sexta-feira, 22 de abril de 2016

Recordações de acontecimentos especiais – em artigo no SF


Na pertinência da grande manifestação de religiosidade que foi a recente vinda ao concelho de Felgueiras do andor com a “Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima”, vem a propósito recordar anteriores acontecimentos marcantes na memória felgueirense, sendo assim esse o mote do artigo desta semana na colaboração do autor destas linhas no Semanário Felgueiras:


Visita da imagem Peregrina de Fátima

O concelho de Felgueiras acolheu ao início desta semana a presença da Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima, na sua passagem pelo território felgueirense em visita à Diocese do Porto. Acontecimento incluído no âmbito do programa de preparação para o centenário das aparições de Nossa Senhora em Fátima.

A imagem peregrina de Fátima, idêntica à original (da Capelinha das Aparições) e também talhada pelo mesmo escultor da primeira, José Thedim, foi feita segundo indicações da Irmã Lúcia, vidente das aparições, em 1947. A partir de então percorreu, por diversas vezes, o mundo inteiro, levando consigo a mensagem do que representa Fátima. Depois de mais de meio século de peregrinação, em que a Imagem visitou a maioria dos países dos vários continentes, alguns deles por diversas vezes, a Reitoria do Santuário de Fátima entendeu que ela não deveria sair mais, a não ser por alguma circunstância extraordinária. Em maio de 2000, foi colocada na exposição Fátima Luz e Paz, onde foi venerada por dezenas de milhares de visitantes. Passados três anos, mais precisamente no dia 8 de dezembro de 2003, solenidade da Imaculada Conceição, a Imagem foi entronizada na Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, tendo sido colocada numa coluna junto do altar-mor. Entretanto, a fim de dar resposta aos imensos pedidos provenientes de todo o mundo, foram feitas várias réplicas da primeira Imagem Peregrina. Até que a primeira voltou a sair no dia 12 de maio de 2014, primeiramente para uma visita às comunidades religiosas contemplativas existentes em Portugal, que decorreu até ao dia 2 de fevereiro de 2015, e depois a todas as dioceses portuguesas, de 13 de maio de 2015 a 13 de maio de 2016. Em cujo itinerário passou esta semana por Felgueiras, no périplo pela diocese portucalense, tendo como objetivo um maior envolvimento na celebração do Centenário das Aparições de Fátima, a comemorar no próximo ano.

Não foi agora, desta vez durante pouco mais de um dia, a primeira vinda dessa imagem a terras de Felgueiras. Assim como outras ocorrências de cariz religioso se deram entretanto.


= Na estada da imagem de Nossa Senhora de Fátima em Felgueiras por ocasião da grande peregrinação da imagem peregrina em 1969, estando na Guarda de Honra o Chefe Antero, dos Bombeiros de Felgueiras (foto de arquivo pessoal de seu filho, sr. Armando Silva). =

Faz o caso recordar anteriores vezes que Felgueiras teve oportunidade de ter acontecimentos destes. Como aconteceu em 1969 e então com mais tempo e amplitude, quando a mesma imagem andou pelas paróquias todas e em cada uma mereceu honras de celebrações próprias culminadas com procissões paroquiais, em ambientes decorados a preceito, metendo arcos floridos à maneira antiga portuguesa, conjuntamente com visitas pastorais dum bispo da diocese, na mesma ocasião. 

= Arco tradicional florido, de recepção à visita da imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima, na paróquia de S. Tiago de Rande - Fevereiro de 1969 =

Sobre aquela visita contemporânea também, há imagem da procissão paroquial correspondente na paróquia de S. João de Sernande, da qual se mostra panorâmica visual, vendo-se o andor em ombros de soldados, jovens ao tempo a prestar serviço militar e que eram da mesma freguesia, mais aspetos figurativos de Nossa Senhora e dos pastorinhos de Fátima.

= Procissão de Sernande, a passar sobre tapete de flores à maneira tradicional - Fevereiro de 1969 =

Assim como antes ainda, corria a primavera de 1961, por ocasião da peregrinação das relíquias do Santo Condestável por terras de Portugal, houve grande impacto na receção às relíquias do então Beato Nuno Alvares Pereira, em campanha de sensibilização nacional, qual jornadas de culto português ao Beato Nuno de Santa Maria.

Essa passagem das relíquias de Nun’ Álvares foi um acontecimento que ficou na memória, tal o aparato que ao tempo gerou. Tanto que a passagem de seus restos, em viatura oficial, teve alas de crianças de escolas e catequese a ladearem as estradas por todo o trajeto dentro do concelho de Felgueiras, bem como representantes de instituições e agrupamentos, a honrar a ilustre figura desse português herói e santo. Tendo sido construídos tapetes de flores, com todo o povo afadigado na sua execução na noite antecedente, e que só deixaram ser depois pisado na passagem das relíquias veneradas, sob entoação dum hino litúrgico próprio, que o Padre Moreira das Neves compôs para a mesma Peregrinação Nacional das Relíquias.

ARMANDO PINTO

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sexta-feira, 15 de abril de 2016

“Coisas” da região nortenha – em artigo no Semanário de Felgueiras


Em mais um artigo do habitual teor regional e nacional que vai saindo da pena do autor destas linhas, também, no decurso da colaboração que se tem mantido nas páginas da imprensa concelhia, tem desta vez lugar no jornal Semanário de Felgueiras o desenvolvimento dum tema dentro de características felgueirenses e mais horizontes. Como se pode ler na edição impressa do SF desta semana. De cujo espaço respigamos imagem da respetiva coluna, para registo neste local de partilha, extensivamente com o original texto correspondente.

Coisas Nossas

Camões, o épico nacional, cantou em verso a língua portuguesa como pátria ditosa. João de Araújo Correia, grande escritor duriense, referiu-se ao sentimento de nação circunscrito à sua “pátria pequena”, quanto a retalhos regionais. Porque não repararmos também em nossa pátria pequenina, a nossa terra, afinal, dentro da região em que mais nos revemos? E assim, então, observarmos à luz da apreciação algo que nos caracteriza e identifica como naturais deste torrão do Douro Litoral, na abrangência de Entre Douro e Minho, como “coisas” nossas?!

A língua pátria é efetivamente um elo de ligação entre as diversas parcelas portuguesas e até países que oficialmente ficaram com o mesmo idioma. Mas dentro da própria linguagem de origem lusíada, derivada do latim entretanto, há diversas variantes na fala, ou pelo menos em formas de expressão. Sabendo-se, como é o caso mais mediático, que o português falado no Brasil tem um sotaque muito acentuado e o de países africanos algo diferente. Bem como no próprio país de origem, em Portugal se conhecem alguns dialetos e dentro da língua normal existem falares regionais, de pronúncias sui generis. Sendo uma característica de cada qual a pronunciação de sua região, sem haver um protótipo melhor ou pior, mas todos com suas propriedades. Inclusive tendo seus expressionismos, como no Brasil (conforme dizem) tem disso. E tem Lisboa seu riu, sem rir, ao mesmo tempo que noutras zonas há um rio. Tanto como, em sentido figurado, Fernando Pessoa quis descrever como há um rio de cada terra, através de seu heterónimo Alberto Caeiro, ao poetar que do rio de sua aldeia se vai para o mundo todo.

Assim sendo, não há que ter qualquer sentimento menor perante as características de uma região, seja qual for. Pelo contrário será de identificação genuína tudo que faz ligação telúrica, relativamente à terra, na corrente de energia que corre nessa junção. Havendo sempre qualquer coisa a explicar ou defender a maneira mais expressiva. Tal a forma nortenha de trocar os vês pelos bês, com afinidade da ligação histórico-ambiental da ampla região do antigo Condado Portucalense até à Galiza, nos vínculos ainda existentes com o falar do “pobo galego”. Desde cá abaixo do Douro até lá arriba do Minho. Tal como outras espécies de corruptelas derivam de aspetos relacionados com permanência de expressões latinas, tal o facto de nesta região sousã, e em mais diversas áreas do norte do país, ser ainda dito, no falar popular, cum em vez de com, por exemplo. O que explica alguns casos. Não sendo assim muito de modo rústico, como se possa pensar, alguns arcaísmos, na fixação de formações antigas.

Ora, sendo que os costumes tradicionais têm alguma relação com características da região de tais usos, e lembrando a quadra pascal recente e sempre viva na sensibilidade regional, pelo menos, vem a propósito lembrar um exemplo relacionado: O Compasso, a Visita Pascal que como representação da comunidade paroquial vai saudar as famílias às próprias casas pela Páscoa, levando a cruz a presidir a esse rito cristão, é precisamente assim denominado, não por andar em ritmo de compasso, embora devendo naturalmente manter a regularidade, mas por se tratar duma andança com destino de visita, da cruz como símbolo (a com-passo de Visita Pascal), sendo isso uma forma abreviada da expressão latina “Crux cum passo Domine” (significando A Cruz em que o Senhor padeceu) – conforme refere o beneditino Frei Geraldo num seu estudo. Aparecendo aí a forma latina "cum passo", remetendo à maneira antiga popular.

Como lembra Carlos Tê num dos poemas que deram canções, falar o dialeto da terra é conhecer o corpo pelos sinais, ou seja, ser íntimamente familiar duma região. E não há como ser duma terra, ter uma região que seja nossa. Sentindo-nos assim felizes, diante de quem não tenha raízes.

ARMANDO PINTO


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sexta-feira, 8 de abril de 2016

Escrituração oficial do património material da Paróquia de S. Tiago de Rande


Está concretizada a escrituração das propriedades paroquiais de Rande, como havia sido previamente anunciado no Boletim Paroquial de S. Tiago de Rande estar então a decorrer o respetivo processo.

Foi pois feita a escritura notarial dos bens físicos, como é o conjunto de propriedades materiais, pertencentes à paróquia de S. Tiago de Rande. Ficando assim oficializada a situação, em virtude de ao longo de séculos nunca ter sido efetuada essa oficialização a nível civil – embora no plano canónico isso tenha sido redigido, passado a escrito na conformidade da época, por escritura eclesiástica datada de 1743 sob nome de Tombo de São Tiago de Rande (“Thombo de Sam Thiago de Rande”), conforme está registado no livro Memorial Histórico de Rande e Alfozes de Felgueiras. Na sequência da edificação da igreja em 1730 e desaparecimento de antigos documentos perdidos com a anterior igreja, de forma que a escritura “atombada” em 1743 era “novamente feita”. Havendo posteriormente muitas alterações, com as vendas dos bens das igrejas decretadas em 1834 (no tempo do ministro monárquico Aguiar, o popular mata-frades) e mais tarde continuadas no início da implantação da República, nos anos imediatos a 1910 (a partir da Lei de Seperação da Igreja do Estado, em 1911), até que alguns bens foram recuperados através de doações e aquisições, como também está referenciado no mesmo livro.

Desta atualização agora efetuada, por escritura do passado mês de Março, regista-se a ocorrência, de que há público conhecimento por publicação na edição desta semana do jornal Semanário de Felgueiras.  De cuja publicação aqui se coloca coluna com o texto extraído do respetivo documento.

Armando Pinto


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quarta-feira, 6 de abril de 2016

Vistas por outros tempos…


Como quem revê tempos de infância próprios ou dos tempos dos pais ou avós, sentindo qualquer coisa como quem repara em como a vida era e não foi em vão, havendo quem recorde – eis aqui algumas imagens, de tantas que estão incluídas no livro Memorial Histórico de Rande e Alfozes de Felgueiras (publicado em 1997), bem como no da “Elevação da Longra a Vila”, de 2003, mais algumas publicações da mesma autoria. Através das quais, como meros exemplos salteados, de tempos diversos, quer mais antigos e algo mais recentes (e sem preocupação de seleção ou agrupamentos), se pode ficar com algumas vistas de outros tempos, de eras antigas desta terra e gentes da região da Longra e até da própria paróquiia de Rande.



Armando Pinto

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sexta-feira, 1 de abril de 2016

Páscoa de 2016 – Compasso Pascal da Paróquia de S. Tiago de Rande - Felgueiras


Mais uma Páscoa aconteceu. Em mais uma festividade da tradicional roda do ano, cujas festas anuais vão fazendo com que as gerações jovens ganhem raízes identificativas da região natal e os nativos mais experientes da vida recordem tempos que moldaram o mesmo ser. Porque, além da vertente espiritual e religiosa, há sempre a parte social e humana em tudo quanto dá essência à vida.

Na passagem da Páscoa também mais uma Visita Pascal ocorreu, na realização do costumado Compasso Pascal. Cuja realização na paróquia aqui do autor destas linhas, em S. Tiago de Rande, desta vez foi levada a efeito através da chamada (como era e ainda é conhecida) Comissão Fabriqueira da Paróquia, atualmente com nome de Conselho Económico Paroquial. Numa louvável iniciativa que permitiu não haver interrupção de tão antiga tradição (à falta de voluntário Juiz da Cruz para este ano). Tendo sido agradável a manutenção desse costume, ouvindo-se o tilintar da campainha a anunciar a proximidade de tal Visita e toda a ambiência inerente. Embora este ano, apesar de andarem dois grupos, com duas cruzes, ter havido uma ou outra alteração, devido ao Compasso não ter andado a compasso habitual, tendo este ano decorrido com demasiada pressa. Visto o horário e o próprio itinerário haver sido feito sem a habitual calma de maior permanência, para natural convivência, além do percurso ter sido alterado em certos casos, por isso - ao que se ouviu, pela preocupação em chegar a tempo da missa que, desta vez, às seis da tarde, encerrava o evento.

Para assinalar memorialmente esta sempre apreciada ocorrência, registamos visualmente, através de instantâneos fotográficos, algo da ocasião da chegada do Compasso a casa do autor.


ARMANDO PINTO
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