quarta-feira, 30 de agosto de 2023

De vez em quando… Lembrança do Padre Alberto Brito – Pároco de Rande e Sernande (Felgueiras) de 1932 a 1940

Entre figuras populares da região, calha desta vez lembrar o Padre Alberto Brito, um antigo pároco de S. Tiago de Rande e S. João de Sernande, muito lembrado durante largos anos adiante pelas gerações de nossos pais e avós. Popular e simplesmente referido por Padre Alberto, como era popularmente conhecido, de nome completo Alberto do Nascimento da Costa Brito. Padre Alberto que esteve na paróquia de Rande e anexa de Sernande em grande parte da década dos anos trintas, do século XX, mais precisamente de 1932 até 1940. Tendo naturalmente habitado a casa da Residência Paroquial de Rande durante sua paroquialidade deveras frutuosa.

= O Padre Alberto com o Grupo de jovens raparigas da “Juventude Católica de Rande”, fundado por si. Tendo ele criado a Juventude de grupos de rapazes e raparigas, a JOC (Juventude Operária Católica) e a JAC (Juventude Agrária Católica), depois fundidas na “Juventude”, que teve saliência como Grupo Coral da paróquia.

Quanto a isso e para simplificar, basta recordar algo do que sobre ele ficou referenciado no livro “Memorial Histórico de Rande e Alfozes de Felgueiras”, conforme se pode rever por algumas páginas que para aqui se transpõem, para o efeito.  

Natural de Freamunde, o Padre Alberto, após ter sido pároco de Rande e Sernande, em Felgueiras, foi para Lousada, onde como pároco de Silvares, da vila de Lousada e Vigário da Vara, inclusive em 1946 presidiu à Comissão Concelhia da “Comemoração do Tri-centenário da Consagração de Portugal à Imaculada Conceição de Maria”. Mais tarde foi transferido para a cidade do Porto, como pároco de Nevogilde. Havendo então sido destacado elemento do clero da cidade do Porto, tendo pertencido a grupos de sacerdotes que apoiaram o famoso Bispo do Porto D. António Ferreira Gomes durante a sua ausência forçada da diocese (pelo seu exílio no estrangeiro, ditado por Salazar, por motivos da política do Estado Novo). A ponto de esses mesmos padres (entre os quais também se contava o Padre Luís Rodrigues, natural de Rande e ao tempo reitor da Lapa do Porto) terem formado uma comissão que ofereceu ao seu Prelado um carro para uso próprio na terra do exílio. Numa relação que teve ainda ligação à visita que alguns desses sacerdotes (entre os quais também o então pároco de Rande, Padre João Ferreira da Silva) também fizeram ao exilado Bispo do Porto, indo em comitiva de padres da diocese portucalense que se deslocaram a Espanha para estar com o seu Bispo.

Ora, depois de tudo isso e ao cabo de cinquenta anos da ordenação sacerdotal do Padre Alberto e seguinte sua chegada a Rande, em 1932, visto ter tido como primeiro múnus paroquial precisamente as duas freguesias anexas de Rande e Sernande, ele veio a Rande em 1982 celebrar uma missa comemorativa disso mesmo. Tendo então oferecido aos presentes uma pagela alusiva ao início de seu sacerdócio – que aqui se expõe em imagem com ambos os respetivos lados.

Havendo sido ordenado e celebrado sua Missa Nova em Agosto de 1932, veio para Rande no início de Outubro desse ano. Motivo porque em 1982 veio celebrar a 2 de outubro sua missa festiva na igreja paroquial de Rande, seguindo-se um almoço comemorativo na casa da Quinta, oferecido pela família Teixeira e com a presença de alguns convidados representativos da geração do tempo do Padre Alberto enquanto pároco de Rande, entre os quais estiveram também honrosamente os pais do autor destas lembranças.

À época foi então publicado um pequeno livro, em formato de revista, como homenagem às suas Bodas de Ouro através de edição dos paroquianos de Nevogilde-Porto, após um período comemorativo com vasto programa de atividades e realizações. Publicação da qual se transpõem para aqui as primeiras páginas, como ilustração.


Armando Pinto

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Nota Bene: - Recorde-se que sobre o Padre Alberto, entre outras considerações e publicações, também aqui, neste espaço pessoal, foram anteriormente feitas referências nalgumas passagens, tais as que se podem rever (clicando) em

http://longrahistorico.blogspot.com/2018/12/noticia-de-uma-festa-de-outros-tempos.html

e

http://longrahistorico.blogspot.com/search?q=dia+dos+av%C3%B3s

A. P. 

segunda-feira, 28 de agosto de 2023

Visita: Entre as Exposições temporárias do Santuário de Fátima – Uma interessante mostra de Terços do Rosário

Contemplando os mistérios dos Rosário, está patente nos baixos da moderna igreja do recinto das Aparições de Fátima (Basílica da Santíssima Trindade) uma valiosa coleção de terços integrantes do museu do mesmo santuário de Fátima, que está à vista do público e pode ser visitada até outubro de 2024.

Esta «nova exposição temporária do Santuário de Fátima, apresenta o Rosário como caminho para a paz. “Rosarium: Alegria e Luz, Dor e Glória” é o título da mostra, que pode ser visitada no Convivium de Santo Agostinho, piso inferior da Basílica da Santíssima Trindade».

A exposição integra assim muito material das reservas e do próprio museu de exposição permanente, espaço grandioso sito do lado direito da colunata e do templo principal (Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima).

"Há mais de uma dezena de anos que o Museu do Santuário de Fátima nos oferece exposições temporárias que, ao mesmo tempo que apresentam o espólio do Santuário, nos permitem também contemplar muitas obras de arte privadas, conduzindo-nos, pela via da beleza, ao conhecimento e aprofundamento de Fátima. Assim acontece com esta exposição sobre o Rosário, tema profundamente enraizado em Fátima, porque nos conduz ao âmago da Mensagem e tem um aprofundamento atual, porque a paz é tema incontornável nos nossos dias", nas palavras do padre Carlos Cabecinhas, atual reitor do santuário.

A exposição percorre os quatro mistérios que se meditam no Rosário, através de uma narrativa que convida à contemplação desta oração mariana, que é “uma das dimensões mais estruturantes da mensagem de Fátima”. O itinerário começa, por isso, com a projeção do pedido que a Senhora do Rosário fez aos Pastorinhos para que rezassem o Terço todos os dias para alcançar a paz.

“Desde 1917, não mais se deixou de tomar as contas por entre as mãos com esse intuito. Por essas contas, feitas das mais variadas matérias e ligadas por uma cadeia rematada pela cruz, passam as alegrias e as luzes, as dores e as glórias dos mistérios de Deus e da humanidade”, lê-se no guião da mostra, que, no primeiro núcleo, apresenta o Rosário como instrumento de recitação dos mistérios da vida de Cristo, através de um esquema explica o método desta oração, incluindo a jaculatória que Nossa Senhora ensinou aos Pastorinhos na Aparição de julho de 1917.

Este esquema pedagógico é apresentado ladeado de vinte Terços que foram oferecidos a Nossa Senhora de Fátima pelos Papas Bento XVI, Paulo VI, João Paulo II e Francisco, aos que foram ofertados por outras personalidades como o padre Pio de Pietrelcina, a madre Teresa de Calcutá ou o Rosário oferecido pelos pescadores de Caxinas, depois de sobreviverem a um naufrágio onde recitaram a oração mariana na aflição.

A terminar o primeiro núcleo é apresentada uma obra de arte contemporânea que apresenta 150 terços oferecidos por peregrinos anónimos a Nossa Senhora de Fátima. Na instalação, da autoria de Ana Bonifácio, os Rosários, de cor branca, são dispostos numa teia de fios que suspendem os Terços até junto de uma plataforma que contém terra de Fátima, para “significar as orações que sobem da Terra ao Céu”.

O segundo núcleo da exposição interpreta e contempla os mistérios do Rosário. Os subnúcleos que apresentam os mistérios da alegria, da luz, da dor e da glória, são dispostos à volta de um "monumental Rosário", situado no centro do espaço, e que serve de “peça âncora” sob a qual os visitantes meditam as contas de cada mistério.

Cada subnúcleo apresenta um Terço que pertenceu aos Pastorinhos de Fátima e, sob o fundo de um painel que mostra fotos de pormenor das mãos de peregrino a rezar o Terço, são dispostas, lado a lado, uma peça de arte antiga e contemporânea, suscitando interpretações no diálogo que se estabelece entre ambas.

No espaço dedicado aos mistérios da Alegria, as obras expostas focam-se sobre o nascimento de Jesus: uma pintura a óleo sobre madeira de Simão Rodrigues “Adoração dos Pastores”, datada de 1605, e a instalação “Sinais do Presépio”, de Emília Nadal, do ano 2000.  No segundo subnúcleo, que apresenta os mistérios da luz, uma urna eucarística do século XVIII é exposta ao lado de dois vitrais de Rolando Sá Nogueira, de 1986, da capela do Anjo da Paz do Santuário de Fátima. No espaço dedicado aos mistérios da dor, sob a cor vermelha, é apresentada a escultura em madeira “Ecce Homo”, do século XVIII, em contraponto com a escultura de Clara Menéres, de 1973, “Jaz morto e arrefece o Menino de sua Mãe”, que retrata um cadáver de um soldado ferido em guerra. No último subnúcleo, dedicado à glória, uma escultura de Cristo ressuscitado, do século XVII é disposta no meio de uma instalação de rede de alumínio, de 2022, da autoria de Ana Lima-Netto, para recriar o jardim do éden.

No terceiro núcleo, que tem como título “Entre o céu e a terra”, é exposta a obra “Suspensão”, que Joana Vasconcelos fez por ocasião do centenário das Aparições de Fátima, e que apresenta um monumental Rosário, iluminado, em que a cruz está disposta sobre uma reprodução de “Homem de Vitrúvio”, de Leonardo da Vinci.

“Aqui, está significada a paz que está em suspenso… Isto é: a paz é possível se, de facto, se cumprir o Evangelho de Cristo e se meditarem os mistérios do Rosário, que são de Deus, mas também da Humanidade. É possível a paz ser alcançado, (…) mas depende da liberdade humana em aceitar o convite dos Céus”, explica o responsável pela exposição “Rosarium: Alegria e Luz, Dor e Glória”, que tem lugar nos 20 anos da publicação da Carta Apostólica sobre o Rosário de João Paulo II.

A exposição está inserida na abertura do ano pastoral no Santuário de Fátima, que assume o mesmo tema da Jornada Mundial da Juventude que em 2023 decorreu em Lisboa: "Maria levantou-se e partiu apressadamente".

A exposição tem entrada livre e pode ser visitada no Convivium de Santo Agostinho, piso inferior da Basílica da Santíssima Trindade. Onde é distribuído um pequeno manual em formato de brochura, para explicação de acompanhamento interpretativo.

Armando Pinto

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domingo, 13 de agosto de 2023

“Peregrinação de Santa Quitéria” – a anual procissão de consagração concelhia de Felgueiras em honra do Imaculado Coração de Maria

Em pleno mês estival de agosto, como é tradicional, realizou-se este domingo de meio do mês a usual Procissão de todo o concelho, popularmente conhecida por “Peregrinação de Santa Quitéria”, por ligar em caminhada sacra a ida em préstito religioso desde a sede do concelho até ao alto do monte de Santa Quitéria. Agora em edição 75.ª da Peregrinação do Concelho de Felgueiras ao Imaculado Coração de Maria. Na linha da consagração e agradecimento coletivo iniciado após o final da II.ª Grande Guerra Mundial e da vizinha Guerra Civil Espanhola, com efeitos extensivos de fome, miséria e temor sentidos na região felgueirense, também. Como é do conhecimento público, pela transmissão oral e escrita vinda desde esses tempos.

Assim, na continuidade do programa, este ano de 2023, tendo englobado no dia 12, sábado, a Procissão de Velas desde o alto do monte do Santuário de Santa Quitéria até à Igreja Matriz de Margaride, à baixa da cidade de Felgueiras, transportando o andor de Nossa Senhora, houve portanto este dia 13 o ponto alto da Peregrinação com o mesmo andor a retomar a marcha no domingo, rumo ao alto da Santa, como habitualmente se diz ente nós, felgueirenses. Mais uma vez em organização da Confraria do Imaculado Coração de Maria e Santa Quitéria, de parceria com a Vigararia de Felgueiras. Presidindo este ano às celebrações D. Vitorino Soares, Bispo Auxiliar do Porto, que se incorporou na Peregrinação e celebrou a missa campal no monte do Santuário de Santa Quitéria.

Este ano a Peregrinação – como também é conhecida, mais simplificadamente – à passagem de 75 anos da mesma Peregrinação ao Imaculado Coração de Maria, em Santa Quitéria, teve organização mais ampla, como se notou por englobar representações de praticamente quase todas as paróquias do concelho, com as respetivas cruzes processionais e bandeiras paroquiais. Embora notando-se certas diferenças na comparação com outros tempos, mas com melhoria de amplitude e organização perante anos anteriores. Saudando-se assim esta renovação da tradição e revigoramento das atividades ligadas à Confraria de Santa Quitéria, em comunhão com os párocos da Vigararia de Felgueiras.  

Ilustrando esta constatação, exemplifica-se a ocorrência através de algumas imagens, colhidas sem qualquer rigor na fixação, mas tão só entre o olhar pessoal e tempo instantâneo do clique.   


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Por fim e entretanto, nesta rememoração, recorda-se algo sintomático de como em tempos idos a Peregrinação felgueirense tinha aspetos particulares inesquecíveis, como acontecia com a incorporação dos cordeirinhos paroquiais, levados em cada representação das paróquias. Conforme se pode ver por imagem captada pelos inícios da década dos anos 60, do século XX; no caso da coreografia tradicional do cordeirinho em mãos duma menina, rodeada de meninas com vestidos da Cruzada, a pegar em fitas saídas do livro de suporte ao mesmo cordeiro místico, respeitante à representação da paróquia de S. Tiago de Rande – foto constante do livro “Memorial Histórico de Rande e Alfozes de Felgueiras”, publicado em 1997.

Armando Pinto

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sábado, 12 de agosto de 2023

Homenagem evocativa a Miguel Torga (1907-1995), um dos maiores escritores portugueses - no seu 116.º aniversário (1907-2023)

 

No Aniversário de Miguel Torga:

A 12 de agosto de 1907 nasceu Adolfo Correia da Rocha, conhecido pelo pseudónimo de Miguel Torga, que o mesmo escolheu para assinar suas brilhantes obras literárias. Com cujo nome literário está celebrizado esse português vindo ao mundo em São Martinho de Anta, no concelho de Sabrosa, com os olhos no alto do miradouro de São Lourenço da Galafura, nas proximidades da aldeia vinhateira de Provesende, em plena região demarcada do vinho generoso duriense, no distrito de Vila Real. 

Um dos maiores e melhores escritores da língua portuguesa, na linha de Camilo Castelo Branco, Eça de Queirós, Ramalho Ortigão, Trindade Coelho e Virgílio Ferreira, tal como nalguns aspetos também António Lobo Antunes, por exemplo, nomes que bem mereciam o Nobel da Literatura, bem mais que outros… 

Grande escritor esse, Torga, o médico Dr. Adolfo Rocha, que depois faleceu em Santo António dos Olivais, Coimbra, a 17 de janeiro de 1995. Tendo sido mesmo um dos mais influentes literatos portugueses do século XX.

 Agora que passam 116 anos de seu nascimento, recordo aqui, em homenagem, um livro seu que comprei aquando de seu centenário.

AP

sexta-feira, 11 de agosto de 2023

Rasto ao equipamento do Futebol Clube de Felgueiras - Artigo no Semanário de Felgueiras Jornal sobre a histórica 1.ª camisola d' "o Felgueiras"


Certificando a memória dos equipamentos usados pelo FC Felgueiras nos anos de entrada em provas oficiais, contempla desta feita essa visão a crónica da colaboração pessoal do autor ao jornal Semanário de Felgueiras. Puxando vislumbre coevo e outro tanto contemporâneo, de alusão a essa memorização.  

Assim...

Em mais um vislumbre de memorizações históricas, no âmbito da memória coletiva felgueirense, calha desta vez trazer acima do reconhecimento comum algo que a propósito do início da nova época futebolística vem a talhe. Relembrando a camisola usada pelas equipas do Futebol Clube de Felgueiras aquando dos primeiros jogos oficiais. Agora que o atual Futebol Clube Felgueiras 1932 passa a usar novo padrão de camisola principal, como ultimamente acontece nas sucessivas mudanças verificadas época a época, nas temporadas decorrentes dos tempos recentes. Calhando assim lembrar a antiga camisola e extensivo equipamento. Como se evoca em mais um artigo no Semanário de Felgueiras Jornal. 

Repare-se então no antigo histórico equipamento e no atual, como se mostra em início do artigo. Sendo que as imagens ficam gravadas, no complemento das letras historiadoras. 


Quão memoranda é historicamente a pose da equipa dos primeiros tempos, pintada ao estilo da época (conforme original em posse ainda da família do histórico fundador, através da qual passou a haver esta cópia no arquivo pessoal do autor, também), mostrando como eram os equipamentos desses tempos das pioneiras equipas felgueiristas entradas em jogos oficiais pelos idos de meio dos anos 50, do século XX. 


Eis então o artigo publicado no Semanário de Felgueiras Jornal, em sua edição de 8 de agosto, na página de Desporto: 

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Autenticando a crónica, também,  coloca-se o texto em formato original:

Equipamentos das iniciais épocas oficiais do FC Felgueiras

Com o futebol ainda na pré-epoca de nova temporada desportiva, entre mudanças e novidades tem havido anualmente algumas alterações dos padrões dos equipamentos. Sendo assim tempo de nova camisola também a vestir pelos jogadores das equipas do FC Felgueiras. Na tradição de anos recentes, ao estilo de listas largas em tons de azul-grená à Barcelona, diferindo sensivelmente em pormenores e letras de cunho do patrocinador. Diferente agora assim das primeiras camisolas do tempo dos iniciais jogos de cariz oficial, cuja lembrança vem a propósito, recuando à memória de outrora.

Criado em 1932, inicialmente como Santa Quitéria F. C. em Maio, e a partir de Outubro desse mesmo ano passando a ter o nome histórico de Futebol Clube de Felgueiras, o FC Felgueiras, inicialmente equipou com camisolas de riscas estreitas, quando se jogava no Campo de Fontões, e mesmo depois do desaparecimento desse recinto dos Carvalhinhos, durante cerca de duas dezenas de anos em que o clube disputou provas regionais não oficiais, em campos onde pudesse jogar, entre torneios locais e de concelhos vizinhos. Até que na transição dos anos 40 para 50, passando a existir o campo da Rebela, em Várzea, novos horizontes se abriram. Então em 1952 foi o FCF inscrito oficialmente para disputa de provas oficiais, e após legalização escriturada em 1953, passou a disputar o Campeonato Distrital da Associação de Futebol do Porto em 1954, disputando a 3ª Divisão Regional de 1954/55. Tendo nesses inícios usado como equipamento principal camisolas de gola e peito em azul e resto do dorso em grená escuro, sendo o calção azul. Alternando com um equipamento alternativo de camisolas amarelas e calção azul-escuro. Como, desta camisola amarelada, usada em jogos contra equipas de equipamento similar do principal, consta uma foto incluída no livro “Futebol de Felgueiras-Nas Fintas do Tempo 1932/2007”. Enquanto do equipamento inicial se dá aqui um vislumbre, através de imagem coeva de pose do plantel, estando os jogadores junto dum dirigente e do treinador.

Acresce que posteriormente sucedeu, no seguimento das épocas, a evolução de uso das camisolas totalmente em tons de avermelhado grená, mais calção azul, dos também históricos equipamentos das primeiras subidas de divisão; até que mais tarde passou a haver alternância de diversos padrões em diferentes temporadas. Contudo, na imagem agora a fixar, conta a pele do tecido que perdura na retina da memória dos idos tempos das chuteiras de travessas.

É pois esta pose fotográfica da equipa um documento fotográfico histórico, remetendo aos tempos dos primeiros jogos. Com a curiosidade dos onze titulares estarem acompanhados por aquele sr. Carvalho que foi um dedicado dirigente e homem-forte do futebol felgueirense e pelo primeiro treinador da equipa, Verdial Moura, antigo jogador e fundador também. 

Com esta foto colorida, ao jeito da época de gravuras pintadas, testemunhando visão de ultrapassagem à realidade nesses tempos de fotos a preto e branco, percorre e recua a história aos tempos dos chutos na bola de capa dessa era. E, na penumbra de tais épocas, em visão memoranda esbatida pela poeira saída da terra solta do retângulo de jogo, lá vão os jogadores correndo atrás do saltitante esférico. Como no sonho poético que a vida pula e avança. 

ARMANDO PINTO

quinta-feira, 10 de agosto de 2023

De vez em quando… Foto com história: Acampamento da "Liga de Rande" em 1964

A Liga Eucarística dos Homens de Rande era um grupo paroquial de S. Tiago de Rande, cuja atividade teve vitalidade deveras saliente no meio local e na convivência conterrânea. Agrupamento esse existente durante anos das décadas de 50, 60 e 70, na paroquialidade do Padre João Ferreira da Silva, e que naturalmente está devidamente historiado também no livro “Memorial Histórico de Rande e Alfozes de Felgueiras”, publicado em 1997.

Ora, na existência da Liga de Rande (como era popularmente mais conhecido o grupo), muitos e bons momentos ficaram por assim dizer na memória coletiva e nas lembranças das gentes desse tempo. Entre cujas diversas ocorrências se contam os “Acampamentos” realizados nalguns anos, com lugar no alto do monte de Santana, em dias seguidos de um fim-de-semana, no verão de cada ano. Proporcionando bons momentos e motivos de convívio da juventude de Rande. De um desses casos reporta a foto que desta vez se dá à estampa, a relembrar isso. Captando fotograficamente um instantâneo duma refeição, das que, entre as dormidas nas tendas de campismo, passatempos florestais e refeições em género de piquenique, iam acontecendo de sexta-feira a domingo em cada realização. Acampados esses jovens em Santana, apenas intervalando na hora da missa dominical para irem cantar à igreja, enquanto o cozinheiro de serviço ficava e ia fazendo pela vida, mesmo que por vezes enganando-se no sal deitado à comida. Seguindo-se o repasto, à sombra da vegetação frondosa desse alto da freguesia de Rande.

Sobre isso mesmo… Respeita a foto, aqui partilhada, já referente ao período de almoço domingueiro, no “Acampamento” de 1964 dos rapazes da Liga Eucarística dos Homens de Rande.

Armando Pinto

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quarta-feira, 2 de agosto de 2023

Foto com história: a antiga estação de transportes da vila de Felgueiras

Dando mais uma volta em viagem do tempo, nestes apontamentos de recuperação da memória coletiva que por vezes anda arredia do conhecimento oficial e até geral da causa felgueirense, procuramos dar mais um contributo com mais um dos diversos exemplos possíveis. Desta vez resgatando para a lembrança pública mais um dos edifícios históricos de Felgueiras.

Ora, quando se fala da possibilidade de voltar a haver passagem de comboio pelo território concelhio de Felgueiras, cuja ideia está ainda para formalização de projeto, vem a talhe lembrar a casa onde em tempos funcionou na sede concelhia de Felgueiras a antiga estação do comboio da Linha Férrea de Penafiel à Lixa e Entre os Rios (com estações em terras felgueirenses na ao tempo povoação da Longra, mais nas então vilas de Felgueiras e Lixa, bem como ainda um apeadeiro na Escalheira). Sendo que assim na antiga vila de Felgueiras a estação funcionou nesse prédio que desde tempos remotos foi estação de transportes de antiga Alquilaria, dos carros de cavalos de aluguer e diligências de transportes, depois poiso de venda de bilhetes do comboio e mais tarde das camionetas de passageiros da empresa Cabanelas. Edifício este que, na passagem do tempo, acabou por ter seguidamente outras valências e funções, como se sabe. E, mais importante na atualidade, atendendo a outros casos ainda recentes... está ainda de pé felizmente.

Armando Pinto 

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