Espaço de atividade literária pública e memória cronista

sábado, 12 de julho de 2014

História de atividades do Rancho e seu Festival da Longra em livros...


Aí está mais um festival de folclore da Associação Casa do Povo da Longra, um evento que desde a primeira hora ficou a atrair grande interesse e afluência de grandes assistências. Com especial chamariz no cuidado posto no cenário do palco, na representatividade manifesta no programa, etc.

De tal Festival de Folclore da Longra ficaram historiadas as respetivas edições e demais atividades, através de livros escritos e editados pelo autor, como em simples exercício de recordação aqui se relembra.

Livros  com referências ao Rancho e seu Festival, ou a História do Rancho, suas atividades e do Festival, em livros:


- «1ª Mostra Filatélica e Exposição Museológico-Postal da Casa do Povo da Longra» (relativa a Semana Cultural de abrangência comemorativa do centenário de Francisco Sarmento Pimentel e octogenário do Correio da Longra - Julho de 1995). Com inerentes referências à participação do Rancho da casa...


- «1º Festival Nacional de Folclore “Longra/97”» (englobando partes historiadoras e galeria directiva da Associação - Maio de 1997).


- Livro (volume monográfico) «Memorial Histórico de Rande e Alfozes de Felgueiras»; publicado em Novembro de 1997. Edição patrocinada pelo Semanário de Felgueiras.


- «2º Festival de Folclore do Rancho da Casa do Povo da Longra» (contendo Lendas e Narrações das freguesias da área da instituição - Setembro de 1998).


- «Associação Casa do Povo da Longra-60 Anos ao Serviço do Povo» (alusivo ao respectivo sexagenário, contendo a História da instituição - Abril de 1999).


- «3º Festival de Folclore da Longra-Memória etnográfica do sul Felgueirense e afinidades concelhias» (Julho de 1999).


- «4º Festival de Folclore da Longra-Celebração Folclórica do sul Felgueirense» (Julho de 2000).


- «Evocações da Festa Paroquial de S. Tiago de Rande» (Julho de 2000 - de promoção à festa desse ano, por solicitação da respectiva comissão organizadora, traçando panorâmica das festas antigas.) Incluindo referências à  colaboração do R I J da C P Longra.


- «Rancho da Casa do Povo da Longra-Sete anos depois... em idade de razões» (Maio de 2001 – livro comemorativo do 7º aniversário do mesmo agrupamento e também alusivo ao 5º Festival de Folclore da Longra, de Julho seguinte – incluindo texto de fundo narrativo do “Conto de um Rancho Amoroso”, sobre a história do grupo em questão.)


- «6.º Festival do Rancho da Casa do Povo da Longra – Desfile de Oito Anos de Vida» (Junho de 2002).


- «7.º Festival da Associação Casa do Povo da Longra – Danças Mil em Nove Anos de Folclore» (Junho de 2003).


- Livro (alusivo da) «Elevação da Longra a Vila» - Julho de 2003. Edição do autor. Incluindo referências à  colaboração do próprio R I J da C P Longra e de alguns dos seus elementos desse tempo.


- «8.º Festival da Associação Casa do Povo da Longra – Alcance duma Década Etno-partilhada» (Junho de 2004).


- «9.º Festival da Associação Casa do Povo da Longra – Comunhão de Tradição Associativa» (Junho de 2005).

= O livro correspondente ao Festival de 2006, apesar de escrito e acabado, com toda a respetiva informação e cronologia histórica, não chegou entretanto a ser publicado, por motivos diversos, mas o original ficou guardado na biblioteca do museu etnográfico da mesma instituição, para constar (e, a relação atualizada até à campanha de 2006 , em quadro emoldurado).

Armando Pinto

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Agradecimento: pelas lembranças e atenções dos parabéns!


Foi um dia porreiro! Melhor dizendo, um dia bem passado, com as pessoas que mais gosto, naturalmente, junto a mim. Festejando mais um ano, à entrada na ternura dos sessenta, sem lembrar a conta mas a companhia de quem quero sempre comigo. E cá sopramos a mais velas, como queremos, em ambiente azul!

Apesar da manhã chuvosamente esquisita, na medida contrária ao que é anualmente costume, a tarde já se portou melhor neste tempo habitualmente de verão. Interessando, contudo, que foi sempre dia especial, pleno de calor humano, à medida das nossas afeições, na companhia de familiares chegados, com quem temos os mais estimados motivos existenciais.

Entretanto, agradecemos a todos os amigos e restantes familiares que nos enviaram mensagens de parabéns, e a todos os amigos da blogosfera e do facebook que também nos tiveram presentes em suas lembranças. E em tudo o mais que era e é para bem.

Na impossibilidade de agradecermos a todos, pessoal e particularmente, fica este agradecimento geral, mas com sentido de que reparamos e apreciamos tudo e todos.

Obrigado.
E é agora a minha vez de retribuir a todos, dando os meus parabéns, também, pela amizade e sinceridade demonstradas.


Armando Pinto

sábado, 5 de julho de 2014

Mais uma crónica no SF: Temas felgueirenses de ontem e hoje…


Com a festa concelhia de S. Pedro como denominador comum, entre diversas situações que viraram factos memoriais e fastos históricos, recordamos desta feita algumas facetas dignas de menção nos anais felgueirenses, em mais uma crónica no Semanário de Felgueiras.

Na pertinência de se verificar atualmente a união clubista do futebol em Felgueiras, com a anteriormente tão adiada e agora finalmente concretizada fusão, aproveitamos a maré para focar assuntos de interesse relacionado, em vista a procurar puxar pela mística Felgueirista.


Mas, porque pensamos ter discorrido o essencial, o melhor é ler, pois está lá tal intenção com algum desenvolvimento.


Ora, desse artigo, cujas palavras escorridas no texto têm realidade, poderá ver-se a respetiva coluna em imagem digitalizada - do que foi publicado na edição de sexta-feira dia  4 de Julho, na página 10 do jornal Semanário de Felgueiras.


… E, do mesmo, de seguida colocamos o texto datilografado, para melhor leitura:

Quando S. Pedro ia mais à bola…

Ainda está na retina o colorido vistoso do cortejo das flores que mais singular torna a festa do concelho de Felgueiras. Todavia a festividade já passou por este ano, diluindo-se no tempo as tonalidades que alegraram o ambiente. Porém a essência de tais festejos comunitários permanecem como festim de união, qual elo de aproximação coletiva, pese a importância que possa ser dada por cada qual.

É assim que pessoas antigas por muitos anos recordaram e transmitiram uma festa do São Pedro terminada debaixo de violento temporal; como outros avivavam, pelos tempos adiante, memórias dos antigos cortejos com gente rogada pelas freguesias, enquanto de véspera eram guardados lugares, no terreiro frondoso, para no próprio dia, e finda a deposição das flores em torno do monumento da Imaculada, todos comerem os farnéis sentados sobre mantas estendidas por tudo quanto era sítio, no monte da Santa.

Ora, também por isso, com um motivo algo particular, ficou na memória aquela festa do São Pedro de Felgueiras do ano da primeira subida de divisão do Futebol Club de Felgueiras (pois era assim ainda inglesado que normalmente era escrito, nessas eras), a meio da década de sessenta, do século XX.

Muito tempo decorreu, entretanto. Embora lá no alto de Santa Quitéria ainda não haja mesas e bancos para comer merendeiros, passados tantos anos. Pois não falta já muito para perfazer meio século, desde então. Tendo naquele ano toda a festa, por assim dizer, haver fluído com todos mantendo o futebol no sentido, estando sempre presente na cabeça o que se jogava no ainda pelado terreno da Rebela, no Campo Doutor Machado de Matos. A pontos de em plena caminhada pela encosta acima, durante o trajeto do cortejo das flores, muito bom folião quase ter deixado as mulheres a cantarem entre elas, com as cantorias por sua conta, porque muitos acompanhantes, apesar de levarem cravo ao peito e alfádega na orelha, por baixo do chapéu, irem entre eles a conversar, antevendo o que podiam fazer Sabú, Pimenta, Rodas (como popularmente era tratado César Roda), Estebaínha, Mário, Cardoso, Pacheco, Zé Maria, Mendes, Mamede, etc… e como o Monteiro surpreendera inicialmente a malta assistente, por ter aparecido a divisar o ponto central da baliza, até à pequena área, com marcação pelo próprio pé duma risca para sua orientação – coisa que até ali se não vira por estes lados… como aqui o autor destas notas se recorda de ter escutado, petiz ainda, mas desenvolvido já em ouvidos bem abertos, por quanto interessava aquele tema, que até fazia esquecer o refusto provocado pela camisa de linho colada ao corpo suado… em traje folclórico, como mandava a ocasião.  

Passara também aquela época do S. Pedro, em Felgueiras, sem contudo ter acontecido de imediato a ascensão ansiada, como é sabido pela história memorizada e também escrita. Tanto que teve de se esperar pelo início de Julho seguinte, para a tal subida de divisão acontecer. Sob calor estival e peripécias inesquecíveis, em que finalmente se verificou a primeira subida, da então 3ª Divisão para a 2ª Distrital. Faz para o próximo ano cinquenta anos.

Este ano o ciclo festivo do S. Pedro de Felgueiras fica ligado à atualidade de passar a haver de novo um só clube, decidida que está a fusão dos recentes dois clubes de futebol com nome de Felgueiras.

Ora, estando prestes a ser oficializada assim a união do futebol da sede do concelho, finalmente, pode-se dizer que de novo volta a existir o Felgueiras, clube de futebol felgueirense, sucessor do histórico Futebol Clube de Felgueiras. E, nada melhor que, de modo a vincar o facto, para o ano possa conjuntamente ser evocada a passagem de 50 anos da 1ª subida de divisão do F C Felgueiras. Podendo até, se possível, ser isso assinalado com homenagem pública aos obreiros ainda vivos, dos que protagonizaram um dos mais memoráveis momentos da vida felgueirense de meados do século XX, fazendo reviver na ternura da idade a gloriosa época de 1964/65, do clube azul-grenã. Porque daqui a um ano, sensivelmente, fará 50 anos desde que o Felgueiras subiu pela primeira vez. Quando S. Pedro ia mais à bola… E daqui em diante pode voltar a vir, trazendo melhores dias ao panorama do futebol felgueirense.

Armando Pinto


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terça-feira, 1 de julho de 2014

A Longra faz anos, nesta data!


Perfaz hoje a soma de onze anos, desde que a Longra passou oficialmente a vila. 

Neste tempo de crise social e de valores, sente-se o ambiente algo acabrunhado, perante antigas aspirações e perspetivas. Mesmo assim a Longra é sempre Longra, e será a Longra de todos nós os que nos sentimos afeiçoados a esta terra. A atual vila da Longra. 

Pelas 18 horas e um quarto, sensivelmente, como é costume, no Largo da Longra deverão rebentar bombas-foguetes em número correspondente à efeméride. Assinalando a comemoração da elevação da Longra a vila, quando, há 11 anos, precisamente numa terça-feira, também, foi declarada a aprovação da lei que criou a vila da Longra, na Assembleia da República. Conforme está historiado no livro "Elevação da Longra a Vila", publicado em Julho de 2003 (e esgotado logo na apresentação, mas que está referenciado na faixa lateral direita deste blogue).

A. P.

domingo, 29 de junho de 2014

Cortejo das Flores de Felgueiras


O tradicional Cortejo das Flores é o número mais vistoso do programa das Festas do S. Pedro de Felgueiras. Autêntico cabeça de cartaz da Festa do Concelho felgueirense.

De cunho muito antigo, esse desfile realiza-se na manhã do dia principal, em pleno feriado municipal, desde o centro da cidade de Felgueiras em direção ao sobranceiro monte de Santa Quitéria, onde tem lugar o arraial da festividade em apreço, fazendo convergir grande afluência de participantes e assistentes.


Pelo meio da manhã do dia de S. Pedro, lá rumam pela encosta acima, as representações das freguesias, associações e demais coletividades felgarianas, com raparigas jovens, mulheres feitas e até crianças levando molhos de flores em açafates à cabeça e cestas nos braços, junto com seus acompanhantes petizes, jovens e adultos, num colorido festivo. Em filas beirando a íngreme estrada antiga, ziguezagueando, ao som de violas, cavaquinhos, concertinas, férrinhos, pandeiretas, recos e bombos, enquanto as moças cantam à porfia cantigas alusivas ao São Pedro,  pela ancestral via das capelinhas do martírio de Santa Quitéria.


Desse lindo cenário que, todos os anos, passa diante dos olhos e enche a encosta do planalto das maravilhas felgueirenses de lindos matizes, como que atirando tintas diversas à tela dos sentidos, registamos algumas pinceladas captadas na paleta de nossa máquina fotográfica…


Armando Pinto

Nota: A propósito, recorde-se um historial referente à memória dessa tradição, que escrevemos no âmbito dos usos e costumes respeitantes e foi publicado no jornal Semanário de Felgueiras, sob título "Festa do Concelho de Felgueiras".

A.P.

sexta-feira, 27 de junho de 2014

Aniversário eterno de minha Mãe !


Dia 27 de Junho. Passado o dia maior do ano, a 24, dia de S. João do Porto, e entrado o verão, tal qual antes do S. Pedro, 29, data do feriado municipal de Felgueiras, a minha mãe fazia anos, a 27… Ora, hoje, neste dia 27 de Junho de 2014, se a minha mãe fosse viva, fazia 99 anos. Nascida que foi em 1915 (tendo falecido em 1988), recordo. E faz 99 anos, porque continua viva em nosso íntimo, permanecendo em nossa memória mais sentida. 


Passados tantos anos, já, desde o seu desaparecimento físico, a saudade continua. Vêm à memória tempos felizes da sua presença. Como diz a letra duma canção, às vezes no silêncio da noite, eu fico imaginando nós dois, sonhando acordado, juntando o antes, o agora e o depois…


Lembro aqui, nesta efeméride, uma prova do registo civil, através de imagens de seu Bilhete de Identidade, passado então para efeitos do casamento e, como tal, com fotografia ainda de seu tempo de solteira. Documento este que patenteia o modelo usado nessas eras, em género de pequeno livro - que guardamos entre preciosidades documentais e estimativas.


Como diria Pessoa, “o valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis”.


Chegado então este dia, 27 de Junho, entramos assim no ano do centenário natalício de minha mãe. Com o coração sempre cheio de saudade e reconhecimento. Revendo, neste dia de anos, um aniversário eterno!


Armando Pinto

sexta-feira, 20 de junho de 2014

Conselheiro Dr. António de Barbosa Mendonça e o Comboio que passou na Longra...e por Felgueiras e Lixa!


Já dizia Valerio Massimo Manfredi (em “A Última Legião”): «Quando se foge e se deixa tudo para trás, o único tesouro que podemos levar connosco é a memória. A memória das nossas origens, das nossas raízes, da nossa história ancestral. Só a memória pode permitir-nos renascer do nada. Não importa onde, não importa quando, mas se conservarmos a recordação da nossa grandeza de outrora e os motivos pelos quais a perdemos, ressurgiremos.»
~~ * ~~
Na proximidade ao Dia do Concelho, como é o feriado municipal, e no âmbito das comemorações em curso da chegada do comboio a terras de Felgueiras, foi recentemente prestado justo tributo público ao Conselheiro Barbosa Mendonça, pelo importante papel desempenhado nesse desiderato pelo antigo presidente das Câmaras de Barrosas e Felgueiras e ainda Administrador do Concelho, Dr. António Pedro de Barbosa Mendonça Pinto de Magalhães e Alpoim. Também influente cidadão, co-fundador do Sindicato Agrícola de Felgueiras (de que mais tarde resultou o Grémio, hoje associado à Cooperativa Agrícola), tal qual fundador e proprietário do jornal Semana de Felgueiras.

= Foto do Conselheiro António Mendonça em tempo de sua vida pública – conforme consta em quadro pintado na sala dos benfeitores da Misericórdia do Unhão).=

O Conselheiro de Rande, como normalmente era tratado, foi também ainda benemérito na região, tendo sido grande benfeitor da Misericórdia do Unhão, onde consta em quadro pintado, desde que ali foi homenageado e teve atribuição de seu nome à alameda fronteira à casa, antigo hospital e convento de Nossa Senhora do Rosário. Além de bairrista colaborador na terra natal, tendo contribuído com doações para a paróquia de Rande, derivado sobretudo à tentativa de minorar efeitos da ocorrência das vendas estatais das propriedades da igreja, bem como na parte civil foi doador dos terrenos para a primeira cabine elétrica na Longra e para a construção do edifício-sede da Associação Pró-Longra (onde hoje é a Casa do Povo).

= Fisionomia do Conselheiro de Rande já em idade mais avançada. =

Pois o Conselheiro Dr. António Barbosa Mendonça, encurtando o nome, como o próprio simplificava na sua assinatura, foi um dos principais mentores e inclusive dos acionistas do comboio que em Maio de 1914 chegou pela primeira vez à Longra…

Assim sendo… Até parece que se ouve ainda o silvo do comboio, como era aquilo, no imaginário, do que nos inícios do século passado transportou nossos antepassados…Taf-taf, taf-taf… Hiii…!

O que serviu de tema a mais um artigo jornalístico, com que desta vez prestamos nossa habitual colaboração ao jornal Semanário de Felgueiras – cuja coluna para aqui transpomos, do que foi publicado à página 10 da edição desta sexta-feira, 20 de Junho, no Semanário de Felgueiras.


 Disso, para facilitar a leitura, de seguida, revertemos o texto datilografado, conforme o original.

Conselheiro António Barbosa Mendonça

Pela História, constata-se que uma circunscrição administrativa, como se considera uma freguesia tradicional ou agora a dita união de algumas, consiste em muito mais do que o território, contendo, acima de tudo, a mais-valia de personalidades salientes, que fizeram algo pela sua terra. A juntar às pessoas que na atualidade integram esse conjunto identificativo, entre particularidades que são riqueza maior da comunidade.

Felizmente Felgueiras teve personagens que entretanto da lei da morte se libertaram, como cantou Camões sobre os maiores da nossa Gesta Lusitana, perdurando na memória coletiva, tal qual este torrão Felgariano ainda tem pessoas de mérito. Em afirmação de sermos um concelho uno, mas ao mesmo tempo plural, numa comunidade que se deve afirmar pelo que nos une e não pelas diferenças.

Ora um personagem histórico, desses do passado, foi recentemente recordado, felizmente. Através de singela mas relevante homenagem, com que foi tributado o nome do Conselheiro Dr. António de Barbosa Mendonça, na oportunidade comemorativa da passagem do centenário da chegada do comboio a terras de Felgueiras, para cuja dotação ele foi um dos principais impulsionadores, in illo tempore. Salientando-se o facto, do preito que lhe foi dedicado, por tais reconhecimentos não costumarem ser muito usuais nestas bandas.

O Dr. António Barbosa Mendonça, popularmente mais conhecido por Conselheiro de Rande, em alusão ao seu primado da casa solarenga desse nome, foi efetivamente um senhor muito importante e respeitado na região. Nascido na freguesia com o mesmo nome, Rande, em pleno concelho de Felgueiras, onde veio a ser Administrador do Concelho e Presidente da Câmara Municipal, tendo ainda representado a mesma área como deputado nacional, em tempo de regime monárquico. Sendo daquelas pessoas cujo percurso curricular não se pode resumir em poucas palavras, para não se pecar por limitação redutora. Aliás a sua biografia está desenvolvidamente exposta no livro Memorial Histórico de Rande e Alfozes de Felgueiras. Passando à posteridade como homem de letras, muito culto e bairrista, fundador do jornal Semana de Felgueiras, que, qual lança metida em África, teve então influência deveras instrutiva perante a pacatez local, por esses tempos de transição entre os séculos XIX e XX. Além de sua participação na fundação do Sindicato Agrícola, que corporizou união dos agentes da lavoura, em seu tempo, na linha da instalação de interessante produção agrária, de cereais, vinho e de lacticínios, com que se distinguiu em avançado empreendimento. Dentro da sua bonomia característica, com que era respeitado, a pontos de não precisar de ir ao lugar da estação da Longra, onde paravam os comboios, pois esperava ao fundo da avenida de acesso à sua Casa de Rande e bastava levantar a bengala para o maquinista interromper a marcha do comboio, para ele entrar. Bem como, em sinal respeitoso, todos os domingos e dias santos de guarda, a missa paroquial de Rande nunca começava sem o Conselheiro chegar à igreja, pois só eram dadas as três (como se chamava ao terceiro e final toque dos sinos, de anúncio ao começo da cerimónia dominical) quando se avistasse o carro do Conselheiro a aparecer, acercando-se ao limiar do templo. Tal qual, pela muita consideração com que era tido, ao passear pela povoação da Longra e na então vila de Felgueiras, sítios onde mais se deslocava a pé, costumar ir de chapéu na mão (sabendo-se que nessas eras o uso de chapéus fazia parte da indumentária e se cumprimentavam as pessoas tirando o chapéu), por quase não ter tempo de o recolocar na cabeça, para corresponder às constantes saudações de todo o povo que o via e assim cumprimentava. Chegando, mais tarde, ele que fora chefe monárquico da zona, volvidos muitos anos já, depois das transformações políticas, a ser convidado para presidir a atos solenes de apreço a personalidades de convicções políticas republicanas.

= Conjunto de imagens respeitantes à solarenga Casa de Rande e anexa sua quinta agrícola, reportando à antiga exploração da mesma, também conhecida popularmente por quinta da vacaria.=

Nunca é de mais lembrar pessoas assim, cujo perfil memorial os Felgueirenses devem conhecer e Felgueiras se orgulhar. Embora não conste na toponímia da cidade sede do concelho, aonde foi um dos mais importantes rostos municipais.

Ouve-se de novo o silvo do comboio, no imaginário, do que nos inícios do século passado transportou nossos antepassados…Taf-taf, taf-taf… Hiii…! Ainda, na proximidade ao Dia do Concelho, igualmente mais que simples feriado municipal, em que se comemora a unidade em torno do concelho e identidade concelhia, mas, também, como se pode dizer em tais ocasiões especiais, celebramos um povo, o nosso – o povo felgueirense.

Armando Pinto

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