Espaço de atividade literária pública e memória cronista

sexta-feira, 10 de junho de 2016

Dia da Pátria


Tremula a bandeira portuguesa à vista das imagens do Dia de Portugal, no 10 de Junho, assinalando data destinada a vincar o sentimento da nação, o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, como é oficialmente chamado. Sendo dia celebrado a 10 de junho a marcar a memória de Luís Vaz de Camões, na parte mais popularizada, além de ser também dedicado ao Santo Anjo da Guarda de Portugal, protetor do país, comemorado com feriado nacional e celebrado como Dia da Raça: a raça portuguesa ou os portugueses. Exaltando assim o Peito Ilustre Lusitano, como cantou em verso o épico Camões n’Os Lusíadas e por inerência exultando com tudo o que respeita e representa a Pátria, a grei nacional.

Nesse sentido, havendo portugueses espalhados pelos quatro cantos do planisfério mundial, o dia de Portugal tem a ver com as comunidades lusas alastradas pelo mundo fora e por quanto representa essa diáspora, normalmente revista no simbolismo imaginário de Camões e D. Afonso Henriques, Castelo de Guimarães, Torre dos Clérigos, Universidade de Coimbra, Padrão dos Descobrimentos e sobretudo do Galo de Barcelos.

No Decreto de atualização à instituição da efeméride, lê-se: "O dia 10 de Junho, Dia de Camões e das Comunidades, melhor do que nenhum outro, reúne o simbolismo necessário à representação do Dia de Portugal. Nele se aglutinam em harmoniosa síntese a Nação Portuguesa, as comunidades lusitanas espalhadas pelo Mundo e a emblemática figura do épico genial."

Ora, associando ao significado da comemoração deste dia algo personalizado de fundo patriótico, porque cada um tem também sua ligação à terra mátria e temos nossos heróis, olhamos para um objeto que nos faz lembrar algo de especial afeição – sendo uma máquina de costura antiga que em pequeno (o autor destas linhas) via minha mãe a usar em consertos domésticos, enquanto em família convivíamos sorrindo nesses e outros instantes da vida, em nossa casa e na terra nossa.

Algo que temos connosco, nosso.

Armando Pinto

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sexta-feira, 3 de junho de 2016

Artigo no SF - Na passagem do 26º aniversário do Semanário de Felgueiras


Está de parabéns o Semanário de Felgueiras, na passagem de 26 anos de vida de suas páginas impressas; e extensivamente o concelho de Felgueiras por ter este semanário regularmente diante dos olhos e sentidos felgueirenses.

Como colaborador antigo (mesmo o mais antigo, presentemente) do jornal Semanário de Felgueiras, periódico felgueirense que completa 26 anos de edições e continua sua anuidade de publicação regular, foi de apologia a essa durabilidade, do mesmo órgão informativo, o artigo que saiu escrito pelo autor, em torno e a propósito da efeméride, em cunho pessoal –  do qual para aqui transpomos imagem da respetiva coluna e colocamos o texto por extenso:


Semanário adulto de incremento felgueirense

Um destes dias, estando a apaparicar um dos meus netos, veio-me à ideia uma lembrança passada precisamente nos meus primeiros tempos, dando comigo a voar no pensamento até então, quando, segundo me veio à retina da memória, também eu fui assim afagado nos braços de minha mãe e agarrado a meu pai. Não sendo em vão que temos réstias da infância em nós. Como todos gostamos dessa fase e há momentos da vida em que nos sentimos assim, revivendo tempos em que estivesse sol ou chuva tudo era límpido e nos parecia ao alcance do olhar.

Está agora a passar a época do chamado dia da criança, pondo mais ênfase de atenções nos pequeninos, ao prestar-se à realização de ações motivadoras para momentos alegres aos bandos infantis, das crianças que dão asas à sua satisfação pura. Saltitando, como água corredia a irradiar claridade, na simplicidade reluzente.

Foi exatamente numa dessas ocasiões, há já uns anos bons, que um dia surgiu um jornal que veio dar mais realce ao noticiário escrito sobre assuntos de Felgueiras. Tal o caso do aparecimento do Semanário de Felgueiras há 26 anos, sendo periódico que trouxe uma nova abordagem de temas felgueirenses, desde que apareceu ao público a 1 de junho de 1990. Então como criança esbelta e com sonhos no sorriso das imagens, como em tudo o que é pequenino tem graça. Para depois ir crescendo, e, como andorinha, em bando chilreante, vir anunciar a primavera com empenho social e cultural. 

Está agora o Semanário de Felgueiras já adulto, crescidote que se foi tornando e entrado em idade de desenvolvimento. Continuando a ter nas páginas impressas aspirações de desenvolvimento para Felgueiras.

Tem pois Felgueiras um Semanário adulto, à vista de crescimento para a comunidade interessada em quanto a Felgueiras diz respeito. Enquanto no concelho o interesse geral clama por progresso mais célere e que não haja recuos. Felgueiras tem marcado passos atrás em certos aspetos, desde as incompreensíveis uniões que desvirtuaram as freguesias históricas e desapertaram laços tradicionais, até algum escurecimento do ambiente, desde que por poupança, em tempo de crise monetária e social, foram desligados postes de iluminação em locais necessitados de visibilidade, mau grado continuarem outros acesos em sítios quase ermos. Como mero exemplo, entre marcas que podem ficar. Sendo assim já tempo de ser repostas essas e outras situações, de modo que haja melhor desenvolvimento concelhio. 

Está aí a primavera em seu luzimento. Fazendo reviver com alegria possível melhores dias, na transição do inverno tristonho para um espírito mais risonho, transformado em sopro de vitalidade. Estado que bem pode ter a ver também com o que se vai escrevendo e lendo, na vontade de que Felgueiras cresça e sempre compareça, cumprindo ideal comunitário. Qual desejo de que o concelho de Felgueiras deve realizar-se e engrandecer-se no que sempre uniu a alma felgariana e fortaleceu o ânimo felgueirense.

ARMANDO PINTO

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sábado, 28 de maio de 2016

Recordações Paroquiais


Em fase de comunhões, como é o período atual da realização das anuais cerimónias das comunhões primeira e solene, além de outras de agora, vem a talhe recordar algumas antigas atividades que ocorriam em Rande em tempos idos, nas participações paroquiais em que o autor destas linhas esteve incluído nos idílicos tempos da infância.


Assim, recuando coisa de cerca de meio século, a passar, como se diz, relembre-se algumas funções através de pagelas, os chamados “santinhos”, da 1ª Comunhão e Comunhão Solene, de 1960 e 1964, respetivamente, mais registos de inscrição, folhas de cânticos e hinos, e uma braçadeira, de inclusão na antiga Liga Eucarística dos Homens de Rande.


Curiosidades e preciosidades pessoais, de respeito à identificação comunitária.

Armando Pinto

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quarta-feira, 25 de maio de 2016

Lembrete sobre um Felgueirense: O Historiador e Jornalista Manuel Sampaio


Na senda moral que uma terra vale muito pelo seu património e dotação humana, sobretudo no aspeto de seus naturais, Felgueiras tem tido filhos que muito honram essa ligação, embora nem sempre com o devido reconhecimento institucional e mesmo da memória coletiva. Estamos a lembrar-nos de um ilustre estudioso do passado local, o sr. Manuel Sampaio. A propósito dum escrito de um felgueirense que sobre o mesmo personagem teceu algumas linhas memoriais, na rede social do facebook; e aí pelos comentários surgidos, além de algum silêncio da maioria dos leitores, se nota que esse felgueirense de tempos idos não é do conhecimento geral conterrâneo na atualidade.

Ora, escreveu o Dr. Mendes Gomes, felgueirense radicado em Berlim, o seguinte –  sob título SR. SAMPAIO DA MILINHA “HORA”… 

Vivia com a mãe, no lugar da Forca.
Teria mais de sessenta anos.
Aquela figura alta. Serena.
Sempre com um guarda-sol
que era também guarda-chuva.
Via-o ir e voltar da Vila.
A pé.
Diziam que fazia o jornal de Felgueiras.
Das poucas vezes que entrei na casa dele,
Vi que havia muitos livros.
A senhora Emilinha deu-me um, à socapa.
Que pena o ter perdido.
Usava sempre uma gabardine clara.
E também uns óculos.
Rosto arredondado e simpático.
Nunca falou comigo.
Eu era um miúdo de tantos que por ali andavam na brincadeira.
Meus pais gostavam dele
como toda a gente...
== Joaquim Luís Mendes Gomes

A propósito, recordamos uma crónica que em tempos foi escrita e publicada no jornal Semanário de Felgueiras (em seu nº de 23 de Dezembro de 2005), dedicada à memória de tal felgueirense digno de apreço, como autor de alguns estudos monográficos de história local antiga.

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Manuel Sampaio – Herculano da História Felgueirense

… Ao virar do meio da primeira década  do século XXI, não se pode deixar de refletir mais um lembrete, nestas anotações, a propósito de efeméride  que passou oficialmente despercebida – a comemoração  de cinquenta anos (nota do autor: quando foi escrito este artigo, em 2005) sobre o desaparecimento de um grande historiador de génese felgueirense, que foi Manuel Sampaio.

Estando-se em maré de evocações, elege-se desta feita como tema um vulto da historiografia concelhia, que foi Manuel Sampaio. Porque o nome em apreço merece efectivamente não permanecer em olvido, nem cair no esquecimento, devendo-se ao personagem referido pelo menos uma alusão gratificante, algo da mais elementar justiça – à falta de reconhecimento que se verificou na sua terra e concelho, nas sucessivas efemérides em que houve oportunidade de o lembrar, a última das quais na passagem de cinquenta anos da sua morte, em 2005 (conforme escrevemos, à época, no “Semanário de Felgueiras”, recorde-se).

Foi a 19 de Setembro de 1955 que Manuel Sampaio faleceu, em Varziela, Felgueiras, onde nascera 64 anos antes. Passaram assim todos estes anos, já decorridos, desde o seu desaparecimento físico, que não da memória que fez perdurável, atenta a sua obra aos olhos e sentidos capazes de valorizar quem da lei da morte se soube libertar.

Nascido a 14 de Agosto de 1891, em Varziela-Felgueiras, Manuel Leite Coelho de Sampaio tornou-se um estudioso do passado histórico de Felgueiras, ao correr de seu percurso de homem de letras, havendo desempenhado importante papel no jornalismo Felgueirense. Interessado pelo conhecimento das raízes locais e preservação da memória colectiva, este antigo publicista, Manuel Sampaio, faz parte da História que subsidiou. Passou, desde o nascimento à sua vivência, pelos séculos XIX e XX, recordando os ancestrais, até que perdura ainda no preito possível deste século XXI. Pode parecer exagero, mas pela época em que desenvolveu sua lavra historiográfica, Manuel Sampaio foi um pioneiro na fixação cronológica Felgueirense. Houvera anteriormente quem se interessasse pela matéria, como o Dr. Ribeiro de Magalhães que, no primeiro jornal concelhio de que há notícia, “O Felgueirense”, deixou em finais do séc. XIX já alguns apontamentos, numa linha de afinidade cultural seguida com o Dr. Eduardo Freitas, da Lixa (autor de “Felgerias Rubeas”, a primeira monografia escrita de Felgueiras, no entanto só publicada postumamente, muitos anos depois). Contudo foi Sampaio quem desenvolveu o estudo do passado local com relativa amplitude, possível ao tempo, chegando a abarcar uma maior variedade, embora incidindo naturalmente mais no que conhecia melhor. Assim sendo, tal como Alexandre Herculano se pode considerar Impulsionador da História de Portugal, porque não vislumbrar figurativamente, por analogia, M. Sampaio qual Herculano de Felgueiras?!

Manuel Sampaio foi durante muitos anos director d’ O Jornal de Felgueiras e colaborou noutros órgãos da imprensa regional, além de publicações temáticas. Por entre essas funções, dedicou-se com entusiasmo a recolhas documentais sobre História, Heráldica e Etnografia, sob cujos ramos publicou diversos trabalhos, ao longo de séries de artigos com esses temas. Ficaram então impressos, sobretudo no Jornal de Felgueiras, também de saudosa memória, interessantes ensaios jornalísticos de Manuel Sampaio, como «O Românico no concelho de Felgueiras», «O Senhorio de Felgueiras e Vieira», a «Heráldica no concelho de Felgueiras», «Homens Ilustres de Felgueiras», «O Mosteiro de Pombeiro», «O Pelourinho do Concelho de Felgueiras», «Brasão de Armas», «Notas Históricas e Genealógicas», «Solares de Portugal», etc. Embora estes estudos hajam saído por fases, primeiro na imprensa local e só depois tenham alguns desses títulos sido editados em livros, não foram contudo muito divulgados aquando da compilação e ficaram como manuais deveras desconhecidos do público interessado, devido à sua reduzida tiragem e inerente distribuição. Por consequência, resultou disso que tais exemplares são hoje autênticas raridades. Desenvolveu ainda Manuel Sampaio os tratos de sua afeição, sobre assuntos de realce da região do Douro e particularmente de Felgueiras, de entre os diferentes órgãos de informação escrita em que colaborou, também na revista da Junta da Província do Douro-Litoral, de cuja Comissão de História e Etnografia foi membro auxiliar.

Apesar de tal folha de serviço comunitário, parece estar esquecido... Quando escrevemos esta lembrança, aludimos que, já que não houve de quem de direito qualquer iniciativa ou realização de acto alusivo, na ocasião propícia ou à posteriori, dentro do ano da passagem de 50 anos do seu passamento, e deixada passar então tal oportunidade de o evocar publicamente, algo ainda podia e deve ser feito. Olhando ao seu contributo para a elevação da Mística Felgariana, se ainda houver gratidão e apreço pelo que é dignificante, por parte das representações que se deveriam orgulhar da sua naturalidade, Manuel Leite Coelho de Sampaio bem merece ser homenageado na Toponímia local e concelhia donde nasceu e viveu.


Armando Pinto

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quinta-feira, 19 de maio de 2016

Nicolau Coelho: Um personagem associado como felgueirense


Entre assuntos dirigidos a evocar casos relacionados com Felgueiras, como de quando em vez calha a preceito trazer à memória coletiva que possa interessar, vem a talhe desta feita lembrar a figura de Nicolau Coelho, navegador da era dos Descobrimentos - enquanto personagem da história pátria que em Felgueiras é associado como felgueirense, sendo referido como oriundo duma família do concelho de Felgueiras.


Nicolau Coelho está perpetuado através dum monumento e por um mural de pinturas alusivas na cidade de Felgueiras, sede do concelho.


Ora, sem dados concretos sobre tal possibilidade, visto a ideia ter sido originada por um poema antigo de um Bispo de Malaca, D. João Ribeiro Gaio (1578/1601), e contando que os historiadores nacionais mais versados na História de Portugal não lhe atribuem qualquer indicação da sua naturalidade, deixamos de lado o tema, para lembrar apenas o mesmo personagem da grei, o descobridor Nicolau Coelho, como personagem referido por estes lados de Felgueiras.


Assim sendo, anexamos algumas passagens com ele ligadas, desde uma página duma brochura da Câmara Municipal de Felgueiras, passando por sua nota biográfica inserta no Dicionário de Personalidades da História de Portugal, volume XIII, Coordenação de José Hermano Saraiva, edição Quidnovi, de 2004; e, por fim, juntando imagens de excertos da Carta de Pero Vaz de Caminha, do Achamento do Brasil.



Armando Pinto

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segunda-feira, 9 de maio de 2016

Artigo no SF, sobre pingos, em tempo de pingantes.


Caiem agora pingas de chuva, em plena primavera do calendário deste ano; e, na colaboração normalmente prestada ao Semanário de Felgueiras, pela escrita do autor destas linhas, escorrem também impressos pingos de memória histórica… na edição desta sexta-feira primeira de Maio:


Pingos de Memória

Pode conceber-se o valor duma terra pela fasquia a que se eleva a saliência humana. Numa perspetiva de identidade, em relação enobrecida perante existência de pessoas e factos marcantes.

Nesse sentido causa sentimento contrário quando o panorama enfraquece. Como se nota desde há anos nesta região do interior do Vale do Sousa, perante o facto de alguns concelhos estarem a distanciar-se dos vizinhos que tomaram a dianteira, com Felgueiras a ficar aquém do que devia ser e estar. A pontos que tem corrido nalgumas difusões noticiosas um estudo conclusivo sobre Felgueiras estar a perder importância na região agora chamada de Tâmega e Sousa. Sem ser novidade, tal o que se sabe e sente, com noção que urge alterar a situação e algo deve ser feito. Qual o acaso da reforma administrativa ter sido levada a efeito a régua e esquadro por quem decidiu nos gabinetes e assim ter começado a perca de identidade na maioria do território concelhio, no que vem ao caso. Tal como se vai vendo no tema do tribunal, etc. e tal. Numa corrente que vem fazendo emergir o caso de presentemente mais parecer não haver por cá, dentre os diversos quadrantes políticos, quem consiga ter influência nos meios que fazem mover as respetivas forças motrizes. Como em tempos houve e merece ser sempre lembrado. Conforme ocorreu na existência do Dr. Costa Guimarães, um felgueirense ilustre que, cá longe, desde a sua terra, conseguiu que em Lisboa fosse Felgueiras defendida, em tempo de reorganização judicial do país, coincidindo com parte administrativa dos concelhos, a meio do século XIX. Tendo então o Dr. José Joaquim Teixeira da Costa Guimarães, com intercessão de amigos e conhecidos, como está devidamente historiado, conseguido fazer valer os interesses felgueirenses, contribuindo sobremaneira para a criação da Comarca de Felgueiras, decretada em 1855, quando então Felgueiras ficou como concelho íntegro, ao tempo.

Não será necessário puxar agora borlas biográficas para enaltecer mais a importância que esse Dr. Costa Guimarães teve para Felgueiras, quão deve continuar a merecer na memória coletiva felgueirense. Bastando dizer que não era qualquer um, com direito a ficar para sempre no santuário de carisma concelhio, havendo ele ficado sepultado no interior da igreja de Santa Quitéria, honrado pelo seu valor comunitário quando faleceu em 1866. Tal como foi dos primeiros vultos da história felgueirense com nome dado a uma rua da cabeça do concelho.

Ora, estando Maio a refletir suas tonalidades ambientais, vem a talhe relembrar este célebre personagem da história das terras e gentes de Felgueiras, em pleno mês de seu aniversário natalício, nascido que foi em Margaride aos vinte e três dias do mês de maio de 1807. No auge também do mês da festa de Santa Quitéria, em cujo templo jaz seu corpo, com autorização eclesiástica superior (com licença dada pelo Arcebispo de Braga, arquidiocese a que a região pertencia à época), quando já não era permitido haver enterramentos dentro das igrejas, desde o decreto monárquico de 1835 que levou ao surgimento dos cemitérios paroquiais. Circunstância deveras sintomática de seu valor e sobretudo do apreço com que era reconhecido.

O tempo passou. Santa Quitéria foi degolada nesta região por conceito de fé, onde, monte abaixo, rolou sua cabeça até jorrar uma fonte miraculosa. Ao longe, séculos depois, o patriota Febo Moniz puxou as barbas em desespero diante dum crucifixo, como protesto pela conduta pública que levou à perda da independência nacional. Há sempre uns pingos de história que farão memória. 

ARMANDO PINTO

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sexta-feira, 22 de abril de 2016

Recordações de acontecimentos especiais – em artigo no SF


Na pertinência da grande manifestação de religiosidade que foi a recente vinda ao concelho de Felgueiras do andor com a “Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima”, vem a propósito recordar anteriores acontecimentos marcantes na memória felgueirense, sendo assim esse o mote do artigo desta semana na colaboração do autor destas linhas no Semanário Felgueiras:


Visita da imagem Peregrina de Fátima

O concelho de Felgueiras acolheu ao início desta semana a presença da Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima, na sua passagem pelo território felgueirense em visita à Diocese do Porto. Acontecimento incluído no âmbito do programa de preparação para o centenário das aparições de Nossa Senhora em Fátima.

A imagem peregrina de Fátima, idêntica à original (da Capelinha das Aparições) e também talhada pelo mesmo escultor da primeira, José Thedim, foi feita segundo indicações da Irmã Lúcia, vidente das aparições, em 1947. A partir de então percorreu, por diversas vezes, o mundo inteiro, levando consigo a mensagem do que representa Fátima. Depois de mais de meio século de peregrinação, em que a Imagem visitou a maioria dos países dos vários continentes, alguns deles por diversas vezes, a Reitoria do Santuário de Fátima entendeu que ela não deveria sair mais, a não ser por alguma circunstância extraordinária. Em maio de 2000, foi colocada na exposição Fátima Luz e Paz, onde foi venerada por dezenas de milhares de visitantes. Passados três anos, mais precisamente no dia 8 de dezembro de 2003, solenidade da Imaculada Conceição, a Imagem foi entronizada na Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, tendo sido colocada numa coluna junto do altar-mor. Entretanto, a fim de dar resposta aos imensos pedidos provenientes de todo o mundo, foram feitas várias réplicas da primeira Imagem Peregrina. Até que a primeira voltou a sair no dia 12 de maio de 2014, primeiramente para uma visita às comunidades religiosas contemplativas existentes em Portugal, que decorreu até ao dia 2 de fevereiro de 2015, e depois a todas as dioceses portuguesas, de 13 de maio de 2015 a 13 de maio de 2016. Em cujo itinerário passou esta semana por Felgueiras, no périplo pela diocese portucalense, tendo como objetivo um maior envolvimento na celebração do Centenário das Aparições de Fátima, a comemorar no próximo ano.

Não foi agora, desta vez durante pouco mais de um dia, a primeira vinda dessa imagem a terras de Felgueiras. Assim como outras ocorrências de cariz religioso se deram entretanto.


= Na estada da imagem de Nossa Senhora de Fátima em Felgueiras por ocasião da grande peregrinação da imagem peregrina em 1969, estando na Guarda de Honra o Chefe Antero, dos Bombeiros de Felgueiras (foto de arquivo pessoal de seu filho, sr. Armando Silva). =

Faz o caso recordar anteriores vezes que Felgueiras teve oportunidade de ter acontecimentos destes. Como aconteceu em 1969 e então com mais tempo e amplitude, quando a mesma imagem andou pelas paróquias todas e em cada uma mereceu honras de celebrações próprias culminadas com procissões paroquiais, em ambientes decorados a preceito, metendo arcos floridos à maneira antiga portuguesa, conjuntamente com visitas pastorais dum bispo da diocese, na mesma ocasião. 

= Arco tradicional florido, de recepção à visita da imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima, na paróquia de S. Tiago de Rande - Fevereiro de 1969 =

Sobre aquela visita contemporânea também, há imagem da procissão paroquial correspondente na paróquia de S. João de Sernande, da qual se mostra panorâmica visual, vendo-se o andor em ombros de soldados, jovens ao tempo a prestar serviço militar e que eram da mesma freguesia, mais aspetos figurativos de Nossa Senhora e dos pastorinhos de Fátima.

= Procissão de Sernande, a passar sobre tapete de flores à maneira tradicional - Fevereiro de 1969 =

Assim como antes ainda, corria a primavera de 1961, por ocasião da peregrinação das relíquias do Santo Condestável por terras de Portugal, houve grande impacto na receção às relíquias do então Beato Nuno Alvares Pereira, em campanha de sensibilização nacional, qual jornadas de culto português ao Beato Nuno de Santa Maria.

Essa passagem das relíquias de Nun’ Álvares foi um acontecimento que ficou na memória, tal o aparato que ao tempo gerou. Tanto que a passagem de seus restos, em viatura oficial, teve alas de crianças de escolas e catequese a ladearem as estradas por todo o trajeto dentro do concelho de Felgueiras, bem como representantes de instituições e agrupamentos, a honrar a ilustre figura desse português herói e santo. Tendo sido construídos tapetes de flores, com todo o povo afadigado na sua execução na noite antecedente, e que só deixaram ser depois pisado na passagem das relíquias veneradas, sob entoação dum hino litúrgico próprio, que o Padre Moreira das Neves compôs para a mesma Peregrinação Nacional das Relíquias.

ARMANDO PINTO

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