Espaço de atividade literária pública e memória cronista

terça-feira, 6 de maio de 2014

Mais uma recordação da Longra de tempos passados…


Na sequência da anterior lembrança, desta feita tiramos do baú de memórias uma imagem a fazer reviver tempos também já passados da Longra, em época da Farmácia Vitelas, ao lado do antigo Centro Comercial, naquele tempo ainda ativo (na casa do sr. António Cândido e por volta da passagem à família de seu filho, sr. Artur Pedro); com a curiosidade de se ver o anúncio do totobola, porque havia ainda a máquina que hoje falta... Ali, aquilo tudo, na vizinhança também da Alfaiataria Cerqueira, do outro lado. Enquanto, mais acima, a encosta da Cimalha da Longra era uma inclinaçao de pequeno monte desarborizado. 

Desta vez, na foto,  não há  pessoas contemporâneas, daquela era, para possível identificação. Apenas se coloca tal cenário, que foi real, para avivar antigas existências e suas localizações, no interesse coletivo.

Armando Pinto

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domingo, 4 de maio de 2014

Recordações da Longra d'outras eras...


Como ainda há quem se lembre, até finais dos anos sessenta, do século XX, na região da antiga povoação da Longra e pela área circunvizinha, apenas havia o bar da Casa do Povo a servir de local público de cafetaria e convívio. Costumando, por via disso, juntar-se muitas pessoas (muito povo, como se dizia popularmente) em amenas conversas de passatempo no Largo da Longra… Quando ali no centro urbano havia o pinheiro central, na placa de praceta triangular, onde estavam então os engraxas, com suas caixas a aproveitar para ganharem uns cobres e fazerem jeito para tirar o pó dos sapatos, enquanto, por exemplo, por ali andava o João Taranta a fazer distrair conhecidos e desconhecidos, entre outros personagens típicos (quão ficou descrito no livro de contos “Sorrisos de Pensamento”…), etc. e tal. Até que surgiu o Café Longra, por inerência e por todos mais conhecido como Café da Longra, desde finais de 1969. Estabelecimento do sr. Manuel, como se sabe, o amigo sr. Manuel Marinho, de nome completo Manuel António Marinho da Silva, a quem aproveitamos para fazer uma homenagem com esta lembrança – o senhor Manuel das Mobílias, como era mais conhecido.


Ora, como por vezes faz bem lembrar outros tempos e recordar é viver, tal qual se diz normalmente, é do Café Longra a recordação que aqui colocamos, desta vez. Com umas imagens de tempos antigos, precisamente, embora já mais pelos anos setentas, no caso. Reparando-se no reclame do café. Etc. etc.


Em vista disso, colocamos um repto: Quem conhece, quem…?  –  Ou seja, quem saberá identificar quem está na foto de baixo, o empregado do estabelecimento e frequentadores desse tempo (bem refastelados, nessa ocasião, na esplanada) do Café Longra?!


Armando Pinto

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sexta-feira, 2 de maio de 2014

A “Feira de Maio” de Felgueiras em mais um artigo jornalístico


Entrado no calendário o mês mais primaveril, por excelência, no encanto da germinação e floração da natureza, aí está mais uma festiva Feira de Maio como é tradição anual em Felgueiras, há mais de um século já. Cuja realização este ano ocorre no presente fim de semana, desde sexta dia 2, até segunda-feira 5 de Maio.

Na inerência de tudo o que lhe está associado e por quanto significa esta ocorrência concelhia, procuramos dar mais ênfase à mesma festividade, em mais um artigo jornalístico, na sequência e complementação de anteriores crónicas sobre o mesmo tema, através de texto no jornal Semanário de Felgueiras.

Nesse âmbito, o habitual artigo do autor, da colaboração com que de quando em vez participamos no SF, desta vez versa sobre uma visão de enquadramento histórico correspondente.  Como aqui expomos e resguardamos, colocando a respetiva coluna publicada na página 10 do número de 2 de Maio.

                                  (CLICAR sobre o recorte digitalizado, para ampliar e ler)

Do mesmo texto, para facilitar a leitura, atendendo a quem tiver dificuldades em lidar com as formas de ampliação, colocamos também a versão escrita original, de seguida:

Secular Feira de Maio

Transmitia em 1901 o jornal Semana de Felgueiras a realização duma interessante feira, criada na sequência de atividades associativas do setor agrícola, de que resultara anteriormente a criação de um sindicato e o surgimento do próprio jornal Semana, como porta-voz informativo dos interesses dessa área extensiva à vida local. Num intuito alastrado a procurar uma maior intensidade dos laços de união histórica.

Com efeito, foi então criada essa mescla de feira festiva por deliberação camarária de Março de 1901, ao tempo também denominada por feira franca e de periodicidade anual, desde logo ficando assente, como era originalmente, que se devia realizar todos os anos no primeiro dia do mês de Maio. Sendo sugerida oficialmente por representantes do sindicato agrícola, teve apoio de comerciantes do concelho, os quais propuseram que a então feira anual de gado cavalar, com lugar a 28 de Junho dentro do programa das festas do concelho, passasse a ser uma realização independente e com fins de mais vasto alcance: pois, além das trocas e vendas de todas as espécies de gado, passou a incluir a generalidade das ofertas constantes do mercado normal de produtos, com laivos de festa e arraial por meio de concursos para o gado em exposição, mais atribuição de prémios para os melhores cavalos, melhor junta de bois e melhor touro. Ao que em anos seguintes foram acrescidas outras valências, como em 1902 foi inserido no cartaz um aliciante popular através dum despique de cantigas ao desafio, sendo instituído um prémio para o melhor par de cantores repentistas da feira. Enquanto, desde esses primeiros tempos, era presença tradicional a Banda do Aniceto a dar toque filarmónico, tão apreciada pelo povo que era a música de banda. E em caso como esse, já que a Feira de Maio depressa ganhou contornos de acontecimento anual; de tal forma que extravasou fama para lá do horizonte regional, chegando a fazer com que acorressem a Felgueiras nessa ocasião muitos feirantes de Trás-os-Montes e das Beiras, como deu conta uma reportagem inserta na revista Ilustração Portuguesa, publicação de grande impacto à época.

Passados esses tempos, manteve-se no decurso de longas décadas, na sede concelhia, essa assim ultra centenária e anual Feira de Maio, em Felgueiras. Com lugar no primeiro domingo e seguinte segunda-feira desse mês. «Importante feira» essa que, segundo registava a referida histórica revista “Ilustração Portugueza”, em sua edição de 2 de Junho de 1919, se realizava «no largo fronteiro» (ao antigo edifício da Câmara Municipal, depois casa do Tribunal). Transformada em certame de enraizado cunho expositor de gado, através de concursos pecuários de criadores agrícolas e competição alargada a corridas de cavalos, além de outros números de lazer. Sabendo-se, conforme referia o jornal Notícias de Felgueiras, anos mais tarde, que constava no rol um desfile etnográfico chamado Cortejo das Lavradeiras; tal como, em diversos anos, incluiu mesmo provas populares de ciclismo.

Realizavam-se essas festas de ano então ainda no centro da vila, ocupando área do campo da feira e depois outros espaços laterais das ruas, no mesmo centro. Presentemente o seu cunho tradicional tem-se diluído nas constantes mudanças de locais das realizações, indo para espaços vagos ou em obras e depois de estes ocupados para outros, sucessivamente durante anos, até que começou a ser colocada a Feira de Maio dentro da área aberta atrás da Cooperativa Agrícola, e ultimamente na urbanização das Portas da Cidade, enquanto o espaço entre os seus arruamentos tem estado vago, mais como parque de divertimentos anual, na atual cidade. Alternando nalguns anos com um programa abrangente em ideia de promoção da cultura e turismo do concelho, à mistura com animação, espaço de venda de produtos tradicionais, exposições e conferências, ao mesmo tempo que passou a ser apelidada de Feira das Tradições, com inclusão dum cortejo etnográfico e por vezes festivais folclóricos. Contudo a necessitar de reforço do carácter tradicional, esperando-se que ainda lhe seja destinado espaço próprio, um dia, para o efeito.

© Armando Pinto

sábado, 26 de abril de 2014

“Maias" de Recepção a Maio, ao "Mês de Maria" e ao Dia da Mãe


De modo algo distante e quase discreto, do que seria justificável, passou o dia da implantação da Liberdade política e as respetivas comemorações do 25 de Abril, ao nível nacional. Tendo sido o 40º aniversário dessa data, cuja ocorrência tanto significou e influenciou a vida portuguesa das últimas quatro décadas. Enquanto já passaram quarenta anos desde esse dia inesquecível e tempos seguintes de efusiva juventude nacional… que parece que foi há pouco e até custa a crer como foi possível tantos recuos nos últimos anos, derivado a oportunistas que se atrelaram ao poder e, a partir da entrada de Portugal na moeda única europeia, mais vincadamente, têm prejudicado o país e os portugueses.

Entretanto, porque o melhor é deixar de lado factos tristes, há que dar a volta e reparar noutros fatores. E, assim, eis que aí está a entrar Maio, mês de características assinaláveis. Dando azo a algumas considerações de índole popular, perante curiosidades da memória etnográfica, na cronologia também histórica.

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Passado Abril, entrados no Maio Moço do imaginário popular, no subconsciente tradicional desse mês garrido, vêm à ideia características próprias do tempo, incidindo conceito público definido no rifoneiro tradicional de que neste mês até nem faz mal alguma agitação, pois “Maio que não der trovoada não dá coisa estimada”. Isto no panorama meteorológico, evidentemente, já que no aspeto sentimental esta quadra, anualmente bem-vinda, é tida por “Mês das Flores, de Maria e dos Amores”.

Sendo época em que o povo sempre saiu de casa para conviver, quer através da oração comunitária aos pés de florido altar da Mãe de Deus, misturando flores com cânticos e preces, ou em danças de roda no fim das cerimónias, chega o mês das flores a rececionar o dia da Mãe, atribuído ao primeiro Domingo de Maio.

Antes contudo há ainda a tradição das “Maias”, com a colocação de ramos de giestas floridas nas portas e janelas das casas, na noite do último dia de Abril para o 1º de Maio.

Segundo a lenda, ouvida por estes sítios desde longínquas eras, Herodes (rei conhecido de histórias bíblicas) ao ouvir novidade de que em Belém da Judeia havia nascido um Menino, a quem as escrituras sagradas chamavam Rei dos Judeus, mandou matá-LO. Ora, tendo os seus espiões descoberto de noite onde ficava a casa em que o Menino Jesus vivia, marcaram-na com um ramo de giestas na porta para na manhã seguinte irem cumprir a sentença. Só que, por milagre natural (tratando-se do Menino-Deus), ao alvorecer a madrugada, do primeiro dia de Maio, surgiram todas as habitações das redondezas assinaladas com giestas floridas nas portas, ficando os súbditos do monarca confundidos. Facto aproveitado por S. José para fugir dali com a Sagrada Família, para o Egipto. Então, pela incerteza do seu paradeiro, calculando que o nascimento de Jesus teria ocorrido há pouco mais de um ano, Herodes mandou que na região dessa cidade fossem mortas todas as crianças do sexo masculino com menos de dois anos, para atingir de qualquer forma o Menino que temia lhe viesse a roubar o trono... dando-se a degola dos Santos Inocentes, mas ficando Jesus a salvo desse atentado.


Esta lenda, misturada com factos históricos do Novo Testamento, desde sempre que deteve simpatia popular nesta região de Entre Douro e Minho para com as giestas, conhecidas por Maias, associando a sua flor a festas que se realizavam na ocasião. De que em Felgueiras há tradição remota com a festa da Feira de Maio, no primeiro fim de semana do mesmo mês – realizada tradicionalmente no primeiro Domingo e Segunda-feira de Maio, com enraizado cunho de mostra de gado, através de concursos pecuários a premiar melhores expositores de gado cavalar e bovino, numa competição alargada a corridas de cavalos, além de outros números de lazer, que antigamente contavam com um desfile etnográfico chamado Cortejo das Lavradeiras e, depois, em anos diversos até à década de sessenta do séc. XX, incluíram provas populares de ciclismo.

Voltando ao rumo descritivo, é costume, com efeito, na noite da entrada de Maio haver decoração de todas as portas e janelas exteriores das casas com um ramo dessa planta rústica, quer de flores brancas ou amarelas, com preferência para estas.

Há um dito popular, ainda, de que a colocação dessa planta nas entradas das casas tem também ligação com uma praga de insetos, por via de um bicho conhecido por carrapato, que em tempo incerto aconteceu, pelo que se associa o costume em ideia de afugentar entrada nas casas dos tais carrapatos, associados na mente popular também com o demónio ou espírito mau, associado a um Herodes maléfico.

Em diferente aspeto a data tem atributo de dia do trabalhador, como festa mundial do trabalho, desde que houve massacre de operários praticado em 1884 nos Estados Unidos da América. Tendo sido estabelecido também em Portugal em 1889, com interregno durante a vigência do Estado Novo até suspensão levantada com o 25 de Abril, sendo a partir de 1974 feriado nacional.

Mas no que toca ao tema pitoresco do assunto, a floração operada neste período da natureza tem correspondência também de fecundidade. Por isso veio a propósito a mudança do dia da Mãe, que antes ocorria em Dezembro e ainda recentemente passou para Maio - de começo em Domingos diferentes de um ano para outro, mas ultimamente sempre no primeiro Domingo do Mês de Maria, como é celebrado pela Igreja católica.

Antigamente tal efeméride ocorria em Dezembro, com relação ao dia da Imaculada Conceição. O rei D. João IV procedera à Proclamação Solene de Portugal à Sua protecção, feita no ano de 1646. Volvidos séculos, o Papa Pio IX instituiu o Mistério da Imaculada Conceição, altura em que nas terras portuguesas foram construídos diversos monumentos, em honra da tradição portuguesa de ser Terra de Santa Maria. O que teve sequência local, aqui na região, passados alguns anos, quando no começo do século seguinte também em Felgueiras foi erigido um alusivo pedestal no Monte de Santa Quitéria. E a importância desses acontecimentos e associação dessas devoções, ficou bem patente com a consagração do mundo ao Imaculado Coração de Maria, por meio da Mensagem de Fátima, em plena segunda década do século XX; bem como em 1946 foi a imagem de Nª Sª de Fátima coroada, na passagem do tricentenário da eleição da Padroeira de Portugal.

Como assim, foi o dia da Imaculada Conceição, a 8 de Dezembro, dedicado às mães durante muitos anos. Em tempo recente, porém, houve mudança para o mês das cerimónias diárias ao culto da Mãe de Jesus, por junção de várias razões: a devoção do Mês de Maria, que começara a praticar-se em 1859, após o dogma referido, mais se enraizou na ligação a Maio, com reconhecimento episcopal, em 1930, declarando dignas de crédito as aparições de Fátima, cujo início foi nesse mesmo mês também.


ARMANDO PINTO

domingo, 20 de abril de 2014

Páscoa / 2014 - Continuação...


... Já passado o Compasso, da Visita Pascal de Rande, e beijada a Cruz!

Armando Pinto
(CLICAR sobre as fotos, para AMPLIAR)

Dia de Páscoa - à espera do Compasso...


Com uma agradável tarde soalheira, depois do almoço familiar, espera-se a chegada do Compasso Pascal, na Longra - um remanso ainda das terras de Felgueiras, apesar de tudo, e onde ainda se consegue manter algo das tradições vindas dos antepassados.

A.P.

sábado, 19 de abril de 2014

Feliz Páscoa!


Páscoa, no sentido de ressurreição e vitória da vida sobre a morte, relaciona-se com renascimento, na renovação da natureza, no vigor da vida. Por quanto esta associação significa e como sempre desejamos o melhor para nós, para os nossos e para tudo o que mais queremos, assim ansiamos uma revitalização no que nos une.


Vendo ao redor a natureza a florir e consequentemente o ambiente a desabrochar, mesmo com contrariedades das agressões políticas extensíveis  à crise social vigente, queremos sempre acreditar que não pode haver mal que sempre dure; e, apesar ainda de outras injustiças, como o sistema tendente a provocar desinteresse pela coisa pública; desejamos, a todos os que comungam do mesmo ideal cultural e bairrista, uma Feliz Páscoa.



Armando Pinto