terça-feira, 12 de março de 2013

Ciclista Albino Mendes – Um Felgueirense saliente do passado

 

Nas constantes deambulações pela tentativa de memorização de tudo o que tenha valor significativo com chancela felgueirense, entre outros parâmetros, demos há tempos com o conhecimento sobre um antigo desportista felgueirense de valor nacional, nada lembrado ao nível da sua e nossa região, no concelho de Felgueiras. Tal o caso de um ciclista que no passado alcançou estatuto de participante na alta roda do ciclismo português, de nome Albino Mendes. Um Felgueirense, natural da freguesia de Airães, que alinhou na equipa de ciclismo do Académico do Porto, ao lado de famosos corredores como Alberto Carvalho e Manuel Castro, por exemplo (dois ciclistas que depois chegaram a representar o F. C. do Porto) e entretanto atingiu ponto alto de sua carreira quando em 1964 participou na Volta a Portugal em bicicleta.

De seu currículo, segundo o pouco que conseguimos descobrir, sabemos que Albino Mendes começou a correr a sério na equipa de ciclismo do Grupo Desportivo MIT, da Metalúrgica da Longra, competindo inicialmente no desporto corporativo e depois como Amador em provas federadas da Associação de Ciclismo do Porto, tendo em 1962 vencido o circuito de Ermesinde. Seguiu por fim para o Académico do Porto, na peugada do vizinho felgueirense Joaquim Costa, também iniciado na equipa Longrina (e entretanto instalado na equipa dos Independentes do Académico, embora à época a cumprir serviço militar que lhe cortou a corrida). Tendo o Albino Mendes depressa evoluído e assim tido entrada na principal equipa academista, a pontos de em 1964 ter sido escalado para fazer a Volta a Portugal com a cruz do Académico ao peito.


= Mapa da Volta de 1964 (recorte de jornal): Prova com inicio a 14 de Agosto, na pista do estádio das Antas, no Porto, seguindo depois até  Lisboa durante 17 dias, num total de 2. 396 km, e ao longo de 20 etapas. Volta em que triunfou individualmente Joaquim Leão, do F.C. Porto, clube também vitorioso na classificação por equipas, num numeroso pelotão de concorrentes em representação das formações do Louletano, Benfica, Ginásio do Tavira, Sporting, F. C. Porto, Baixa da Banheira, Sangalhos, Ovarense, Recreio de Águeda, G. D. Cedimi, Águias de Alpiarça, Académico do Porto, Flândria (Bélgica) e Green Fish (Espanha). =

Recorde-se que já, nestes e outros locais, entre apontamentos que temos desenvolvido, demos lugar à recordação das carreiras desportivas de ciclistas felgueirenses cuja fama outrora passara as nossas fronteiras, como foi o caso de Artur Coelho, natural de Margaride, e mais tarde residente em Vizela, o qual de 1955 a 1961 alinhou com a camisola do F. C. Porto (e chegou a ter também a camisola amarela nalgumas Voltas a Portugal e inclusive venceu a Volta do 9 de Julho de S. Paulo, no Brasil), mais Joaquim Costa, natural da Refontoura e residente em Varziela-Felgueiras (Joaquim Luís Costa, que entre 1960 a 1962 correu pelo Académico do Porto, ostentando a camisola branca do clube do Lima, ao serviço do qual alinhou nas Voltas a Portugal de 1961 e 62,  até ter ido para a guerra do Ultramar). Estranhamente não nos era familiar o facto de haver aqueloutro ciclista que seguira as pisadas de seus antecessores conterrâneos, o Albino Mendes. Nome que ouvimos falar em 1964, no acompanhamento dessa Volta, por sinal seguida com muita atenção pelo autor destas linhas perante o bom desempenho aí verificado na evolução de alguns de nossos ídolos dos pedais, vencida que foi tal prova-rainha portuguesa pelo F. C. Porto (individualmente pelo ciclista azul e branco Joaquim Leão e coletivamente pela equipa do F. C. Porto, também), desconhecendo, porém, a particularidade de Albino Mendes ser oriundo destas paragens da terra do pão de ló. Em mais uma das curiosidades usuais de Felgueiras, que nunca, antes como sempre, costuma dar grande relevo aos seus filhos que mais se vão salientando da normalidade. Nem nunca lemos esse nome, aliás, com lembrete de ser felgueirense, em qualquer publicação oficial. Havendo o mesmo, por fim, falecido ainda na flor da idade, deixando fisicamente este mundo muito cedo.


= Lista dos Concorrentes da Volta a Portugal em bicicleta de 1964, em que participou Albino Mendes, pelo Académico (como se pode ver, por este recorte do site “Memórias da Volta”). Verificando-se que o felgueirense está entre os ciclistas que não concluíram essa Volta, sendo um dos eliminados da prova (chegado fora de tempo de controle numa das etapas da corrida). Aliás, foram muitos os que estiveram nessas condições, havendo partido do Porto 101 ciclistas e desses apenas terminaram em Lisboa 60, à média de 39,404 km / h. =


Recordamo-nos que, na época (sendo ainda criança, como pequeno adepto, à distância), confundíamos dois nomes, dos que andavam no pelotão dos corredores que passavam pelas estradas e eram nomeados nos jornais e na tv, por os não conhecer pessoalmente mas deles ouvirmos referências: tais eram os casos de Albino Alves, um ciclista que então alinhava no F. C. Porto (e ombreou nalgumas provas ao lado de consagrados colegas do esquadrão das Antas, como Mário Silva, Joaquim Leão, Sousa Cardoso e demais) e o Albino Mendes, do Académico do Porto...

Veio-nos há pouco tempo, efetivamente, a oportunidade de tomarmos melhor conhecimento disso, do facto ora em equação, no presente. Através de informação do amigo sr. Joaquim Luís Costa, enquanto homem ligado ao desporto das bicicletas, que nos referiu, quanto a Albino Mendes, o Albino de Airães: - «Como ciclista amador era um ciclista valente; ganhou algumas corridas, depois como ciclista na categoria de independentes não teve tempo para se mostrar uma vez que o clube (Académico) acabou com o ciclismo em 1965,e penso que o serviço militar fez o resto…»

   
 = Equipa de ciclismo do Académico na Volta a Portugal de 1964. O terceiro ciclista da esquerda é o Felgueirense ALBINO MENDES - o Albino de Airães, que nos deixou ainda muito novo.=  

Atenta a realidade de haver tradições ciclistas em Felgueiras, como se vê, e na atualidade até existir diversas equipas de cicloturismo, modalidade de lazer e manutenção parente do ciclismo de competição, com praticantes na região através dum grupo cicloturista felgueirense sediado na Longra e coincidentemente um outro em Airães, acresce maior interesse na curiosidade de tais existências históricas, dignas de menção.

Armando Pinto 

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Obs.: Caso haja quem possua imagens fotográficas e dados biográfico-curriculares deste ciclista felgueirense, em apreço, podem essas informações serem enviadas para a caixa de comentários deste blogue, no local abaixo deste artigo, ou para o endereço do nosso e-mail pessoal, de modo a complementar o respetivo conhecimento informativo. 

Tendo o autor em mãos diversos trabalhos histórico-literarios sobre Felgueiras e Felgueirenses, com ideia de publicação em livro - isto é quando houver possibilidades de poder haver ajudas oficiais ou patrocínios, obviamente, que tornem realidade tal desiderato – pedimos colaboração, por este meio, a quem eventualmente possa ter mais fotografias e informações sobre este felgueirense, a fim de podermos completar a parte que toca sobre o tratamento memorial relativo ao mesmo, no caso, em epígrafe. 

A. P.


A propósito: Confira-se artigos anteriormente dedicados aos outros dois ciclistas referidos (clicando sobre os links)
e




2 comentários:

  1. Caro Armando Pinto,mais um belo trabalho a recordar
    um grande ciclista de Felgueiras.Espero continua com as suas pesquisas e as divulgue neste seu blog.
    Parabéns com um abraço do Joaquim Costa.

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  2. A familia do ciclista Albino Mendes agradece ao sr. Armando Pinto mais esta prova de amor à terra felgueirense e aos seus, mas especialmente por não deixar morrer a memória deste grande ciclista, do qual muitos não ouviam já falar e nem conheciam, conforme temos vindo a constatar depois desta publicação. Já conhecíamos algumas imagens das que vão aparecendo na internet, visto o que vem na net ser público, mas este trabalho é de louvar, bem como a foto que parece que está na sede do Académico, só que se não fosse o Armando Pinto, nada se passava, por isso agradecemos-lhe, como o admiramos e de quem há muito lemos seus belos artigos nos jornais de Felgueiras,
    Um familiar

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