Espaço de atividade literária pública e memória cronista

domingo, 23 de fevereiro de 2020

"Coisas de Gosto" - Artigo relacionado ao próximo livro, no Semanário de Felgueiras



Tal como no título se levanta o véu, reporta ao sentido do livro "Ciclistas de Felgueiras", já muito proximamente a chegar, o que se verteu em mais um artigo da normal colaboração no jornal Semanário de Felgueiras. Desta vez com lugar na edição da sexta-feira 21 de fevereiro, à página 10.


Coisas de gosto

Uma vez... Há já uns anos bons, uma minha sobrinha, que cresceu praticamente cá em casa, me disse um dia: - É de ti que eu gosto! Ela tinha ido tomar uma vacina ao Centro de Saúde, e como eu trabalhava lá estava com ela quando a enfermeira lhe aplicou a dose; então instantaneamente ela, que aí teria coisa duns dois anitos, me abraçou, como que dizendo não ter gostado nada daquilo, e agarrando-se a mim me diz: - É de ti que eu gosto. Outra vez... Muito antes disso, não me esquece mais, em tempos que nos hospitais ainda não deixavam nenhum dos pais ficar a acompanhar as crianças internadas, aconteceu que o meu filho, ainda muito pequenino, teve de ficar no hospital de crianças no Porto para uma intervenção e por isso lá passou uma noite (que foi das piores noites que nós os pais passamos); e na manhã seguinte, mal pudemos, corremos para o ir buscar, tendo ele quando me viu se atirado para meus braços a suspirar: - ó pai! Depois disso tudo, anos volvidos, quando minha filha foi estudar para longe, tendo ido para Lisboa, a primeira vez que veio a casa, não mais me esquece, quando ambos nos abraçamos nem foi preciso dizer nada, eu soube, como sabia, quanto nos queríamos. Tanto como sempre que ela vem a casa, agora já com meu neto também e meu genro, nossos olhos dizem: - Eu gosto de ti! Bem como com os outros netos, que vejo mais vezes por andarem por aqui à beira, quando os abraço é como que aperto tudo quanto é isso de gostar fortemente de alguém. Entre tantas e diversas situações, além de momentos e afetos particulares que guardamos bem no íntimo.

Também é assim, salvo as devidas diferenças de sentidos e afetos, que gostando do rincão natal gostamos de recordar coisas boas que existiram e fazem parte da nossa história ou da história comum a muito do que nos rodeia. Mas porque temos memória, senão quando desaparecer o disco cerebral onde isso está gravado, se não houver transmissão, ninguém mais lembrará isso.

Assim também em gravações mentais que perduram cá, vêm à ideia aspetos antigos da antiga vila de Felgueiras, da célebre pérgula do jardim e do largo das árvores onde paravam as conversas da praça. Como ainda, veio-me um destes dias à cabeça, a fábrica da manteiga que existiu na quinta da vacaria da Longra, do tempo do Conselheiro de Rande, onde em épocas de sucessores era servido leite a quartilho à clientela; e, como tal, então em criança ali eu vi potes de louça fina que lá restavam, mais maquinaria e mobiliário do fabrico de laticínios, de aspeto clássico. Coisas que se perderam, por não ter havido gosto de preservação. E aquelas oficinas de ferraria à maneira antiga, com forjas e bigornas, entre lojas antigas de ofícios tradicionais de tempos idos. Por entre outros possíveis exemplos. Algo que em Felgueiras tem sido recorrente deixar perder, a passar no andamento do tempo que voa e não volta. O que faz lembrar amiúde a necessidade de haver na sede do concelho um museu felgueirense que abarque a memória concelhia. Havendo ainda desconhecimentos e desconhecedores.

Ora, enquanto não há preservação física de tanta coisa, resta o que tem ficado escrito. Entre cuja colaboração, tem aqui o autor, dentro do possível, procurado dar alguma contribuição. Desde parcelas historiadoras, até biografias e outras lembranças. Como agora, dentro de pouco tempo, ficará em mais um livro registado algo que, embora podendo ser desconhecido de alguém, merece ser guardado na memória coletiva. Pois, tal como nem só de pão vive o homem, também na memorização tudo tem lugar, não apenas os personagens de cargos públicos e heróis nacionais, mas também os que se salientaram nos mais diversificados campos da atração social. Entre coisas que alguém gostou. E, como em tempos gostamos de ver desenhos oferecidos por nossos rebentos em dias de pai e mãe, também como filho desta terra gosto de ofertar algo sincero, dando desenhos feitos de memórias escritas para sempre recordar. 

Armando Pinto

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

Cartaz e Convite Oficial do Município de Felgueiras para a apresentação do livro Ciclistas de Felgueiras



Já está publicado o cartaz anunciador e está dado conhecimento geral de CONVITE oficial para o evento em apreço. Sendo de relembrar que é de ENTRADA LIVRE, à disposição de quem se interesse por temas felgueirenses, portugueses e desportivos, além de amantes do ciclismo e de aculturação sócio-cultural e motivação histórica.

O convite, segundo o conhecimento do autor, também foi entretanto enviado a entidades oficiais do setor do ciclismo associativo regional e federativo nacional.



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quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

Homenagem eterna ao amigo conterrâneo "Zé de Valdomar", falecido a 11 de fevereiro de 2020


Na hora de partida de um dos amigos de longa data, recordamos o conterrâneo popular "Zé de Valdomar" com uma foto de bons velhos tempos. Reportando a imagem a um grupo de amigos e então jovens estudantes da Longra, aquando da realização de um jogo de futebol com estudantes da então vila de Felgueiras, pelos idos de 1972. Porque entre esses rapazinhos desse tempo estava o agora desaparecido Zé de Valdomar (o mais alto de todos, ao tempo), como era mais conhecido o Adriano José Pereira Guimarães (filho do sr. Ribeiro Guimarães de Valdomar de Cima, de Rande), num grupo em que mais alguém também já faleceu.

O Zé Adriano, como também era conhecido (embora o nome fosse ao contrário) mais tarde foi funcionário bancário muito conhecido em Felgueiras, até que por motivos de doença degenerativa se reformou ainda novo e passou a residir no Lar da Misericórdia de Lousada.

Faleceu na terça-feira, dia 11, com 62 anos.

Ora, o amigo “Zé de Valdomar” ficará para sempre recordado pela sua boa disposição, risonho como andava sempre. E era conhecido como o benfiquista mais alegre e despreocupado que havia por cá, por estar sempre de bem com todos e nunca arranjar desculpas para nada, como outros, dizendo mesmo que gostava mais até de conviver com portistas que com benfiquistas. Tal como dizia que eu era o Pinto da Costa da Longra, por me considerar “culpado” por haver tantos portistas na nossa terra e que só tinha pena de eu não ser da cor dele. Sendo deveras apreciador de tudo o que de bom acontecia por estes lados e muito sociável. Fazendo parte de muitas histórias que se contam enquanto houver amigos que o recordem, sobretudo das conversas no Café da Longra.

- Que descanse em paz!

(Foi a sepultar esta quinta-feira, dia 13, no cemitério paroquial de Rande. Havendo tido velório a partir de quarta-feira na Capela da Ressurreição de Rande.)

terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

Explicação pessoal referente a uma ausência na AGENDA CULTURAL DE INVERNO FELGUEIRENSE DE JANEIRO A MARÇO DE 2020


Podendo haver alguma estranheza e possivelmente se deparar interrogações sobre a newsletter impressa da Câmara Municipal de Felgueiras intitulada AGENDA DE INVERNO, referente ao período de janeiro a março do corrente ano 2020, quanto a não incluir a sessão de apresentação do livro CICLISTAS DE FELGUEIRAS, convirá uma dedução explicativa do autor, a título pessoal.

O caso merece explicação, atendendo a ter sido já colocado ao autor por pessoas atentas. E como tal merecer mais ampla atenção elucidativa.

Tendo a marcação da data para a apresentação pública, do livro em apreço, sido definida já sensivelmente a meio do mês de janeiro, e sendo que essa  publicação se reporta ao calendário de eventos compreendidos entre janeiro e março, obviamente estruturada antes ainda, é natural que não tenha sido incluído o evento do lançamento respetivo do livro, a 7 de março, embora o desdobrável publicado esteja a ser distribuído publicamnerte por estes dias de meio de fevereiro, conforme está a chegar agora às caixas de correio e a ser depositado em cafés e outros locais públicos. Contudo está certa a devida sessão, que será mesmo a 7 de março, pelas 15 horas, na Biblioteca Municipal de Felgueiras – conforme dentro de pouco tempo será também tornado público pelos serviços competentes da autarquia.

Armando Pinto
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segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

" Figurão do Entrudo ” já anuncia o Carnaval da Longra


Já está colocado no seu sítio tradicional, como de costume no Largo da Longra, a figura do espantalho a figurar o Entrudo. O costumeiro figurão que no dia de Carnaval, depois do Corso Carnavalesco que durante a tarde do próprio dia percorre na vila da Longra, irá ter à noite o sempre interessante velório, seguindo depois no típico féretro como figura do enterro do Entrudo, para por fim ser queimado, como manda a tradição. Sendo que essas tradições já vêm de tempos idos, do costume de no Carnaval se queimar as coisas velhas e que importa deixar para trás, é pois anunciado, também através desse “boneco”, mais uma realização do Carnaval da Longra, no próximo dia 25.


Do aspeto do figurão do Entrudo da Longra aqui se dá nota visual, através de imagens do Largo da Longra agora enfeitado como esse simbólico adereço, em tempo pardo de chuva, do ambiente natural desta época presente de “fevreiradas”.


Armando Pinto
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sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

Imagem da capa e contra-capa do livro Ciclistas de Felgueiras


Estamos a um mês da apresentação do livro! Agora, a 7 de fevereiro, falta 1 mês para no dia 7 de março ter lugar na Biblioteca Municipal de Felgueiras o respetivo lançamento público, no dia do livro "Ciclistas de Felgueiras" chegar às mãos e olhos dos interessados.

Assim sendo, é ocasião de ir avivando a proximidade dessa ocorrência, cuja visualização ressalta nas suas capas, conforme a vista conjunta da capa e contra-capa.

Armando Pinto
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quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

Felgueiras com “marca” na doçaria de tradição original – em livro antigo



É dos livros, como se costuma dizer, ser Felgueiras a terra capital do pão de ló, através do afamado Pão de Ló de Margaride fabricado há séculos em fabricos familiares. Contudo, pelos tempos fora outros géneros de doces foram passando a ser considerados com esse nome, havendo por isso atualmente outras terras com outros assim chamados. Atendendo ao facto, chamamos aqui a atenção para um livro antigo, onde está definido o Pão de Ló de Margaride como sendo o original, e como tal sendo Pão de ló o de Felgueiras – conforme se pode ver nesse livro datado de 1928, sob título “O DOCE nunca amargou” e com subtítulos de “ Doçaria Portuguesa. História. Decoração. Receituário”, da autoria de Emanuel Ribeiro, mais chancela da Universidade de Coimbra.


Acresce ainda ser no mesmo livro também referido o tradicional Pão Podre, indicado ali pela sua proveniência originária do Porto, dando outra luz também sobre esse doce típico que sempre foi muito usual nas romarias da região sousã e muito acotiado em terras de Felgueiras. Doce este que pelas bandas felgueirenses é típico com sabor a canela, enquanto noutras regiões, onde ganhou outro nome, é com limão. Sendo esse bolo de formato retangular e de cor acastanhada, que no referido livro editado em 1928 pela Universidade de Coimbra não é considerado como biscoito ou outra coisa, mas pelo seu nome de Pão pôdre.

("O Doce Nunca Amargou" foi publicado pela primeira vez em 1923 com o subtítulo «Alguns motivos ornamentais da doçaria portuguesa». E, 1928 a Imprensa da Universidade de Coimbra publicou a segunda edição, ampliada, com o seguinte subtítulo: «Doçaria Portuguesa. História. Decoração. Receituário». Em cujo conteúdo ficou impresso a assunto em apreço. Este livro, como obra de referência, da autoria do antropólogo, etnógrafo e historiador português Emanuel Ribeiro, nascido em 1884 e falecido em 1972, foi mais tarde reeditado em 1997 e ainda mais recentemente teve uma nova edição em 2016.)

Armando Pinto
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