Espaço de atividade literária pública e memória cronista

sexta-feira, 17 de julho de 2015

Artigo no Semanário de Felgueiras, sobre alguns pontos de cultura felgueirense


Na linha da colaboração normal ao jornal mais regular de Felgueiras e no seguimento da crónica ilustrada aqui publicada anteriormente, ainda há dias, eis o prometido artigo em que serviu de mote o cortejo dos tabuleiros de Tomar e estensivamente o das flores de Felgueiras, com algumas adições apropriadas ao tema.

Disso, como ilustração, juntamos recorte da respetiva coluna publicada na edição desta sexta-feira 17 de Julho, à página 2, do Semanário de Felgueiras. E de seguida o texto original, para leitura.

Cultura de Atração e Impacto

Mau grado a crise social que se sente e passando sobre a correspondente escassez de valorização cultural, ainda vai havendo alguma cultura de valores por este país fora, nomeadamente na preservação de algumas tradicionais organizações. Quanto se passa em muitos lados do retângulo português, em cujo mapa Felgueiras tem algum relevo.

Ora, dando colorido aos semblantes crispados pelos tempos atuais, entre diversas realizações festivas de impacto, existem alguns cortejos deveras interessantes. Quanto ainda num destes dias nos entrou pelos olhos dentro o singular cortejo dos tabuleiros de Tomar. Conforme muita gente viu pessoalmente e muitos presenciaram em imagens difundidas por vários canais televisivos nacionais. Em cujas reportagens, assinalando esse mar de flores alinhadas entre pães, em cestos muito bem elaborados, houve uma referência ouvida a relembrar alguma aproximação do cortejo das flores de Felgueiras, apesar das diferenças de desfile e sua apresentação.

Vem assim a propósito a apreciação que estes factos merecem, apesar do estado atual em que se vive.

Verifica-se nos tempos recentes, com efeito, algum retrocesso na vida social, bem patente no sentimento público de tudo estar a andar para trás. Quase numa sequência de erros políticos e colapsos económicos sentidos pela população. Cujo recuo, afinal, tem levado à retoma de antigas valências, pois, como há muito diz a sabedoria popular, quando não há pão até migalhas vão.

Perante isso, após atropelos geradores de revés, como aconteceu com a extinção de freguesias e imposição de uniões ficcionadas, sem diminuição de custos mas aumento de pecúlios, nota-se um evidente afastamento de muita gente diante de realizações e manifestações de cariz local e regional, mesmo desinteresse bairrista, na falta do que dava alma à coisa pública. Enquanto, por outro lado, há autarcas, desconhecedores das extensões territoriais que representam agora, a deixar correr a água, embora com fontanários secos, em aspetos singelos, para não se ir muito além nas constatações.

Nesses comenos, entre causas e efeitos, sente-se acuidade na salvaguarda do que ainda existe, num ponto de vista revitalizador, quanto a possível recuperação telúrica. Vindo à tona a necessidade de mais vir a ser feito e pelo menos se manter o que existe, no fortalecimento de imagens de marca capazes de arrastar e fazer puxar a situação para uma unidade sentida.

Vem então à baila quão importantes são os casos de motivação, querendo dizer algo capaz de provocar atração a uma causa, como no sentido dos interesses duma entidade, seja instituição ou localidade. Qual o caso do referido cortejo das flores que ainda há pouco voltou a colocar Felgueiras no mapa. Merecendo assim uma reflexão, num paralelismo possível ao muito mais antigo e famoso cortejo de Tomar, que leva à cidade do Nabão uma imensidão de visitantes, quer excursionistas nacionais e turistas estrangeiros. Faltando porém em Felgueiras uma dose promocional mais atenta e precisa, como se vê em Tomar, desde um simples símbolo alusivo numa das rotundas de entrada, até uma decoração apropriada no edifício dos paços do concelho e ruas da cidade, além da promoção noticiosa evidente que chega a todo o lado; mas ganhando no respeito pelos romeiros, em transportes de deslocação colocados (entre a cidade de Felgueiras e o alto de Santa Quitéria, local principal da festa do concelho), já que em Tomar, ainda recentemente, frise-se, os forasteiros foram obrigados a longa caminhada desde o aparcamento de autocarros até aos locais de passagem do cortejo. 

Portugal é país de tradições persistentes e Felgueiras felizmente mantém algumas. Devendo isso assim merecer sempre atenção, por quanto tudo ganha melhor visibilidade e apreço diante de factos provocadores de impacto, qual atração que a vida ganha em haver cor e diversão na diferença da normalidade.

Armando Pinto

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terça-feira, 14 de julho de 2015

Um Passeio etno-turístico… a propósito do cortejo dos tabuleiros.


No passado domingo uma boa parte da população da região sul felgueirense, entre pessoas apreciadoras de realizações tradicionais, e engrossando um mar de gente de todo o país e estrangeiro, foi em demanda de vislumbres culturais até à zona centro do país, para presenciar em Tomar o famoso cortejo dos tabuleiros.

Desse acontecimento, com lugar de quatro em quatro anos na cidade banhada pelo rio Nabão, juntamos algumas imagens comprovativas da importância de tal festividade, que dá colorido impressionante à urbe conhecida pela janela manuelina do Convento de Cristo.

Dispensando mais palavras, já que as fotos falam por si, remetemos alguns comentários para próximo artigo que sairá no Semanário de Felgueiras, a propósito do cortejo das flores detentor porventura de alguns pontos de aproximação ao ancestral desfile nabantino.

Eis aí algumas captações fotográficas da paisagem ambiental de algumas ruas da cidade de Tomar no próprio dia e de instantâneos da passagem do cortejo florido dos tabuleiros.

Armando Pinto


© ARMANDO PINTO – Blog “Longra Histórico-Literária” - Julho de 2015

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quarta-feira, 8 de julho de 2015

50º Aniversário da 1ª Subida de Divisão do F C Felgueiras


Foi a 8 de Julho de 1965 que, em pleno início do verão de meio da década de sessenta, se deu a inesquecível primeira subida de divisão da equipa de futebol de Felgueiras.

No livro “Futebol de Felgueiras - Nas Fintas do Tempo”, publicado em 2007, deixamos exarado, quanto a esse período da história felgueirense:


«… Decorrendo o tempo, com o desporto local quase limitado ao futebol a nível distrital, no ambiente da vila de então passaram-se anos de discreta pacatez, embora prenhes de entusiasmo interno. Na conta corrente desportiva inicial, contou tempo em que o clube participou despretensiosamente, durante algumas épocas, na 3.ª Divisão Distrital, à compita com equipas de terras e concelhos vizinhos, com os quais disputava renhidos “derbies” regionais, em jogos que movimentavam grandes molduras assistentes e despertavam bairrismos. Contudo sem grandes veleidades aos lugares de promoção, que outros clubes de zonas mais desenvolvidas e maior poderio disputavam.
Até que chegaram épocas gravadas na memória local, conseguido que foi formar conjunto valioso de atletas, através de jogos feitos por nomes celebrizados a nível caseiro, entre os quais o famoso avançado Sabú e seus companheiros Monteiro (guarda-redes principal), Cardoso, Mário, Mendes, Mamede, Pacheco, Estebaínha, Pimenta, Zezinho, Roda, José Manuel, José Carlos (guarda-redes suplente) e outros, em 1964/1965, seguindo-se depois em 1965/66 o célebre Caiçara, acompanhado também por Pimenta como alguns outros sobreviventes e mais uns Fernando Mesquita, Loureiro, Augusto, Franquelim, Pereirinha, Moura, o guarda-redes Jorge, etc. Épocas em que as carreiras da equipa atraíram grande mole de acompanhantes, tendo então sido frequente irem em autocarros fretados, para o efeito, diversas excursões de adeptos para assistirem aos jogos, disputados na área do distrito, bem como nos prélios disputados em Felgueiras havia quase sempre casa cheia.
O rectângulo de jogo era então vedado a tubos de ferro, suportados por mecos de cimento, sendo esses ferros pintados a intervalos de azul e vermelho, enquanto o espaço do público se quedava em terra rampeada, albergando numerosa assistência, com o recinto fechado por muros de blocos de cimento.
Efectivamente o primeiro grande momento deu-se quando, em 1964/65, aconteceu a primeira subida na história do clube. Depois de se ter classificado em segundo no respectivo campeonato (em que subia apenas o primeiro automaticamente, nesse ano o Gondomar, que superou o despique final à tangente), o Felgueiras ascendeu enfim à 2.ª Distrital, graças a memorável jogo de “tira-teimas”, numa finalíssima disputada em campo neutro, em Amarante, no começo do Verão de 1965 – entre o vice-campeão da 3ª Divisão Distrital (Felgueiras) e o clube da 2ª (Lixa) classificado acima do que ficara despromovido da mesma divisão superior. Estava assim em jogo a promoção do Felgueiras ou a permanência do Lixa, nessa categoria. Nos jogos a duas mãos, verificaram-se vitórias das equipas da casa, à vez, tornando necessário um desempate. Então, apesar de ser um dia de semana, Felgueiras esteve em peso nessa tarde no campo de Amarante, diante do F. C. da Lixa. Nesse ano era a equipa de Felgueiras treinada por Nelo Barros, enquanto na formação sobressaía Sabú, autor dos dois golos com que foi selada tão eufórica vitória, por 2-0.
Ficou na memória local o regresso dos heróis, que resultou numa autêntica romaria popular, vindo em ruidosa caravana os atletas e demais componentes da equipa, bem seguidos por delirante falange de adeptos, dos que estiveram no campo, em longa fila por meio de tudo quanto era transporte, desde motorizadas, motões, velhas carrinhas fechadas e de caixa aberta, camionetas de excursão e carros, como até bicicletas (embora estas levassem mais tempo naturalmente, acrescendo nalguns casos o ciclista condutor levar mesmo um acompanhante no quadro). Curiosamente, para evitar passagem na Lixa, o cortejo veio pela Serrinha e, via Aparecida, passou na Longra, onde se deu um dos maiores banhos de multidão de que há recordação, recebida a vitoriosa embaixada ao toque de bombos, latas e o mais que fazia barulho, indo por fim, tudo e todos, em demanda da vila de Felgueiras, em cujo centro urbano a festa durou até às tantas...»

Do acontecimento, a propósito e como recordação, juntamos recorte coevo dum jornal local, dando nota do que ao tempo ficou registado no “Notícias de Felgueiras”:


Armando Pinto


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Agradecimento e Reconhecimento


Depois das mensagens mais à mão da generalidade, por via da rede social do facebook, agora é tempo de um agradecimento mais particular e pessoal às pessoas amigas e conhecidas dos círculos restritos, como no caso desta página da blogosfera de cariz bairrista.



Assim sendo:
- Agradeço sensibilizado e reconhecido todas as manifestações de amizade recebidas no dia do meu aniversário natalício, continuando muito satisfeito por mais um ano com a estima de todos vocês.
Abraço a todos.


Armando Pinto

segunda-feira, 6 de julho de 2015

Aniversário da Vila da Longra


Passou por estes dias mais um aniversário da Vila da Longra, perfazendo doze anos desde que a Longra foi elevada a vila em 2003.

Porque de vezes anteriores, neste e noutros espaços da blogosfera, já recordamos diversos aspetos e evocamos factos relacionados, desta feita, ainda dentro do período comemorativo, relembramos uma das realizações dos primeiros aniversários relacionados, no caso para rever uma das corridas de cicloturismo que coloriram o ambiente desses anos idílicos.

ARMANDO PINTO

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sábado, 20 de junho de 2015

Passagem de importante prova de ciclismo na Longra, por terra de Felgueiras!


Como noutros tempos, em que o ciclismo de alta competição era apreciado à passagem pela nossa terra, voltou agora a passar pela vila da Longra, dentro do concelho de Felgueiras, região de Sousa e Tâmega e província do Douro Litoral, uma prova nacional de ciclismo profissional, no caso o Grande Prémio JN.


Embora sem a atração dos tempos em que as equipas de clubes grandes impunham outra competitividade e interesse nas corridas e sobretudo a presença de ciclistas com as camisolas de duas listas azuis sobre branco do F C Porto nos despertava vibração, voltou a notar-se a curiosidade popular ante estas manifestações desportivas, perante a passagem dos homens do desporto das bicicletas, incluindo pessoas de alguma ligação a Felgueiras (sabendo-se que uma equipa de topo é patrocinada por gente felgueirense).


Da segunda etapa do atual Grande Prémio do Jornal de Notícias, realizada na tarde deste sábado antecessor da tradicional festividade anual do São João portuense, mais precisamente quanto ao troço vindo de Lousada para Felgueiras e  com passagem na Longra, são as imagens que captamos, quando voltamos a ver ciclismo de competição superior a passar à nossa porta.


Armando Pinto

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sexta-feira, 19 de junho de 2015

Honra ao Mérito, em crónica no SF…


Porque uma comunidade e sua identidade também se fazem de simbologia e respeito, foi numa ideia de complemento identificativo que, desta feita, explanamos algumas considerações na habitual crónica de colaboração no Semanário de Felgueiras.

Desse artigo, para constar, aqui reproduzimos a respetiva coluna, saída a público na edição do SF desta semana. E seguidamente deixamos o texto legível, quanto ao que nos apraz transmitir através das linhas que têm visibilidade pública na página 12 do mesmo número do jornal de Felgueiras deste dia.

Galardões de Reconhecimento Municipal

Na roda do ano passa por estes dias a quadra dos Santos Populares, saltando a fogueira do tempo atual. E chega também a época da tradicional Festa do nosso Concelho, com o Dia de Felgueiras, como é o Feriado Municipal ainda com significado, afinal.

Ora, as festas de concelho e feriados municipais, por vezes, são ocasião propícia para um avivar do sentimento coletivo e fazer ressaltar a identidade conterrânea, como acontece em concelhos onde nesses dias são atribuídas distinções e galardões de apreço a quem merecer reconhecimento. Tal o caso de atribuição e colocação de medalhas atribuídas, por exemplo. Algo que em Felgueiras já ocorreu esporadicamente, no dia, embora as mais das vezes tenha decorrido noutras alturas.

Lembra tal caso o facto de em Felgueiras também haver medalhas atribuídas. Em oficial distinção, que confere a um felgueirense de apreço o título de “Cidadão Honorário de Felgueiras”, sendo conferidas por decisão unânime do executivo municipal, baseada no Regulamento das Distinções Honoríficas. Segundo proposta em que assenta tal decisão do executivo, atendendo a que há cidadãos que, pelo seu esforço, dedicação e doação às causas que abraçaram, não podem ser esquecidos pela comunidade que os viu nascer, sob pena dessa mesma comunidade vir a ser considerada insensível e ingrata para quem devotou toda uma vida ao serviço de causas felgueirenses. Além de instituições com relevantes serviços públicos prestados ou com representatividade concelhia evidente.

Extravasando a distinção-mor, que é a Medalha de Ouro, há ainda Medalhas de Mérito Municipal (sem especificar o metal, ou seja a distinção, que assim deve ser na categoria bronze) e a Medalha de Prata de Mérito Municipal.

No rol de medalhas de ouro felgueirenses, alguns casos fizeram história, como quando, a meio dos anos oitenta, do século XX, foi atribuída a medalha superior, com a categoria de mérito municipal, a um Ministro do Equipamento Social que havia feito promessas que não chegou a concretizar, e por isso o próprio não aceitou tal honraria, depois. Como ainda na década seguinte o mesmo aconteceu para com um outro Ministro do Equipamento Social, de cuja ação Felgueiras não sentiu benefícios à posteriori. Assim como outros casos, de que a história um dia se encarregará de fazer análise devida.

Intercalando com esses factos, é digno de registo que também houve medalhas de ouro justas, como as que foram atribuídas ao Dr. José Maria Machado de Matos, ainda quando Presidente da Comissão Administrativa da CMF; à Associação Humanitária dos B. V. da Lixa, pelo seu 100° Aniversário, em 1989; ao Futebol Clube de Felgueiras, pela subida à 2.a Divisão de Honra do Futebol; a D. Armindo Lopes Coelho, Bispo do Porto; à Cooperativa Agrícola de Felgueiras, pelo 50° Aniversário da Fundação, em 2007; à Associação da Banda de Música da Lixa, pelo 200° Aniversário da sua Fundação, também em 2007; ao Externato de S. Vicente de Paulo (Santa Quitéria); à Santa Casa da Misericórdia do Unhão; à Santa Casa da Misericórdia de Felgueiras; à Associação Humanitária dos B.V. de Felgueiras; e Associação da Banda de Música de Felgueiras, por Serviços prestados ao concelho; à Fábrica de Pão‐de‐ló de Margaride, por Promoção do Concelho; D. João Miranda Teixeira, Bispo Emérito e antigo Auxiliar do Porto; Padre Rodrigo da Costa Ferreira, antigo pároco da sede do concelho; à Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Felgueiras do Instituto Politécnico do Porto, pela Promoção da formação, estudo e investigação; bem como à Associação de Municípios do Vale do Sousa, por Promoção do desenvolvimento económico, social e ambiental / Proteção e promoção do património histórico, cultural e turístico da região do Vale do Sousa, entre mais. Contando tudo, por haver uma faculdade chamada memória.

ARMANDO PINTO