
Com atentos raios de sol de fim de verão a furar entre as
ramagens de anciãs árvores de seu belo espaço, decorreu em Rande, este domingo
penúltimo de setembro, no amplo parque florestal da “Casa do Montebello”, uma
inédita e louvável iniciativa tendente a valorizar a natureza das árvores de
longa duração. Tendo então, desde o final da manhã e toda a tarde, até à noite,
decorrido um convívio domingueiro, de amigos e conhecidos do proprietário da
ancestral “Casa do Montebello”, no popular lugar do Montebelo, da freguesia de
Rande, nos limites da Vila da Longra e em pleno concelho de Felgueiras. Qual encontro abraçado por centenário arvoredo de aragem atmosférica ao
ar livre, nesse ajardinado bosque ambiental. Tal o evento acontecido sob auspícios
de aclimatação memoranda aos exemplares do mesmo sítio frondoso, à guisa de
reserva arbórea de cariz particular da região, guardando muitas e belas árvores
da família dos carvalhos, que pela sua antiguidade são consideradas carvalhas.

Neste ponto do reflexo do sol entre a ramagem das árvores
vem a sentir-se a definição das mesmas árvores, em apreço, sendo que carvalho,
árvore do género Quercus, se denomina assim durante seu crescimento inicial,
enquanto carvalha designa um carvalho velho, de longa idade. Com especial
enfoque pela copa e vigor. Curiosamente, o célebre etnógrafo Leite de
Vasconcelos, em seu trabalho “Etnografia portuguesa: tentame de
sistematização”, referiu até que «Carvalho em Felgueiras parece que é o
carvalho que em parte se corta, e depois rebenta viçosamente…» e relativamente
a uma de suas funções mais usuais em tempos idos, nas construções domésticas,
quanto aos antigos barrotes ou traves, referiu por termo coletivo que «trave
designa em Felgueiras o carvalho, quando, em plena vegetação, se torna apto
para construções…». Com a natural noção que essas árvores são dignas em espaços
próprios, por serem de folhas caducas, deixando cair todas as suas folhas pelo
outono e até ao inverno, ou seja não são tanto de espaços públicos normais.

Foi pois nisso assim que este passado domingo, 21 de
setembro, com muito gosto testemunhei e participei como convidado em
tal inédito evento de louvor a árvores de longa história. No Montebelo, em
Rande, mais precisamente na histórica “Casa do Montebello” que deu nome ao
lugar circunvizinho. Graças à iniciativa do amigo e bom cidadão Longrino-Felgueirense sr. Fernando Vaz, que juntando um bom número de convidados, deu azo a essa atenção à natureza das árvores de cobertura desse bosque, de realce de tanta flora misturada com refrescante arvoredo antigo.
No livro “Memorial Histórico de Rande e Alfozes de
Felgueiras” (publicado em 1997, com o patrocínio do jornal Semanário de
Felgueiras), além de também ter ficado impresso um apontamento a historiar a
casa, entre as páginas 259 e 260, aí foi registado pelo autor desta reportagem
ainda uma descrição do ambiente da propriedade, narrada como «sobremaneira
valorizada por muito antigo parque ajardinado, um grande jardim, lago e
passeios completando um conjunto frondosamente deleitoso, realçado por lindas
flores e belas espécies de arvoredo».
Ora, nesse remanso tipicamente acolhedor, de misto ambiental
romântico e paisagista, entre convivência em torno de repasto de ocasião, teve
lugar pela tarde dentro uma classificativa das carvalhas mais antigas, de porte
mais avantajado, entre as vinte e muitas espécies de carvalhos e carvalhas do
respetivo parque doméstico, num total de vinte e oito, com marcação celebrativa
das nove mais grossas, algumas das quais a precisar de vários braços humanos
para serem devidamente abraçadas, quão enlaçadas e medidas foram. Conforme se
mostra, ilustrando toda a ocorrência, ao jeito como as imagens dispensam mais
palavras.
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Após medidas e classificadas as carvalhas, concluída a vistoria e verificação de quais as maiores, ficou estabelecido por ordem a sua classificação, mediante as medidas verificadas. Por exemplo a 1ª (número 1 final) tem 3, 96 metros e as outras correspondentes dimensões seguintes, conforme se pode verificar pelo mapa ilustrativo de conclusão (na imagem, de epílogo).
Armando Pinto
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