segunda-feira, 1 de março de 2021

Navegador Nicolau Coelho, um dos personagens da estatuária do Padrão dos Descobrimentos em Lisboa

Devido à recente celeuma, perpetrada por um deputado político contrário à memória nacional, como é do conhecimento da opinião pública, veio à baila a existência do monumental Padrão dos Descobrimentos, que se ergue em Lisboa junto ao Tejo, diante do conjunto da zona de Belém e em frente ao mosteiro dos Jerónimos. Ora, por via disso, diversos textos têm trazido a público também assuntos relacionados. Vindo assim a calhar reproduzir matéria de interesse felgueirense, também.

Armando Pinto

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« Os Rostos do Padrão – Nicolau Coelho

Nicolau Coelho nasceu por volta de 1460, provavelmente em Felgueiras, filho de Pedro Coelho e de sua mulher Luísa de Góis. Muito pouco é conhecido relativamente aos seus primeiros anos.

Dotado de grande bravura e com experiência na navegação, Nicolau Coelho acompanharia Vasco da Gama, em 1497, na viagem em que seria descoberto o caminho marítimo para a Índia. A seu cargo estava o comando da caravela Bérrio, pilotada por Pêro Escobar, o mais leve e rápido navio da frota.

Foi o primeiro dos capitães da Armada a alcançar Moçambique, estabelecendo o contacto inicial com o Sultão de Quíloa. No regresso a Portugal, a Bérrio seria a primeira embarcação a chegar a Lisboa, entrando no Tejo a 10 de julho de 1499. Nicolau Coelho seria assim o capitão com a honra de dar a feliz notícia ao Rei D. Manuel I, que o recebeu com grande pompa e circunstância, cumulando-o de honras. Em carta régia de 24 de fevereiro de 1500, conceder-lhe-ia uma vasta tença anual de 50 000 reais e algumas propriedades. Nicolau Coelho dotar-se-ia ainda de um novo brasão de armas e seria feito Cavaleiro da Casa Real.

A 9 de março de 1500, Coelho acompanharia Pedro Álvares Cabral na nova Armada que rumava à Índia e que acabaria por descobrir o Brasil, capitaneando uma das naus da frota de 13 navios. De acordo com o relato redigido por Pero Vaz de Caminha, Nicolau Coelho desembarcou no Brasil no primeiro batel, estabelecendo contacto com os habitantes e participando na primeira visita realizada pelos indígenas à nau capitânia.

Após retornar a Lisboa, Nicolau Coelho tornaria a deixar Portugal a 14 de abril de 1503 como capitão da nau Faial, integrada na nova Armada liderada por Afonso de Albuquerque.

Nicolau Coelho viria a falecer na viagem de regresso a Portugal, em janeiro de 1504, juntamente com Francisco de Albuquerque, primo de Afonso, quando a nau Faial naufragou devido a uma tempestade perto das águas rasas de São Lázaro, atual Ilha das Quirimbas, em Moçambique.

A bravura que demonstrou em todas as suas viagens fez com que a sua figura se encontre representada no Lado Nascente do Padrão dos Descobrimentos.

Miguel Louro »

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