Todos os anos festejamos mais um aniversário, eu e todos, naturalmente,
de alguma coisa de nossa vivência e sobretudo de aniversários de vida. Sendo que
há quem não goste de fazer anos, como se diz da passagem de aniversários
natalícios, mas eu até gosto, porque é sinal que estou vivo e posso ainda estar
com quem e onde gosto de estar. Bem como ainda continuo assim a ter quem
aprecie o festejo de meu aniversário, sucessivamente. Sem ser por via de quaisquer
prendas, porque a melhor prenda é ter a família, pois que de outras prendas sabem
bem melhor as que se conquistaram e vão continuando a conquistar pela vida adiante.
Ora, quanto a aniversários, meus, passados já tantos, e todos com boas sensações, o passarinho da memória pousa seu chilrear das lembranças nos pensamentos de tempos mais recuados, quanto ao que na memória perdura. Vindo ao galho de poiso desse voo memorando, onde ainda se sente a melodia dos mais antigos, os aniversários de infância. Dando para ter um vislumbre, de firionomia pessoal, dessas eras, pela fotografia junta, visto a foto (um pouco desfocada por ser retirada duma fotografia muito pequenina, como era usual nesse tempo) reportar sensivelmente de quando teria cerca duns 4 anos ou 5 incompletos, dum dia com alguma ligação posterior ao primeiro aniversário festejado, quão me lembro. Isto porque nesse dia, que foi da Comunhão Solene dum meu irmão, veio a nossa casa a madrinha dele para o almoço festivo. Nesse dia mais especial à mesa de nossa casa, por estar então presente a madrinha dele, que era duma casa fidalga de grande afeto de nossa família. Tendo, por via disso, a minha mãe encomendado um bolo, para a sobremesa, doce esse que, feito na casa da D. Heralda, penso ter sido confecionado pela mesma “menina” madrinha de meu irmão, mais por suas irmãs e pela Fininha, senhora de nossa simpatia, também. Ora, como na mesa estiveram só as pessoas grandes, e eu era dos mais pequenos, sei que no final, aquando do corte do bolo, também me tocou um bocado, depois. Tratando-se de um rolo, com um creme no meio que me soube pela vida, claro da ainda curta até aí vivida. Cujo cibo que me foi entregue eu saboreei bem, mais a mais por achar pequeno para o que eu queria, contudo com tal apreço que isso foi notado por minha mãe. E depois, passados tempos, quando fiz 6 anos, pela primeira vez foi festejado um aniversário em nossa casa. E então, para isso, a minha mãe foi até à Casa da Quinta para as meninas de lá fazerem um bolo, o bolo dos meus anos. Tendo eu ido com ela e assistido a tudo, como com os olhos da recordação lembro de terem feito o bolo em duas partes, esse redondo, e no meio colocado o creme. Depois enfeitado com velas que me deram a escolher, e eu escolhi azuis. Podiam ser brancas, mas eu claro que preferi azuis. Um lindo bolo assim enfeitado que ao cair da noite, depois dessa tarde quente de inícios de Julho, deu para festejar os meus anos em casa e, sobretudo, ficar a ter essa boa memória doce de minha infância.
Tempos em que
não havia filmes nem fotografias da praxe em casas normais, pois bem gostaria
hoje de ver isso, para rever minha mãe e meu pai, como eram e foram, quão tenho sempre dentro de mim, mais eu e meus irmãos com as
nossas caras desse tempo... Assim, revejo e sinto tudo no filme memorando da
saudade!
Armando Pinto
Nenhum comentário:
Postar um comentário