Com atentos raios de sol de fim de verão a furar entre as ramagens de anciãs árvores de seu belo espaço, decorreu em Rande, este domingo penúltimo de setembro, no amplo parque florestal da “Casa do Montebello”, uma inédita e louvável iniciativa tendente a valorizar a natureza das árvores de longa duração. Tendo então, desde o final da manhã e toda a tarde, até à noite, decorrido um convívio domingueiro, de amigos e conhecidos do proprietário da ancestral “Casa do Montebello”, no popular lugar do Montebelo, da freguesia de Rande, nos limites da Vila da Longra e em pleno concelho de Felgueiras. Qual encontro abraçado por centenário arvoredo de aragem atmosférica ao ar livre, nesse ajardinado bosque ambiental. Tal o evento acontecido sob auspícios de aclimatação memoranda aos exemplares do mesmo sítio frondoso, à guisa de reserva arbórea de cariz particular da região, guardando muitas e belas árvores da família dos carvalhos, que pela sua antiguidade são consideradas carvalhas.
Neste ponto do reflexo do sol entre a ramagem das árvores vem a sentir-se a definição das mesmas árvores, em apreço, sendo que carvalho, árvore do género Quercus, se denomina assim durante seu crescimento inicial, enquanto carvalha designa um carvalho velho, de longa idade. Com especial enfoque pela copa e vigor. Curiosamente, o célebre etnógrafo Leite de Vasconcelos, em seu trabalho “Etnografia portuguesa: tentame de sistematização”, referiu até que «Carvalho em Felgueiras parece que é o carvalho que em parte se corta, e depois rebenta viçosamente…» e relativamente a uma de suas funções mais usuais em tempos idos, nas construções domésticas, quanto aos antigos barrotes ou traves, referiu por termo coletivo que «trave designa em Felgueiras o carvalho, quando, em plena vegetação, se torna apto para construções…». Com a natural noção que essas árvores são dignas em espaços próprios, por serem de folhas caducas, deixando cair todas as suas folhas pelo outono e até ao inverno, ou seja não são tanto de espaços públicos normais.
No livro “Memorial Histórico de Rande e Alfozes de Felgueiras” (publicado em 1997, com o patrocínio do jornal Semanário de Felgueiras), além de também ter ficado impresso um apontamento a historiar a casa, entre as páginas 259 e 260, aí foi registado pelo autor desta reportagem ainda uma descrição do ambiente da propriedade, narrada como «sobremaneira valorizada por muito antigo parque ajardinado, um grande jardim, lago e passeios completando um conjunto frondosamente deleitoso, realçado por lindas flores e belas espécies de arvoredo».
Ora, nesse remanso tipicamente acolhedor, de misto ambiental romântico e paisagista, entre convivência em torno de repasto de ocasião, teve lugar pela tarde dentro uma classificativa das carvalhas mais antigas, de porte mais avantajado, entre as vinte e muitas espécies de carvalhos e carvalhas do respetivo parque doméstico, num total de vinte e oito, com marcação celebrativa das nove mais grossas, algumas das quais a precisar de vários braços humanos para serem devidamente abraçadas, quão enlaçadas e medidas foram. Conforme se mostra, ilustrando toda a ocorrência, ao jeito como as imagens dispensam mais palavras.
Armando Pinto
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