sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Memória Viva


In Semanário de Felgueiras, nº 1190, ano 25, de 29-01-2016, página 10::


Memória Viva

Há-de parecer contraditório, mas pode-se morrer e viver também depois da morte, em sentido figurado evidentemente. Querendo dizer que depois do desaparecimento físico, a possibilidade de se cair no esquecimento é uma outra morte, ante a visibilidade duma viva lembrança.

Conta muito assim haver memória, para quem a tiver e perante quem for digno de tal.

Todos nos lembramos constantemente com saudade e afeição de nossos entes queridos que já não estão entre nós. E mesmo de pessoas que não sendo parentes de sangue, foram aparentados em afinidades, amizade e admiração. Assim como, entre ausentes e presentes, nos pode dizer muito a imagem de certas figuras públicas que se relacionam com realidades que nos dizem respeito. Quão pode ser o caso de personalidades salientes de nossa terra, por bom exemplo.

Costuma-se dizer que uma terra, como localidade mátria de gente que viveu e vive sem ser por ver os outros, como se diz, vale muito pelos filhos que gerou. Sendo então um orgulho haver personagens de realce, como Felgueiras se pode ufanar de ter tido um Manuel de Faria e Sousa, Dr. Costa Guimarães, um Agostinho Ribeiro, Fonsecas Moreiras, Dr. Magalhães Lemos, Francisco Sarmento Pimentel, Padre Luís Rodrigues, Lucas Teixeira, e outros mais, entre pessoas de que há certeza de sua naturalidade ser mesmo felgueirense, em diversos campos da vida social, política, cultural e até desportiva. Conforme, na perspetiva atlética, foi o caso do ciclista Artur Coelho, um felgueirense que em seu tempo andou com a camisola amarela das mais importantes provas nacionais e até internacionais, tendo chegado a vencer a clássica 9 de Julho do Brasil, popularmente chamada Volta a São Paulo, corria o ano de 1957.
= Artur Coelho =
Ora, em tempo de inícios da época desportiva da modalidade das bicicletas de corrida, agora que se retoma antigo entusiasmo com o regresso a nível nacional de alguns clubes grandes à prática dessa modalidade desportiva, vem a calhar evocar aquele antigo ás dos pedais precisamente por nem sempre ser muito lembrado, a nível oficial das terras onde nasceu e viveu, Felgueiras e Vizela. Justamente porque é um personagem da memória coletiva merecedor de permanecer no conhecimento público. E porque o que representou, afinal, faz jus a dar a esta zona nortenha banhada pelos rios Sousa e Vizela certa tradição do banho de multidão que o espetáculo do ciclismo sempre produziu no meio das gentes locais. Tal como, no presente, gostamos de ouvir e ler na comunicação social o facto de ser felgueirense o empresário que nos dias que correm mais contribui para um maior impacto que o ciclismo volta a ter no panorama português, Adriano Sousa (Quintanilha), cuja ação é de enaltecer, por isso mesmo.

Já é tempo de Felgueiras ser falada e divulgada nos meios de comunicação por motivos enobrecidos, além dos “slogans” de terra do pão de ló e calçado, fora o resto, para haver melhor efeito de sítio de boas sementes e ótimos frutos.

Nunca será demasiado valorizar o que tem valor e tudo o que eleve o nome de Felgueiras, o nosso concelho, num acertar de pedalada da história que atinja metas de apreço. Vivendo outra vida o que passa pelo mundo tendo sabido vivenciar a existência.

ARMANDO PINTO
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© Imagem com marca d’água, inserta neste blogue e de arquivo do autor.
A. P.