Jesus. Foi baptizado no dia 25 de março de 1929 e confirmado a 20 de fevereiro de 1948. Depois do percurso formativo na Congregação da Missão - Sacerdotes Vicentinos, em Felgueiras, foi ordenado diácono a 10 de outubro de 1954 e Sacerdote no dia 20 de março de 1955.

Na Congregação da Missão desempenhou o seu ministério como professor no Seminário Maior, em Felgueiras e fez ainda uma experiência de serviço pastoral junto da emigração portuguesa.

Em 1967 pediu a incardinação na Diocese do Funchal, que ocorreu a 26 de março de 1968, desempenhando o seu ministério nas seguintes comunidades:

- Cura da Paróquia de Fátima: de outubro de 1968 a fevereiro de 1969.
- Pároco de Água de Pena: de fevereiro de 1969 a Outubro de 1970.
- Cura da Paróquia de Machico: de outubro de 1970 a janeiro de 1981.
- Pároco de São Jorge e Ilha: de janeiro de 1981 a outubro de 1982.
- Pároco do Arco de São Jorge: de outubro de 1982 a outubro de 1987.
- Pároco dos Prazeres: de outubro de 1987 a outubro de 1990.
- Pároco da Raposeira: de outubro de 1987 a outubro de 1990.
- Pároco do Estreito da Calheta e Jardim do Mar: de outubro de 1988 a outubro de 1990.

- No ano de 1990 assumiu como pároco as comunidades dos Canhas e Carvalhal onde permaneceu até o ano 2000, de onde, na sequência de um AVC, saiu para Felgueiras para prosseguir tratamento clinico, onde permaneceu até ao dia do seu falecimento.

O seu funeral realizar-se-á amanhã, na Igreja da Paróquia de Rande, Felgueiras, Diocese do Porto, pelas 18h30, presidido por sua Ex.cia Rev.ma D. António Taipa, Bispo Auxiliar do Porto.

Que Jesus Cristo, Bom Pastor e Rosto da Misericórdia, o receba na Sua Paz!

04 de agosto de 2017 »


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AP