Espaço de atividade literária pública e memória cronista

terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Carnaval da Vila da Longra – 2017


Na linha tradicional do Corso de Entrudo que, desde 1997, é já forte tradição anual, saiu mais uma vez à rua o Cortejo de Carnaval da Longra  o mais importante desfile carnavalesco do concelho de Felgueiras, a desfilar por costume arreigado na terça-feira gorda. 

Apesar da cara do dia, perante o semblante de tão chuvosa tarde, como que a mascarar-se de modo acinzentado e demasiadamente molhado, desfilaram caretas e carros alegóricos com entusiasta folia, na Vila da Longra, correspondendo ao interesse do público que acorreu e cujo interesse superou as condições meteorológicas.


Deste tão apreciado Carnaval da Longra regista-se aqui a presente edição do Corso Longrino, através de algumas imagens captadas pelo autor deste blogue à passagem do desfile.


Armando Pinto
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sábado, 25 de fevereiro de 2017

"Capitão"/General Sarmento Pimentel vai ser homenageado em Lisboa na Associação 25 de Abril


A ASSOCIAÇÃO 25 DE ABRIL E O TRIPLOV RECORDAM O "CAPITÃO" SARMENTO PIMENTEL

             

A Associação 25 de Abril, para as suas comemorações da Revolução de 1974, leva a cabo uma iniciativa em parceria com o Triplov: um memorial do "Capitão" João Sarmento Pimentel, em várias frentes, na sua sede: uma exposição, de 17 a 30 de Abril, com o título "João Sarmento Pimentel - Cem Anos de História"; cerimónia de abertura no dia 17, encerramento com solenidade no dia 30; e um colóquio a 26 de Abril.

A Associação 25 de Abril é uma associação sem fins lucrativos, de natureza altruísta, destinada à consagração e defesa dos valores cívicos, tendo como fins principais: «a consagração e divulgação, no domínio cultural, do espírito do movimento libertador de 25 de Abril de 1974», «a recolha, conservação e tratamento de material informativo e documental para a história do 25 de Abril e do processo histórico que o precedeu e se lhe seguiu», «a divulgação, pedagogia e defesa dos valores e espírito democráticos».

A exposição e todo o programa em apreço terão lugar na sede da ASSOCIAÇÃO 25 DE ABRIL, à Rua da Misericórdia, nº 95, em Lisboa.

A seu tempo será divulgado o programa das sessões solenes e do colóquio, ficando entretanto e desde já feito aqui um convite público a quem puder e desejar marcar presença.

Armando Pinto

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quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Piscina de Felgueiras a dar água pela barbela no suplemento do 32º aniversário d’ O Jogo


O jornal desportivo nacional “O Jogo”, ao perfazer mais um seu aniversário, comemorou publicamente tal existência com a impressão dum caderno suplementar de comemoração alusiva. Então na edição da respetiva data, na passada quarta-feira, dia 22, houve um suplemento comemorativo com diferentes feições para Lisboa e Porto, nas correspondentes e diferenciadas suas edições do norte e sul. Em cujas páginas do caderno destacável PORTO, entre diversos assuntos, foram distinguidos os concelhos do distrito do Porto com uma crónica referente a algo respeitante ao desporto local, recaindo no caso de Felgueiras o mote da piscina municipal e atividade da natação competitiva.

Assim, foi a natação o tema na parte felgueirense, embora fugindo ao interesse mais vasto que é verdadeiramente o futebol, cujo clube representativo, o FC Felgueiras 1932, já merece que seja escrita qualquer publicação de atualização histórica, depois que voltou a ostentar o nome histórico, pois a história entretanto registada em livro remonta ao tempo do antecessor CAF (e se não houver interesse que seja alguém da terra a narrar em letra de forma, ao menos que seja outrem, mesmo de fora, mas com domínio do assunto). Ora, com natural apreço comedido, entendendo que é de louvar a subsistência do setor, mas sabendo também que a norte há atualmente outras piscinas onde se desenrolam grandes provas, damos nota do caso com a transposição para aqui do trabalho em apreço.

É pois desse texto exposto no Suplemento do 32º aniversário do jornal “O Jogo”, de sua página XX, a coluna relativa:


Armando Pinto

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sábado, 18 de fevereiro de 2017

À minha avozinha Júlia


Quando lia o livro das lições da Escola, na primária, ao ter diante dos olhos aqueles versos de Junqueiro dos Simples, na composição sobre a moleirinha – uma velhinha que ia com seu jumentinho adiante, enquanto enternecia netos como eu, não pela personagem mas pelo que fazia lembrar  me vinha à ideia minha avozinha, então paralítica na cama havia anos, mas que me encantava.

Ah, como me fazia bem entreter-me à sua beira, sentar-me junto a ela a ouvi-la; e como nela tudo era bom. Enquanto ela vivia santamente resignada e era o sol que entrava na família e irradiava até às pessoas amigas e conhecidas, como os raios de sol que eu via entrar pelas frinchas da casa e misturado ao fumo da lareira fazia espirais, subindo como o incenso na igreja…

«…Vendo esta velhita, encarquilhada e benta,
Toc, toc, toc, que recordação!
Minha avó… se me representa…
Tinha eu seis anos, tinha ela oitenta…

(isso nos versos de Guerra Junqueiro, pois eu era criança mas nem sei quantos anos ela teria, ao tempo, interessava-me lá... eu via-a sempre de cara linda e sorridente! E como o que eu lia a espaços ia condizendo:)

...Que prazer d’outrora para os olhos meus!
Minha avó contou-me quando fui criança…

Toc, toc, e os astros abrem diamantinos,
Como estremunhados querubins divinos,
Os olhitos meigos para a ver passar…»

A minha avó tinha ficado assim quando eu tinha poucos meses e faleceu estava eu com catorze anos, meses antes de perfazer minhas quinze primaveras da vida. Fazia parte da minha vida.

Faz agora anos que vim propositadamente de onde estava e a não via há meses, portanto, para me poder despedir dela fisicamente. Estávamos em 1969, ano que então me fez sentir um grande abalo, na primeira perda de alguém muito querido, assim. Dando-lhe por fim um último beijo no dia do funeral, na tarde chuvosa de 18 de fevereiro, em que eu fui nem sei bem como, absorto, mais que perdido em pensamentos. Alguns dos quais mantenho bem vivos, passados já muitos anos. Sendo que isso foi já há 48 anos, caminhando para os cinquenta a conta da saudade entremeada em todos esses anos e que me faz bem lembrá-la nesta data. Porque sempre gostei muito da minha avó Júlia. E nunca esquecerei a minha avozinha. 

ARMANDO PINTO
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- Nota de curiosidade: Na foto vê-se por fundo visual a original fábrica MIT do Largo da Longra, estando à esquerda da imagem fotográfica o popular barracão onde funcionavam as oficinas da "fábrica velha" que deu origem à Mit / Metalúrgica da Longra.

A. P. 

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Obras incompletas nos passeios públicos da Longra, em mais um artigo no Semanário de Felgueiras


Crónica no Semanário de Felgueiras, sobre as  obras imperfeitas na Longra


Sem ter perdido atualidade, por haver sido escrito no princípio do ano (como se repara pelo início da narrativa), teve agora vez no jornal Semanário de Felgueiras a publicação dum artigo referente ao caso das obras públicas que se vêm desenrolando na Longra desde o mês de dezembro passado. Artigo assim pertinente ainda, porque se mantêm as mesmas situações que motivam reparos - como no texto se enumera e justifica.


Reabilitação Imperfeita

Novo ano, vida nova, diz um rifão popular. Mas nem sempre é assim na perfeição. Como que a afiançar o contrário desse ditote, se passa com um motivo que leva à redação de apontamento, desta vez.

Decorre na região felgueirense uma intervenção de reabilitação em parcelas do concelho de Felgueiras. Entre obras do Plano de Regeneração Urbana que integrarão um conjunto de beneficiações aos centros urbanos concelhios. Algo que em princípio deveria dar mais valias a espaços de utilização pública nas cidades e vilas do concelho. Cuja execução está já no terreno, por sinal e para já numa área urbana que ainda não merecera até agora a devida atenção executiva, desde há umas boas décadas de anos, para entretanto o plano prosseguir noutros pontos e diversificados aspetos de reabilitação, segundo o que foi noticiado.

Esta realidade, de finalmente algo ser feito em diferentes sítios, para o que era anterior norma da casa municipal, leva a que neste espaço de vislumbres memoriais, como tem sido a linha desta coluna, façamos anotação sobre atualidade, embora sempre com o mesmo sentido, que a memória é também contemporânea, no passado que será logo mais o presente.

Ora, no caso das obras de modernização em apreço, tal empreitada, a nossos olhos, despertava interesse e prometia ser importante, ao verificar que finalmente haveria qualquer coisa diferente. Sabendo-se que havia pelo menos um centro urbano, mais precisamente na Longra, onde até os passeios públicos pareciam milenares, apesar de nem terem assim tanto tempo de existência, tal o seu estado, e sobretudo por os peões nem terem salvaguarda de segurança, quer por servirem também para estacionamentos de veículos, como ocupação com variados artigos, pelos hábitos criados. Contudo, a ser verdade o que agora tem sido ventilado na voz pública, se a obra ficar incompleta, isso deixa muito a desejar. Caso fique a área central da Longra de feição alterada apenas na parte norte, e a partir do Largo para baixo tudo continue igual, "como dantes", com velhos passeios e sem resolução de problemas antigos de estrangulamento de trânsito e possibilidade de desastres. Por entre meros exemplos, ao que é necessário modificar. Ficando por ora em falta alongamento a passar do próprio centro local. Além de piorar a falta de aparcamentos e continuar a não haver um plano de novos arruamentos, que ajudem a uma mais ampla movimentação. Enquanto nos restantes centros urbanos, onde já havia passeios com melhores condições, certamente haverá continuidade noutros espaços.

O que for bem feito, bem parece. Pelo contrário o que ficar inacabado revela-se incompleto. Quão, por exemplo, em associação e analogia, as capelas imperfeitas destoam num monumento como no imponente mosteiro da Batalha. 


O tema, por sua vez, transporta mais além, dando ensejo de se incluir neste apontamento outras notas, para não bater sempre na mesma tecla mas procurar boa harmonia. Vindo a talhe lembrar a oportunidade que advirá desta maré de requalificação urbana, para um mais amplo embelezamento de certos locais de impacto visual, como são presentemente as rotundas, tão icónicas em sítios estratégicos dos acessos às localidades. Podendo assim ser caso de finalmente haver um toque identificativo em tais sítios de circulação, para uma visibilidade mais emblemática. Tal a lembrança há muito apontada sobre dever ser edificado numa das entradas da cidade de Felgueiras um monumento dedicado à produção de calçado, mas não só, faltando também uma edificação simbólica sobre o pão de ló. Bem como na Lixa, Longra e em Barrosas ficava a preceito algo alusivo às respetivas tradições, em conformidade distintiva. Porquanto, sem ser terra do leite e mel das escrituras, embora tendo abelhas no brasão, Felgueiras é mesmo rincão do doce pão de ló. E, pelo concelho, será de ligar o futuro à perenidade, honrado o que vem de nossos maiores, na continuidade da cultura de progresso.

ARMANDO PINTO
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segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

"13 de Fevereiro" - A revolta com que o “Capitão” Sarmento Pimentel manteve Portugal unido em 1919, no Porto!


Estava-se em 1919. Anos depois da implantação da República em Portugal, a 5 de Outubro de 1910, os apoiantes do anterior regime monárquico conseguiam restabelecer episodicamente um regime monárquico no Norte do país, em 1918, ficando algum tempo a nação dividida.


Assim sendo, a Monarquia não acabara completamente a 5 de Outubro de 1910, mas regressava numa tentativa de revivalismo, sem que o rei tenha voltado, mas com Paiva Couceiro e outros militares que o queriam de volta a conseguirem reinar entre 19 de Janeiro e 13 de Fevereiro de 1919 – no Norte. Em Lisboa e no Sul, a revolta liderada por Couceiro não vingou. Perfaz agora, a 13 de fevereiro, mais um aniversário sobre o fim de tal episódio da Monarquia do Norte, que primou pelo caricato – tal como os republicanos, os monárquicos não se entendiam entre si. Mesmo doente, com gripe pneumónica (vulgo "espanhola"), o "Capitão de Cavalaria" Sarmento Pimentel acabou por restaurar a República

Com efeito, em finais de 1918 e princípios de 1919, voltara a haver parcialmente Monarquia em Portugal. Não em todo o País, mas no Porto e, a partir daí, por quase todo o Norte do País. A restauração, também tentada em Lisboa, a 22 de Janeiro, falhou no Sul. A Monarquia de 1919 ficou assim a ser a ‘Monarquia do Norte’, existindo acima de Aveiro e Viseu, uma espécie de ressurreição tardia do original Condado Portucalense. Na Europa, a I Guerra Mundial acabara havia dois meses e começava a conferência de paz de Versalhes. A situação do País era tremenda. Faltavam abastecimentos, o Estado estava arruinado, corriam muitos boatos, e a epidemia de gripe matava milhares de pessoas. No Porto estabeleceu-se uma Junta Governativa do Reino de Portugal, presidida pelo célebre capitão Henrique da Paiva Couceiro. Por quase todo o Minho e Trás-os-Montes voltou a haver bandeiras azuis-e-brancas. A Junta do Porto restaurou a antiga moeda (o real, através de carimbo nas notas de escudo em circulação), e a Guarda Nacional Republicana foi batizada Guarda Real. Mas o rei não regressou a Portugal e o fracasso da restauração em Lisboa desanimou muita gente. Tudo acabou a 13 de Fevereiro, precisamente onde começara: no Porto, com um contra-golpe militar.


A 13 de Fevereiro, a Monarquia acabou como começara: por um golpe militar no Porto. O seu chefe foi o capitão João Sarmento Pimentel. Apesar de doente com o surto de gripe pneumónica que grassou no país, ao tempo, aproveitou a saída de Couceiro e da maioria das tropas para restaurar a República à frente da Guarda Real, que voltou a ser a Guarda Republicana. A 19 de Fevereiro, os últimos combatentes da Monarquia deixaram Trás-os-Montes em direção à Galiza.


Como ilustração descritiva e visual desse acontecimento histórico, que teve João Maria Ferreira Sarmento Pimentel como protagonista principal, trazemos a este espaço de memória histórica alguns trechos relacionados, através duma página da "História do Porto", cidade onde se passou tal heroicidade pela Pátria, da lavra de “João da Torre” (então ainda jovem que, além da vivência em Felgueiras de seus tempos de “sangue na guelra”, a espaços com sua vida de aquartelamento militar, residia normalmente no Porto, ao tempo) e também páginas da “História de Portugal” dirigida por João Medina, com transcrições das “Memórias do Capitão”.


Armando Pinto
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terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

João Sarmento Pimentel na História de Portugal - a propósito de famas populares e importância de sua figura histórica


O célebre "Comandante" João Sarmento Pimentel, como figura pública de âmbito nacional e personagem famoso do ambiente local, sendo protagonista de episódios transmitidos na difusão popular de seu tempo, foi em certa medida herói e vítima dos acontecimentos, tendo recaído sobre si diversas lendas e invenções popularizadas, quer pelo modo desse tempo de se contar na voz do povo o que era ouvido e transmitido oralmente, quer pelo que convinha a quem porventura não gostava de suas posições e não comungava dos mesmos ideais políticos, quer por outros motivos de índole diversa. 

A propósito de tudo isso, deitamos olhos ao que sobre ele vem escrito na História de Portugal, dirigida por João Medina, como parte da coleção composta por XV volumes, editada em 1993. Onde, em texto de Jacinto Baptista, no volume XI, desde a página 153 à 158, é narrado algo relacionado com isso e mais, sobre tal personagem heróico na memória da Grei.

Assim sendo, colocamos aqui as correspondentes páginas, em recortes digitalizados para facilitar melhor leitura, da  "História de Portugal", capítulo Seara Nova ou a República Criticada, edição Ediclube, de 1993, 







(Jacinto Baptista, in História de Portugal, capítulo Seara Nova ou a República Criticada,  volume XI, edição Ediclube, em 1993, páginas 153 a 158)

ARMANDO PINTO

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