sábado, 28 de maio de 2016

Recordações Paroquiais


Em fase de comunhões, como é o período atual da realização das anuais cerimónias das comunhões primeira e solene, além de outras de agora, vem a talhe recordar algumas antigas atividades que ocorriam em Rande em tempos idos, nas participações paroquiais em que o autor destas linhas esteve incluído nos idílicos tempos da infância.


Assim, recuando coisa de cerca de meio século, a passar, como se diz, relembre-se algumas funções através de pagelas, os chamados “santinhos”, da 1ª Comunhão e Comunhão Solene, de 1960 e 1964, respetivamente, mais registos de inscrição, folhas de cânticos e hinos, e uma braçadeira, de inclusão na antiga Liga Eucarística dos Homens de Rande.


Curiosidades e preciosidades pessoais, de respeito à identificação comunitária.

Armando Pinto

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quarta-feira, 25 de maio de 2016

Lembrete sobre um Felgueirense: O Historiador e Jornalista Manuel Sampaio


Na senda moral que uma terra vale muito pelo seu património e dotação humana, sobretudo no aspeto de seus naturais, Felgueiras tem tido filhos que muito honram essa ligação, embora nem sempre com o devido reconhecimento institucional e mesmo da memória coletiva. Estamos a lembrar-nos de um ilustre estudioso do passado local, o sr. Manuel Sampaio. A propósito dum escrito de um felgueirense que sobre o mesmo personagem teceu algumas linhas memoriais, na rede social do facebook; e aí pelos comentários surgidos, além de algum silêncio da maioria dos leitores, se nota que esse felgueirense de tempos idos não é do conhecimento geral conterrâneo na atualidade.

Ora, escreveu o Dr. Mendes Gomes, felgueirense radicado em Berlim, o seguinte –  sob título SR. SAMPAIO DA MILINHA “HORA”… 

Vivia com a mãe, no lugar da Forca.
Teria mais de sessenta anos.
Aquela figura alta. Serena.
Sempre com um guarda-sol
que era também guarda-chuva.
Via-o ir e voltar da Vila.
A pé.
Diziam que fazia o jornal de Felgueiras.
Das poucas vezes que entrei na casa dele,
Vi que havia muitos livros.
A senhora Emilinha deu-me um, à socapa.
Que pena o ter perdido.
Usava sempre uma gabardine clara.
E também uns óculos.
Rosto arredondado e simpático.
Nunca falou comigo.
Eu era um miúdo de tantos que por ali andavam na brincadeira.
Meus pais gostavam dele
como toda a gente...
== Joaquim Luís Mendes Gomes

A propósito, recordamos uma crónica que em tempos foi escrita e publicada no jornal Semanário de Felgueiras (em seu nº de 23 de Dezembro de 2005), dedicada à memória de tal felgueirense digno de apreço, como autor de alguns estudos monográficos de história local antiga.

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Manuel Sampaio – Herculano da História Felgueirense

… Ao virar do meio da primeira década  do século XXI, não se pode deixar de refletir mais um lembrete, nestas anotações, a propósito de efeméride  que passou oficialmente despercebida – a comemoração  de cinquenta anos (nota do autor: quando foi escrito este artigo, em 2005) sobre o desaparecimento de um grande historiador de génese felgueirense, que foi Manuel Sampaio.

Estando-se em maré de evocações, elege-se desta feita como tema um vulto da historiografia concelhia, que foi Manuel Sampaio. Porque o nome em apreço merece efectivamente não permanecer em olvido, nem cair no esquecimento, devendo-se ao personagem referido pelo menos uma alusão gratificante, algo da mais elementar justiça – à falta de reconhecimento que se verificou na sua terra e concelho, nas sucessivas efemérides em que houve oportunidade de o lembrar, a última das quais na passagem de cinquenta anos da sua morte, em 2005 (conforme escrevemos, à época, no “Semanário de Felgueiras”, recorde-se).

Foi a 19 de Setembro de 1955 que Manuel Sampaio faleceu, em Varziela, Felgueiras, onde nascera 64 anos antes. Passaram assim todos estes anos, já decorridos, desde o seu desaparecimento físico, que não da memória que fez perdurável, atenta a sua obra aos olhos e sentidos capazes de valorizar quem da lei da morte se soube libertar.

Nascido a 14 de Agosto de 1891, em Varziela-Felgueiras, Manuel Leite Coelho de Sampaio tornou-se um estudioso do passado histórico de Felgueiras, ao correr de seu percurso de homem de letras, havendo desempenhado importante papel no jornalismo Felgueirense. Interessado pelo conhecimento das raízes locais e preservação da memória colectiva, este antigo publicista, Manuel Sampaio, faz parte da História que subsidiou. Passou, desde o nascimento à sua vivência, pelos séculos XIX e XX, recordando os ancestrais, até que perdura ainda no preito possível deste século XXI. Pode parecer exagero, mas pela época em que desenvolveu sua lavra historiográfica, Manuel Sampaio foi um pioneiro na fixação cronológica Felgueirense. Houvera anteriormente quem se interessasse pela matéria, como o Dr. Ribeiro de Magalhães que, no primeiro jornal concelhio de que há notícia, “O Felgueirense”, deixou em finais do séc. XIX já alguns apontamentos, numa linha de afinidade cultural seguida com o Dr. Eduardo Freitas, da Lixa (autor de “Felgerias Rubeas”, a primeira monografia escrita de Felgueiras, no entanto só publicada postumamente, muitos anos depois). Contudo foi Sampaio quem desenvolveu o estudo do passado local com relativa amplitude, possível ao tempo, chegando a abarcar uma maior variedade, embora incidindo naturalmente mais no que conhecia melhor. Assim sendo, tal como Alexandre Herculano se pode considerar Impulsionador da História de Portugal, porque não vislumbrar figurativamente, por analogia, M. Sampaio qual Herculano de Felgueiras?!

Manuel Sampaio foi durante muitos anos director d’ O Jornal de Felgueiras e colaborou noutros órgãos da imprensa regional, além de publicações temáticas. Por entre essas funções, dedicou-se com entusiasmo a recolhas documentais sobre História, Heráldica e Etnografia, sob cujos ramos publicou diversos trabalhos, ao longo de séries de artigos com esses temas. Ficaram então impressos, sobretudo no Jornal de Felgueiras, também de saudosa memória, interessantes ensaios jornalísticos de Manuel Sampaio, como «O Românico no concelho de Felgueiras», «O Senhorio de Felgueiras e Vieira», a «Heráldica no concelho de Felgueiras», «Homens Ilustres de Felgueiras», «O Mosteiro de Pombeiro», «O Pelourinho do Concelho de Felgueiras», «Brasão de Armas», «Notas Históricas e Genealógicas», «Solares de Portugal», etc. Embora estes estudos hajam saído por fases, primeiro na imprensa local e só depois tenham alguns desses títulos sido editados em livros, não foram contudo muito divulgados aquando da compilação e ficaram como manuais deveras desconhecidos do público interessado, devido à sua reduzida tiragem e inerente distribuição. Por consequência, resultou disso que tais exemplares são hoje autênticas raridades. Desenvolveu ainda Manuel Sampaio os tratos de sua afeição, sobre assuntos de realce da região do Douro e particularmente de Felgueiras, de entre os diferentes órgãos de informação escrita em que colaborou, também na revista da Junta da Província do Douro-Litoral, de cuja Comissão de História e Etnografia foi membro auxiliar.

Apesar de tal folha de serviço comunitário, parece estar esquecido... Quando escrevemos esta lembrança, aludimos que, já que não houve de quem de direito qualquer iniciativa ou realização de acto alusivo, na ocasião propícia ou à posteriori, dentro do ano da passagem de 50 anos do seu passamento, e deixada passar então tal oportunidade de o evocar publicamente, algo ainda podia e deve ser feito. Olhando ao seu contributo para a elevação da Mística Felgariana, se ainda houver gratidão e apreço pelo que é dignificante, por parte das representações que se deveriam orgulhar da sua naturalidade, Manuel Leite Coelho de Sampaio bem merece ser homenageado na Toponímia local e concelhia donde nasceu e viveu.


Armando Pinto

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quinta-feira, 19 de maio de 2016

Nicolau Coelho: Um personagem associado como felgueirense


Entre assuntos dirigidos a evocar casos relacionados com Felgueiras, como de quando em vez calha a preceito trazer à memória coletiva que possa interessar, vem a talhe desta feita lembrar a figura de Nicolau Coelho, navegador da era dos Descobrimentos - enquanto personagem da história pátria que em Felgueiras é associado como felgueirense, sendo referido como oriundo duma família do concelho de Felgueiras.


Nicolau Coelho está perpetuado através dum monumento e por um mural de pinturas alusivas na cidade de Felgueiras, sede do concelho.


Ora, sem dados concretos sobre tal possibilidade, visto a ideia ter sido originada por um poema antigo de um Bispo de Malaca, D. João Ribeiro Gaio (1578/1601), e contando que os historiadores nacionais mais versados na História de Portugal não lhe atribuem qualquer indicação da sua naturalidade, deixamos de lado o tema, para lembrar apenas o mesmo personagem da grei, o descobridor Nicolau Coelho, como personagem referido por estes lados de Felgueiras.


Assim sendo, anexamos algumas passagens com ele ligadas, desde uma página duma brochura da Câmara Municipal de Felgueiras, passando por sua nota biográfica inserta no Dicionário de Personalidades da História de Portugal, volume XIII, Coordenação de José Hermano Saraiva, edição Quidnovi, de 2004; e, por fim, juntando imagens de excertos da Carta de Pero Vaz de Caminha, do Achamento do Brasil.



Armando Pinto

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segunda-feira, 9 de maio de 2016

Artigo no SF, sobre pingos, em tempo de pingantes.


Caiem agora pingas de chuva, em plena primavera do calendário deste ano; e, na colaboração normalmente prestada ao Semanário de Felgueiras, pela escrita do autor destas linhas, escorrem também impressos pingos de memória histórica… na edição desta sexta-feira primeira de Maio:


Pingos de Memória

Pode conceber-se o valor duma terra pela fasquia a que se eleva a saliência humana. Numa perspetiva de identidade, em relação enobrecida perante existência de pessoas e factos marcantes.

Nesse sentido causa sentimento contrário quando o panorama enfraquece. Como se nota desde há anos nesta região do interior do Vale do Sousa, perante o facto de alguns concelhos estarem a distanciar-se dos vizinhos que tomaram a dianteira, com Felgueiras a ficar aquém do que devia ser e estar. A pontos que tem corrido nalgumas difusões noticiosas um estudo conclusivo sobre Felgueiras estar a perder importância na região agora chamada de Tâmega e Sousa. Sem ser novidade, tal o que se sabe e sente, com noção que urge alterar a situação e algo deve ser feito. Qual o acaso da reforma administrativa ter sido levada a efeito a régua e esquadro por quem decidiu nos gabinetes e assim ter começado a perca de identidade na maioria do território concelhio, no que vem ao caso. Tal como se vai vendo no tema do tribunal, etc. e tal. Numa corrente que vem fazendo emergir o caso de presentemente mais parecer não haver por cá, dentre os diversos quadrantes políticos, quem consiga ter influência nos meios que fazem mover as respetivas forças motrizes. Como em tempos houve e merece ser sempre lembrado. Conforme ocorreu na existência do Dr. Costa Guimarães, um felgueirense ilustre que, cá longe, desde a sua terra, conseguiu que em Lisboa fosse Felgueiras defendida, em tempo de reorganização judicial do país, coincidindo com parte administrativa dos concelhos, a meio do século XIX. Tendo então o Dr. José Joaquim Teixeira da Costa Guimarães, com intercessão de amigos e conhecidos, como está devidamente historiado, conseguido fazer valer os interesses felgueirenses, contribuindo sobremaneira para a criação da Comarca de Felgueiras, decretada em 1855, quando então Felgueiras ficou como concelho íntegro, ao tempo.

Não será necessário puxar agora borlas biográficas para enaltecer mais a importância que esse Dr. Costa Guimarães teve para Felgueiras, quão deve continuar a merecer na memória coletiva felgueirense. Bastando dizer que não era qualquer um, com direito a ficar para sempre no santuário de carisma concelhio, havendo ele ficado sepultado no interior da igreja de Santa Quitéria, honrado pelo seu valor comunitário quando faleceu em 1866. Tal como foi dos primeiros vultos da história felgueirense com nome dado a uma rua da cabeça do concelho.

Ora, estando Maio a refletir suas tonalidades ambientais, vem a talhe relembrar este célebre personagem da história das terras e gentes de Felgueiras, em pleno mês de seu aniversário natalício, nascido que foi em Margaride aos vinte e três dias do mês de maio de 1807. No auge também do mês da festa de Santa Quitéria, em cujo templo jaz seu corpo, com autorização eclesiástica superior (com licença dada pelo Arcebispo de Braga, arquidiocese a que a região pertencia à época), quando já não era permitido haver enterramentos dentro das igrejas, desde o decreto monárquico de 1835 que levou ao surgimento dos cemitérios paroquiais. Circunstância deveras sintomática de seu valor e sobretudo do apreço com que era reconhecido.

O tempo passou. Santa Quitéria foi degolada nesta região por conceito de fé, onde, monte abaixo, rolou sua cabeça até jorrar uma fonte miraculosa. Ao longe, séculos depois, o patriota Febo Moniz puxou as barbas em desespero diante dum crucifixo, como protesto pela conduta pública que levou à perda da independência nacional. Há sempre uns pingos de história que farão memória. 

ARMANDO PINTO

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