Espaço de atividade literária pública e memória cronista

sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Artigo no Semanário de Felgueiras – em tempo tradicional de férias ("Guerra em paz")


Guerra em paz

Com o tempo de verão na sua plenitude, como que a refletir atmosfera dos dias de muito sol, há ambiente sem nuvens de predisposição estival, à maneira da boa disposição tomar conta do ânimo envolvente. Estando-se em período de férias para muita gente, metendo fase de algum descanso ou lazer turístico, como convidam as temperaturas quentes. Sendo época que noutros tempos dava para se andar aos grilos, notados pela própria sinfonia refrescante, enquanto hoje há quem ande à procura de “pokémons”, numa moda mais virtual de jogo em voga para apreciadores.

Nessa ambiência de descontração, contando ser temporada de passeios e visitas, lembra o caso também haver quem possa passar por estes lados nossos, ao jeito como se visita monumentos e museus por outros sítios, se por cá também houver o que ver, para quem não se agarrar demasiado aos meios virtuais, entenda-se. Saltando à ideia quão interessante seria haver um museu público na cidade sede do concelho, para melhor oferta aos visitantes e que, além de conter o usual quanto a artefactos, servisse sobretudo de garante do património conjunto. Ultrapassando o que existe (sabendo-se da existência de locais particulares e especialmente do museu do Assento, este não só longe do centro urbano mas também sem um delineamento historiador do que respeita ao território, mais personalidades salientes e factos memorandos), ou seja, que diga respeito a tudo e todos.

Vem isto a propósito, ainda que não pareça, de se estar em período comemorativo da 1ª Grande Guerra Mundial, cujo início ocorreu precisamente no ano da chegada do antigo comboio a terras de Felgueiras, em 1914 recorde-se, e levou às trincheiras da Flandres até 1918 também mancebos felgueirenses incorporados no Corpo Expedicionário Português. Decorrendo então o centenário da I Guerra Mundial, período propício a pelo menos lembrar não só os mortos mas igualmente os intervenientes que sobreviveram, nessa participação mártir em que estiveram jovens conterrâneos daquele tempo. Pois esses (que deviam ser enumerados até em lista historiadora, num estudo dos muitos que deviam ficar em letra de forma), todos eles, seriam alguns dos nossos patrícios merecedores de homenagem, não tanto com medalhas a título póstumo, mas com algo físico que faça perdurar pela memória coletiva o seu sacrifício, em representação afinal da população que por cá ficou e deu seguimento à felgaridade através das gerações seguintes. Vindo a talhe reparar na falta de um museu municipal onde figurem essas e outras ocorrências, de modo a honrar os nossos antepassados.

Resulta então esta lembrança, e daí a pertinência, de um destes dias ter chegado ao conhecimento do autor destas linhas o facto da destruição dumas quantas fotografias coevas, que deixadas ao sol e à chuva, como se diz, por desleixo de descendentes, se desfizeram pelo efeito do tempo das fisionomias de rapazes que viveram nesta região, fardados com os uniformes de cotim e capacetes de soldados dos tempos de La Lys. Fotos essas, retratando pessoas desta zona que estiveram nesse conflito internacional desenrolado nos campos de batalha em solo europeu, testemunhavam em películas impressas tal período sofrido da história pátria. Entre exemplares merecedores de chegarem ao conhecimento dos vindouros. O que leva a imaginar que poderia haver forma de oficialmente prover uma recolha de documentação ainda existente, em diversos géneros de suporte, para criação dum fundo histórico, por exemplo, e extensivamente isso ficar à vista pública pelos tempos fora.

Não fazendo disto uma guerra, mas para descanso de consciência, fica a ideia para paz da memória.

ARMANDO PINTO

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quarta-feira, 27 de julho de 2016

O famoso Padre Sena, amigo de Camilo, nas memórias felgueirenses - a propósito de Conferência de D. Manuel Clemente, em Felgueiras


Entre realizações que de vez em quando também acontecem em Felgueiras, vai ocorrer por estes dias, mais preciosamente a 29 de julho, uma sessão evocativa aberta ao público em geral, na «Casa das Artes» da Cidade de Felgueiras, onde o Sr D. Manuel Clemente, Cardeal Patriarca de Lisboa e anterior Bispo do Porto, proferirá uma conferência intitulada «Padre Sena Freitas, uma grande figura da Igreja que também esteve em Felgueiras».

Convirá referir que, ao lado dos seus contemporâneos, Antero de Quental e Teófilo Braga, o Padre Sena Freitas foi um notável açoriano que muito marcou a vida cultural portuguesa da segunda metade do século XIX, tendo estado nos anos setenta dessa centúria em Felgueiras, onde foi professor no Colégio de Santa Quitéria, da Congregação da Missão de São Vicente de Paulo.

Apesar de autor de uma vasta e multifacetada obra, abrangendo as áreas da teologia, da filosofia, da pedagogia, da literatura e crítica literárias, do jornalismo, da política e da parenética, obra representativa da sua preocupação de fazer dialogar a fé com a cultura dos seus contemporâneos, Sena Freitas permanece ainda hoje um dos expoentes da cultura portuguesa e brasileira dos finais do século XIX e princípios do século XX mais deficitariamente estudados e necessitados de revisitação crítica.

Como, enquanto investigador e académico, o Senhor D. Manuel Clemente tem dedicado uma continuada, arguta e especial atenção à história da sociedade portuguesa dessa época e ao papel da Igreja nesse quadro, nele saindo particularmente valorizada a figura de Sena Freitas, esta conferência, pelos reconhecidos méritos científicos do orador e pelo interesse e candência da temática, constituirá uma excelente oportunidade de reflexão sobre o «Portugal Contemporâneo» de Oitocentos e inícios do Século XX, oportunidade para a qual exortamos os nossos concidadãos.

Esta louvável ocorrência será uma iniciativa dentro de um ciclo de conferências do Círculo Cultural Abel Tavares, que conta com os apoios do Pelouro da Cultura da Câmara Municipal de Felgueiras e da Paróquia de Santa Marinha da Pedreira.

A propósito, recorde-se o que há já alguns anos o autor e gestor deste blogue publicou, numa das habituais crónicas historiadoras no jornal Semanário de Felgueiras (ao início de Outubro de 2004) sobre o tema, em

Padre Sena Freitas
e o antigo Colégio de Santa Quitéria

À memória colectiva de uma terra, como Felgueiras, seduz sempre, para lá dos naturais filhos e fastos dignos de registo, toda e qualquer ligação de personagens importantes, mesmo de outras paragens, que por estes sítios calcorrearam na sua peregrinação terrena. É o caso de um vulto saliente da cultura pátria, como foi o Padre Sena Freitas, escritor de renome e pedagogo, que em tempos que há muito já lá vão passou por Felgueiras e aqui viveu em função do magistério exercido.

O Padre Sena Freitas era, no que vem a talhe, um nome que diz algo na cronologia existencial do antigo Colégio de Santa Quitéria, que existiu ao lado do Santuário ali erecto. Ora, esse estabelecimento de ensino foi um marco inolvidável do passado do Monte de Santa Quitéria e extensivamente na região de Felgueiras e concelhos limítrofes.

Recuando em enquadramento, no referido local, sobranceiro à sede concelhia de Felgueiras, houve então esse pólo de ensino onde foram alunos alguns jovens do passado que se tornaram personagens de âmbito nacional e local, como o Padre Américo Aguiar, conhecido fundador da Obra da Rua e da Casa do Gaiato, o Conselheiro Dr. António Barbosa Mendonça e seu irmão Juiz Conselheiro Dr. Alexandre Mendonça, o General João Sarmento Pimentel, Dr. Luís Gonzaga Fonseca Moreira, Padres Luís e António Castelo Branco, Dr. José de Barros Carneiro, Manuel Bragança, Padre Bráulio Guimarães, etc. E entre o quadro docente figuraram, além do fundador P.e Álvares de Moura, nomes como, por exemplo, um famoso cientista de sua graça Padre João Ernesto Shmitz, o histórico Reitor do Santuário Padre Henrique Machado, assim como leccionou no dito colégio, também, o Padre José Joaquim de Sena Freitas.

As qualidades formativas daquele Mestre Padre exerceram grande influência à época, através de seu espírito culto, tal qual foi autor de apreciada obra literária, mas passou mais à História por via da sua forte amizade com o grande escritor Camilo Castelo Branco, com o qual se relacionou intimamente. Havendo recebido do eloquente romancista elogios escritos, tais que vêm na obra sobre a revolta da Maria da Fonte. Tendo mesmo o Padre Sena Freitas tentado aproximá-lo mais da prática cristã, como teve alguma interferência na resolução do casamento religioso de Camilo, depois da sua vida passada com Ana Plácido, embora o papel principal nesse enlace haja pertencido ao famoso orador sacro Cónego Alves Mendes, um pregador que, por sinal, era também frequentador dos púlpitos desta região (como ficou referência de um sermão na festa paroquial de Rande, na transição para o século XX, segundo as “Memórias do Capitão” de João Sarmento Pimentel). À cerimónia nupcial do grande literato, porém, não esteve presente o Padre Sena Freitas por na ocasião se encontrar no Brasil, à frente de colégio que fundara em S. Paulo (conf. P.e Alexandrino Brochado, na VII Colectânea de Textos de Autores do Vale do Sousa, edição da C. M. Paredes).

Pois o Padre Sena Freitas, no seu multifacetado périplo mundano, foi um dos Mestres do Colégio de Santa Quitéria, como se lhe referiu o Padre Casimiro José Vieira, ao que consta nos seus “Apontamentos para a História da Revolução do Minho em 1846 ou da Maria da Fonte “ (de que, aquele Padre Casimiro, foi um dos cabeças desse movimento de milícias, após o qual também viveu em Felgueiras, tendo sido um dos principais impulsionadores pioneiros da estrada original de acesso ao Monte de Santa Quitéria).

Oriundo dos Açores, onde nasceu na ilha de S. Miguel, em Ponta Delgada, a 27 de Julho de 1840, filho de um historiógrafo e arqueólogo, Sena Freitas foi condiscípulo de Antero de Quental e conviveu com homens de letras como Castilho, teve apreciada produção literária e ficou conhecido por polemista de garra. Tornado clérigo, empreendeu um percurso que o levou a tornar-se Lazarista, professando na Congregação da Missão de S. Vicente de Paulo, depois de concluir o Curso Teológico no Seminário de S. Lázaro, em França. Seguiu depois rumo ao Brasil, havendo ensinado e missionado por aquelas terras da América do Sul até regressar a Portugal. Veio em 1873 para Felgueiras, nomeado professor de Filosofia e Línguas no Colégio de Santa Quitéria, mantendo-se no Monte das Maravilhas cerca de um ano, para mais tarde ali voltar em 1877. Tendo em 1878, no intuito de contribuir «para a difusão da cultura religiosa», ainda fundado o órgão de comunicação “Progresso Catholico”. Depois, foi em 1895 eleito Deputado da Nação, pelo círculo do distrito do Porto, na lista do Partido do Centro Católico do Distrito do Porto. Posteriormente, por mais que uma vez saiu da sua Congregação e foi readmitido, voltou igualmente ao Brasil e retornou, foi nomeado Cónego da Sé de Lisboa, andou pelo Oriente, foi exímio escritor e acabou por se radicar finalmente no Brasil, onde faleceu a 21 de Dezembro de 1913. 

De sua produção literária pode anotar-se os principais títulos: “O Morto Imortal”, ed. em 1883, “No Presbitério e no Templo”, em 2 volumes, 1884, “Autópsia da Velhice do Padre Eterno”, 1886, “Perfil de Camilo Castelo Branco”, 1888, “Observações Críticas e Descrições de Viagens”, 1891, “Lutas da Pena”, 2 vol. 1901-1902, “Por água e terra”, 1903, “A Palavra do Semeador”, 3 vol. 1905/07, “Ao veio do tempo”, 1908, “Stambul”, 1909, “Historicidade da Existência Humana de Jesus”, 1910.

Escrevia sua autobiografia quando morreu. Desaparecido da terra, sem ter passado às letras suas recordações, nunca foi esquecido contudo, merecendo estudos analíticos de importantes cérebros como Antero de Figueiredo, Dinis da Luz, Augusto Ferreira, Padre Moreira das Neves, João Anglin, entre outros que, ao logo dos tempos, lhe dedicaram páginas apreciativas ao temperamento que o fez passar pela vida com notoriedade. Ele que, no que nos toca mais, foi um Pensador que, afinal, ficou associado ao passado humanista Felgueirense.

 ARMANDO PINTO


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sexta-feira, 22 de julho de 2016

Memórias personalizadas à Volta… de afeições – em artigo no SF.


Está quase a ser dada a largada para mais uma Volta a Portugal, a popular corrida de bicicletas que percorre o país de cima a baixo e para os lados, não por todo o lado, por tal não ser possível no limite dos dias em que acontece, mas em parte do território, enquanto desperta atenção de boa parte do povo que segue os acontecimentos públicos. Com gente inrteressada e entusiasta em diversos pontos do país, incluindo Felgueiras. E, dentro dessa proximidade, calha desta vez fazer alusão a algo relacionado, na colaboração normal ao jornal Semanário de Felgueiras.

Disso, que narra de forma mais resumida (por ser em artigo de jornal) uma recordação que em tempos desenvolvemos noutro local, deixamos correr a descrição que anda…

Às voltas da Volta…!

Estamos a chegar ao tempo da Volta a Portugal em bicicleta, no desporto ciclista que este ano detém grandes atenções derivado ao reaparecimento de dois grandes clubes de tradições nacionais. Voltando às estradas todo o colorido e entusiasmo que transportam nos pedais os ciclistas, até diante dos olhos da assistência que acorre às bermas das estradas. Apesar de no nosso caso a prova-rainha do ciclismo português não passar este ano por estes sítios felgueirenses, onde em tempos houve pergaminhos de bom material.

Fazendo ténue travagem no tempo, recuamos a memórias de tempos em que o ciclismo teve impacto na nossa terra, pelos idos anos cinquentas e sessentas do século XX, desde as andanças do felgueirense Artur Coelho com a camisola amarela, por diversas vezes, até ao entusiasmo gerado com a presença de outros conterrâneos na Volta, como foi com Joaquim Luís Costa e Albino Mendes, por exemplo. Mas também com outras cambiantes…

= Os Felgueirenses Artur Coelho, Joaquim Costa e Albino Mendes, que "fizeram" a Volta a Portugal nas equipas do FC Porto e do Académico, respetivamente como se vê pelas camisolas. Artur Coelho desde 1955 até 1961, Joaquim Costa em 1961 e 1962, e Albino Mendes em 1964 =

Então, chegado o pino do Verão, quando os dias se tornam calorentos na pachorra estival, por norma é tempo de Volta a Portugal em bicicleta, passando o país a ser percorrido pela prova ciclista que se tornou conhecida e apreciada, saindo o povo às estradas para ver passar os corredores, naquela correria que por estes dias tem espaço nos meios de comunicação social. Sendo em época veraneante a popular Volta um corolário da temporada desportiva, enquanto o futebol não volta. E estando-se então neste coincidente período, a memória pessoal recua a tempos de esplendor dessas corridas. Qual passarinho batendo asas e levando-nos a tempos de outrora, sem sairmos da frente do teclado em que damos largas a estas memorizações. Vindo a calhar recordar um caso personalizado, mas propício. Sobre um tio que era um caso à parte nessas coisas, apaixonado pelas corridas de ciclismo. Um tio com quem sempre mantive uma proximidade interessante, acabando por sempre vir à baila o tema do ciclismo, comigo, um dos seus sobrinhos mais novos, em conversas que andavam para trás e para a frente, sem muito saírem do mesmo, que era ele recordar o Fernando Moreira, o seu grande ídolo de todos os tempos, e puxar pelo que eu sabia, interessado por tudo o que fosse assunto desportivo… do clube que também nos unia. Mesmo sem eu ser desse tempo, de antigamente, como ele dizia, mas por aqui quem recorda estas facetas gostar de andar a par de tudo, para não jurar nada falso.

Fernando Moreira era o grande ciclista que em finais da década dos anos quarenta encantava o país, havendo em 1948 vencido a Volta a Portugal, com uma perna às costas, no dizer do meu tio. E só não ganhara mais Voltas por azares, nuns casos, e noutros por ausência, devido a ter corrido pelo estrangeiro, no Brasil e Marrocos, especialmente, por esses tempos. Mas vencera ainda algumas clássicas e outras provas do calendário do ciclismo português. E esse meu tio idolatrava o Fernando Moreira sem nunca o ter visto de perto e julgo que nem de muito longe, ao certo. Ele era um acérrimo admirador desse corredor que apaixonava multidões, nesses tempos de outrora e como tal era figura pública que gerava entusiasmo por todos os lados. Contando meu tio peripécias que ouvira sobre ele e pelo que andava em romances de cordel, duns panfletos que em tempos antigos se vendiam nas feiras. Nutrindo aquele meu tio uma grande simpatia por esse nome sagrado, como entusiasta de suas façanhas. À maneira do que hoje se considera no conceito de fã, aportuguesando o inglesismo fan, admirador do Fernando Moreira como era aquele meu tio.

Pois com ele, era sempre o Fernando Moreira isto e o Fernando Moreira mais aquilo, apesar dele ter deixado de correr há muito, já nesse tempo. Mas, mesmo assim, quando passavam corridas de bicicletas por aqui, à nossa porta ou perto, onde víssemos, ele, que não faltava nunca e postando-se à minha beira, incentivava os corredores gritando pelo Fernando Moreira… como se esse fosse um grito de guerra, seu talismã.

ARMANDO PINTO

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quarta-feira, 13 de julho de 2016

No 26º Aniversário da Cidade de Felgueiras


Passam já 26 anos que Felgueiras, a antiga vila sede do concelho, foi oficialmente elevada a cidade. Tendo sido a 13 de Julho de 1990, pela tarde desse dia quente que encerrava a semana decorrente, que foi aprovada a respetiva proposta na Assembleia da República, em Lisboa. Proposta essa cuja redação original teve como autor o Dr. Miguel Mota, jovem a que, por esse motivo, então foi dado o seu nome à Biblioteca Municipal de Felgueiras. Algo entretanto alterado, na evolução dos tempos, pois foi retirado ainda há pouco, sensivelmente quando perfaziam 25 anos dessa ocorrência… que aqui referimos para enquadramento – quanto ao que há 26 anos foi impresso em letra de forma no jornal Notícias de Felgueiras, onde teve lugar um texto alusivo, que vem a talhe recordar.

Assinalando aqui o 26º aniversário dessa elevação de Felgueiras à categoria de cidade, rememoramos assim o que então escrevemos e foi publicado no semanal Notícias de Felgueiras.


ARMANDO PINTO

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quarta-feira, 6 de julho de 2016

Meu dia dos dias – a meus Pais!


Este é um dos meus dias, daqueles que em nossas vidas são dia dos dias. No caso porque foi quando tudo começou, do que nos liga ao mundo, pois sem esse dia, do que nele aconteceu, não teria ocorrido nada do que veio a suceder no decurso dos tempos… pessoais. Como dias muito especiais que daí puderam advir, conforme foram aqueles em que nasceram meus filhos e mais tarde os meus netos. Assim como, noutro âmbito, aconteceram dias e horas inesquecíveis, quais tardes e manhãs de Viena e Tóquio, em 1987… para não falar em minutos, como foi naquele célebre minuto 92… já no século XXI. Mas também quanto se sentiu noutras ocasiões, que nos ficaram gravadas, como foi a publicação do livro historiador da terra mátria, em 1997, etc. e tal. Claro que não nos saiu nada do género de euromilhões, totobola ou lotarias, nem nenhum grande prémio de jogos públicos, coisa que daria muito jeito, mas por cá ainda andamos e sem ser só por ver o outros andarem. E temos muita sorte em ter de quem gostarmos e termos quem goste de nós.

Diz-se que a vida são dois dias, no sentido da brevidade a que se resume. Mas esses dias, multiplicados ao quadrado pelo que se vive, podem resultar numa sequência interessante. Como é afinal, a partir que nos lembramos de por aqui andar. Tendo tudo começado num dia como este.

Neste dia, em que a vida ainda tem andado para além dos dias, lembramos quem nos trouxe à vida. Sendo este um dia assim, em que melhor que palavras restam contínuos sentimentos.

Armando Pinto


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sexta-feira, 1 de julho de 2016

Artigo no SF – À laia do “Brexit” - No 13º Aniversário da Vila da Longra


Com alguns raios da luminosidade passada da Festa do Concelho e na passagem do 13º aniversário da vila da Longra, calha oportunidade de novo artigo de nossa lavra, aqui do autor, nas páginas do Semanário de Felgueiras.

Com efeito perfaz agora 13 anos que na Assembleia da República, em Lisboa, foi aprovada a elevação da antiga povoação da Longra ao estatuto de vila. Passavam poucos minutos das 18 horas dessa terça-feira do sétimo mês de 2003. Motivo porque durante anos (através de iniciativa de um conterrâneo, entretanto falecido) era costume ser assinalado o facto, sensivelmente à hora aniversária, com tantas bombas de fogo, ou seja de foguetes, conforme o número de anos do respetivo aniversário, sempre pelas seis e pouco da tarde de cada dia 1 de julho.


Relacionado com o caso, em jeito de rememoração, juntam-se algumas imagens históricas, quer da presença na Assembleia nacional, bem como do livro alusivo publicado na ocasião.

Por fim, a propósito da efeméride em apreço, e extensivamente com outros motes, na pertinência da atualidade, ficam alguns laivos deambulantes ao tema - através de recorte da coluna do artigo, publicado na edição desta sexta-feira do SF, mais o correspondente texto datilografado.

À laia do “Brexit”…

Estamos dentro do tempo dos tradicionais festejos dos santos populares, cujos ecos da festa concelhia de Felgueiras ainda ecoam, como que vindo monte abaixo agora, como ainda há dias se ouvia pela encosta acima no acompanhamento ao cortejo das flores. Estando assim de fresco esta época das orvalhadas que costumam surgir em manhãs de acalmia retemperadora. As tais orvalhadas que em cantigas populares alusivas à quadra sanjoanina se associa a mulheres casadas. Tanto como a História tem muitos pontos de contacto, conforme diz a teoria de se poder repetir, por vezes. Quando, por outro lado, não fica solteira.

Ora, como orvalhadas de refrescar memórias, acresce que ainda nas réstias da passagem da festa do concelho, de encerramento à época dos santos populares, calha também a passagem de mais um aniversário da elevação da Longra a vila. Coisa que em tempos era como um bom naco de carne em churrasco próprio da época, e agora mais parece sardinha a que não é puxada a brasa. À falta de algo mais para além de festinhas, pela necessidade de obras e preservações que bem são precisas em certos aspetos, antes que seja tarde.

E na mesma proximidade, está ainda presente a recente façanha da segunda equipa de futebol felgueirense, no facto do FC Felgueiras B ter subido à 1ª Divisão da AFP, prestigiando Felgueiras em tal mais valia para o desporto concelhio, daqui em diante com a equipa A na Divisão Sénior Nacional e a B na 1ª Distrital. Curiosamente fazendo lembrar a primeira subida de divisão do original clube, quando o FC Felgueiras em 1965 ascendeu à divisão acima da que estivera desde a inscrição nas provas associativas. Num tempo em que os jogadores do Felgueiras até tiveram horas de estágio na Longra, em casa e a expensas dum felgueirista dos bons, que recordamos como exemplar associado do clube (e só não referimos o nome por não sabermos se isso será de aprovação da família). 
Curiosidade que até virá a talhe, entre recordações nesta ocasião aniversaria da vila da Longra, sempre ligada a bons momentos felgueirenses, também.

Tudo isso e mais acontecendo por estes lados, enquanto lá por fora as estruturas políticas sofreram forte abanão, com o resultado do referendo que ditou nas urnas a saída do Reino Unido da União Europeia, de modo expresso da vontade da maioria dos súbditos da velha albion. Estando no ar eventualidade de saída da comunidade europeia. Dando-se o já famoso "Brexit", que ainda paira na surpresa geral e não é certo quanto ao porvir. Porém, no cenário político-partidário, será doravante recorrente, pelo menos, e deverá merecer atenção em todos os quadrantes e sítios. Perante constatação que a chamada União Europeia, com o que levou à perda de identidade e crise monetária e social, etc. e tal, tem de ter outro rumo. Contando com as derivações e situações decorrentes. Veja-se o exemplo da tal malfadada união de freguesias que levou ao desinteresse geral e desaparecimento de afinidades... e dividiu pessoas. Podendo então o “Brexit” ser um safanão de que a Europa precisa. A tal Europa política que inicialmente era apresentada como Europa das regiões, mas afinal tem sido a Europa de uns quantos papões, dos países mais poderosos que trazem os mais pequenos acomodados a seu mando. Enquanto o povo em geral perde qualidade de vida e os representantes políticos passam temporadas à sombra das estrelas europeias com boas compensações.

Vive-se então tempos de indefinição e reflexão, de perspetivas várias, qual arco-íris após tempestades, na profusão de tonalidades ressaltadas. Sendo Brexit uma abreviatura para saída britânica, mas que já soma outras contas, não faltarão daqui em diante mais abreviaturas, para lá e para cá do horizonte.

ARMANDO PINTO

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quarta-feira, 29 de junho de 2016

Cortejo das Flores – Felgueiras / 2016


Manhã de sol, em dia de feriado municipal, e muito povo encosta acima, desde o sopé do Monte de Santa Quitéria, na cidade de Felgueiras, até ao cimo onde tem lugar a festa do concelho. Reunidos os ingredientes habituais, subiu mais um cortejo das flores até ao arraial da festa felgueirense do S. Pedro, dando o tradicional colorido ambiental a toda aquela íngreme artéria que, já desde os tempos do célebre Padre Casimiro José Vieira da revolta da Maria da Fonte, é da Alegria.

Realizou-se então na manhã deste dia 29 de junho, como é usual anualmente, o tradicional Cortejo das Flores, apreciado número do programa que é cabeça de cartaz das festas do Concelho de Felgueiras. Desde que foi recuperada essa tradição, em inícios dos anos noventas, depois de ter havido interrupção de antiga organização desse cortejo, que havia durado até meio dos anos sessentas. Vindo à lembrança a memória do sr. Cunha Felgueiras, simpático personagem do remanso da antiga vila de Felgueiras, já falecido, que durante muito tempo teve papel preponderante no processamento desse cortejo. Assim como reconhecemos a importância que teve quem (ainda vivo e bem, felizmente, como vimos lá no meio dos participantes, a desfilar), quem conseguiu tempos atrás reeditar esse antigo costume, por volta de 1990. Inicialmente apenas com o seu Rancho e mais alguns outros agrupamentos folclóricos, até que nos anos seguintes foi engrossando a participação com escolas e associações, a que se juntaram representações das Juntas de freguesias, de modos que posteriormente ganhou novo alento e tem tido grande afluência.  

É agora, de há anos a esta parte, este cortejo um grande chamariz das atenções, dando particular realce à festividade.

Do cortejo deste ano, como exemplos, colocamos algumas imagens panorâmicas a dar ideia do que é essa caminhada florida monte acima, desde a cidade de Felgueiras até à alameda do Monte de Santa Quitéria, dentro da festa do S. Pedro de Felgueiras.


Armando Pinto

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