segunda-feira, 22 de maio de 2023

Devoção popular à "Menina de Rande" Guilhermina Mendonça - n. 1889-f. 1912 e ainda e sempre na memória santificada da região!

Vem de tempos antepassados e do tempo dos nossos arquiavós, pelo menos das eras de patriarcas e matriarcas familiares de trisavós, bisavós e avós até às gerações atuais de pessoas atentas aos temas locais, a devoção popular nutrida pela conhecida "Menina de Rande", como era e é ainda popularmente conhecida Maria Guilhermina Barbosa Mendonça. A sempre lembrada ternamente Guilhermina Mendonça nascida e falecida na Casa de Rande, da freguesia do mesmo nome, em cujo cemitério paroquial jaz em jazigo da família original dessa mesma casa solarenga, no concelho de Felgueiras. Cujo jazigo-capela se fala presentemente estar em processo de possível venda, visto não haver já família direta legal na região (com a descendência legalizada a residir longe), sendo como tal este um assunto a ter em conta pelos representantes da freguesia (versus atual união de freguesias da área), bem como da paróquia de S. Tiago de Rande e do Município do concelho de Felgueiras.

Ora, sendo que à Menina de Rande são constantemente atribuídas graças alcançadas divinamente através de sua interceção, incluindo casos obtidos pelo autor destas anotações memoriais, também, vem a talhe mais uma evocação em sua memória, no sentido de assim suas virtudes poderem também eventualmente beneficiar a devoção de quem tenha sentido ou possa vir a sentir efeitos de afeto justificado por sua veneração. Numa visão por alguém que toca muito nossa sensibilidade. 

Então, em mais um exercício de memória, evocamos a figura terna e admirada popularmente da “Menina de Rande”, como sempre e para sempre é conhecida Maria Guilhermina Mendonça.  Uma Mulher, jovem mulher enquanto existiu fisicamente, que muito viveu em prol dos outros e morreu com aura santificada. 

Era a Menina Guilhermina filha do Conselheiro de Rande, o Dr. António de Barbosa Mendonça, famoso político local de seu tempo e homem de letras, além de muito respeitado cidadão, um dos obreiros da chegada do antigo Comboio do Vale do Sousa às terras felgueirenses, com estações na Longra, Felgueiras e Lixa, dentro do território concelhio, dessa Linha Férrea de Penafiel à Lixa e Entre os Rios; além de ter doado terrenos seus para a sede da antiga Associação Pró-Longra e posterior Casa do Povo da Longra; mais para a primeira cabine elétrica da Longra; bem como foi Presidente de Câmara do antigo e efémero concelho de Barrosas e depois da Câmara Municipal de Felgueiras; e ainda mais ficou celebrizado como proprietário principal e diretor do jornal Semana de Felgueiras e dos jornais Povo da Longra e Defeza da Longra. Em cujo ambiente a filha era uma pessoa do povo de Rande e região envolvente, a ponto de quando faleceu, muito jovem ainda, ter logo sobrevivido com autêntica auréola na devoção popular.

Recorde-se que Maria Guilhermina de Barbosa Mendonça nasceu a 16 de Outubro de 1889, na Casa de Rande, da freguesia do mesmo nome, e morreu em 2 de Setembro de 1912, sendo sepultada em jazigo de sua família, no cemitério paroquial de Rande, concelho de Felgueiras. 

Em homenagem a essa Mulher de nossa devota admiração, recordamos o que sobre ela deixamos no livro "Memorial Histórico de Rande e Alfozes de Felgueiras", publicado em 1997.

  
 

Em ilustração e como nota de referência, juntamos imagem particular de uma sua roupa, inserta na referida biografia, como algo mais que fala por si e escusamos de legendar por integrar parte das páginas do mesmo livro da história da região.

Nota Bene: - Guilhermina Mendonça era ainda sobrinha do Padre João Barbosa Mendonça, também irmão do Conselheiro de Rande Dr. António e do Juiz Conselheiro Alexandre Barbosa Mendonça da casa do Bacelo de Airães, todos naturais da casa e freguesia de Rande. Padre esse que foi pároco de S. Paio da Portela em Penafiel e do qual existe em S. Tiago de Rande uma histórica naveta para incenso, que ele ofereceu à paróquia em 1909; e é também mencionado no livro "Memórias do Capitão" de João Sarmento Pimentel, no terno capítulo Guilhermina, por entre evocações da "Menina de Rande". Ela era também ainda prima do Padre António Pacheco Barbosa Mendonça, filho do Juiz seu tio e padrinho de batismo Alexandre (dono da casa do Bacelo de Airães), padre esse que doou para o Centro Social de Airães a sua Quinta do Roço, por testamento destinado à educação de crianças, jovens e idosos, onde atualmente está instalado o Centro Social que tem o seu nome, com valências de Jardim Infantil, Centro de Dia e Lar de idosos; o qual, padre mais novo, que por seu lado teve um irmão, o médico Dr. Artur Mendonça, clínico geral e estomatologista, deveras popular durante muitos anos no Posto Médico da Casa do Povo da Longra e de permeio teve atividade cívica como Presidente da Direção da Adega Cooperativa e da sucessora Cooperativa Agrícola de Felgueiras. Assim como também prima dos Mendonças da prole da casa do Cóto de Varziela, de ilustre descendência da qual o mais conhecido atualmente é o médico Dr. Albano Mendonça, proprietário do Cóto e também da casa de Valdomar de baixo, em Rande, conhecida por vivenda de Valdemar como casa de campo em turismo de habitação. Primos estes então de Guilhermina e também de seu irmão Henrique, pois a Menina de Rande era irmã do último Barbosa Mendonça que residiu na casa-mãe da familia, no solar de Rande, Henrique de Barbosa Mendonça, mais conhecido sobretudo como colecionador nacional de selos postais, contudo pouco sociável e sem ter tido ligações afetivas, quer social ou de cidadania interessada, à terra natal.

Armando Pinto

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